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RESUMO
Introdução
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Graduanda em Filosofia pelo UNISAL/Lorena. Artigo orientado pelo professor Mestre Padre
Sergio Augusto Baldin Junior
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como de intenso esforço filosófico para compreender como se dava o
conhecimento humano.
Desse modo, Kant procura em seus trabalhos, sobretudo nas três críticas,
responder a três perguntas: o que se pode conhecer; o que se deve fazer; e o
que é lícito esperar. Destarte, ele diz sim à ciência e inaugura o desprendimento
das novas ciências humanas e sociais da filosofia, instaurando a epistemologia
moderna.
Como referência primaria deste artigo a obra Crítica da Razão Pura
procura criticar o modo racionalista de fazer metafísica de Wolff, o qual produzia
apenas juízos analíticos, bem como corroborar com a maioridade humana, isto
é, com a ousadia do conhecimento, da emancipação e da autonomia, além de
fixar os limites do conhecimento possível do mundo e decidir sobre legitimidade
das investigações metafísicas sobre Deus, a alma e o mundo.
Tendo como recorte a primeira seção da referida obra, o presente artigo
tem por objetivo tratar sobre a seguinte questão: por que, na Estética
Transcendental, Kant afirma ser possível apenas o acesso aos fenômenos e não
a coisa em si?
Para tanto, foi realizado a revisão bibliográfica da obra Crítica da Razão Pura,
dando mais destaque à Estética Transcendental, bem como a consulta de
comentadores como Deleuze.
A primeira parte do artigo é dedicada a explanação dos conceitos de
tempo e espaço. A segunda parte apresenta o modo que Kant compreende o
conhecimento humano, bem como o que vem a ser fenômeno e coisa em si
abordadas pelo filósofo dentro da Estética Transcendental.
Por fim, considera-se que devido a condição subjetiva da sensibilidade
humana que pressupõem a existência de intuição a priori do conhecimento, isto
é, o tempo e espaço, o humano possui sua capacidade de apreensão do mundo
limitada, sendo assim possível apenas representar os fenômenos aparentes e
nunca ter acesso a coisa em si.
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Na estética transcendental da Crítica da Razão Pura (CrV), Kant tem por
objetivo apresentar as duas formas puras de intuição sensível como princípio do
conhecimento a priori, isto é, o espaço e o tempo. Ao longo do capítulo, o filósofo
deixa claro que espaço e tempo são representações a priori e não conceitos. No
que diz respeito a intuição a priori espaço, ele afirma que:
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Assim, o tempo é a forma do sentido interno, da intuição do estado interior
do humano, isto é, aquilo que “(...) determina a relação das representações no
nosso estado interno” (KANT, 2001, CrV, B 50, p. 73). Além disso, ele “(...) é a
condição formal a priori de todos os fenômenos em geral” (KANT, 2001, CrV, A
34, p. 73), visto que ele é (...) “uma condição subjectiva da nossa (humana)
intuição (porque é sempre sensível, isto é, na medida em que somos afectados
pelos objectos) e não é nada em si, fora do sujeito” ( KANT, 2001, CrV, A 35, p.
74).
É no tempo e por causa do tempo que as determinações contraditórias
podem se encontrar numa coisa. Kant deixa claro a sucessão do tempo na
seguinte passagem: “O tempo tem apenas uma dimensão; tempos diferentes
não são simultâneos, mas sucessivos (tal como espaços diferentes não são
sucessivos, mas simultâneos)” (KANT, 2001, CrV, B 47, p 71).
O tempo, assim como o espaço, não são inerentes aos próprios objetos,
mas ao sujeito que os intui, ou seja, são simples condições de sensibilidade. Por
serem simples condições de sensibilidade possuem um limite: conhecer apenas
os fenômenos. Sobre isto, Kant explica da seguinte maneira:
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apenas condições meramente subjectivas da nossa intuição;
relativamente a essas condições, portanto, todos os objectos
são simples fenómenos e não coisas dadas por si desta maneira.
Consequentemente, muito se pode dizer a priori acerca da forma
desses fenómenos, mas nem o mínimo se poderá dizer da coisa
em si que possa constituir o seu fundamento. (KANT, 2001, CrV,
A 49,p .83)
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Assim, vê-se que o fato do conhecimento é a representação a priori, sejam
elas pelas apresentações que se dá no espaço e no tempo, isto é, nas formas
puras da intuição e que por isto se distinguem das apresentações empíricas – a
posteriori - ou sejam as representações tais como: substância, causa, etc. Além
disso, o conhecimento é composto por: intuição, conceito e ideia. Há uma
diferença entre representação e o que se apresenta. Este último se refere ao
fenômeno, isto é, aquilo que aparece na intuição a posteriori. O fenômeno
aparece no espaço e no tempo – nas formas puras da intuição. (Deleuze, 1963).
Posto isto, o que diz respeito ao fenômeno Kant afirma que: “(...) o objecto
indeterminado de uma intuição empírica chama-se fenômeno” (KANT, 2001, CrV,
B 34 p. 61) e diferencia sua matéria e forma afirmando que o que corresponde a
sensação é a matéria do fenômeno e aquilo que possibilita o diverso ser
ordenado segundo determinadas relações é sua forma. Afirma ainda que a
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considerada independentemente de qualquer sensação. (KANT,
2001, CrV, B 34, p. 62)
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afirmar que o fenômeno existe enquanto coisa separada e independente do
homem. O modo como este o percebe que depende de suas capacidades
cognitivas e da sensibilidade que é própria do humano. Por conseguinte a coisa
em si encontra-se “fora da capacidade cognitiva de seres finitos racionais e, por
esse motivo, não pode ser confundido com um mero produto da razão ou simples
ilusão” (OLIVEIRA, p. 48)
Considerações finais
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porque é ela – a intuição a priori espaço – a condição da subjetividade humana,
isto é, a forma que o humano percebe exteriormente o mundo.
Por sua vez, o tempo corresponde ao dado a priori de todas as
representações que constitui o fundamento de todas as intuições. Só no tempo
é possível a sucessão dos fatos, ao passo que no espaço é possível a
simultaneidade. Desta forma, pode-se dizer que tempo e espaço estão no
sujeito, isto é, são simples condições da sensibilidade humana. Por assim serem
possuem limite que diz respeito ao conhecimento único possível do fenômeno.
Sendo, portanto, o conhecimento a síntese de representação do
fenômeno, cabe recordar que para Kant o fenômeno é tudo aquilo que é
percebido pela sensibilidade humana, ou seja, tudo aquilo que aparece e é
representado pela intuição. A matéria do fenômeno corresponde a sensação por
ela afetada e sua forma é todo o diverso ordenado segundo as relações. Em
outras palavras: a matéria do fenômeno é a posteriori, é aquilo que o humano
percebe; e sua forma é a priori, isto é, encontra-se no espírito e é independente
de qualquer sensação.
Sendo o homem sujeito do conhecimento, a realidade que se lhe
apresenta só é cognoscível graças aos fenômenos que a compõem e a condição
subjetiva da sensibilidade humana, isto é, o tempo e o espaço. Desta forma,
compreende-se a afirmação de Kant que diz que o fenômeno não existe em si,
mas unicamente no humano. Tal afirmação é possível e verídica segundo a
filosofia transcendental de Kant porque o homem só tem acesso aos fenômenos
que por ele são representados por meio da condição subjetiva da intuição tempo
e espaço.
Por mais refinada que seja a sensibilidade humana, ainda assim ela não
é capaz de captar a coisa em si. A coisa em si, segundo Kant, não é passível de
ser percebida por meio dos sentidos e por isto não pode ser considerada, como
os fenômeno, a posteriori. A coisa em si jamais será conhecida pelo homem,
visto que esta coisa pode ter diversos atributos que a sensibilidade humana é
incapaz de perceber.
Por fim, cabe ressaltar que o conceito de aparência é mais abrangente
que o de ilusão. A manifestação do fenômeno, sua aparência, só pode ser
percebida pelo sujeito que percebe. Entretanto, tal percepção não é mera
construção da mente humana, mas é aquilo que aparece de forma real no
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mundo. O fenômeno existe na realidade objetiva do mundo. O modo que ele é
percebido pelo humano que possui limitação, ou seja, a limitação da condição
da sensibilidade do homem que diz respeito ao tempo e ao espaço. Em outras
palavras: o modo que o fenômeno é percebido é e sempre será condicionado,
contornado, limitado pelo tempo e pelo espaço. Isto não significa que o fenômeno
percebido seja inventado, mas unicamente limitado. Já a coisa em si, como dito
acima, não pode ser percebida pelo homem. Entretanto, isto não quer dizer que
ela não exista, mas sim que sua totalidade ultrapassa os limites da sensibilidade
dos seres finitos racionais.
Referências
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