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Direito Civil Direito Imobiliário
Este artigo objetiva abordar a detenção da posse. Para tanto, em primeiro lugar
são indicadas as duas principais teorias para conceituar a posse. Em seguida,
realiza-se a diferenciação entre posse e detenção, para finalmente alcançar
aspectos fundamentais sobre a detenção da posse, tais como as hipóteses de
detenção e a situação de transformação da detenção em posse.
Aspectos Introdutórios
Antes de adentrar nos aspectos fundamentais da detenção da posse, torna-se
fundamental recordar alguns pontos relacionados à posse. As principais teorias
para explicar a posse são a teoria subjetiva de Savigny e a teoria objetiva de
Ihering.
Conforme indicado por Scavone Júnior (2020) para Savigny a posse é tida
como junção do corpus (detenção física do bem) e do animus (elemento
subjetivo - vontade). Para Ihering, por sua vez, o corpus não é a detenção
física da coisa e sim, a conduta de dono.
Com base no artigo 1.198 do Código Civil de 2002, cabe informar que o
detentor pode ser entendido como aquele que estando em relação de
dependência para com o outro, mantém a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas.
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Hipóteses de Detenção e
Transformação da Detenção em Posse
Salienta-se que o ordenamento brasileiro admite quatro hipóteses taxativas de
detenção, quais sejam, os servidores da posse, os atos de permissão ou
tolerância, a prática de atos de violência ou clandestinidade e a atuação em
bens públicos de uso comum do povo ou de uso especial.
Cumpre informar que o detentor não possui legitimidade para ajuizar ações
possessórias para defender o bem de esbulho, turbação ou ameaça.
Quanto aos atos de permissão e de tolerância, cabe apontar que não geram a
posse. A permissão tem origem na autorização expressa do verdadeiro
possuidor, para que o terceiro utilize a coisa, já a tolerância deriva do
consentimento tácito ao seu uso. Destaca-se que a tolerância pode ser
verificada pelo magistrado na situação concreta, quando houver estabilidade na
posição do ocupante diante do bem.
Conforme indicado por Rosenvald e Farias (2014, p. 114) “a detenção do artigo
1.198 do Código Civil de 2002 é uma detenção desinteressada”, já que o
fâmulo da posse é tido como um servidor em posse alheia. A detenção da
primeira parte do artigo 1.208 do Código Civil de 2002 pode ser tida como
detenção interessada, já que a pessoa que atua de acordo com a permissão ou
a tolerância procura extrair proveito próprio do bem e satisfaz os seus
interesses econômicos imediatos.
Conclusão
Diante do exposto, percebe-se que a detenção e a posse apesar de serem
institutos semelhantes possuem diferenças. A definição de posse indicada no
Código Civil de 2002 pauta-se na teoria objetiva de Ihering, sendo assim, o
corpus não é caracterizado como detenção física da coisa. A detenção, por sua
vez, é considerada uma posse degradada.
Salienta-se ainda, que a detenção pode ser convertida em posse, contanto que
seja rompida a subordinação, no caso de exercício em nome próprio de atos
possessórios.
Referências:
FARIAS, Cristiano Chaves de.; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil.
v. 5. 10 ed. Salvador: JusPodivm, 2014.