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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Anatomia........................................................................ 3
3. Histologia....................................................................... 4
4. Embriologia................................................................... 4
5. Ação dos hormônios tireoidianos......................... 5
6. Síntese e secreção dos hormônios tireoidianos....6
7. Transporte dos hormônios tireoidianos............10
8. Ação dos hormônios tireoidianos.......................10
9. Regulação do eixo tireoidiano..............................13
10. Hipotireoidismo.......................................................14
11. Hipertireoidismo.....................................................16
12. Crise tireotóxica......................................................21
Referências bibliográficas..........................................23
TIREOIDE 3

1. INTRODUÇÃO midal que varia em tamanho, esten-


dendo-se superiormente a partir do
A tireoide é uma glândula endócrina
istmo da glândula tireoide, em geral
relacionada a homeostase termogê-
à esquerda do plano mediano. Late-
nica e metabólica, possuindo ainda
ralmente à tireoide correm os nervos
influência sobre o sistema cardiovas-
laríngeos recorrentes, responsáveis
cular e no desenvolvimento fetal, por
pela inervação das pregas vocais.
meio da ação de tiroxina (T₄) e tri-io-
dotironina (T₃). O T₄ corresponde a
cerca de 93% dos hormônios meta-
bolicamente ativos liberados pela ti-
reoide, já os outros 7% correspondem
ao T₃. A ausência completa da secre-
ção tireoidiana, em geral, faz com que
o metabolismo basal caia para 40% a
50% do normal e o excesso extremo
pode aumenta-la por 60% a 100%.
A secreção tireoidiana desses hor-
mônios é controlada, principalmente,
pelo hormônio estimulante da tireoide
(TSH), secretado pela hipófise ante-
rior. A tireoide também é responsável
pela produção do hormônio calcitoni-
na, mais especificamente pelas célu-
las C medulares, tendo um papel sig-
nificante na homeostase do cálcio. Figura 1. A glândula tireoide.
Fonte: https://br.aperderpeso.com/

2. ANATOMIA
A tireoide é uma glândula altamen-
A glândula tireoide é uma glându- te vascularizada. Sua vascularização
la única, que se situa anteriormente arterial é realizada, principalmente,
à traqueia, entre a cartilagem cricói- pelas artérias tiroideias superiores e
dea e a incisura supraesternal, entre inferiores, e uma artéria mediana in-
a 5ª vértebra cervical e a 1ª torácica. constante, a artéria tiroideia ima. As
Possui dois lobos conectados por um artérias tiroideias superiores são ra-
istmo e quatro glândulas paratireoi- mos da carótida externa e as tiroi-
des na região posterior, produtoras deias inferiores são ramos do tronco
do paratormônio. Cerca de 50% das tirocervical, colateral da artéria sub-
glândulas tireoides têm um lobo pira-
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clávia. Já a ima é proveniente do tron- tecido conjuntivo frouxo que emite


co braquiocefálico ou do próprio arco septos para o parênquima. Quando
aórtico. a glândula está sendo estimulada, a
A drenagem venosa da glândula é quantidade de coloide diminui, vis-
feita por plexos no interior e na super- to que as Tg são reabsorvidas para
fície da glândula. Esses plexos se for- célula para síntese dos hormônios.
mam a partir de redes perifoliculares Quando a glândula está inibida ou em
e dirigem-se para fora do órgão se- baixa atividade, o folículo aumenta de
guindo pelos espaços interlobulares. volume, devido ao armazenamento
Formam o plexo venoso tiroideo, que, de Tg no coloide.
dependendo da direção que segue, Outro tipo celular encontrado na ti-
são agrupados nas veias tireóideas reoide é a célula parafolicular ou cé-
superior, média e inferior. lula C. Comumente são visualizadas
por agrupamentos celulares isolados
entre os folículos. São as produtoras
de um hormônio chamado calcitoni-
na ou tirocalcitonina. A função desse
hormônio é inibir a reabsorção de te-
cido ósseo, reduzindo a concentração
de cálcio no plasma
Figura 2: Vascularização da glândula tireoide.
Fonte: https://gersondeltreggia.wordpress.com/

3. HISTOLOGIA
A tireoide é formada por inúmeros fo-
lículos esféricos constituídos por célu-
las foliculares tireoidianas que circun-
dam o coloide, líquido proteináceo que
contém grande quantidade de tireo-
globulina (Tg), precursor proteico dos Figura 3: Corte de uma tireoide mostrando os folículos cuja
parede é formada por epitélio simples cúbico de células
hormônios tireoidianos. O mecanismo foliculares (F). Coloide (C); Células parafoliculares (PF).
de formação da tiroxina e triiodotironi- Fonte: http://mol.icb.usp.br/index.php/3-22-tecido-epitelial-
-glandular/
na será descrita posteriormente.
A parede do folículo é constituída por
4. EMBRIOLOGIA
epitélio simples, no qual as células
são chamadas de tirócitos. A glân- A embriologia da tireoide, particu-
dula é revestida por uma cápsula de larmente, torna-se importante para
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compreensão do desenvolvimento de
cistos do ducto tireoglosso, por exem-
plo. Assim, a tireoide se desenvolve a
partir do assoalho da faringe primiti-
va durante a 3ª semana de gestação,
no forame cego da língua. A glândula
em desenvolvimento migra da língua
para sua localização final no pescoço.
Durante essa migração, a glândula
está ligada ao forame cego pelo duc-
to tireoglosso, que normalmente de-
saparece, porém remanescentes de
epitélio podem permanecer, forman-
do os cistos do ducto tireoglosso em
qualquer ponto do trajeto de descida. Figura 4: Locais possíveis onde possam existir tecido
Esses cistos normalmente situam-se tireóideo ectópico ou cistos do ducto tireoglosso.
Fonte:Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica
na linha media do pescoço, perto ou / Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur; tra-
dução Claudia Lucia Caetano de Araújo. - 7. ed. - Rio de
inferiormente ao hioide, formando Janeiro: Koogan, 2014
uma protrusão.
As células C medulares da tireoide,
SE LIGA! Pode ocorrer que parte do te-
cido tireoidiano permaneça na base da
produtoras de calcitonina, são prove-
língua, formando a tireoide lingual ou nientes da crista neural e estão pre-
mesmo uma glândula ectópica, geral- sentes em toda a glândula, principal-
mente única, no trajeto de descida da mente na região de junção do terço
glândula. Assim, é importante a diferen-
ciação entre cisto do ducto tireoglosso e superior com os dois terços inferiores.
glândula tireoide ectópica, por meio de
cintilografia, evitando que ocorra uma
tireoidectomia total desnecessária, tor- 5. AÇÃO DOS HORMÔNIOS
nando o indivíduo permanentemente
dependente de medicação.
TIREOIDIANOS
Basicamente, os hormônios tireoidia-
nos atuam em todo o organismo, re-
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gulando o metabolismo celular. Isso enquanto a região basal está justa-


acontece, principalmente por aumen- posta à corrente sanguínea. Assim,
tar a transcrição de um grande nú- quando ocorre uma demanda au-
mero de genes. Quanto mais hormô- mentada por hormônios tireoidianos,
nio, maior será o metabolismo celular. o hormônio estimulante da tireoide
Além disso, possui atividade cronotró- (TSH) se liga ao receptor na superfí-
pica e inotrópica positivas uma ação cie basolateral das células foliculares.
importante no sistema cardiovascular, Essa ligação promove uma reabsor-
por meio do aumento do fluxo sanguí- ção do Tg folicular para dentro da cé-
neo, da frequência cardíaca, do débi- lula e proteólise no citoplasma. Para
to e da força de contração. Em bebês, tornar o mecanismo mais didático,
atuam no desenvolvimento do sistema vamos dividir o processo em fases:
nervoso nos primeiros anos de vida.

1º Fase: Bomba de iodeto ou


6. SÍNTESE E SECREÇÃO captação de iodeto
DOS HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS Para que seja formado a quantidade
necessária de tiroxina no organismo,
A região apical das células foliculares deve-se ingerir cerca de 1mg/semana
fica voltada para o lúmen do folículo, de iodo na forma de iodeto.

SAIBA MAIS
O sal de comum de cozinha é suplementado com iodeto de sódio, para a prevenção de defi-
ciência de iodo!

para a célula, contransportanto um


Ao ingerir o iodo por via oral, ele é
íon iodeto e dois íons de sódio. O io-
absorvido pelo sistema gastrointes-
deto para ser transportado necessita
tinal. Pequena parte desse iodo é
de energia, uma vez que está contra o
utilizado pela tireoide para formação
gradiente de concentração. Tal ener-
dos hormônios e grande parte é ex-
gia vem da bomba sódio-potássio-A-
cretada pelos rins. A bomba de io-
TPase, que bombeia sódio para fora,
deto bombeia ativamente o iodo do
gerando baixa concentração intrace-
sangue para dentro da célula pela
lular deste íon e gerando também um
ação do simporte de sódio-iodeto
gradiente de difusão facilitada para o
(NIS). Esse simporte é feito através
interior da célula.
da membrana basolateral (plasma)
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SE LIGA! A captação do iodeto é o pro- SE LIGA! A formação de hormônios ti-


cesso de concentração de iodeto dentro reoidianos ocorre no interior da molécula
da célula. Em condições normais, a con- de tireoglobulina.
centração gerada pela bomba é cerca de
30 vezes maior que a do sangue. Ob-
serva-se que a concentração de iodeto 3ª Fase: Iodização da tirosina e
pode se elevar para 250 vezes, quando formação dos hormônios
a atividade da glândula tireoide atinge
seu máximo. tireoidianos
A ligação do iodo com a molécula
A pendrina, molécula cotransporta- de tireoglobulina é chamada de or-
dora de íons cloreto-iodeto é a molé- ganificação da tireoglobulina. Esse
cula responsável pelo transporte do processo ocorre rapidamente dentro
iodeto da célula para o folículo, por da célula com o iodo ligado a enzima
meio da membrana apical. peroxidase tireoidiana, que reduz a
duração do processo. A tirosina é ini-
cialmente iodada a monoiodotirosina
2ª Fase: Secreção de tireoglobulina e (MIT) e depois para di-iodotirosina
a bioquímica da formação de T₃ e T₄ (DIT). O principal produto formado é a
As células que formam o folículo são tiroxina, resultante da união de duas
células glandulares secretoras de pro- moléculas de DIT. A tiroxina perma-
teínas. O complexo de Golgi e o retí- nece como parte da molécula de tireo-
culo endoplasmáticos são os respon- globulina. A tri-iodotironina é formada
sáveis pela síntese e secreção das pela união de MIT com DIT. Pequenas
tireoglobulinas, grandes glicoproteí- quantidades de T₃ reverso (RT₃) tam-
nas. Cada molécula dessa é compos- bém podem ser formados pela união
ta por cerca de 70 aminoácidos tiro- de MIT e DIT, porém é um hormônio
sina, principal substrato na formação metabolicamente inativo. Após o final
dos hormônios tireoidianos. Para ser da síntese dos hormônios tireoidianos
combinado a tirosina, o iodeto precisa cada molécula contém cerca de 30
ser oxidado à forma iodo, por meio da moléculas de T₄ (tiroxina) e algumas
ação da enzima peroxidase, acompa- de T₃ (tri-iodotironina), sendo arma-
nhada pelo peróxido de hidrogênio. A zenadas no folículo em quantidades
peroxidase que se localiza na mem- suficientes para suprir o organismo
brana apical da célula ou então liga- por 2-3 meses. Sendo assim, efeitos
da a ela, produz o iodo oxidado no lo- fisiológicos de deficiência da síntese
cal onde a molécula de tireoglobulina só serão observados meses depois.
surge, advinda do aparelho de Golgi.
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4ª Fase: Liberação dos hormônios da tireoglobulina, levando a liberação


pela tireoide de T4 (tiroxina) e tri-iodotironina (T3),
que não são secretadas para o san-
Para ser liberada, a tireoglobulina é cli-
gue. A enzima deiodinase é responsá-
vada formando T₃ e T₄. Dessa forma,
vel por clivar o iodo dessas moléculas
a região apical da célula forma pseu-
e disponibilizá-lo para a reciclagem
dópodos que cercam pequenas por-
na glândula e futuramente formação
ções do coloide, formando vesículas
de novas moléculas de hormônios.]
pinocíticas que penetram pelo ápice
da célula. Lisossomos das células se
fundem com essas vesículas, forman- Secreção de Tiroxina e
do vesículas digestivas. As proteases Tri-iodotironina
digerem as moléculas de tireoglobuli-
na e liberam tiroxina e tri-iodotironina Da produção total hormonal da tireoi-
em sua forma livre, se difundindo pela de, cerca de 93% é composto por T4
base da célula tireoidiana para os ca- e 7% por T3. Porém, de forma lenta, o
pilares adjacentes. T4 é desiodado e é transformado em
T3. Assim, o hormônio, em sua maior
[BOX SE LIGA: Cerca de três quartos parte t3, é liberado e transportado
da tirosina iodada na tireoglobulina para ser utilizado pelos tecidos. Apro-
jamais se tornam hormônios, per- ximadamente 35mcg de T3 são libe-
mancecendo como monoiodotirosina rados diariamente para o organismo.
e di-iodotirosina. Ocorre a digestão
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Profundamente aos Dois lobos Nutrida por artérias tiroideias


músculos esternotireoideo unidos por istmo superiores e inferiores

Pode apresentar
lobo piramidal
ANATOMIA

Entre C5 e T1

Envolvida por cápsula de


HISTOLOGIA FISIOLOGIA
tecido conjuntivo

Armazenamento de NIS bombeia iodeto TRH - Liberação de TSH


Formado por folículos Tg.Diminui a qtde quando a
glândula está ativa para dentro da célula pelas células tireotróficas
na Hipófise - TSH estimula
liberação de T3 e T4 pelas
Células foliculares: Enzima peroxidase
Epitélio simples cuboide células foliculares
tirócitos oxida o iodeto a iodo

Produz calcitonina: Golgi libera Tg em


Células parafoliculares
hipocalcemiante vesículas para o coloide

Síntese de Tg pelo
MIT + DIT = T3
complexo de Golgi

Organificação da Tg DIT + DIT = T4


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7. TRANSPORTE DOS fornecimento para certos tecidos. O


HORMÔNIOS TIREOIDIANOS T₄ é o que apresenta maior afinidade
a essas proteínas. Assim, a fração de
Os hormônios tireoidianos circulam
T₃ livre é maior do que a de T₄ não li-
na corrente sanguínea ligados a pro-
gada, porém existe uma menor quan-
teínas de transporte, principalmente
tidade de T₃ livre por ser liberada em
a globulina de ligação da tiroxina
menor quantidade na circulação. O
(TBG) e também a pré-albumina li-
hormônio livre é o biologicamente
gadora de tiroxina e a albumina. Es-
disponível aos tecidos e é nesse que
sas proteínas aumentam o reservató-
se baseia os mecanismos homeostá-
rio do hormônio circulante, retardam
ticos que regulam o eixo tireoidiano.
a depuração hormonal e modulam o

SAIBA MAIS
A T₄ é convertida em T₃ pelas enzimas desiodinases, principalmente a tipo II, encontrada na
hipófise, cérebro, gordura marrom e na tireoide. A tipo III inativa a T₄ e a T₃, aumentando con-
centração de T₃ reverso. Em casos de hipotireoidismo, a enzima desiodinase tipo II é induzida
a realizar a conversão do T₄ em T₃ em determinados tecidos, como cérebro e hipófise.

8. AÇÃO DOS HORMÔNIOS Ainda parece existir uma certa ação


TIREOIDIANOS dos hormônios celulares que não en-
volve a transcrição celular, em alguns
É importante saber que os hormônios
tecidos como o coração, a hipófise e
tireoidianos têm seus receptores li-
o tecido adiposo. Acredita-se que o
gados às fitas de DNA ou então pró-
sítio de ação desses hormônios é a
ximos a elas. Quando os hormônios
membrana plasmática, o citoplasma
se ligam a seus receptores, inicia-se
e algumas organelas, realizando a re-
o processo de transcrição e ocorre a
gulação de canais iônicos e fosforila-
formação de diferentes tipos de RNA
ção oxidativa, além de envolver men-
mensageiro que são traduzidos em
sageiros secundários intracelulares.
ribossomos citoplasmáticos, que pos-
teriormente formam centenas de no- Os hormônios tireoidianos são res-
vas proteínas interacelulares. Assim, ponsáveis por aumentar o meta-
acredita-se que grande parte da ação bolismo basal de grande parte dos
dos hormônios tireoidianos é resul- tecidos corporais. Além disso, são
tante das funções dessas proteínas. responsáveis por:
• Aumentar o número de mitocôn-
SE LIGA! O tipo do receptor do hormô- drias e o seu tamanho, o que leva
nio da tireoide é um receptor intracelu- a um aumento de formação de tri-
lar nuclear genômico.
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fosfato de adenosina (ATP), que redução de acúmulo de gordura no


fornecem energia para ações celu- corpo, aumento da concentração de
lares. ácidos graxos livres no plasma, além
de acelerar sua oxidação pelas células.
• Aumentar o transporte ativo de
íons através da membrana plas- Efeitos sobre os lipídios plasmáti-
mática, principalmente da sódio- cos e hepáticos: redução de coles-
-potássio-ATPase. Ocorre ainda terol, fosfolipídeos e triglicérides no
o aumento da permeabilidade da plasma, aumento da ácidos graxos
membrana celular ao sódio, au- livres. Isso ocorre através do aumento
mentando a ativação da bomba de da secreção de colesterol pela bile e
sódio e a produção de calor. sua perda pelas fezes.
Vitaminas: os hormônios tireoidianos
podem levar a um aumento da neces-
É importante também destacar o efei-
sidade de vitaminas e até deficiência,
to dos hormônios tireoidianos sobre
uma vez que aumentam a quanti-
os tecidos corporais.
dade de enzimas corporais que são
Efeitos sobre o crescimento: o hor- compostas por vitaminas.
mônio tireoidiano é responsável pela
promoção do crescimento e desen-
SE LIGA! Os hormônios tireoidianos
volvimento do cérebro intra útero e
AUMENTAM O METABOLISMO BA-
nos primeiros anos de vida. SAL da maioria dos tecidos corporais,
aumentando o consumo de oxigênio, a
produção de calor, o metabolismo dos
SE LIGA! Caso o feto não seja capaz carboidratos e as atividades das mito-
de produzir quantidades suficientes de côndrias.
hormônio tireoidiano, o crescimento fica
prejudicado, resultando num cérebro
pequeno. Assim, o crescimento fica mais Redução do peso corporal: quanti-
retardado que o normal
dades elevadas de hormônio tireoi-
diano diminuem o peso e vice-versa.
Efeito no metabolismo de carboi- Ele é capaz também de aumentar o
dratos: estimula o metabolismo do apetite, o que contrabalanceia essa
carboidrato – captação rápida de gli- variação do metabolismo.
cose pelas células, aumento da glicó-
lise e da gliconeogênese, aumento da
absorção pelo trato gastrointestinal, Sistema cardiovascular
aumento da secreção da insulina. • Ocorre um aumento do fluxo san-
Efeito no metabolismo lipídico: mo- guíneo pelo aumento do metabo-
bilização do lipídio no tecido adiposo, lismo, que leva a aumento da uti-
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lização de oxigênio e aumento da hormônios, os músculos enfraque-


produção de metabólitos, provo- cem devido ao catabolismo proteico
cando-se uma vasodilatação. Esse excessivo.
aumento do fluxo gera um aumen- Tremor muscular: no hipertireoidis-
to do débito cardíaco. mo observa-se um tremor leve, cerca
• Aumento da frequência cardíaca de 10 a 15 vezes por segundo. Apa-
através da excitabilidade direta do rentemente é causado pela atividade
hormônio no coração. aumentada de sinapses neuronais
nas áreas da medula espinal que con-
• Aumento da força de contração trolam o tônus muscular.
cardíaca
Efeitos no sono: no hipertireoidismo
• Normalização da pressão arterial observa-se um cansaço frequente do
média. No hipertireoidismo, a pres- paciente, devido ao efeito exaustivo
são sistólica sofre uma elevação do hormônio sobre a musculatura do
de 10 a 15 mmHg e a diastólica se SNC. Porém, o hormônio ainda é ca-
reduz na mesma intensidade. paz de aumentar os efeitos excitató-
rios sobre as sinapses, dificultando o
Sistema respiratório: Aumento da sono. Já no hipotireoidismo, observa-
frequência respiratória e da profundi- -se uma sonolência extrema (12 a 14
dade da respiração horas por dia).

Sistema gastrointestinal: aumen- Efeitos em glândulas endócrinas:


to da motilidade gastrointestinal, do aumento da secreção das glândulas
apetite, da ingesta alimentar e da e aumento das necessidades teci-
produção de secreções digestivas. duais pelos hormônios. O aumento
No hipertireoidismo podemos ter um do metabolismo da glicose no corpo
quadro de diarreia e no hipotireoidis- leva a um aumento da secreção de
mo um quadro de constipação. insulina pelo pâncreas. O hormônio
também aumenta o metabolismo da
Sistema nervoso central: aumento formação óssea, elevando a neces-
da velocidade do pensamento. No hi- sidade de paratormônio. O hormô-
pertireoidismo ocorre um aumento do nio ainda causa o aumento da ina-
nervosismo, tendências psiconeuróti- tivação de glicocorticoides adrenais
cas, ansiedade, paranoia e preocupa- pelo fígado, levando ao aumento da
ções em excesso. produção de hormônio adrenocorti-
Função muscular: músculos reagem cotrópico (ACTH) pela hipófise an-
com vigor na presença de hormônio terior e aumento de glicocorticoides
tireoidiano. Caso haja excesso dos produzidos nas adrenais.
TIREOIDE 13

Efeitos sobre a função sexual: a fal- gia (sangramento menstrual exces-


ta deste hormônio em homens causa sivo) e polimenorreia (sangramento
diminuição de libido e até impotência; menstrual frequente), além de dimi-
nas mulheres pode causar menorra- nuição da libido.

MAPA MENTAL FUNÇÕES DO HORMÔNIO TIREOIDIANO.

Aumenta FC,
Estimula o
Aumento do número Aumenta transporte Promoção do contratilidade cardíaca,
catabolismo
de mitocôndrias ativo de íons na MP crescimento fluxo sanguíneo e
de carboidratos
débito cardíaco

Reduz acúmulo de Aumenta necessidade


gordura no corpo FUNÇÕES de vitaminas
DO
HORMÔNIO
TIREOIDIANO Reduz colesterol,
Aumenta o vigor
triglicérides e
do músculo
fosfolipídeos no plasma

Aumenta motilidade
Aumenta frequência
Aumenta a intestinal, apetite,
Aumenta secreção de respiratória e
velocidade ingesta alimentar e
glândulas endócrinas profundidade da
do pensamento produção de secreções
respiração
digestivas

9. REGULAÇÃO DO EIXO nos é o TSH, secretado pelas células


TIREOIDIANO tireotróficas da adeno-hipófise. Os
hormônios tireoidianos atuam por fe-
Agora que sabemos como ocorre a
edback negativo, no qual é regulado,
síntese dos hormônios tireoidianos,
principalmente, pelo receptor do hor-
vamos estudar como ocorre esse es-
mônio tireoidiano β₂ (TRβ₂), inibindo
tímulo/inibição.
a produção de TRH e TSH. O ponto
O eixo tireoidiano é um exemplo clás- de ajuste é estabelecido pelo TSH. O
sico da alça de feedback endócrino. TRH é o principal regulador positivo
O hormônio liberador da tireotrofi- da secreção de TSH. A dopamina, gli-
na (TRH), secretado pelo hipotála- cocorticoides e somatostatina supri-
mo, estimula produção hipofisária de mem o TSH, porém não apresentam
TSH, que, por sua vez, estimula a sín- grande importância fisiológica, exceto
tese e secreção de hormônios tireoi- quando administrados em doses far-
dianos. O marcador fisiológico mais macológicas.
útil da ação dos hormônios tireoidia-
TIREOIDE 14

Níveis reduzidos de
hormônios tireoi-
dianos circulan-
tes elevam a
produção ba-
sal de TSH
e aumentam
a estimula-
ção de TSH
mediada por
TRH. Já altos
níveis dos hor-
mônios tireoidianos
suprimem rapidamen-
te a secreção e expressão
gênica de TSH e estimulação do TSH
pelo TRH.
Assim, podemos dizer que os regu-
ladores dominantes da produção de
TSH são os próprios hormônios ti-
reoidianos.

Figura 6: Eixo hipotálamo - hipófise - tireoide.


Fonte: https://www.sapiens.art.br/

10. HIPOTIREOIDISMO
O hipotireoidismo pode ocorre em
qualquer faixa etária, sendo que na
idade adulta acomete 2% das mulhe-
res e 0,2% dos homens, aumentando
para 6% para mulheres e 2% nos ho-
mens, acima de 65 anos.
Figura 5: Regulação da secreção tireoidiana.
Fonte: Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 12ª
Edição
TIREOIDE 15

Quadro clínico Outro achado comum é a PA conver-


gente, visto que ocorre um estímulo
Caso o indivíduo apresente uma sín-
maior dos receptores alfa periféricos,
tese/secreção ineficiente ou ação ina-
elevando a PAD, enquanto os recep-
dequada dos hormônios tireoidianos
tores beta do coração não estão sen-
estamos diante de um caso de hipoti-
do estimulados com a mesma inten-
reoidismo. A grande repercussão dis-
sidade, reduzindo a PAS.
so é um estado de hipoatividade do
metabolismo. Entretanto, na maioria dos casos, os
pacientes apresentam-se com qua-
Um típico paciente com hipotireoidismo
dros leves e oligossintomáticos.
cursará com lentificação generalizada
do metabolismo e acúmulo de glicosa-
minoglicanos no interstício de órgãos Etiologias
e tecidos. Assim, se apresentará com
lentificação da voz e dos movimen- Basicamente é feita a diferenciação
tos, fadiga, intolerância ao frio, ganho do hipotireoidismo em primário ou
de peso discreto, bócio, hipoperistal- secundário, também chamado de
se com constipação, redução da libido, central. Cerca de 95% dos casos de
disfunções sexuais, depressão. Pode se hipertireoidismo são de origem pri-
manifestar com rouquidão, devido ao mária, sendo a Tireoidite de Hashimo-
acúmulo de glicosaminoglicanos nas to a mais comum. Outras causas pri-
cordas vocais, além de uma hiperten- márias são deficiência grave de iodo,
são arterial sistêmica secundária, tam- o tratamento do hipertireodismo com
bém por deposição desses na parede radioiodo, tireoidectomia, evolução de
dos vasos. Pode apresentar também tireoidites (subaguda, de Riedel, pós-
mixedema (edema sem cacifo pela de- -parto), drogas como, por exemplo, a
posição de mucopolissacarídeos). amiodarona. Menos frequentemen-
te, o hipotireoidismo pode ter origem
central, na hipófise ou no hipotálamo,
por tumor, trauma. Pode-se ainda
definir um hipotireoidismo subclíni-
co quando o TSH está elevado a fim
de manter os níveis de T4L dentro da
normalidade, porém não se pode de-
finir como primário, pois o T4L ainda
está dentro da faixa normal.
O tratamento é feito por meio da re-
posição de Levotiroxina (T₄)
Figura 7: Mixedema pré-tibial. Fonte: https://ecured.cu/
mixedema
TIREOIDE 16

Diagnóstico laboratorial diagnóstico. Achado de anemia nor-


mo/normo, macrocítica (associada ou
Feito a partir da dosagem sérica de
não à anemia perniciosa) e microcí-
T4L e TSH, sendo este último padrão
tica/hipocrômica (por deficiência de
ouro para avaliação da função tireoi-
ferro, secundária à menorragia), au-
diana.
mento do colesterol total (por aumen-
A dosagem de anticorpos antitireoi- to do LDL), alterações enzimáticas
dianos, mais especificamente a anti- (aumento das transaminases), bem
peroxidase (ATPO) auxilia na defini- como hiperprolactinemia (com ou
ção da etiologia autoimune. sem galactorreia) nos casos de hipo-
Alguns exames laboratoriais ines- tireoidismo primário.
pecíficos também podem ajudar no

Hipotireoidismo Primário Hipotireoidismo Central Hipotireoidismo Subclínico

TSH TSH TSH

T4L T4L
N T4L

11. HIPERTIREOIDISMO manifestações mais comuns estão


associadas ao aumento do metabo-
O hipertireoidismo é uma desordem
lismo produzido por esses hormô-
que acomete uma proporção de 5
nios, como taquicardia, nervosismo,
mulheres para cada 1 homem. Pos-
bócio, tremor, sudorese excessiva,
sui uma prevalência de 1,3%, aumen-
intolerância ao calor, perda de peso,
tando para 4 a 5% em mulheres mais
sopro na tireoide, alterações/queixas
velhas.
oculares. Pode-se encontrar ainda
edema em membros inferiores, diar-
Quadro clínico reia, ginecomastia, eritema palmar,
PA divergente.
Em pacientes com hipertireoidismo
ocorre um aumento da síntese/secre-
ção dos hormônios tireoidianos. As
TIREOIDE 17

(fenômeno de Jod-Basedow), que le-


vam a um estímulo anormal da tireoi-
de, configurando um hipertireoidis-
mo primário. Já no hipertireoidismo
secundário o problema base não se
localiza na tireoide, como um adeno-
ma hipofisário, produtor de TSH, ou
uma tireotoxicose gestacional.
Por outro lado, uma tireotoxicose não
Figura 8: Bócio. Fonte: https://www.biologianet.com/ associada a hipertireoidismo poderia
advim, por exemplo de uma tireoidi-
te, que promove a destruição dos fo-
Como mencionado, esses achados lículos e liberação do seu conteúdo
nem sempre estão presentes, visto na corrente sanguínea, por um tecido
que a maioria dos casos são quadros tireóideo ectópico ou mesmo uma ti-
leves e oligossintomáticos. reotoxicose factícia, por uso abusivo
de hormônios.
SE LIGA! O bócio é uma manifestação HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO
que pode estar associada tanto a hiper-
Doença de graves
tireoidismo quanto a hipotireoidismo.
Bócio multinodular tóxico
Drogas: excesso de iodo
Etiologias Metástases funcionantes do carcinoma de tireoide
Struma ovarii
Antes de apresentarmos as possíveis
Mutação do receptor do TSH
etiologias para hipertireoidismo, é ne-
Adenoma tóxico
cessário ressaltar que tireotoxicose
TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO
não é sinônimo de hipertireoidismo. A Tireoidite subaguda
tireotoxicose refere-se a síndrome clí- Tireoidite silenciosa
nica decorrente do aumento da con- Ingestão de excesso  de hormônio tireoidiano ou
centração de hormônios tireoidianos tecido tireoidiano
circulantes, mas não necessariamen- Situações que causam destruição da glândula:
te pelo aumento da função da glându- amiodarona,  infarto de adenoma, radiação

la. O aumento da função da glândula HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO

que caracteriza o hipertireoidismo. Adenoma hipofisário secretor de TSH

Assim, quando temos uma tireotoxi- Tireotoxicose gestacional

cose associada a hipertireoidismo, a Síndromes de resistência ao hormônio tireoidiano

causas mais comuns são a Doença Tumores secretores de HCG

de Graves e o uso excessivo de iodo Tabela 1: Etiologias do hipertireoidismo


TIREOIDE 18

SAIBA MAIS
Ao administrarmos iodo a um paciente, podemos originar dois fenômenos a depender do in-
divíduo. Em um indivíduo com carência de iodo, as células foliculares se apresentam hiper-
responsividade ao TSH. Assim, a administração de iodo a esse indivíduo levará a um efeito
hipertrófico acentuado. Esse efeito paradoxal de hipertireoidismo é chamado de fenômeno de
Jod-Basedow. Já em um indivíduo com o funcionamento da glândula normal e sem carência de
iodo, esse excesso de iodo vai inibir a síntese dos hormônios tireoidianos, funcionando como
um mecanismo de defesa. Tal mecanismo é conhecido como fenômeno de Wolff-Chaikoff.

Diagnóstico laboratorial toxicose. Um T4L normal com redu-


ção do TSH, indica um quadro inicial
Inicialmente deve-se fazer a confir-
de tireotoxicose, sendo chamada de
mação de tireotoxicose por meio da
subclínica. Caso ambos estejam au-
dosagem de T4L e TSH. Caso o pa-
mentados, configura-se um hiperti-
ciente apresente um T4L alto e TSH
reoidismo central.
baixo, confirma-se o estado de tireo-
Hipertireoidismo Primário Hipertireoidismo Secundário Hipertireoidismo Subclínico

TSH TSH TSH

T4L T4L
N T4L

T3L

Após identificado quadro de tireotoxi- qualquer exame complementar, será


cose, o exame físico, juntamente com crucial para a suspeita de Doença de
uma anamnese detalhada, antes de Graves.

SAIBA MAIS
A Doença de Graves é caracterizada cli-
nicamente pela presença de bócio difuso,
oftalmopatia infiltrativa e, ocasionalmen-
te, dermopatia, representada por mixe-
dema pré-tibial. Assim, quando houver
suspeita de Doença de Graves, além da
dosagem de TSH e T4L, deve-se fazer
também dosagem de anticorpo antipe-
roxidase (anti-TPO) e antirreceptor de Figura 9: Oftalmopatia infiltrativa na doença de Graves.
TSH (TRAb), além de solicitar o padrão Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/
de captação de iodo radioativo (RAIU).
TIREOIDE 19

MAPA MENTAL HIPOTIREOIDISMO

Disfunção da glândula
tireoide

Interrupção da síntese/
secreção de T3 e T4
Primário
↑TSH e ↓T4L

Bócio difuso
Ex.: Tireoidite de Hashimoto

HIPOTIREOIDISMO Ganho de peso

Produção central
Fadiga
inadequada de TSH

↓ TSH e ↓T4L Central Manifestações clínicas Letargia

Ex.: Adenoma hipofisário PA convergente

Constipação

Mialgia
TIREOIDE 20

MAPA MENTAL HIPERTIREOIDISMO

Quadro clínico Dosagem de TSH Hipertireoidismo


subclínico: Concentrações
elevadas de TSH + T3 e
T4 normais + ausencia de
Dosagem de T3 e T4L Primário X Secundário sinais e sintomas

Diagnóstico

Bócio difuso

Doença de Graves

HIPERTIREOIDISMO Ofalmopatia
de Graves
Tireoidite de
Hashimoto
Mixedema
Captação normal
Adenoma tóxico
ou alta de iodo
Causas Manifestações clínicas Irritabilidade
Hipertireoidismo Com baixa ou ausência
ectópico de captação de iodo
Sudorese
Fase aguda de
Tireoidite de Hashimoto
PA divergente

↑ FC
TIREOIDE 21

CASO CLÍNICO
“Paciente de 38 anos, sexo feminino, natural e procedente de Salvador (BA). A paciente apre-
sentou quadro de respiração agônica, hipertermia, palpitações intensas, com agitação e tre-
mores de extremidades em domicílio, durante a madrugada, sendo conduzida por familiares
à unidade de pronto-atendimento de um Hospital da região.
À admissão, a paciente mostrava-se confusa, mal orientada, taquidispnéica, com taquicardia
intensa e vômitos. A ectoscopia revelou paciente, hipocorada, anictérica, cianótico, febril (Tax:
38ºC), edema de membros inferiores e exoftalmia evidente. O exame específico da tireóide
demonstrou glândula aumentada de tamanho (cerca de 100g; VR:40), bócio difuso, sem no-
dulações à palpação, com presença de frêmito e circulação colateral evidente.
O exame do aparelho cardio-respiratório mostrou insuficiência respiratória grave, com frequ-
ência respiratória de 28 incursões por minuto e presença de estertores e roncos em bases
bilateralmente, associados a taquicardia intensa (FC=240bpm) e pressão arterial inaudível a
ausculta. Observou-se ainda ausência de pulso periférico, sudorese profusa, hipocratismo di-
gital, veias jugulares ingurgitadas e hepatomegalia. Segundo os familiares, tratava-se de uma
paciente com doença de Graves, sem acompanhamento e sem tratamento medicamentoso”.
Esse caso clínico, trata-se de uma paciente com quadro de crise tireotóxica por Doença de
Graves. Para se definir o quadro de crise tireotóxica, alguns critérios são necessários e serão
descritos adiante.
A conduta para essa paciente consistiu de administração de oxigênio por catéter nasal, mo-
nitorização cardíaca, oximetria de pulso, Furosemide, Midazolam, Flebocortide e Metimazol
(MMI) 5mg, via oral, a cada seis horas. O paciente evoluiu rapidamente com piora do padrão
respiratório e neurológico (Glasgow 5), sendo necessária a entubação orotraqueal e transfe-
rência para unidade de tratamento intensivo (UTI).

12. CRISE TIREOTÓXICA cardíaca, alterações em sistema gas-


trintestinal, febre). Utiliza- se os crité-
Também chamada de tempestade ti-
rios diagnósticos de Burch-Warto-
reoidiana, é caracterizada por uma
fsky, com pontos de corte, para uma
exacerbação do estado de hiperti-
avaliação objetiva dos pacientes. Por
reoidismo com uma resposta adre-
se tratar de um diagnóstico clínico, em
nérgica excessiva que põe em risco
casos de suspeita de crise, recomen-
a vida dos pacientes acometidos. O
da-se que os pacientes sejam tratados
diagnóstico de crise tireotóxica é es-
como tendo a condição.
sencialmente clínico, visto que os exa-
mes laboratoriais não são capazes de CLÍNICA

distinguir a tireotoxicose de um hiper- Febre (associada a sudorese excessiva)


Cardiovasculares: taquicardia, arritmias (Fibrilação
tireoidismo simples. Assim, avalia-se
atrial), insuficiência cardíaca
a combinação de tireotoxicose e ma-
Neurológicos: agitação, dellirium, labilidade emo-
nifestações em outros sistemas do or- cional, confusão, psicose e coma
ganismo (alterações em sistema ner- Gastrointestinais: náuseas, vômitos, dor abdomi-
voso central, taquicardia, insuficiência nal, diarreia, obstrução intestinal e eventualmente
quadro semelhante a abdome agudo
TIREOIDE 22

Os fatores precipitantes mais comuns cetoacidose diabética, embolia pul-


são infecção, cirurgia (tireoidiana ou monar, isquemia mesentérica, parto,
não tireoidiana), tratamento com I131, uso de amiodarona, oferta excessiva
de iodo
CRITÉRIOS DE RISCO- CRITÉRIOS DE BURCH E WARTOFSKY

CRITÉRIO PONTOS CRITÉRIO PONTOS

37,2 a 37,7 5

INTESTINAL E HEPÁTICA
DISFUNÇÃO GASTRO-
Ausente 0
37,8 a 38,3 10
TEMPERATURA

Moderada (diarreia,
38,4 a 38,8 15 dor abdominal, 10
náusea e vômitos)

38,9 a 39,4 20
Grave (icterícia) 20
39,5 a 39,9 25

≥ 40,0 30 Ausente 0
ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE

100 a 109 bpm 5


CONSCIÊNCIA

Suave (agitação) 10
CARDIOVASCULAR

110 a 119 bpm 10

120 a 129 bpm 15 Moderada (delírio,


20
psicose, letargia extrema)
130 a 139 bpm 20

Grave (convulsão, coma) 30


>140 bpm 25

CRITÉRIOS DE RISCO- CRITÉRIOS DE BURCH E WARTOFSKY

Presente 0 Positivo 0
FA

FP

Ausente 10 Negativo 10

Ausente 0
> 45 pontos: Crise tireotóxica
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA

Leve 5
25-44 pontos: Crise possível
Moderada 10

Grave 20 <25 pontos: Crise improvável


TIREOIDE 23

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Medicina Interna de Harrison, 19ª Edição
Junqueira & Carneiro, Histologia Básica, 12ª Edição
Moore, K.L. Anatomia orientada para clínica, 7ª Edição
Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 12ª Edição
Ross, D.S. Disorders that cause hyperthyroidism. Uptodate, 2019
Maia, A.L et al., Brazilian consensus for the diagnosis and treatment of hyperthyroidism:
recommendations by the Thyroid Department of the Brazilian Society of Endocrinology and
Metabolism, 2013
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