Você está na página 1de 5

Journal of Research in Special Educational Needs  Volume 16  Number s1  2016 70–74

doi: 10.1111/1471-3802.12127

A FORMAC ~ DE PROFESSORES PARA ATUAR


ß AO
~ ESCOLAR
NA INCLUSAO
Karina Soledad Maldonado Molina Pagnez
~o Paulo
Universidade de Sa

~o Escolar, Formacßa
Palavras-chave: Inclusa ~o de Professores, Ensino de Cie
^ncias, Educacßa
~o a Dista
^ncia.

^ ncia a INTRODUC ~
ß AO
Este texto apresenta um relato de experie
respeito do processo de ensino e aprendiza- Este trabalho pretende discutir a quest~ao da Educacß~ao a
gem de alunos em um curso semipresencial para Dist^ancia - EaD a partir de uma experi^encia de
formac ßa~ o de professores que atuara ~ o na a  rea do implantacß~ao da disciplina O ensino de ci^encias na per-
Ensino de Cie ^ ncias. Tem-se como eixo a mediac ßa~o spectiva da educacß~ao inclusiva, o eixo norteador da dis-
pedago  gica presente na implantac ~ o de uma disci-
ßa cuss~ao esta na mediacß~ao pedagogica construıda, durante o
plina que teve por objetivo promover a construc ßa~o desenvolvimento da disciplina.
de conhecimentos da Educac ~ o Especial na per-
ßa
spectiva da Educac ßa~ o Inclusiva. A disciplina foi
A Educacß~ao a Dist^ancia (EaD) como modalidade de
mediada por uma trıade dialo  gica formada por
ensino se faz presente na educacß~ao brasileira desde a
professor/autor, educador e tutor. O professor-au-
tor da disciplina foi o responsa  vel pela produc ßa~o decada de 1960, a epoca a forma de desenvolvimento era
do texto base, desenvolveu o desenho da disci- por correspond^encia. Com o avancßo tecnologico temos
plina, articulou as diferentes linguagens na med- um cenario completamente diferentes no inıcio do seculo
iacßa~ o pedago  gica e promoveu a interac ßa~ o por XXI.
meio de videoaulas e artigos de apoio. Ale  m da
uma plataforma de aprendizagem da qual con- Na ultima decada constata-se um crescimento expressivo
stavam atividades, chat e fo  runs de discussa ~ o. no numero de alunos e de instituicß~oes que assumiram esta
O recorte do presente trabalho e  a mediac ßa~ o pro- modalidade de ensino como forma de atuacß~ao, o que
fessor/autor – educador e aluno na consolidac ßa~o
implicou em inumeras transformacß~oes em relacß~ao a
de conehcimentos a repseito da educac ~ o espe-
ßa
infraestrutura tecnologicas e profundas mudancßas nas
cial e da Libras(Língua Brasileira de Sinais). O edu-
relacß~oes midiaticas.
cador desenvolvia as atividades presenciais aos
 bados, ale
sa  m de acompanhar as discusso ~ es em
ambiente virtual, para articular os conhecimentos No que diz respeito as quest~oes sociais defende-se que
adquiridos nas atividades da plataforma de apren- esta modalidade auxilia na democratizacß~ao do acesso ao
dizagem, estimular a reflexa ~ o e o desenvolvimento conhecimento e a formacß~ao de parte significativa da po-
teo rico e pra  tico nas atividades presenciais. Este pulacß~ao. As autoras Ferreira e Campos (2012, p. 49)
foi o primeiro contato com a tema  tica para 80% apontam que:
dos alunos, o preconceito e a discriminac ßa~ o que
na~ o eram reconhecidos pelos alunos tanto em si A Educacß~ao a Dist^ancia tem cada vez mais con-
quanto na sociedade tornaram-se evidentes no tribuıdo na escolarizacß~ao e qualificacß~ao de todas as
convívio com a disciplina e com a possibilidade de
camadas sociais. Superando limitacß~oes de ordem
discussa ~ o e reflexa ~ o sobre as pra  ticas.As dificul-
~ geograficas, fısicas, sociais e econ^omicas, ela repre-
dades para a consolidac ß ao de novos te rmos e
conceitos e  perpassada por esses preconceitos senta uma alternativa para a democratizacß~ao do
socialmente construídos. Da experie ^ ncia com essa ensino. Com a utilizacß~ao das Novas Tecnologias,
disciplina dez alunos dos 54 optaram por realizar hoje, ela se encontra distante daquele ensino por
trabalhos de conclusao de curso na a  rea com o correspond^encia que se apoiava em cartilhas,
objetivo de aprofundar conhecimentos e favorecer modulos de ensino e em tarefas comentadas, ou do
a atuac ßa~ o pedago  gica. Considera-se que a ensino a dist^ancia classico, que combinava diversos
inclusa ~ o de disciplinas que abordem a tema  tica da componentes didaticos, material impresso, r adio,
educac ~ o especial sa
ßa ~ o fundamentais para a for- televis~ao, meios audiovisuais, assist^encia tutorial
mac ßa~ o de professores nas diferentes a  reas do
domiciliar e/ou em centros de estudo, ou do ensino
conhecimento e para as diferentes disciplinas
a dist^ancia grupal, que trabalhava com pro-
escolares.
gramacß~oes didaticas atraves do radio e televis~
ao e

70 ª 2016 NASEN
Journal of Research in Special Educational Needs, 16 70–74

se desenvolvia atraves de atividades presenciais de conhecimentos a respeito da tecnologia bem como de


regulares. autoria e propriedade intelectual.

Assim, a flexibilizacß~ao e o acesso em tempos e lugares Ao pensar a formacß~ao de professores deve-se ampliar o
distintos possibilitam que novas reflex~ oes acerca do conceito de espacßo - geografico, social, polıtico, cognitivo
ensino e aprendizagem a dist^ancia sejam favorecidas, pois e psicologico – em que o sujeito se constitui como profis-
e por meio da mediacß~ao aluno-professor que s~ao refleti- sional, no qual adquire um sistema de valores simb olicos
dos impactos nos aspectos pedag ogicos e organizacionais que lhe proporcionam a elaboracß~ao de capacidades, ati-
em conson^ancia aos pressupostos definidos para esta tudes, valores e concepcß~oes para desenvolver determi-
modalidade no decreto 5.622, de 2005: nadas atividades e funcß~oes. (Pagnez, 2007, p. 38)

(. . .) a modalidade educacional na qual a mediacßa~o A formacß~ao do professor n~ao se constroi pela acumulacß~ao
did atico-pedagogica nos processos de ensino e apren- de cursos, conhecimentos ou tecnicas, mas sim por meio
dizagem ocorre como a utilizacß~ ao de meios e tecnolo- da formacß~ao e da experi^encia com a (re) construcß~ao per-
gias de informacß~ ao e comunicacß~
ao, com estudantes e manente de uma identidade pessoal e profissional (N ovoa,
professores desenvolvendo atividades educativas em 1992).
lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005)
Alem disso, a formacß~ao de professores para a mudancßa,
Atualmente, o processo de implementacß~ao da Educacß~ao a sendo capazes de enfrentrar os desafios interativos e tec-
Dist^ancia e permeado pelo investimento em tecnologia, nologicos, possibilitaria o compartilhar com o aluno e
infraestrutura e formacß~ao docente, em uma parcela signi- responsabilidade pelo seu aprendizado. Assim, o professor
ficativa das instituicß~
oes. No entanto, e necessario destacar, necessita de condicß~oes cognitivas, afetivas e sociais para
que um sistema de ensino a dist^ancia n~ao se constitui emancipar-se e ser capaz de resolver situacß~oes pro-
pela transposicß~ao de uma estrutura presencial para uma blematicas gerais ou especıficas, relacionadas ao ensino
plataforma tecnol ogica permeada pelo computador, tra- em seu contexto de atuacß~ao.
tando-se de uma mudancßa de paradigma de papeis tanto
do professor quanto do aluno a partir de bases filosoficas, Neste sentido, a experi^encia tem o poder de emancipar o
epistemologicas e ontol ogicas diferenciadas das anterior- professor via reflex~ao, discuss~ao e estudo. A formacß~ao
mente utilizadas. ocorre na mudancßa e para tanto o professor precisa
adquirir conhecimentos ou estrategias que possibilitem
Ao refletir a respeito dessa mudancßa de paradigma educa- sua atuacß~ao. Segundo Imbernon (2004, p. 18):
cional surgem quest~ oes que podem tornar-se problemas
de pesquisa: a formacß~ao de professores nesta modalidade Em decorr^encia disso, o professor precisa adquirir
de ensino, a interacß~ao entre professor e aluno e a me- conhecimentos ou estrategias especıficas (planeja-
diacß~ao pedag
ogica, sobretudo quanto ao processo de mento curricular, pesquisa sobre a doc^encia,
ensino e de aprendizagem e, mais especificamente, da estrategias para formar grupos, resolucß~ao de proble-
aprendizagem colaborativa. mas, relacß~oes com a comunidade, atividade sociocul-
tural etc.). Tudo isso sup~oe a combinacß~ao de
No que se refere a relacß~ao entre formacß~ao de professores diferentes estrategias de formacß~ao e uma nova con-
e novas tecnologias, Rover (2003, p. 44) escreve: cepcß~ao do papel do professor nesse contexto, o que
obviamente n~ao pode ser feito sem o envolvimento
As novas tecnologias de comunicacß~ ao podem ser usa- concreto dos docentes.
das como instrumento de desenvolvimento da
educacß~ao e o Brasil est
a se empenhando no aumento Um elemento central para a atuacß~ao docente em EaD e a
do acesso a informacß~ao. Os nıveis desse investimento aquisicß~ao de conhecimentos que torne os professores
e que dir~ao se havera sucesso ou n~ ao, se con- aut^onomos no uso do computador. Quanto ao uso de
seguirmos construir a educacß~ ao do futuro, baseada computadores por parte dos docentes s~ao descritas por
que e no professor coletivo e no estudante aut^ onomo. Corr^ea (2007) diferentes fases: inicialmente ocorre a
aprendizagem sobre os computadores, o que exigiria
Destaca-se deste trecho a quest~ao do ‘professor coletivo’ nocß~oes de hardware e software; a segunda fase a do
e do ‘estudante aut^onomo’. Para que o professor desem- aprender atraves de computadores, com conteudo instru-
penhe esse papel e necessaria uma formacß~ao inicial para cional em um modelo skineriano; a terceira fase do apren-
assimilacß~ao dos princıpios da Educacß~ao a Dist^ancia, der com os computadores, na qual o computador passa a
domınio das tecnologias, sua estrutura e linguagem, alem ser uma ferramenta do processo ensino e aprendizagem; e
da construcß~ao de um projeto pedagogico e de curso, que finalmente a gest~ao do processo ensino e aprendizagem
permita a formacß~ao e acompanhamento dos professores. pelo computador, o que implicaria, segundo a autora, na
Para que o aluno seja realmente aut^ onomo ele necessita consolidacß~ao da mediacß~ao pedagogica.

ª 2016 NASEN 71
Journal of Research in Special Educational Needs, 16 70–74

A mediacß~ao pedagogica passa a ser consolidada na inter-  provavel que


tiva mec^anica, descontextualizada. E
acß~ao virtual entre professor-alunos e alunos-alunos. O muitos dos nossos cursos de formacß~ao de professores
conceito de mediacß~ao pedag ogica e compreendido por limitem-se a esta perspectiva. Entretanto, sabe-se que
Masetto (2008, p. 144): o professor n~ao ensina no vazio, em situacß~oes
hipoteticamente semelhantes. O ensino e sempre situ-
Por mediacß~ ao entendemos a atitude, o comportamento ado, com alunos reais em situacß~oes definidas.
do professor que se coloca como um facilitador,
incentivador ou motivador da aprendizagem do aluno, No contexto desta reflex~ao, a formacß~ao do professor deve
que se apresenta com a disposicß~ ao de ser uma ponte considerar o espacßo educacional enquanto instituicß~ao
entre o aprendiz e sua aprendizagem – n~ ao uma social e culturalmente definida, permeada por um pro-
ponte estatica, mas uma ponte “rolante”, que ativa- cesso de mediacß~ao pedagogica que possibilite contextu-
mente colabora para que o aprendiz chegue aos seus alizar: o papel do professor, o papel do aluno, o conte
udo
 a forma de se representar e tratar um
objetivos. E trabalhado e o processo de elaboracß~ao de conhecimento.
conteudo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar
informacß~oes, relacion
a-las, organiz
a-las, manipula- Portanto, o papel do professor no processo de ensino e
las, discuti-las e debat^e-las com seus colegas, com o aprendizagem em EaD se apresenta como din^amico, com
professor e com outras pessoas (interaprendizagem), profundas transformacß~oes nas praticas pedagogicas, cor-
ate chegar a produzir um conhecimento que seja sig- roborando para a compreens~ao e mesmo para a inter-
nificativo para ele, conhecimento que se incorpore ao vencß~ao na realidade em que esta inserido.
seu mundo intelectual e vivencial, e que o ajude a
compreender sua realidade humana e social, e mesmo O curso e a disciplina
a interferir nela. A implantacß~ao do curso na modalidade semipresencial
teve como princıpio a democratizacß~ao do ensino e, sobre-
A mediacß~ao pedagogica na formacß~ao de professores em tudo, o esforcßo polıtico para atender a necessidade de for-
EaD e um campo de pesquisa que precisa cada vez mais macß~ao e qualificacß~ao de professores para o segmento da
ser ampliado e esta pesquisa pretende contribuir com um educacß~ao basica. Este aspecto e reiteradamente destacado
novo elemento de analise para a construcß~ao de novas pos- no site da universidade virtual.
sibilidades de mediacß~ao pedagogica. Tal como aponta
Novoa O curso semipresencial de Licenciatura em Ci^encias,
implantado em 2010, resultou de uma parceria entre uma
 preciso investir positivamente os saberes de que o
E universidade publica em S~ao Paulo e a Universidade Vir-
professor e portador, trabalhando-os de um ponto de tual de S~ao Paulo. Inicialmente foram oferecidas 360
vista te
orico e conceitual. Os problemas da pratica vagas, distribuıdas em quatro polos de apoio presencial
profissional docente n~ ao s~ao meramente instrumen- no Estado, sendo posteriormente ampliada a oferta para
tais; todos eles comportam situacß~
oes e problematicas seis polos. Como objetivo principal do curso tem-se a for-
que obrigam a decis~ oes num terreno de grande com- macß~ao de professores na area de Ci^encias, para atuacß~ao
plexidade, incerteza e de conflitos de valores. (Novoa, no ensino fundamental e medio.
1992, p. 27)
Com duracß~ao de quatro anos, o curso foi organizado em
Cabe destacar a import^ancia da funcß~ao polıtica, consider- oito modulos, compostos por disciplinas que duram dez
ada como elemento necessario na atuacß~ao docente semanas, oferecidas simultaneamente por meio da plata-
(Cunha, 1989, 2005; Freire, 1996; Imbern on, 2004). forma de aprendizagem virtual Moodle, na qual s~ao
disponibilizadas vıdeoaulas, atividades e foruns de dis-
Para Imbern on (2004, p. 27) a funcß~ao polıtica dessa cuss~ao.
atuacß~ao esta manifesta da seguinte forma:
O contato com as disciplinas da area da Educacß~ao teve
Ser um profissional da educacßa~o significara participar inıcio no terceiro semestre, no sexto modulo, a disciplina
da emancipacß~ao das pessoas. O objetivo da educacß~ao O ensino de ci^encias na perspectiva da educacß~ ao inclu-
e ajudar a tornar as pessoas mais livres, menos siva. A disciplina foi ofertada pela primeira vez no
dependentes do poder econ^omico, polıtico e social. E segundo semestre do ano de 2013, com as seguintes
ao de ensinar tem essa obrigacß~
a profiss~ ao intrınseca. tematicas: educacß~ao e saude, legislacß~ao nacional e inter-
nacional, educacß~ao de surdos, atendimento educacional
Ao pensarmos a funcß~ao polıtica docente temos que refletir especializado, Libras, dentre outros.
a respeito do papel do professor. Cunha (1989, p. 24) nos
apresenta uma reflex~ao a esse respeito: O eixo norteador foi apresentar elementos da Educacß~ao
Especial na Perspectiva da Educacß~ao Inclusiva, propi-
Uma vis~ao simplista diria que a funcß~
ao do professor ciando o conhecimento e a reflex~ao sobre os aspectos
e ensinar e poderia reduzir este ato a uma perspec- polıticos, sociais e culturais da area, por meio da abor-

72 ª 2016 NASEN
Journal of Research in Special Educational Needs, 16 70–74

orica e com vistas a oferecer suporte as praticas


dagem te Ainda a respeito do professor Moran (2008, p. 31) destaca
ogicas em Educacß~ao Especial.
pedag que ha alguns princıpios metodologicos norteadores:

Alem disso, abordou a Educacß~ao de Surdos, por meio da Integrar tecnologias, metodologias, atividades. Inte-
Lıngua Brasileira de Sinais – LIBRAS, destaca-se que grar texto escrito, comunicacß~ao oral, escrita, hipertex-
este conteudo do programa foi desenvolvido em aulas tual, multimıdica. Aproximar as mıdias, as atividades,
presenciais. possibilitando que transitem facilmente de um meio
para outro, de um formato para o outro. Experimentar
Em sua organizacß~ao temos dois ambientes para o desen- as mesmas atividades em diversas mıdias. Trazer o uni-
volvimento das atividades um virtual e outro presencial. verso audiovisual para dentro da escola.
No ambiente virtual foram disponibilizados os conteudos
Variar a forma de dar aula, as tecnicas usadas em
e as atividades propostas para a semana, que envolviam
sala de aula e fora dela, as atividades solicitadas, as
pesquisas, leituras de artigos, assistir a filmes e f
oruns de
din^amicas propostas, o processo de avaliacß~ao. A pre-
discuss~ao que buscavam trazer a autoria dos alunos para
visibilidade do que o docente vai fazer pode tornar-se
os debates que partiam de situacß~ oes em sala de aula. Aos
um obstaculo intransponıvel. A repeticß~ao pode tornar-
sabados eram realizadas atividades presenciais que tinham
se insuportavel, a n~ao ser que a qualidade do profes-
como objetivo retomar os conte udos trabalhados durante
sor compense o esquema padronizado de ensinar.
a semana e avancßar nas discuss~ oes das praticas docentes.
Planejar e improvisar, prever e ajustar-se as cir-
Os alunos que cursaram a disciplina apresentavam tr^es cunst^ancias, ao novo. Diversificar, mudar, adaptar-se
perfis: professores em exercıcio nas redes p ublica e pri- continuamente a cada grupo, a cada aluno, quando
vada; profissionais de outras areas que buscavam a for- necessario.
macß~ao docente, e finalmente alunos de primeira
Valorizar a presencßa no que ela tem de melhor e a
graduacß~ao. Essa diversidade foi um elemento considerado
comunicacß~ao virtual no que ela nos favorece. Equili-
importante durante as discuss~ oes mediadas em ambiente
brar a presencßa e a dist^ancia, a comunicacß~ao “olho
virtual de aprendizagem e nas atividades presenciais,
no olho” e a telematica.
tendo em vista que as trocas entre eles possibilitaram
articulacß~
oes entre teoria e pratica durante o percurso da
O tutor atuou na interacß~ao entre os alunos no ambiente vir-
disciplina.
tual, na correcß~ao de atividades na plataforma e oferecia o
feedback aos alunos. Havia um tutor para cada p olo, num
Mediacß~
ao
total de quatro tutores na equipe. O educador desenvolvia
A mediacß~ao pedag
ogica pode ser melhor compreendida por
as atividades presenciais aos sabados, alem de acompanhar
Moran (2008, p. 30, 31), ao apontar o papel do professor:
as discuss~oes em ambiente virtual, para articular os conhe-
cimentos adquiridos nas atividades da plataforma de apren-
O professor como orientador/mediador de aprendiza-
dizagem, estimular a reflex~ao e o desenvolvimento te orico
gem
e pratico nas atividades presenciais. A equipe tambem foi
O professor, com o acesso a tecnologias telematicas, composta por quatro educadores, um para cada polo.
pode se tornar um orientador/gestor setorial do pro-
cesso de aprendizagem, integrando de forma equili- Moran (2008) enumera diferentes posturas que podem ser
brada a orientacß~
ao intelectual, a emocional e a assumidas na mediacß~ao pedagogica, nesta experi^encia
gerencial. constata-se que elas n~ao s~ao excludentes, funcionando de
forma integrada no mesmo agente: a)Orientador/mediador
O professor e um pesquisador em servicßo. Aprende
intelectual; b) Orientador/mediador; c) Orientador/medi-
com a pratica e a pesquisa e ensina a partir do que
ador gerencial e comunicacional; d) Orientador etico.
aprende. Realiza-se aprendendo-pesquisando-ensi-
nando-aprendendo. O seu papel e fundamental o de
O trabalho desenvolvido em parceria por professor-autor,
um orientador/mediador.
tutor e educador de forma efetiva abarcou momentos e
situacß~oes em que estas posturas se efetivaram.
O processo de mediacß~ao pedag ogica na disciplina O
Ensino de Ci^encias na Perspectiva da Educacß~ao Inclusiva
Os momentos de alinhamento e discuss~ao foram desen-
deu-se pela trıade dial
ogica formada por professor-autor,
hados de formas diferentes: em funcß~ao da proximidade e
educador e tutor. O professor-autor da disciplina foi o
facilidade de acesso o professor-autor encontrava-se sem-
responsavel pela producß~ao do texto base, elaborou as
analmente com o tutor e educador do polo de S~ao Paulo.
atividades da plataforma e as atividades presenciais.
No que se refere aos outros polos essas reuni~oes ocorriam
Desenvolveu o desenho da disciplina, articulou as dife-
quinzenalmente, por videoconfer^encias, mediadas pelo
rentes linguagens na mediacß~ao pedag ogica e promoveu a
professor-autor, pelo coordenador e responsavel pelo
interacß~ao por meio de videoaulas e artigos de apoio. Este
modulo do curso de Licenciatura.
professor-autor era um professor da universidade publica.

ª 2016 NASEN 73
Journal of Research in Special Educational Needs, 16 70–74

Consideracß~oes Finais Refer^encias Bibliograficas


Esta reflex~ao permite tracßar alguns pontos de con- Brasil (2005) Decreto n 5.622, de 19 de dezembro de
verg^encia entre a mediacß~ao pedag ogica e a formacß~ao de 2005. Ministerio da Educacß~ao.
professores na modalidade de ensino a dist^ancia, um deles Corr^ea, J. (2007) ‘Estruturacß~ao de Programas em EAD.’
refere-se ao dialogo e da integracß~ao das novas mıdias e In Corr^ea, J. (ed), Educacß~ao a Dist^ancia: orientacß~
oes
de diferentes tecnicas e metodologias de ensino que ten- metodologicas, pp. 101: 9–19. Porto Alegre: Artmed.
ham como objetivo a consolidacß~ao da mediacß~ao por parte Cunha, M. I. (1989) O bom professor e sua pratica.
do professor e a autonomia necessaria por parte do aluno Campinas: Papirus.
nos processos de aprendizagem em EaD. Cunha, M. I. (2005) Formatos avaliativos e concepcß~ ao
de doc^encia. Campinas: Autores Associados.
Ao entrarmos em sala de aula, seja, presencial ou virtual, Ferreira, T. L. & Campos, A. F. (2012) Didatica do
como professores assumimos a responsabilidade de ajudar Ensino Superior. S~ao Jo~ao del-Rei, MG: USFJ.
os nossos alunos a tornarem-se aut^ onomos cognitiva e Freire, P. (1996) Pedagogia da autonomia: saberes
socialmente, auxilia-los a articular conhecimentos e refle- necessarios a pratica educativa. S~ao Paulo: Paz e
oes sociais assumindo seu papel polıtico.
tir sobre quest~ Terra.
Ao ensinar aprendemos e ao aprendermos ensinamos, Imbernon, F. (2004) Formacß~ao docente e profissional:
para que isso ocorra e necessario que ensinemos os nos- formar-se para a mudancßa e a incerteza. S~ao Paulo:
sos alunos a pensar, os alunos constataram que o precon- Cortez.
ceito e discriminacß~ao encontram-se presente nos Masetto, M. T. (2008) ‘Mediacß~ao pedagogica e o uso de
diferentes espacßos sociais e a escola e um dos tecnologia.’ In J. M. Moran, M. T. Masetto & M. A.
responsaveis pela normalizacß~ao disso. O contato com a Behrens (eds), Novas tecnologias e mediacß~ao
disciplina despertou em dez alunos o desejo de aprofun- pedagogica, pp. 133–173. Campinas, SP: Papirus.
dar seus conhecimentos em diferentes tematicas: autismo, Moran, J. M. (2008) ‘Ensino e aprendizagem inovadores
sındrome de Down, superdotacß~ao e defici^encia intelectual. com tecnologias audiovisuais e telematicas.’ In J. M.
Moran, M. T. Masetto & M. A. Behrens (eds), Novas
Consideramos que os papeis dos diferentes atores no tecnologias e mediacß~ao pedagogica, pp. 11–65.
panorama da EaD ainda est~ao sendo construıdos o que Campinas, SP: Papirus.
nos abre um horizonte de possibilidades, os quais nos Novoa, A. (1992) ‘Formacß~ao de professores e profiss~ao
conclamam para uma atuacß~ao efetiva que busca a equi- docente.’ In A. Novoa (org). Os professores e a sua
dade e uma formacß~ao com qualidade. formacß~ao, pp. 13–33. Lisboa: D. Quixote.
Pagnez, K. S. M. M. (2007) O ser professor no ensino
Conflicts of interest superior em saude. Tese de Doutorado. S~ao Paulo:
There is no conflict of interest in this paper. Pontifıcia Universidade Catolica de S~ao Paulo.
Rover, A. J. A. (2003) ‘Educacß~ao a dist^ancia no ensino
de graduacß~ao: contexto tecnologico e normativo.’ In
R. Fragale Filho (ed), Educacß~ao a Dist^ancia: an alise
Address for correspondence
Karina Soledad Maldonado Molina Pagnez, dos par^ametro legais e normativos, pp. 43–69. Rio de
Universidade de S~ao Paulo. Avenida da Universidade, Janeiro: DP&A.
308 bloco A sala 111. Cidade Universitária. CEP
05508-040
Email: kpagnez@usp.br

74 ª 2016 NASEN

Você também pode gostar