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A MAIOR PARTE DA VIDA SOCIAL FOI

MEDIATIZADA, DE TAL MODO QUE, PARA UM


NÚMERO SIGNIFICATIVO DE ESTUDANTES, O
CONTATO INTERPESSOAL OCORRE POR VIA DE
COMPUTADOR E CELULAR. (Cademartori, p. 121)

A RELAÇÃO DO PROFESSOR COM A LITERATURA


PRECISA SER PENSADA NA MOLDURA DA ERA DO
CONSUMO EM QUE VIVEMOS E, MAIS DO QUE ISSO,
QUE QUALQUER PRÁTICA CULTURAL QUE PROMOVA O
DISCURSO LITERÁRIO EXIGIRÁ SABER PASSAR PELAS
FRESTAS DE UM IMPÉRIO. (Cademartori, p. 121)
Citado por
Cademartori na
página 123
“O consumismo associa a felicidade não apenas com a realização
do desejo de adquirir um objeto, mas, também, com o
permanente aumento da intensidade desse tipo de aspiração, o
que estimula a constante substituição dos objetos, que um dia
foram desejados, por outros agora que o são mais ainda. Desse
modo, mesmo os objetos duráveis , e não apenas os perecíveis ,
já trazem da fábrica, embora nem sempre visível, o prazo de
validade. O “durável” já não dura.”
Cademartori,p.123
Reflexões sobre a mídia com Calvin!
E nada de ser apocalíptico!!! Não há nenhum problema em ver TV. O
problema é ver SÓ TV ou ainda ver TV sem refletir sobre o que se vê.
Segundo Cademartori, a relação que mantemos com a literatura e
com o magistério faz, é claro, parte da rede de relações
conquistada por visões e padrões de comportamento balizados
pelo mercado. Objetos culturais também fazem parte do
consumo. Mas , mesmo sendo o livro uma mercadoria, os
conceitos que animam certos textos subvertem a lógica de uma
sociedade marcada pela fluidez e pelo descartável, contrariando
assim o desejo por objetos novos, ao propor algo mais essencial do
que a cultura da compra e do desperdício. (p.123)

MINHA SUGESTÃO : O tempo todo criticamos esse mundo por ser cada vez mais consumista, cada vez mais materialista e cada vez
mais emburrecido. O que conta, hoje, são os valores do dinheiro e nada mais. Mas será que temos, mesmo, embasamento crítico
para manifestar reflexões que sejam efetivamente contrárias à estética do capital? Aqui vão cinco dicas que, entrecruzadas,
formam um excelente instrumental de argumentos contra a alienação reinante e contra o domínio galopante dos valores
econômicos.

A Sociedade do Espetáculo

Guy Debord
Adaptar-se aos preceitos de consumo e restringir-se a eles é, praticamente, a
única escolha aprovada unanimemente. Mal aprendem a ler – e, muitas vezes
antes disso – as crianças já são capturadas nessa rede. E os cidadãos pobres são
forçados a gastar mais do pouco que têm com objetos que não fazem parte de
suas necessidades básicas, mas que, se não forem exibidos, podem acarretar
humilhação social. Quem não consegue consumir é visto como um consumidor
que falhou, um fracassado que não conseguiu atender à condição fundamental
de pertencimento da sociedade.
(Cademartori,p.124)
“Não tenho tempo”, “não posso perder tempo”,
“quando eu tiver tempo” e “preciso ganhar tempo”
são expressões ouvidas a toda hora.(...) Afinal de
Meu Deus ! Meu Deus ! contas, uma pessoa ocupada merece respeito ,
Vou chegar atrasado ! quem vai querer detê-la ou sobrecarregá-la com
tarefa extra ? Mesmo que haja alguma encenação
nisso, levamos a vida como o “coelho de Alice”.
(Cademartori p.124)

MINHA OPINIÃO
Administrar o tempo é o grande paradoxo da nossa
“modernidade líquida”, onde tudo é fluido e a vida parece
escorrer pelos nossos dedos distraídos. Neste cenário levariam
vantagem as mulheres, que costumam ser chamadas de
“mulheres-polvo”, capazes de realizar várias tarefas de uma só
vez. Mentira. Ou melhor, talvez uma meia-verdade. Tenho que
admitir que somos mesmo capazes de fazer muitas coisas ao
mesmo tempo. Mas o fato é que sofremos um bocado no
processo. Fazemos coisas pela metade, às vezes mal-feitas,
perdemos o foco do que realmente é importante e essencial,
ficamos na superfície de muitas coisas, transformamos nossa
rotina num verdadeiro caos – e consequentemente, nos
tornamos caóticas nos nossos desejos, relacionamentos, no
trabalho. Fazemos uma coisa já pensando na que vem a seguir
ou na que ainda não deu tempo de fazer.
Meditação? Quem tem “tempo” para isso?
Esse é o João
Tadinho!
Ledetudo .
Dizem que ele é assim
Coitado, vive desde pequeno...
de miolo mole !

Em meio ao ritmo frenético da vida , parar para ler, pelo simples desejo de ler, que rebeldia,
que reação ! O leitor, recolhido e concentrado em meio a esa agitação, pode ser visto como um
sujeito esquisito. Em época de tempo acelerado e mudança constante, ele escolhe fazer algo
que detém a pressa, o fluir constante, a velocidade, o imediato, para exigir o tempo lento da
observação e das reflexões, o desvio do olhar e a disposição para uma participação no silêncio.

Bauman salienta que o que é do âmbito da cultura sempre aponta além da realidade do dia a
dia.Não lhe interessa o tema de hoje, a urgência do momento.(...)

A cultura estimula a libertação de todas as pressões rotineiras.

(Cademartori , p.124-125)
“Há um elo secreto entre a lentidão e a memória,
entre a velocidade e o esquecimento. Evoquemos uma
situação extremamente banal: um homem caminha na
rua. De repente, quer lembrar-se de qualquer coisa, mas
a lembrança escapa-lhe. Nesse momento,
maquinalmente o homem atrasa o passo. Pelo contrário,
alguém que queira esquecer um incidente penoso que
acaba de viver acelera sem dar por isso o ritmo de sua
marcha, como se quisesse afastar-se depressa do que,
no tempo, lhe está ainda demasiado perto. “
(KUNDERA,1995,p.31)

Esse trecho é de tal concisão e compreensão a respeito


da realidade em que vivemos, que é impossível não
voltar nele e lê-lo novamente, como forma de
resistência ao esquecimento, lê-lo bem devagar para
intensificar a memória, fazê-lo perdurar
mnemonicamente, pois ele é uma autêntica chave de
interpretação que desnuda grande parte dos
mecanismos pelos quais nossa sociedade se move.
“Quando as coisas acontecem rápido demais, ninguém pode ter certeza de
nada, de coisa nenhuma, nem de si mesmo.
Quando evoquei a noite de Madame de T., lembrei a equação bem conhecida
de um dos primeiros capítulos do manual da matemática existencial: o grau de
velocidade é diretamente proporcional à intensidade do esquecimento. Dessa
equação, podemos deduzir diversos corolários, este, por exemplo: nossa época se
entrega ao demônio da velocidade e é por essa razão que se esquece tão
facilmente de si mesma. Ou prefiro inverter essa afirmação e dizer: nossa época
está obcecada pelo desejo do esquecimento e é para saciar esse desejo que se
entrega ao demônio da velocidade; acelera o passo porque quer nos fazer
compreender que não deseja mais ser lembrada; que está cansada de si mesma;
enjoada de si mesma; que quer soprar a pequena chama trêmula da memória.”

“(…) nossa época se entrega ao demônio da velocidade e é por essa razão que
se esquece tão facilmente de si mesma. Ou prefiro inverter essa afirmação e dizer:
nossa época está obcecada pelo desejo do esquecimento e é para saciar esse
desejo que se entrega ao demônio da velocidade.” (pp. 91-92)

Nos tempos atuais vigora o paradoxo da lebre e da tartaruga. Ás vezes, é fazendo


as coisas devagar que você alcança melhor
n resultado, e é fazendo menos coisas,
bem feitas, que você atinge sua meta.
Quando uma pessoa, ou uma sociedade inteira,
se agitam demais, é porque não estão sabendo enfrentar
as questões que realmente interessam.
E para esse tempo de mídias para todos os lados trago um
ensinamento de suas propostas para o próximo milênio ao apontar a
rapidez como um valor; ressalte-se que ele trata da rapidez do
raciocínio, não a da correria e da velocidade.

(...) o valor que hoje quero recomendar é precisamente este: numa


época em que os outros media triunfam, adotados de uma velocidade
espantosa e de um raio de ação extremamente extenso, arriscando
reduzir toda comunicação a uma crosta uniforme e homogênea, a
função da literatura é a comunicação entre o que é diverso pelo fato
de ser diverso, não embotando mas antes exaltando a diferença,
segundo a vocação própria da linguagem escrita.

Em seu último livro, "Seis propostas para o próximo milênio", Ítalo


Calvino considera cinco qualidades para o texto literário no novo
milênio : a leveza, a rapidez, a exatidão, a visibilidade e a
multiplicidade; a sexta proposta, não escrita devido ao falecimento
do autor, seria a consistência.

Algo que permeia todo o seu belo texto é o destaque colocado em


duas imagens para representar a geração da informação e a sua
absorção no espaço dos receptores. O cristal com seu facetado
preciso e sua capacidade de refratar a luz é a representação da
invariância, da regularidade das estruturas, imagem que muito bem
se adapta à geração da informação e que é fonte de inspiração para a
ciência da informação, com a sua ideologia de centralidade do
discurso do autor e uniformização das estruturas de inscrição da
informação. Refletindo em muitas direções, o cristal se transforma
em chama, que é a imagem da não constância de uma forma exterior
e que associamos ao sujeito em sua incessante agitação interna de
reflexão, cada indivíduo em sua singularidade, fazendo uso de sua
própria sensibilidade e percepção no trato com a informação. Esses
dois momentos da metáfora ilustram o rito de passagem da
informação, viagem desde uma estação anterior ao conhecimento. A
informação há que deixar a beleza do cristal entesourado para
consumir-se na chama das individualidades na semântica e na
percepção.
Há muita informação ao nosso redor, mas nem tudo é O eterno sentimento humano de ansiedade diante do
desconhecido começa a tomar uma forma óbvia nestes
relevante. Na verdade, há muito ruído.
tempos em que a informação vale mais que qualquer
(Cademartori,p.125) outra coisa. As pessoas hoje parecem estar sofrendo
porque não conseguem assimilar tudo o que é
produzido para aplacar a sede da humanidade por mais
conhecimento. Alguns exemplos dessa síndrome:

Uma edição de um jornal como o New York Times


contém mais informação do que uma pessoa comum
poderia receber durante toda a vida na Inglaterra do
século XVII.

Todos os anos é produzido 1,5 bilhão de gigabytes em


informação impressa, filme ou arquivos magnéticos.
Isso dá uma média de 250 megabytes de informação
para cada homem, mulher e criança do planeta. Seriam
necessários dez computadores pessoais para cada
pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia desse
arsenal de conteúdo.

Atualmente existem mais de 2 bilhões de páginas


disponíveis na internet. Até o fim do ano esse número
estará beirando os 3 bilhões.

Até o início dos anos 90, a televisão brasileira tinha


menos de dez canais. Hoje há mais de 100 emissoras no
ar, em diversas línguas, com especialidades diferentes.
Segundo especialistas, o maior desafio do homem moderno
é conseguir lidar com a avalanche de bits, números, frases,
gráficos, sons, tabelas, imagens e afins presentes na vida a
todo momento. "Se a pessoa não se organizar na hora de
buscar e apreender as informações, priorizando as que são
relevantes e descartando as que não são, esse processo vai
ser caótico", diz o professor de neurofisiologia da
Universidade de São Paulo Gilberto Xavier. É muito fácil
hoje se tornar vítima da chamada ansiedade de
informação, termo criado pelo norte-americano Richard
Saul Wurman, autor de "Ansiedade de Informação“.
Talvez a tarefa fundamental do professor, hoje, seja ensinar a seus alunos
como distinguir , entre as múltiplas vozes das mensagens impressas e
eletrônicas de todo o tipo que o cercam, quais de fato merecem a atenção
deles, por serem capazes de atender, de algum modo suas necessidades de ser.
(Cademartori, p.126)

Puxa vida ! Que final mais insípido ! Depois de me


encantar o livro todo com seu relato sobre sua paixão
pela literatura e me contaminar com isso, bem que a
Profª Lígia Cademartori poderia ter se aprofundado
mais na questão da formação necessária para que o
professor possa levar a contento essa tal tarefa
fundamental pois ela mesma, sendo uma especialista,
deveria ter compartilhado mais sobre as próprias
vivências para lograr êxito em transformar o aluno
num leitor crítico ...
Minha reflexão a partir da leitura do capítulo em questão me
leva a fazer algumas observações de
caráter bastante pessoal.

Não podemos educar nossos alunos como se eles fossem computadores,


engenhocas eletrônicas que atendem as reivindicações sem reclamar. Insistimos
em querer educar nossos jovens com regras, ameaças, como se eles fossem um
aparelho eletrônico que é controlado através de um manual de instruções. O
educando é uma obra inacabada. O educador é o arquiteto que tem a missão de
polir essa obra pelo coração. Quem se dispõe a educar deve amar.

O professor, enquanto polidor de corações, não pode reduzir sua tarefa de educar a
meras regras que já não surtem efeitos. A educação que recebemos de nossos pais
já não é condizente com os jovens desta época. Vivemos a geração do mundo
virtual, onde os jovens necessitam ser amados e conscientizados. Precisam se
sentir peça eficaz da engrenagem social.

Vera Lúcia L. Dias


Definir normas sem explicar o porquê é como jogar pérolas aos
porcos. Muitos alunos não conseguem ficar quietos, prestar atenção,
durante uma aula de 50 minutos. Sem mencionar aqueles que pedem
diversas vezes para ir ao banheiro. Educar não é impor normas,
regras...
É conscientizar.

Faça seu aluno refletir que ao arrumar um trabalho - frente de caixa,


recepcionista, balconista - ele não poderá mais ficar indo ao banheiro
como faz na escola, senão perderá o emprego. Nem os clientes, muito
menos o patrão ficarão esperando por alguém que não se educou
responsavelmente.
Os exemplos do cotidiano educam mais que normas.

Educar é ajudar os jovens a terem hábitos de responsabilidade, de


compromisso. Essa tarefa não é só dever do Estado, da escola, mas,
de modo singular, dos pais, primeiros educadores. Educar é fazer
pensar. É transformar a pessoa pelo coração. É ajudá-la a descobrir
seus direitos e deveres enquanto cidadão. Pais e professores que
corrigem os mesmos erros e repetem os mesmos chavões, podem ser
substituídos por computadores...
Vera Lúcia L. Dias
Neste momento feliz, é tempo de agradecer a Deus , luz da minha vida, por me capacitar e me
permitir chegar com êxito até aqui ; à minha saudosa mãe, Wanda, exemplo de amor e
perseverança, ao meu pai, Getúlio, exemplo de honestidade, a Rosangela, Nigela e Angela,
adoradas irmãs , companheiras e cúmplices da minha jornada ; às minhas colegas professoras e
alunos do INES e da Universidade Estácio de Sá; aos meus colegas e agora grandes amigos
Anderson Ribeiro, Antonio José dos Santos Jr., Daniele Porte, Damiana Maria de Carvalho, Dayane
Alves Ribeiro , Elisa Mabel, Elizabeth Pessoa, Fabio André Cardoso Coelho, Lúcia Ramineli, Marcelo
Moraes Caetano, Marilia Siqueira da Silva , Terezinha Machado e finalmente, à nossa mestra
maior, Profª Maria Teresa Gonçalves Pereira exemplo de dedicação, profissionalismo e entusiasmo
contagiante pelo ensino da nossa bela e desafiadora Língua Materna. Você conseguiu que
déssemos o melhor de nós na sua disciplina e esse feito extraordinário somente poucos e
competentes professores conseguem. Que sua luz continue iluminando o nosso caminho por muito
tempo.

Tudo tem seu tempo determinado, já dizia Eclesiastes, e hoje é tempo de convidar para
comemorar esta vitória ! O tempo de dançar chegou, o tempo de cantar chegou, ou melhor,
está apenas começando !

Profª Vera Lúcia Lopes Dias

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