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1. Introdução...................................................................... 3
2. Anatomia........................................................................ 3
3. Histologia....................................................................... 4
4. Embriologia................................................................... 4
5. Ação dos hormônios tireoidianos......................... 5
6. Síntese e secreção dos hormônios tireoidianos....6
7. Transporte dos hormônios tireoidianos............10
8. Ação dos hormônios tireoidianos.......................10
9. Regulação do eixo tireoidiano..............................13
10. Hipotireoidismo.......................................................14
11. Hipertireoidismo.....................................................16
12. Crise tireotóxica......................................................21
Referências bibliográficas..........................................23
TIREOIDE 3
2. ANATOMIA
A tireoide é uma glândula altamen-
A glândula tireoide é uma glându- te vascularizada. Sua vascularização
la única, que se situa anteriormente arterial é realizada, principalmente,
à traqueia, entre a cartilagem cricói- pelas artérias tiroideias superiores e
dea e a incisura supraesternal, entre inferiores, e uma artéria mediana in-
a 5ª vértebra cervical e a 1ª torácica. constante, a artéria tiroideia ima. As
Possui dois lobos conectados por um artérias tiroideias superiores são ra-
istmo e quatro glândulas paratireoi- mos da carótida externa e as tiroi-
des na região posterior, produtoras deias inferiores são ramos do tronco
do paratormônio. Cerca de 50% das tirocervical, colateral da artéria sub-
glândulas tireoides têm um lobo pira-
TIREOIDE 4
3. HISTOLOGIA
A tireoide é formada por inúmeros fo-
lículos esféricos constituídos por célu-
las foliculares tireoidianas que circun-
dam o coloide, líquido proteináceo que
contém grande quantidade de tireo-
globulina (Tg), precursor proteico dos Figura 3: Corte de uma tireoide mostrando os folículos cuja
parede é formada por epitélio simples cúbico de células
hormônios tireoidianos. O mecanismo foliculares (F). Coloide (C); Células parafoliculares (PF).
de formação da tiroxina e triiodotironi- Fonte: http://mol.icb.usp.br/index.php/3-22-tecido-epitelial-
-glandular/
na será descrita posteriormente.
A parede do folículo é constituída por
4. EMBRIOLOGIA
epitélio simples, no qual as células
são chamadas de tirócitos. A glân- A embriologia da tireoide, particu-
dula é revestida por uma cápsula de larmente, torna-se importante para
TIREOIDE 5
compreensão do desenvolvimento de
cistos do ducto tireoglosso, por exem-
plo. Assim, a tireoide se desenvolve a
partir do assoalho da faringe primiti-
va durante a 3ª semana de gestação,
no forame cego da língua. A glândula
em desenvolvimento migra da língua
para sua localização final no pescoço.
Durante essa migração, a glândula
está ligada ao forame cego pelo duc-
to tireoglosso, que normalmente de-
saparece, porém remanescentes de
epitélio podem permanecer, forman-
do os cistos do ducto tireoglosso em
qualquer ponto do trajeto de descida. Figura 4: Locais possíveis onde possam existir tecido
Esses cistos normalmente situam-se tireóideo ectópico ou cistos do ducto tireoglosso.
Fonte:Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica
na linha media do pescoço, perto ou / Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur; tra-
dução Claudia Lucia Caetano de Araújo. - 7. ed. - Rio de
inferiormente ao hioide, formando Janeiro: Koogan, 2014
uma protrusão.
As células C medulares da tireoide,
SE LIGA! Pode ocorrer que parte do te-
cido tireoidiano permaneça na base da
produtoras de calcitonina, são prove-
língua, formando a tireoide lingual ou nientes da crista neural e estão pre-
mesmo uma glândula ectópica, geral- sentes em toda a glândula, principal-
mente única, no trajeto de descida da mente na região de junção do terço
glândula. Assim, é importante a diferen-
ciação entre cisto do ducto tireoglosso e superior com os dois terços inferiores.
glândula tireoide ectópica, por meio de
cintilografia, evitando que ocorra uma
tireoidectomia total desnecessária, tor- 5. AÇÃO DOS HORMÔNIOS
nando o indivíduo permanentemente
dependente de medicação.
TIREOIDIANOS
Basicamente, os hormônios tireoidia-
nos atuam em todo o organismo, re-
TIREOIDE 6
SAIBA MAIS
O sal de comum de cozinha é suplementado com iodeto de sódio, para a prevenção de defi-
ciência de iodo!
Pode apresentar
lobo piramidal
ANATOMIA
Entre C5 e T1
Síntese de Tg pelo
MIT + DIT = T3
complexo de Golgi
SAIBA MAIS
A T₄ é convertida em T₃ pelas enzimas desiodinases, principalmente a tipo II, encontrada na
hipófise, cérebro, gordura marrom e na tireoide. A tipo III inativa a T₄ e a T₃, aumentando con-
centração de T₃ reverso. Em casos de hipotireoidismo, a enzima desiodinase tipo II é induzida
a realizar a conversão do T₄ em T₃ em determinados tecidos, como cérebro e hipófise.
Aumenta FC,
Estimula o
Aumento do número Aumenta transporte Promoção do contratilidade cardíaca,
catabolismo
de mitocôndrias ativo de íons na MP crescimento fluxo sanguíneo e
de carboidratos
débito cardíaco
Aumenta motilidade
Aumenta frequência
Aumenta a intestinal, apetite,
Aumenta secreção de respiratória e
velocidade ingesta alimentar e
glândulas endócrinas profundidade da
do pensamento produção de secreções
respiração
digestivas
Níveis reduzidos de
hormônios tireoi-
dianos circulan-
tes elevam a
produção ba-
sal de TSH
e aumentam
a estimula-
ção de TSH
mediada por
TRH. Já altos
níveis dos hor-
mônios tireoidianos
suprimem rapidamen-
te a secreção e expressão
gênica de TSH e estimulação do TSH
pelo TRH.
Assim, podemos dizer que os regu-
ladores dominantes da produção de
TSH são os próprios hormônios ti-
reoidianos.
10. HIPOTIREOIDISMO
O hipotireoidismo pode ocorre em
qualquer faixa etária, sendo que na
idade adulta acomete 2% das mulhe-
res e 0,2% dos homens, aumentando
para 6% para mulheres e 2% nos ho-
mens, acima de 65 anos.
Figura 5: Regulação da secreção tireoidiana.
Fonte: Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 12ª
Edição
TIREOIDE 15
T4L T4L
N T4L
SAIBA MAIS
Ao administrarmos iodo a um paciente, podemos originar dois fenômenos a depender do in-
divíduo. Em um indivíduo com carência de iodo, as células foliculares se apresentam hiper-
responsividade ao TSH. Assim, a administração de iodo a esse indivíduo levará a um efeito
hipertrófico acentuado. Esse efeito paradoxal de hipertireoidismo é chamado de fenômeno de
Jod-Basedow. Já em um indivíduo com o funcionamento da glândula normal e sem carência de
iodo, esse excesso de iodo vai inibir a síntese dos hormônios tireoidianos, funcionando como
um mecanismo de defesa. Tal mecanismo é conhecido como fenômeno de Wolff-Chaikoff.
T4L T4L
N T4L
T3L
SAIBA MAIS
A Doença de Graves é caracterizada cli-
nicamente pela presença de bócio difuso,
oftalmopatia infiltrativa e, ocasionalmen-
te, dermopatia, representada por mixe-
dema pré-tibial. Assim, quando houver
suspeita de Doença de Graves, além da
dosagem de TSH e T4L, deve-se fazer
também dosagem de anticorpo antipe-
roxidase (anti-TPO) e antirreceptor de Figura 9: Oftalmopatia infiltrativa na doença de Graves.
TSH (TRAb), além de solicitar o padrão Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/
de captação de iodo radioativo (RAIU).
TIREOIDE 19
Disfunção da glândula
tireoide
Interrupção da síntese/
secreção de T3 e T4
Primário
↑TSH e ↓T4L
Bócio difuso
Ex.: Tireoidite de Hashimoto
Produção central
Fadiga
inadequada de TSH
Constipação
Mialgia
TIREOIDE 20
Diagnóstico
Bócio difuso
Doença de Graves
HIPERTIREOIDISMO Ofalmopatia
de Graves
Tireoidite de
Hashimoto
Mixedema
Captação normal
Adenoma tóxico
ou alta de iodo
Causas Manifestações clínicas Irritabilidade
Hipertireoidismo Com baixa ou ausência
ectópico de captação de iodo
Sudorese
Fase aguda de
Tireoidite de Hashimoto
PA divergente
↑ FC
TIREOIDE 21
CASO CLÍNICO
“Paciente de 38 anos, sexo feminino, natural e procedente de Salvador (BA). A paciente apre-
sentou quadro de respiração agônica, hipertermia, palpitações intensas, com agitação e tre-
mores de extremidades em domicílio, durante a madrugada, sendo conduzida por familiares
à unidade de pronto-atendimento de um Hospital da região.
À admissão, a paciente mostrava-se confusa, mal orientada, taquidispnéica, com taquicardia
intensa e vômitos. A ectoscopia revelou paciente, hipocorada, anictérica, cianótico, febril (Tax:
38ºC), edema de membros inferiores e exoftalmia evidente. O exame específico da tireóide
demonstrou glândula aumentada de tamanho (cerca de 100g; VR:40), bócio difuso, sem no-
dulações à palpação, com presença de frêmito e circulação colateral evidente.
O exame do aparelho cardio-respiratório mostrou insuficiência respiratória grave, com frequ-
ência respiratória de 28 incursões por minuto e presença de estertores e roncos em bases
bilateralmente, associados a taquicardia intensa (FC=240bpm) e pressão arterial inaudível a
ausculta. Observou-se ainda ausência de pulso periférico, sudorese profusa, hipocratismo di-
gital, veias jugulares ingurgitadas e hepatomegalia. Segundo os familiares, tratava-se de uma
paciente com doença de Graves, sem acompanhamento e sem tratamento medicamentoso”.
Esse caso clínico, trata-se de uma paciente com quadro de crise tireotóxica por Doença de
Graves. Para se definir o quadro de crise tireotóxica, alguns critérios são necessários e serão
descritos adiante.
A conduta para essa paciente consistiu de administração de oxigênio por catéter nasal, mo-
nitorização cardíaca, oximetria de pulso, Furosemide, Midazolam, Flebocortide e Metimazol
(MMI) 5mg, via oral, a cada seis horas. O paciente evoluiu rapidamente com piora do padrão
respiratório e neurológico (Glasgow 5), sendo necessária a entubação orotraqueal e transfe-
rência para unidade de tratamento intensivo (UTI).
37,2 a 37,7 5
INTESTINAL E HEPÁTICA
DISFUNÇÃO GASTRO-
Ausente 0
37,8 a 38,3 10
TEMPERATURA
Moderada (diarreia,
38,4 a 38,8 15 dor abdominal, 10
náusea e vômitos)
38,9 a 39,4 20
Grave (icterícia) 20
39,5 a 39,9 25
≥ 40,0 30 Ausente 0
ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE
Suave (agitação) 10
CARDIOVASCULAR
Presente 0 Positivo 0
FA
FP
Ausente 10 Negativo 10
Ausente 0
> 45 pontos: Crise tireotóxica
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA
Leve 5
25-44 pontos: Crise possível
Moderada 10
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Medicina Interna de Harrison, 19ª Edição
Junqueira & Carneiro, Histologia Básica, 12ª Edição
Moore, K.L. Anatomia orientada para clínica, 7ª Edição
Guyton & Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 12ª Edição
Ross, D.S. Disorders that cause hyperthyroidism. Uptodate, 2019
Maia, A.L et al., Brazilian consensus for the diagnosis and treatment of hyperthyroidism:
recommendations by the Thyroid Department of the Brazilian Society of Endocrinology and
Metabolism, 2013
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