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CAROLINE CATANEO1
RESUMO: O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul é uma
instituição de ensino criada em 2008 a partir da união de quatro autarquias federais de educação
profissional presentes em diferentes cidades do estado. No decorrer dessa década foram criados
ou incorporados outros campi que totalizam, no ano de 2019, dezessete unidades. As atuais
unidades que compõe a instituição possuem tempo de atuação e de integração com as suas
comunidades de abrangência bastante discrepantes: de meados do século XX há poucos anos
de funcionamento. Foi no ano em que a nova institucionalidade completou uma década que foi
criado o Programa Institucional Núcleo de Memória do IFRS, com o objetivo e o desafio de
trabalhar com uma história plural e multifacetada que, ao mesmo tempo que possui diferenças,
compreende um núcleo comum: a Educação Profissional e Tecnológica. O objetivo do
Programa se assemelha aos dos Centros de Memória presentes nas mais diversas instituições:
resgatar e (re)conhecer sua história, memória e identidade.
INTRODUÇÃO
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Mestranda do Mestrado Profissional
em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) no IFRS Campus Porto Alegre.
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institucionalidade - carregam consigo uma importante história pregressa. Este também é o caso
do IFRS.
As comemorações são sempre momentos profícuos para a emergência da memória. No
ano de 2018 o IFRS completou dez anos desta nova institucionalidade. A partir de então, foram
pensadas alternativas para a preservar e divulgar a memória de uma instituição que, ao mesmo
tempo que é jovem, carrega consigo uma história de mais de cem anos na Educação Profissional
do estado do Rio Grande do Sul.
O Programa Institucional Núcleo de Memória do IFRS surgiu da necessidade de se
preservar e se divulgar e memória da instituição de maneira organizada, sistematizada e
permanente. As primeiras tratativas iniciaram no ano de 2017 com a primeira composição da
comissão de criação e implantação do Núcleo. Atualmente, o programa encontra-se em fase de
reorganização e de consolidação do processo de implantação.
O artigo abordará, portanto, o processo de criação e implantação do Núcleo de Memória
do IFRS. Com o objetivo de contextualizar o tema, será apresentado, primeiramente, um
histórico da Rede Federal e da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil e do transcurso
de criação do IFRS. Logo após será exposto o processo de criação e implantação do Programa
Núcleo de Memória na instituição que tem por objetivo primordial colocar a memória da
Educação Profissional e Tecnológica em foco.
São essas escolas as que posteriormente dariam origem a Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica e ao conjunto de escolas técnicas federais e estaduais. No entanto,
Kuenzer (2001) atenta para o fato de que, naquele momento, esse conjunto de escolas:
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A Reforma Capanema foi um conjunto de dispositivos legais que, sob a coordenação de Gustavo Capanema
enquanto ministro da Educação (1942-46), estruturou o ensino industrial, comercial e criou o Sistema Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) que daria origem ao Sistema S.
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A expansão ocorrida durante os anos de 2005 a 2014, conforme aponta Santos (2018)
constituiu-se num marco histórico para a Rede Federal, na medida que produziu mudanças tanto
de ordem quantitativa - com o aumento das unidades de ensino e ampliação de sua atuação -
quanto de natureza estrutural. Desta forma, a nova institucionalidade apresentada pela criação
dos Institutos Federais conformou instituições com características distintas.
Aproveitando o potencial já instalado dos CEFETs, EAFs e Escolas Técnicas, os
Institutos Federais, aglutinam unidades com características bem díspares: enquanto algumas
unidades trazem uma importante história pregressa na EPT, outras foram criadas após o projeto
de expansão da Rede. Toda essa diversidade transforma os IFs em instituições com uma história
plural e multifacetada desde a sua origem.
juntamente com os demais IFs do país - através da Lei n° 11.892/2008, englobando autarquias
com uma história pregressa importante no estado. Além dessas instituições apresentarem
tempos de atuação distintos, elas também possuíam características específicas: do ensino
agrícola - como as Escolas Agrotécnicas Federais (EAFs) -, passando por Centros Federais
de Educação Tecnológica (CEFETs) a escolas técnicas vinculadas a Universidades Federais.
Este é o caso do IFRS.
Comemorações são sempre momentos importantes para que a memória coletiva emerja.
Não é diferente com as instituições. No ano em que o IFRS completou dez anos de existência,
tornou-se necessário criar mecanismos para que a memória da instituição se consolide. Essa
demanda foi assinalada também na Política de Comunicação da instituição. Ela destaca que:
advindas das diversas temporalidades existentes, existe uma identidade comum: a da Educação
Profissional e Tecnológica. A primeira iniciativa, portanto, foi a criação de uma comissão que
seria responsável pela redação do projeto e pela sua implantação. Essa comissão, designada por
portaria, foi recomposta no ano de 2018, agregando novos membros, dentre eles profissionais
docentes e técnicos administrativos em educação de diversas áreas.
A ideia do Programa Núcleo de Memória do IFRS surgiu como uma proposta de caráter
interdisciplinar e multicampi, com o objetivo central da criar um espaço virtual específico
destinado do Núcleo e aos projetos nele desenvolvidos. O projeto pretende, portanto, selecionar,
organizar e disponibilizar ao público a história e a memória tão diversificadas que ajudaram a
constituir o IFRS ao longo de seus dez anos, não desconsiderando a história e a memória
pregressas das instituições que deram origem ao IFRS.
Apesar da comemoração dos dez anos de criação do IFRS ter originado a ideia da
criação do Núcleo de Memória, o projeto pretende ser permanente:
A proposta gira em torno de um Núcleo Central, com ramificações nos campi, com o
objetivo de desenvolver espaços, ferramentas e projetos de resgate e preservação da
memória de forma sistemática e permanente. As atividades serão ainda em dois
sentidos: o de contribuir com projetos com esse viés já existentes dentro da instituição
e o de incentivar o surgimento de propostas semelhantes. (NÚCLEO DE MEMÓRIA
DO IFRS, 2019, n.p.)
Uma das preocupações da equipe que redigiu o projeto do Núcleo de Memória foi o de,
ao mesmo tempo que se busca uma centralidade nas atividades, respeitar as diferenças de cada
unidade da instituição, justamente por suas diferentes características e temporalidades. O que
se propôs para o Núcleo de Memória é, portanto que ele “seja unificado enquanto identificação
do IFRS, mas simultaneamente descentralizado e multicampi, de modo a respeitar todas as
singularidades de nossas unidades institucionais” (NÚCLEO DE MEMÓRIA DO IFRS, 2019,
n.p).
Além disso, a proposta é trabalhar com uma dimensão ampliada de documento histórico,
buscando localizar, registrar, catalogar e reunir não apenas documentação escrita, mas também
iconografia, filmografia, registros sonoros e objetos tridimensionais, que sejam significativos
da história do IFRS. Além disso, o Núcleo de Memória pretende atuar de forma sistemática e
permanente, auxiliando na elaboração de projetos de pesquisa, ensino e extensão que versem
sobre a memória e a identidade institucional do IFRS.
No ano de 2018, após a reestruturação da comissão de criação e implantação do Núcleo
de Memória do IFRS, o projeto foi redigido e uma das primeiras atividades da equipe foi
efetivada: o desenvolvimento do site do Núcleo e sua publicação, ocorrida em 19 de março de
2019. Em fevereiro de mesmo ano, após consulta aos diretores-gerais dos campi do IFRS, foram
designados os representantes do Núcleo em cada uma das unidades da instituição. Em maio do
corrente ano, foi lançado um edital para seleção de um bolsista que está atuando junto à Reitoria
e a comissão central do Programa, de modo a analisar as demandas referente ao espaço virtual
e outras questões referentes do Núcleo.
As atividades que estão em desenvolvimento no momento são a elaboração de um banco
de dados para o Núcleo, de modo a sistematizar um modelo para informações a serem
catalogadas pelas unidades da instituição. Além disso, há uma pesquisa vinculada ao Mestrado
Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do IFRS Campus Alegre
denominada “De onde vêm as histórias? um guia para identificação, registro e organização de
dados memoriais do IFRS 3” que têm como objetivo principal a elaboração de um instrumento
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A pesquisa intitulada “De onde vêm as histórias? Um guia para identificação, registro e organização de dados
memoriais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do IFRS” está em desenvolvimento no
Mestrado Profissional em Rede Nacional Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Campus Porto
Alegre do IFRS, por mim, Caroline Cataneo, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Cristina Caminha de Castilhos
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para nortear as atividades do grupo. O produto educacional proveniente deste estudo está em
fase de elaboração.
Com as pesquisas e atividades que estão em andamento, pretende-se consolidar o
Núcleo de Memória como um espaço permanente de afirmação da identidade e do
reconhecimento da memória institucional do IFRS e do seu lugar na história da Educação
Profissional e Tecnológica do Rio Grande do Sul e do Brasil. Para isso, é preciso uma maior
aproximação com os projetos em andamento e o incentivo à elaboração de novas ações. Além
disso, é salutar o estímulo ao desenvolvimento de publicações acerca da temática.
França O projeto já foi submetido à exame de qualificação e o produto educacional oriundo da pesquisa está em
fase de desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909. Créa nas capitaes dos Estados da
Escolas de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primario e gratuito. Rio de Janeiro,
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/decreto_7566_1909.pdf>.
Acesso em: 06 fev. 2019.
CARDOSO, Áureo Vandré. Síntese histórica do Campus Bento Gonçalves do IFRS. Bento
Gonçalves, dez. 2016. Disponível em: <http://bento.ifrs.edu.br/site/conteudo.php?cat=26>.
Acesso em: 05 jun. 2019.
KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino médio: construindo uma proposta para os que vivem
do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
MANFREDI, Silvia Maria. Educação profissional no Brasil. São Paulo, SP: Cortez, 2003.
317 p. (Docência em formação)
SANTOS, Jailson Alves dos. Política de expansão da RFEPCT: quais as perspectivas para a
nova territorialidade e institucionalidade? In: FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia Relação com o ensino médio integrado e o
projeto societário de desenvolvimento. Rio de Janeiro: LPP/UERJ, 2018. p. 113-123.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4. ed. Campinas: Autores
Associados, 2013. (Coleção Memória da Educação).
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