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Cademartori faz neste capítulo uma dura crítica ao que ela chama de LEITURA

BUROCRÁTICA, aquela leitura que se faz apenas como um meio para atingir um fim.
Este tipo de leitura cumpre, segundo ela, a imposição de um sistema administrativo,
de maneira passiva e distanciada.

Não creio que se deva dizer ao aluno “leia religiosamente a obra indicada”, mas sim,
recomendar: “evite ler burocraticamente a obra indicada”[...]. Esta leitura cumpre a
imposição de um sistema administrativo , de maneira passiva e distanciada, sem o
envolvimento mínimo que permite dizer do livro e a gente gota dele, ou não, se algo no texto
atraiu a nossa atenção ou e o livro não nos disse nada.
( Cademartori, p.80 )
“Muitos alunos lêem apenas porque
a escola exige. Há concorrência com
computador, internet, jogos
eletrônicos e até celular. Mas, para a
formação do leitor, é fundamental
ter livros e leitores em casa, que
possibilitem à criança criar uma
cultura de leitura.”
Em tempos como estes, em que a criança e o adolescente são cercados de informações e apelos dos
mais diversos meios de comunicação, a formação do hábito de ler exige cada vez mais dos
professores a aplicação de estratégias que despertem o gosto pelos livros, de forma que ele se
mantenha por toda a vida – na verdade, pelo estímulo da imaginação, driblando o argumento dos
adolescentes de que é “chato”. E, se a família tem papel fundamental nesta tarefa, a batalha dos
responsáveis pelo ensino de literatura nas escolas é diária - e é dura. Ainda mais no caso do trato
com jovens que se agitam em grupos, conectados à internet, que se preparam para o vestibular
reclamando dos clássicos, da linguagem “difícil” e dos longos trechos descritivos que escapam à
sua realidade.
MAS SE PARA INGRESSAR
NA UNIVERSIDADE OS ALUNOS
PRECISAM CONHECER AS
OBRAS
O QUE SE PODE FAZER ?

(O Estado de São Paulo, 20/01/2012)


Pode-se , num primeiro momento, conversar, do modo
mais espontâneo e honesto possível, sobre o livro
indicado. E fazer isso lembrando a pergunta que
fundamentalmente importa não é o que o autor quer
dizer com o texto, mas o que o leitor sentiu ao ler,
porque essa é a condição básica para qualquer
entendimento posterior. Professores e alunos, num
primeiro momento, devem esquecer a seleção , a
indicação, a pressão, e trocar impressões de leitura, do
mesmo modo como se fala de qualquer forma de
expressão cultural, seja um filme, uma peça, um show.

(Cademartori, p.81)
Ai ! Ai ! Ai...
Só terminarei de
ler isto tudo
daqui a 100 anos
Fessora !
Até mesmo o desabafo do aluno que diz “mas como
esse livro é chato !” é mais significativo e estimulante
para a apreciação da obra do que a frieza da rotina
que transforma a leitura em mero trabalho a ser
avaliado. Se o aluno puder manifestar o quanto foi
penoso – ou sem sentido, ou surpreendente , ou
fabuloso – seu encontro com a obra, por mais
superficial que tenha sido sua leitura, uma promissora
discussão com o texto poderá ser iniciada. (Cademartori, p.81)

Falou, Fessora Ligia !


Mas que eles são chatos
E se eu só ler os resumos e
São chatos... E ainda tenho que ler livros de
resenhas das obras? Não
Matemática, Física,
seria uma boa idéia,
História, Geografia...
professora ?
Só faltam cinco meses para o ENEM...
Será que dá ?
De acordo com a escritora, a ligação entre docentes e literatura é permeada por mitos. A maioria das pessoas
acredita, por exemplo, que os educadores precisam, necessariamente, ser leitores vorazes de livros. Assim, eles se sentem
frustrados por não acompanharem a rapidez do mercado literário e perdem de vista que seu papel em sala de aula não é o
de crítico literário e, sim, de facilitador da relação: aluno e literatura.

Ligia Cademartori acredita que o ensino de literatura só se tornará satisfatório, tanto para estudantes quanto para
professores, quando os docentes ignorarem discursos prontos, como aqueles veiculados pela mídia, e assumirem uma
postura consciente e crítica frente ao trabalho com essa disciplina. “Antigamente a escola era a responsável por gerar
símbolos e conceitos acerca do mundo, porém, nas últimas décadas, esse papel passou a ser dos meios de comunicação. O
problema é que os docentes ainda não reencontraram seu novo lugar nessa sociedade midiática e isso só vai acontecer a
partir da reflexão.”

Declaração de Ligia Cademartori no Periódico eletrônico do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da UFMG no site
www.ceale.fae.ufmg.br
Um famoso ditado popular aconselha-nos a nunca julgar um livro pela sua capa. Entretanto, no mundo da literatura infantil
essa máxima não pode ser levada ao pé da letra. Afinal de contas, a atual concorrência sobre esse “pequeno” público incita as
editoras a buscarem soluções cada vez mais criativas e inovadoras. Além disso, as primeiras lembranças literárias desse mesmo
público são usualmente acompanhadas pela visualização imediata de seus heróis, vilões e personagens preferidos.
Com isso, percebemos que a arte gráfica da literatura infantil marcou o desenvolvimento de um mercado econômico. A ação
criativa dos ilustradores e a tecnologia de impressão foram responsáveis pela formação de uma memória lúdica partilhada por
milhares de pessoas que conheceram Oliver Twist, o elefante Barbar, Branca de Neve e outros ícones infantis.
"(...) um dia hei de revelar-te o segredo de escrever para crianças do modo que elas se
agradem e peçam por mais. No fundo é tratá-las como quase gentes grandes. Aprendi
isso certa vez em que vi uma criança metida nesta escola: ou um lindo bonezinho infantil
vermelho, ou uma velha cartola do pai. Ah, não vacilou. Foi-se à cartola, e levou muito
tempo com ela na cabeça. Nos livros as crianças querem que lhe demos cartolas - coisas
mais altas do que elas podem compreender. Isso as lisonjeia tremendamente. Mas o
tempo inteiro as tratamos puerilmente, elas nos mandam às favas".

Trecho extraído de uma carta de Monteiro Lobato


No livro Alice no País das Maravilhas (CARROL, 2001), a personagem principal, tenta acompanhar a leitura de um
livro com sua irmã, mas se sente entediada pois o livro "não tinha figuras nem diálogos; e 'para que serve um
livro', pensou Alice, 'sem figuras ou diálogos'? " (CARROLL, 2001, p. 37).
Essas figuras, das quais Alice fala, são as ilustrações do livro, que, principalmente na infância, instigam a
curiosidade e convidam à leitura. Para a Associação dos Designers Gráficos uma imagem é considerada
ilustração quando seu objetivo for "corroborar ou exemplificar o conteúdo de um texto de livro, jornal,
revista ou qualquer outro tipo de publicação". Completando essa definição, a ilustração pode ser também uma
imagem que substitui um texto, que o amplia, que adiciona a ele informações, ou que o questiona.
APRESENTAR O TEXTO DE UMA FORMA CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHO
INUSITADA E DIVERTIDA PELO COMPUTADOR COM AUXÍLIO DO SOFT COMIC LIFE
Um dia desses, arrumando a sala, encontrei esse Cartão
de Natal que a Anne, uma das alunas que frequentou a
nossa roda de leitura, nos presenteou em dezembro de
2010. Reproduzo o texto (corrigindo pequenas
imperfeições) abaixo. É por essas e outras que VALE A
PENA TODAS NÓS, PROFESSORAS DE PORTUGUÊS E
LITERATURA, NOS ESFORÇARMOS !!!

Queridos Professores,

Hoje acordei pensando em vocês. Por isso, escrevi essa


carta para lhes desejar um Feliz Natal, e para contar meu
sonho. Vou contá-lo já, já. Amo muito vocês. Nas férias,
cuidem bem dos nossos livros, por que eu vou viajar e
não poderei vir. Mas quando voltar vou ficar feliz de ir aí
e tomara que tenha novos livros.

Vou contar meu sonho. Dei o nome dele de:

O MUNDO DOS LIVROS.

Numa bela noite fui dormir e, quando acordei só via


livros. Casas de livros, plantas de livros, animais-livros e
até gente de livro. Será que pode? Todos usavam óculos e
só liam. Nunca paravam. Dias depois…

Apareceram bichos, flores, gente, e casas que não eram


de livros. Então, todos pararam de ler e foram curiar e
entraram nesse mundo sem livros. E não eram mais
livros. E os livros deles foram para a biblioteca. Então eu
acordei sem saber o que aconteceu.

Beijinhos.

Anne.
Eduardo Baptista, de 7 anos, aluno da 1ª série do Ensino Fundamental, lendo na Biblioteca Infantil Adaptada do INES
Caixa de Contação de Histórias
presentes na “Bibliotoca” do INES
Segundo Cademartori, leitores jovens gostam de histórias do mar. Talvez porque o
alto-mar sugira o indomável, o infinito, e nele não é raro que um homem se veja
exposto a situações-limite. Nessa hora, precisará medir-se. Distante de tudo, em
zona de ninguém, tem de se responder quem é. No alto-mar as leis dos povos, as
normas da civilização ficam em estado de suspensão.
( Cademartori, p.85 )
Irrefreável, misterioso, com sugestões de absoluto, o mar sempre atiçou nosso
imaginário. E um naufrágio é alegoria das circunstâncias incontroláveis, dos
apavorantes estados descontínuos que desafiam o homem e o convocam a um ato
que emergirá como herói ou como vencido.
( Cademartori, p.87 )
A LINHA DE SOMBRA
Joseph Conrad

Um inexperiente capitão, em sua primeira viagem no comando


de um navio, enfrenta duas crises: sua tripulação está
moribunda por causa de uma febre e faltam ventos para
navegar. Para escapar desse beco sem saída, o arrogante capitão
terá de cruzar a tal linha de sombra que separa toda experiência-
limite. O romance foi escrito por Conrad quando seu filho Borys
combatia na Primeira Guerra.

Síntese
Sem nenhum motivo aparente, um jovem da marinha mercante
inglesa resolve abandonar a vida no mar.

Está decidido a partir do distante porto oriental onde se


encontra para regressar a seu país de origem. Mas surge uma
última missão e o jovem assume o comando de um velho navio
atracado em Bancoc (Tailândia), cujo capitão morrera
recentemente, em circunstâncias misteriosas.

Sofrendo com as tempestades, a tripulação doente e uma


ameaçadora sensação de aniquilamento, o protagonista tenta
conduzir o navio a seu destino, ao mesmo tempo em que se
deixa levar pelas estranhas histórias de seu imediato, consumido
pela febre.

Com domínio total da psicologia das personagens e da situação-


limite que vivem, Joseph Conrad (1867-1924) reflete nesta
novela, a partir de elementos de sua própria biografia, sobre o
rito de passagem entre a juventude e a idade madura - passagem
que ele mesmo experimentou ao abandonar a relativamente
autônoma vida marítima pela incerta experiência literária.
LORD JIM
Joseph Conrad

RESENHA
Como explicar a sensação que nos acomete ao terminar um livro do
Joseph Conrad, impossível. Mestre da literatura inglesa, apesar de não
ser seu idioma original (polonês de nascimento), ele é universal e único.
Suas histórias nos transportam para o mar, e nele nos encontramos ou
nos perdemos. É assim em Lord Jim, a busca sem fim da honra perdida,
desencadeando dores atrozes. Conrad nos expõe o interior do seu
personagem, e nos transforma em cúmplice de seus erros, e de suas
tentativas de repará-los. Não existe reparação, existem novos jeitos de
se culpar.
Quando Jim nos é apresentado, somos tomados de uma inveja
prazerosa, um ideal de perfeição, mas suas lembranças o traem e, no
desenrolar da trama, no momento em que nuances da personalidade
vão sendo mostradas entramos em um paradoxo, um redemoinho igual
ao dele.
A salvação existe para alguém que falha quando todos não esperam isso
dele? A maestria de Conrad está em contar mais essa história dos mares
do sul, como se fosse no quintal da sua casa, entre um gole ou outro de
vinho, entre uma visão de um ou de outro personagem, como se
quisesse confirmar o que está sendo falado. O estilo de Joseph é
cristalino, impressiona pela sua categoria ao descrever um navio
abarrotado de peregrinos, chama a atenção por nos fazer sentir a
vergonha e a desolação que se transforma a vida de Jim, mas o que é
mais interessante ao narrar a história é que ele não toma partido. E
então termos náuticos passam a fazer parte da sua vida como se fossem
coisas normais. Tuan Jin é mais um personagem na longa lista de
Conrad, e é tão inesquecível e imprescindível nessas sagas de uma
época imperialista, pré-capitalista, em que já o lucro é mais importante
que almas nobres.
A realidade parece imitar a ficção, um dos romance mais famoso por J. Conrad, publicado em 1900,
mas o caráter dos "heróis" dos dois naufrágios são muito diferentes (na foto, Francesco Schettino)
O comandante, apontado como o responsável pelo acidente por fazer uma manobra 'Volte a bordo !', ordenou o Comandante De Falco da
imprudente, é acusado de abandonar a embarcação logo após o impacto, deixando Guarda Costeira ao capitão.
tripulação e passageiros para trás.

Em "Lord Jim", o Patna, um vagão enferrujado levando 800 peregrinos para Meca, na Ásia, naufragou ao abrir uma fenda no casco, enquanto
uma tempestade se aproximava. Convencido de que iria afundar a qualquer momento, o capitão, sem dar o alarme, sem nem mesmo tentar evacuar os
passageiros, escapa em uma jangada, para onde salta também, em pânico, o segundo imediato, Jim: por causa desta covardia, por ter abandonado o
posto e o dever num momento impensado, Jim vai expiar por toda sua (curta) vida inteira, até encontrar a redenção na oportunidade de se sacrificar
pela tribo da qual ele se tornou o líder.

Esta história é uma oportunidade para o narrador, Marlow (que é o mesmo do outro livro "No coração das trevas“ de Conrad) analisar o lado
obscuro de Jim que, como em todos nós, geralmente se encontra reprimido na vida social devido ao medo da polícia e do julgamento pela sociedade,
mas que escapa, às vezes, em circunstâncias excepcionais. Na verdade, além da covardia, há algo diabólico Jim: depois de desertar, sua única esperança
(mais ou menos consciente) é que todos os peregrinos tivessem morrido, o que justificaria o seu comportamento e o abandono dos passageiros á
própria sorte. Sem testemunhas de sua deserção tudo ficaria mais fácil e ele poderia alegar que era apenas um sobrevivente.

Depois de algum tempo, Jim é informado que o navio, não afundara, mas fora rebocado e salvo com todos os passageiros ilesos. Isso ressalta
ainda mais a covardia e a negligência daqueles que deveriam zelar pela segurança deles. A partir daí Jim toma consciência da sua desgraça e ela não
deixará de torturá-lo mais.
Dois dias depois do acidente apareceram na internet imagens de pessoas na
Essa história guarda muitos pontos semelhantes com o navio Costa Concordia cujo acidente aconteceu na noite de sexta-feira, próximo à ilha de Itália usando camisetas com a frase "Vada a bordo, cazzo!".
Giglio, no mar Tirreno, na Itália. O navio levava cerca de 4.000 turistas e destes 32 (trinta e dois) faleceram, sendo que dois corpos ainda não foram
A camiseta com a expressão, que em português significa "Volte a bordo,
localizados. A consciência do comandante Francesco Schettino porém não tinha nada de sombria. Ele saiu do episódio com a fama de ser um amante caralho", foi vista na cidade de Nápoles. A expressão ainda aparece entre uma
latino mimado, tagarela e mulherengo (poderia até ter tentado bancar o herói para impressionar sua jovem namorada loira que o acompanhava, mas das mais comentadas no microblog Twitter.
preferiu pular fora da confusão). E as investigações apontaram que, aparentemente, ele deixou o navio sabendo muito bem que alguns dos passageiros
"Cazzo" é um palavrão em italiano que faz referência ao órgão sexual
do cruzeiro não iriam sobreviver à catástrofe. E incrivelmente ele até se declarou surpreso ao ser informado pela Guarda Costeira que algumas pessoas masculino, mas que é mais comumente usado como interjeição para enfatizar
haviam morrido. Diferente do Jim de Conrad, dificilmente podemos imaginá-lo no futuro em busca de redenção. uma ideia no final de frases, assim como "porra" no Brasil.
NO CORAÇÃO DO MAR
Nathaniel Philbrick
Mais do que uma aventura, a tragédia desses homens simples, alguns ainda
adolescentes, desafia o leitor a refletir sobre a capacidade de resistência do espírito
humano diante de adversidades insuperáveis.

Este episódio inspirou Herman Melville a escrever sua obra mais conhecida, Moby
Dick.
O naufrágio do baleeiro ESSEX, no Século 19 foi um acontecimento tão comentado
quanto o naufrágio do Titanic no Século 20. Albaroada duas vezes por uma baleia
cachalote, que a golpeou com a cabeça, a embarcação afundou rapidamente.

Amontoados em 3 botes no meio do Oceano Pacífico, os tripulantes navegaram por 3


meses, percorrendo milhares de milhas em mar aberto na esperança de salvação, por
terra firme ou alguma embarcação que os socorresse.

Os náufragos chegaram a avistar uma ilha, desembarcaram nela, mas em poucos dias
não havia mais água doce nem alimento na ilha deserta e tiveram que voltar aos botes
em busca de melhor sorte.

A escassez de água e comida os submeteram aos horrores da inanição e da


desidratação, da doença e da loucura, e os levou aos extremos da morte como o
canibalismo.
O RELATO DE ARTHUR GORDON PYN
Edgar Allan Poe

RESENHA

Publicado originalmente em 1838, “O Relato de Arthur


Gordon Pym”, como o nome sugere, conta as aventuras do
jovem Arthur, narradas por ele posteriormente aos
acontecimentos. Tendo apenas sua memória para se basear,
Arthur nos guia por sua viagem que começou escondida, no
barco Grampus, tendo em seu amigo Augusto seu único aliado. A
partir disso, acompanhamos seus dias escondidos, seus
pensamentos e sentimentos. Acompanhamos ainda um motim,
um naufrágio, os dias em que os quatro sobreviventes passaram
ao mar sem comida ou água, cercados por tubarões, a morte de
dois deles e o desespero pelo qual passaram antes de um resgate
e ainda outras aventuras.

É curioso como o livro já indica todos esses acontecimentos


na primeira página, antes mesmo de você começar a leitura.
Como se fizesse uma introdução dos elementos que irá abordar.

Ao começar a ler, é como se nos aventurássemos junto com


Arthur. Todo o relato é preciso e rico em detalhes. Confesso que
às vezes esses pormenores me cansavam um pouco, pois em
momentos passavam-se três ou quatro páginas sem que a
estória avançasse. Acabei por achar um tanto enfadonho, mas
faz parte, afinal esse relato é uma espécie de diário tardio.
Sabemos exatamente tudo o que Arthur viveu, mas mais do que
isso, como ele se sentiu diante de cada uma das situações, ou
pelo menos das mais importantes, ou seja, daquelas que ficaram
gravadas em sua memória. Por se tratar de um relato, o livro não
tem diálogos tradicionais, o que pode causar certa estranheza
inicialmente.
MOBY DICK RESENHA
Herman Melville Relata uma aventura em alto mar e retrata a história do Capitão Ahab, um caçador de
baleias que sempre velejou pelos mares sem grandes problemas até encontrar um dos
animais mais temidos das águas, uma enorme e rara baleia branca - Moby Dick -, que
atacou o navio onde ele se encontrava. A baleia atacou o navio, com pulos chegando a
cerca de 10 metros fora da água. Foram momentos de terror vividos pela tripulação, onde
vários morreram. Capitão Ahab, por alguns instantes pensou também que iria morrer, mas
nem por isso se encolheu em algum canto rezando para que o melhor acontecesse; lutou
contra Moby Dick tentando matá-la com golpes de faca e com lanças. Ele foi um guerreiro
valente, mas sua valentia não foi o bastante para evitar que a baleia levasse sua perna
esquerda. O Capitão Ahab jurou que procuraria e mataria Moby Dick a qualquer custo.
Assim começa a perseguição de Ahab por Moby Dick. Ahab reune um grupo de
marinheiros experientes e retorna aos mares, mas desta vez era para matar Moby Dick.
Jurava conhecer todas as manchas do corpo da baleia e conseguia lembrar de cada pulo
daquele imenso animal e desta vez não teria como errar.
Foi uma longa jornada até encontra - lá. A tripulação do navio já estavam exaustas de
navegar os mares por vários meses atrás de Moby Dick, até encontra-la e foi neste
momento de cansaço que Ahab sentiu as mesmas sensações quando avistou a baleia pela
primeira vez. Moby Dick estava lá para mais um encontro e o. Capitão Ahab ao vê-la avisou
a tripulação para preparar os equipamentos, 'quem venceria desta vez, Moby Dick ou
Ahab e sua tripulação?'

A tripulação no momento em que viu o tamanho da baleia, sentiu medo, sustos e uma
série de outros sentimentos, mas o que prevalecia era o pânico, e o medo da morte. A
tripulação nos seus pequenos barcos, atacaram o imenso cachalote, ferindo-o diversas
vezes. Moby Dick então atacou os barcos e o primeiro a morrer foi o Capitão Ahab. Em
seguida, a baleia, com o corpo de Ahab preso em seu corpo pela corda dos arpões atacou
os barcos pequenos com a tripulação e em seguida o navio Pequod, que veio afundar em
seguida. A tripulação tentou, mas Moby Dick era muito forte e ágil, o que tornava quase
impossível matá-la.

Mesmo sabendo que a morte já estava próxima, os marinheiros não desistiam, e tentavam
arpoar Moby Dick, mas era uma luta em vão. Vários tripulantes já haviam morrido,
quando chegou a hora do ultimo encontro.
"Quem vence desta vez, Moby Dick ou Ahab e sua tripulação?’. Desta vez a resposta seria
concreta. Como ocorreu em todas as ‘batalhas’ quem tomava a iniciativa era a baleia que
atacava com violência e com precisão nos golpes, mas a tripulação também estava
preparada e pode se dizer que ‘batalharam’ de forma espetacular, acertando algumas
lanças na baleia, mas como citei anteriormente, “Moby Dick era muito forte”, capaz de
aguentar aqueles ferimentos em seu corpo e continuar batalhando, até matar toda a
tripulação.
Houve desta batalha somente um sobrevivente, Ismael, encontrado a deriva pelos ingleses
no meio do oceano. Herman Melville, é o autor de "Moby Dick", um livro emocionante,
didático que consegue prender numa leitura interessante e deixar momentos de
interrogação em nossa mente.
ANTIGUIDADE PERÍODO
CLÁSSICA - Herói ROMÂNTICO – Era
dotado de preciso enfrentar as
extraordinária convenções e as
coragem física e moral, restrições que a
era capaz de façanhas sociedade impunha
sobre-humanas. para viver o próprio
desejo.
ULYSSES : ODISSÉIA DE HOMERO

RENASCIMENTO - A
personagem heroica
passou a afirmar em PERSONAGEM
sua trajetória a MODERNO –
capacidade do Ambíguo, demolindo
homem na luta o mito de herói e
contra os elementos ético.
e disposições divinas.

DR. HOUSE – UM ANTI-HERÓI


O escritor amazonense
Milton Hatoum escreveu o
romance “Dois Irmãos” . Este
1) As páginas da literatura atual livro foi escrito em estilo enxuto
vem se transformando desde o e ao mesmo tempo repleto de
sutilezas narrando a
século XIX. A figura do herói tumultuada relação de ódio
chegou à dissolução . Já entre dois irmãos gêmeos,
formamos certa sabedoria numa família de origem
existencial que nos permite libanesa que vive em Manaus.
prescindir de heróis.

2) Personagens contemporâneos
são faltosos, ambíguos,
medíocres. Enfrentam sem
"Fantasma Sai de Cena" é mais um
grandes vitórias o tumulto da bem-acabado painel da vida
experiência humana. americana, especialidade de Roth,
com espaço para desilusões
políticas, conflitos sociais e sexo.
3) Não devemos esperar nas Só que neste livro, tudo gira em
torno de um mesmo eixo
páginas da literatura atormentador: a velhice, tão
contemporânea um mundo onde insustentável que parece
impossível de existir em harmonia
haja recortes precisos do bem e com a juventude.
do mal , do falso e do verdadeiro.
http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/tag/philip-roth/
Todos os instrumentos que a humanidade
até hoje inventou são uma extensão da
mão, ao passo que o livro é um
prolongamento da imaginação.
Jorge Luis Borges

Se lermos a obra-prima de um homem de gênio,


sentiremos prazer ao descobrir nas suas
reflexões alegrias e tristezas que também são as
nossas, mas que estavam reprimidas: um
mundo inteiro de emoções que desprezávamos
e cujo valor se torna subitamente evidente ao
fato de as lermos em um livro,
Marcel Proust

Num mundo que abomina o silêncio e a


solidão, a leitura é um dos poucos
exercícios que valoriza o espaço individual.
Cristovão Tezza
Os clássicos e o presente O escritor ítalo-cubano
Italo Calvino transformou essa questão em nome de
livro - "Por Que Ler os Clássicos" (Companhia das
Letras)- e deixou bem claro que os clássicos servem para
entender quem somos e onde chegamos. São
demarcadores de lugar - "Quem leu antes os outros e
depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na
genealogia"-, mas merecem ser alternados com a
leitura do presente.

"É clássico tudo aquilo que tende a relegar as


atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao
mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de
fundo", diz Calvino.
Um livro referencial para quem quer conhecer a importância dos livros clássicos na educação.

Ana Maria Machado faz um verdadeiro passeio didático através da literatura universal,
pormenorizando argumentos de textos que vêm encantando gerações de leitores no mundo
inteiro. Reúne um elenco de personagens que marcaram a história mundial, num "guia eficiente
para a educação literária e sentimental de crianças, jovens e adultos".

Diante da multiplicidade de obras literárias que vêm sendo editadas, o livro de Ana Maria
Machado serve de guia seletivo do que há de melhor na literatura brasileira, portuguesa e
universal. Recomendado para pais, professores e leitores mais exigentes.

“Ler os clássicos não é um dever, é um direito”, diz a presidente da Academia Brasileira de Letras
(ABL), Ana Maria Machado. “É uma parcela do Patrimônio da Humanidade.” Autora premiada,
foi nos clássicos que ela conheceu a leitura. Aos 5 anos, ainda sem saber ler, foi apresentada a
Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes, pelo pai. Nunca mais parou. Um de seus livros
mais recentes é Como e por que ler os clássicos universais desde cedo, em que ela aponta um
caminho para os jovens se aventurarem pelo mundo dos bons livros. A presidente da ABL
lamenta que hoje as escolas peçam a leitura de poucos clássicos aos alunos. “Boa parte disso é
resultado da má-formação do professor”, afirma.
I. Aumente seu vocabulário: muitas palavras usadas em livros antigos não são comuns
hoje em dia. Um vocabulário maior dá a você mais ferramentas para se expressar
melhor, ainda que prefira usar as palavras cotidianas.

II. Melhore sua redação: ao ler, ainda que inconscientemente – isto é, sem que você precise
se preocupar com isso -, você absorve um pouco do estilo do autor.

III. Melhore seu modo de falar: você agora terá um vocabulário melhor, uma redação
melhor e, portanto, articula melhor os pensamentos. Se articula melhor o pensamento,
articula melhor a fala.

IV. Tenha novas ideias: os clássicos, por definição, vem do passado, mas – ora – todo mundo
está lendo os mesmos blogs, os mesmos best-sellers e as mesmas porcarias escritas no
mês passado. As idéias contidas em um clássico são antigas, mas muitas vezes estão
esquecidas. Um leitor criativo e crítico, saberá dar o verniz de originalidade e
contemporaneidade a elas.

V. Tenha perspectiva histórica: o que é bom hoje, pode ser esquecido amanhã. Mas há uma
razão para os clássicos terem permanecido tanto tempo por aí. Não dependa tanto da
crista da onda.

VI. Divirta-se: não deixe que a linguagem antiga seja uma barreira. O melhor motivo para ler
um livro é diversão. Há quem discorde, mas – para mim – as outras razões vêm depois.

VII. Sofisticação: nada mais fútil do que ler pensando apenas em enriquecer sua conversação
com alguma citação esnobe, mas, enfim, se é o seu caso, nada como tirar da manga
aquela frase famosa de Dom Quixote para arrematar um argumento.

VIII. Ser mais seletivo: com o tempo você vai deixar de querer qualquer livro ruim. Por que
perder tempo com porcarias, ou apostá-lo no incerto, se você já sabe o que é bom para
você?

IX. Desenvolva uma voz distinta: se você lê blogs demais e clássicos de menos, tem
desperdiçado a chance de ter um estilo que se destaque em relação ao de outras pessoas
que trabalham com a palavra escrita.

X. Aprenda ideias atemporais: existe uma crença errônea de que o novo é sempre melhor
que o antigo e de que as idéias passadas não são aplicáveis ao presente. Muitas vezes, a
novidade não passa da deturpação da antigüidade. Ao ler os clássicos, você entra em
contato com conhecimentos que estão de acordo com aqueles que os criaram, sem que
nada tenha sido suprimido, acrescentado ou alterado.

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