Antes de mais nada, uma questão e impõe para

adentrarmos melhor nos conceitos deste capítulo:

respondermos à questão do que significa ser um leitor.

Segundo Cademartori, a resposta está relacionada com

o conceito de texto.Leitor e texto ligam-se na medida em que o
texto é uma organização simbólica com uma função
representativa que se cumpre no leitor, pois a leitura é a parte
determinante de qualquer texto. Este, por natureza, apresenta
vazios constitutivos que só encontram preenchimento por
meio da inserção da faculdade imaginativa do leitor.Assim , a
leitura é vista como atividade produtora de sentido, sem a
qual, o texto não e efetiva.

Cademartori,”O que é Literatura Infanil ?”,p.83)

OBSERVAÇÃO : "O último leitor" do argentino Ricardo Piglia contém ensaios

comoventes sobre a sedução da leitura, a relação do ser humano com os livos -
leitura e viagem, ler como paixão cotidiana, visceral. Destaco o seguinte trecho
do capítulo "Ernesto Guevara, rastros de leitura":

“Poderíamos falar de uma leitura em situação de perigo. São sempre situações

de leitura extrema, fora de lugar, em circunstâncias de desorientação, de
morte, ou sob o assédio da ameaça de uma destruição. A leitura se opõe a um
mundo hostil, como os restos ou lembranças de outra vida.”
 Neste capítulo, a autora lembra que a
literatura é , na verdade, nas palavras do
poeta espanhol Juan Ramón Jimenez ,a
arte da “imensa minoria”.

É uma ilusão, segundo ela, pensarmos

que conseguiremos fazer com que todos
os alunos se convertam em apreciadores
de Literatura.

Ela declara : “Capacitar os estudantes á

leitura, desenvolvendo suas competências
linguística e textual é uma coisa.
Transformar alunos em leitores de
literatura é outra.” (p.90)
 Segundo a autora , os educadores não adotam uma postura reflexiva sobre seu trabalho, o que faz com
que se tornem vítimas das circunstâncias que lhes são impostas. Um exemplo disso, segundo Ligia
Cademartori, é que eles se sentem culpados pela falta do hábito de ler dos estudantes. “Porém, eles precisam
se conscientizar de que limitações econômicas, políticas, educacionais e a interferência dos pais, dentre outros
fatores, também influenciam a relação dos alunos com os livros”, explica a professora.

Também de acordo com a autora, a ligação entre docentes e literatura é permeada por mitos. A maioria
das pessoas acredita, por exemplo, que os educadores precisam, necessariamente, ser leitores vorazes de
livros. Assim, eles se sentem frustrados por não acompanharem a rapidez do mercado literário e perdem de
vista que seu papel em sala de aula não é o de crítico literário e, sim, de facilitador da relação: aluno e
literatura.

Alunos do Ensino Médio de um colégio qualquer da periferia do Morro do Ai Meu Deus...

Meu Deus !
Professor escrevi Professor, a
aqui que os cretinos O que fiz para
Filosofia não é
eram habitantes da
apenas um filho
merecer isso ?
ilha de Creta,
na Grécia. da Sofia?

Professor de Literatura desesperado

!
Ligia Cademartori acredita que o ensino de literatura só se tornará satisfatório, tanto
para estudantes quanto para professores, quando os docentes ignorarem discursos
prontos, como aqueles veiculados pela mídia, e assumirem uma postura consciente
e crítica frente ao trabalho com essa disciplina. “Antigamente a escola era a
responsável por gerar símbolos e conceitos acerca do mundo, porém, nas últimas
décadas, esse papel passou a ser dos meios de comunicação. O problema é que os
docentes ainda não reencontraram seu novo lugar nessa sociedade midiática e isso
só vai acontecer a partir da reflexão.”
 No capítulo Leitor: Ser ou
Não Ser, a autora demonstra
especial interesse em
investigar os fatores que
propiciaram o genuíno
despertar do amor pela
Literatura de alguns
escritores famosos tais como
Milton Hatoum, Luiz Ruffato
e João Paulo Cuenca.

A partir do depoimento
deles ela procura nos
fornecer algumas pistas.
1) Um bom leitor geralmente
começou a ler muito cedo;

2) Foi incentivado pela família ou

professores que o influenciaram
a ler uma determinada obra que
o cativou e a partir dela
procurou se aprofundar mais
sobre outras obras do mesmo
estilo ou do autor do livro
original;

3) Possui uma grande inquietude,

uma ânsia de mergulhar cada
vez mais na leitura dos livros
que o agradam;