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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


DISCIPLINA: FUNDIÇÃO E SOLDAGEM
PROFESSOR: FRANCISCO RICHELLY
ALUNO: MARCUS VINICIUS DA SILVA MENDES

TRABALHO COMPLEMENTAR

ARCO ELÉTRICO DE SOLDAGEM

Teresina, 11 de janeiro de 2021


INTRODUÇÃO

A soldagem é um processo de fabricação cuja finalidade principal é a união permanente


de peças, que pode se dar por meio de fusão ou não. Visto que o material metálico é formado
por inúmeros átomos que estão ligados em arranjos ordenados formando a estrutura cristalina,
na superfície tem-se uma região de átomos com ligações incompletas com átomos vizinhos, o
que gera uma maior energia de superfície e maior reatividade. Essa condição, favorece o
acontecimento da soldagem. Os processos de solda são classificados em dois grupos: soldagem
por pressão/deformação (a união se dá pela deformação das superfícies de forma que elas
entrem em contato a nível atômico para acontecer a ligação entre seus átomos) e soldagem por
fusão (aplicação local de calor para fusão do metal de base e do metal de adição, que após a
solidificação, há a formação propriamente dita da solda). Esse processo apresenta vantagens
como: maior variedade de materiais e espessuras numa mesma peça; maior flexibilidade em
alterações no projeto e menor investimento inicial. Porém, algumas desvantagens são notórias,
como exemplo: união permanente de peças, o que impossibilita a desmontagem em algumas
aplicações, e alterações na composição do material na região da solda, provocando o
aparecimento de algumas descontinuidades. Vale ressaltar que, como em qualquer processo de
fabricação ou trabalho, deve-se adotar o uso de equipamentos corretos de segurança, tanto
individual como coletivo. Aqui, nesse trabalho, falaremos de arco elétrico de soldagem.

ARCO ELÉTRICO DE SOLDAGEM

É uma fonte de calor, e uma das mais usadas em soldagem por fusão, com grande
importância industrial, sendo utilizada na fabricação e recuperação de uma infinidade de peças.
O arco elétrico consiste em uma descarga elétrica mantida por um gás ionizado, a alta
temperatura, chamada plasma, que produz energia térmica o suficiente para provocar a fusão
local na região a ser unida. Ele opera entre a peça e o eletrodo (material de adição,
arame/vareta/eletrodo de solda) e apresenta, na grande maioria dos processos, um formato
aproximadamente cônico, Figura 1, devido à diferença de áreas dos eletrodos [1].

Figura 1: Arco elétrico entre eletrodo de tungstênio e cobre em atmosfera de argônio [1].
Ionização

Devemos ter em mente sobre o que é a ionização, já que a formação do arco elétrico de
soldagem depende desse processo. A ionização é um processo químico que se dá pela formação
de íons, perda ou ganho de elétrons a partir de átomos ou moléculas neutras. Ao receber uma
quantidade de energia suficiente, o elétron torna-se livre e muda para uma camada eletrônica
mais energética. Quando isso acontece, há a formação dos íons. Na soldagem, o gás, após ser
ionizado, constitui o plasma, um meio condutor de eletricidade e emissor de energia térmica e
luz [2].

Corrente Elétrica

A movimentação ordenada dos átomos forma o que chamamos de corrente elétrica. O


arco elétrico de soldagem forma uma corrente entre os eletrodos, gerando uma fonte intensa de
calor. A força do arco é proporcional à intensidade da corrente elétrica que passa pelo circuito.
Para cada material e tipo de trabalho, é necessária uma tensão e polaridade diferentes [3].

ABERTURA DO ARCO ELÉTRICO

Se dá a partir do contato entre dois condutores de corrente elétrica, os dois eletrodos,


que fazem com que os elétrons entrem em choque com os átomos e moléculas, criando um
fluxo de corrente, e em seguida faz-se a separação entre os polos a uma distância tal que
mantenha a região de plasma, o arco elétrico, uma fresta de ar ionizada na qual percorre uma
corrente elétrica [3].
A aproximação e separação posterior dos eletrodos aumenta a resistência ao fluxo de
corrente e faz com que suas extremidades sejam elevadas a altas temperaturas, bem como o
espaço ionizado entre eles. Na soldagem, para abrir o arco, o operador dá uns toques iniciais ou
esfrega o eletrodo negativo (vareta de solda) e afasta ligeiramente, no caso de eletrodo
revestido. Isso faz com que, no instante do toque, aconteça o fechamento do circuito dando
início à passagem da corrente elétrica. Ao afastar, os íons e elétrons livres do cátodo ionizam o
ar na fresta/distância entre os eletrodos no momento da solda, o que garante a manutenção da
passagem de corrente e emissão de calor pelo arco elétrico formado enquanto o eletrodo de
material de adição percorre toda a junta a ser soldada [4].
A qualidade do cordão de solda dependerá de vários fatores, como: perícia do operador,
material a ser soldado e material de adição, corrente utilizada na operação, velocidade de
deslocamento do eletrodo, comprimento do arco elétrico, entre outros.
O arco geralmente acontece entre um eletrodo cilíndrico e a superfície da peça, em um
formato quase cônico, como dito anteriormente. O eletrodo pode ser de material refratário (não
consumível), como o tungstênio, ou de um metal de menor ponto de fusão (consumível), como
o aço. Quanto ao eletrodo consumível, este gera algumas complicações tanto para a solda como
para o próprio arco por conta dos seguintes fatores: 1) passagem de metal fundido juntamente
com escória; 2) geometria variável da ponta do eletrodo, causado pelo seu consumo durante a
soldagem; 3) comprimento de arco variável, que dependerá da perícia do operador, no balanço
entre as velocidades de alimentação e fusão do eletrodo. Os dois últimos causam distorções no
formato do arco elétrico. A Figura 2 mostra exemplos de arcos formados pelos dois tipos de
eletrodos comentados anteriormente [5].

Figura 2: a) eletrodo não consumível; b) eletrodo consumível. [5]

Vale ressaltar que para pequenos valores de corrente, há um aumento de tensão. Isso se
dá pela redução da temperatura dos gases do arco, já que haverá menos energia gerada no
mesmo. Menor temperatura implica em menos ionização, o que aumenta a resistência à
passagem de corrente elétrica. A composição química da atmosfera do arco influencia
diretamente em várias características, como facilidade ou dificuldade de ionização e
transferência de calor para o meio ambiente, afetando a condutividade elétrica do arco [5].

PARTES DO ARCO ELÉTRICO DE SOLDAGEM

• Zona de queda catódica;


• Coluna de Plasma;
• Zona de queda anódica.
Zona de queda catódica: Responsável pela existência do arco, pois emite os íons e elétrons,
responsáveis pela passagem de 90% da corrente elétrica. Está localizada na extremidade do
eletrodo de adição de material, eletrodo negativo.
Região anódica: Não tão importante na manutenção do arco, como a catódica, mas tem uma
maior concentração de elétrons, causando a queda de tensão nessa região.
Coluna de plasma: É a maior parte do arco, constituída por partículas neutras, íons e elétrons
livres. O gás do arco, ao ser aquecido a altas temperaturas, é ionizado. É o responsável pela
passagem de corrente elétrica e de material [5].
A Figura 3 mostra como se dá a divisão do arco elétrico de soldagem.

Figura 3: Regiões de um arco de soldagem [1].

Como vimos, há vários fatores determinantes na formação e manutenção do arco elétrico


de soldagem. Em resumo, são basicamente [5]:
• Nível de corrente;
• Tipo de corrente;
• Tensão de operação;
• Comprimento do arco;
• Velocidade de deslocamento;
• Velocidade de alimentação de metal de adição;
• Composição e diâmetro do eletrodo;
• Comprimento do eletrodo;
• Tipo de gás de proteção ou de fluxo (ou de revestimento).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Soldagem: fundamentos e tecnologia/ Paulo Vilani Marques, Paulo José Modenesi,
Alexandre Queiroz Bracarense – 3ª edição atualizada – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
[2] Função do arco elétrico na soldagem. Apaixonados por ferramentas. Disponível em: <
https://apaixonadosporferramentas.com.br/funcao-do-arco-eletrico-na-soldagem/>. Acesso
em: 08 jan 2021.
[3] O que é um arco elétrico. Aventa Novidades. Disponível em: <
https://aventa.com.br/novidades/o-que-e-um-arco-
eletrico#:~:text=O%20arco%20forma%20uma%20corrente,uma%20fonte%20intensa%20de
%20calor.&text=A%20for%C3%A7a%20do%20arco%20%C3%A9,uma%20tens%C3%A3o
%20e%20polaridade%20diferentes>. Acesso em: 09 jan 2021.
[4] Cursos Unisanta. Mecanica, Santos. Disponível em:
<https://cursos.unisanta.br/mecanica/ciclo10/CAPIT4.pdf > Acesso em: 08 jan 2021.
[5] Fundamentos Físicos. DEMET, Minas Gerais. Disponível em:
<https://demet.eng.ufmg.br/wp-content/uploads/2012/10/fundamentosfisicos1.pdf>. Acesso
em: 08 jan 2021.

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