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AS

TESTEMUNHAS
DE JEOVÁ
E A EDUCAÇÃO
O objetivo desta brochura
SPINOZA, fil ósofo holandês, escreveu: “Tenho-me esfor çado a n ão rir das aç ões hu-
manas, nem chorar por elas, nem odi á-las, mas compreendê-las.” Se o senhor ou a
senhora for professor ou professora, confronta-se com o desafio de tentar com-
preender os conceitos, a formaç ão e as convic ç ões dos estudantes aos seus cuidados,
incluindo os alunos que s ão filhos de Testemunhas de Jeová. Ocasionalmente, esses
estudantes talvez adotem uma atitude que parece inconvencional em certas ques-
tões. No entanto, quando essas aç ões resultam claramente das convic ç ões religiosas
e morais do aluno, merecem receber aten ç ão. Esta brochura é publicada pela Asso-
ciaç ão Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (a editora das Testemunhas de Jeová) e
se destina a ajudá-lo a compreender melhor os estudantes que s ão Testemunhas de
Jeová. Esperamos que tome tempo para l ê-la com aten ç ão.
Compreender as cren ças religiosas de outra pessoa n ão exige que as aceite ou
adote, e transmitir informaç ões n ão é proselitismo. Esta brochura n ão procura im-
por os conceitos religiosos das Testemunhas de Jeová ao professor, nem tampouco
aos alunos. Queremos simplesmente dar-lhe informaç ões sobre quais s ão os princ í-
pios e as cren ças ensinados a alguns dos seus alunos pelos pais deles, para que lhe
seja mais fácil compreender os filhos de Testemunhas de Jeová e cooperar com
eles. Naturalmente, aquilo que se ensina aos filhos talvez nem sempre seja coeren-
te com o que eles fazem, visto que cada crian ça aprende a desenvolver a sua pr ó-
pria consci ência.
Iguais à maioria dos pais, as Testemunhas de Jeová querem que seus filhos tirem
o máximo proveito da educaç ão escolar. Para esse fim, ensinam os filhos a cooperar
com os professores. Os pais que s ão Testemunhas de Jeová, e seus filhos, por sua
vez apreciam quando os professores os tratam com compreens ão e respeito.
As Testemunhas de Jeová s ão cristãos conhecidos no mundo inteiro. No entanto,
às vezes n ão s ão compreendidas. Esperamos, por isso, que esta brochura o ajude a
compreender melhor os filhos das Testemunhas de Jeová que tem aos seus cuida-
dos. Esperamos especialmente que compreenda por que, em certas situaç ões espe-
c íficas, eles talvez reivindiquem o direito de ser diferentes.
CAPA: Faraó: The Complete Encyclopedia of Illustration/J. G. Heck. PÁGINA 32: pirâmides: do livro The Pictorial History of the World;
borboleta: The Complete Encyclopedia of Illustration/J. G. Heck
Conteúdo
PÁGINA 4
Como as
Testemunhas de
Jeová encaram
a educaç ão

PÁGINA 10
Programas
educacionais

PÁGINA 14
O desafio da
diversidade
religiosa

PÁGINA 19
Valores morais
que merecem
ser respeitados

PÁGINA 27
O papel dos pais

PÁGINA 31
Conclus ão

Esta publicação não é vendida. Ela faz


parte de um trabalho voluntário para
ajudar as pessoas no mundo todo a
entender a Bíblia. As despesas desse
trabalho são cobertas por donativos.
Para fazer um donativo, acesse
donate.jw.org.
Se não houver nenhuma observação, os
textos bíblicos citados nesta publicação
são da Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas com Referências.
As Testemunhas de Jeová e a Educação
Jehovah’s Witnesses and Education
Edição de janeiro de 2019
Portuguese (Brazilian Edition) (ed-T)
˘ 1995, 2002, 2015
Watch Tower Bible and Tract
Society of Pennsylvania
Editoras
Watchtower Bible and Tract Society
of New York, Inc.
Wallkill, New York, U.S.A.
˜ ´
Associaçao Torre de Vigia de Bıblias
e Tratados
´ ˜
Cesario Lange, Sao Paulo, Brasil
Made in Brazil
Como as Testemunhas de
Jeová encaram a educação
Assim como todos os pais, as Testemunhas de Jeová preocupam-se com
o futuro dos filhos. Portanto, d ão muita importância à educa ç ão.
“A educa ç ão deve ajudar as pessoas a se tornarem membros
úteis da sociedade. Deve tamb ém ajudá-las a valorizar sua
herança cultural e a viver uma vida mais satisfat ória.”
CONFORME sugerido por essa citaç ão Sem depreciar a import ância do
da Enciclop édia Delta Universal, treinamento para a vida cotidiana,
um dos principais objetivos da escola- a Bíblia mostra que esse não é nem
ridade é treinar os filhos para a vida o único, nem o principal objetivo da
cotidiana, o que inclui habilitá-los a educaç ão. A educaç ão bem-sucedida
cuidar das necessidades da sua famí- tamb ém deve estimular nos filhos a
lia num tempo futuro. As Testemu- alegria de viver e ajudá-los a ocupar
nhas de Jeová acham que isso é uma seu lugar na sociedade como pessoas
responsabilidade sagrada. A pr ópria bem equilibradas. Por isso, as Teste-
B íblia diz: “Certamente, se algu ém munhas de Jeová acham que a esco-
não fizer provisões para os seus pr ó- lha das atividades fora da sala de aula
prios, e especialmente para os mem- é muito importante. Acreditam que
bros de sua família, tem repudiado a a descontraç ão salutar, a música, os
fé e é pior do que algu ém sem fé.” passatempos, os exerc ícios físicos, as
(1 Timóteo 5:8) Os anos passados na visitas a bibliotecas e a museus e as-
escola preparam os filhos para as res- sim por diante, desempenham um pa-
ponsabilidades que ter ão de assumir pel importante na educaç ão equili-
na vida. As Testemunhas de Jeov á brada. Além disso, ensinam os filhos
acham, por isso, que a educaç ão deve a respeitar pessoas de mais idade e
ser levada muito a sério. a procurar oportunidades para ser
As Testemunhas de Jeov á esfor- prestativos.
çam-se a viver segundo o mandamen-
Que dizer da
to bíblico: “Tudo o que fizerem, façam educa ç ão suplementar?
de todo o coraç ão, como para o Senhor,
Em vista das novas tecnologias, o
e não para os homens.” (Colossenses
mercado de trabalho muda constan-
3:23, Nova Vers ão Internacional )
temente. Em resultado disso, muitos
Esse princ ípio aplica-se a todos os as-
jovens ter ão de trabalhar em profis-
pectos da vida cotidiana, incluindo a
sões ou ofícios em que não receberam
escola. De modo que as Testemunhas
treinamento espec ífico. Sendo assim,
de Jeová incentivam seus filhos a es-
tudar diligentemente e a levar a sério
as tarefas que recebem na escola.
A Bíblia ensina tamb ém a sujeiç ão “Tudo o que fizerem,
às leis do país em que se vive. Por- façam de todo o coraç ão,
tanto, quando a instru ç ão escolar é
obrigat ória at é certa idade, as Tes- como para o Senhor.”
temunhas de Jeová acatam essa lei. — Colossenses 3:23,
— Romanos 13:1-7. Nova Versão Internacional

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 5
“A educaç ão deve ajudar seus hábitos de trabalho e o treina-
mento que receberam, especialmen-
as pessoas a se tornarem te sua capacidade de adaptaç ão a mu-
membros úteis da sociedade. danças, ser ão para eles de valor ainda
Deve tamb ém ajud á-las a maior. Por conseguinte, é melhor que
os estudantes se tornem adultos, con-
valorizar sua heran ça cultural
forme o expressou Montaigne, ensaís-
e a viver uma vida ta da Renascença, tendo ‘uma cabe ça
mais satisfatória.” bem feita em vez de uma cabe ça bem
— Enciclop édia Delta Universal
cheia’.
O desemprego, que afeta tanto paí-
ses ricos como pobres, muitas vezes
ameaça os jovens insuficientemente
habilitados. Portanto, se o mercado de
trabalho exige treinamento adicional
ao mínimo exigido por lei, cabe aos
pais orientar os filhos na decisão so-
bre adquirir uma educaç ão suplemen-
tar, avaliando tanto os prováveis be-
nefícios como os sacrifícios que podem
advir desses estudos adicionais.
No entanto, é provável que concor-
de que o êxito na vida envolve mais do
que apenas a prosperidade material.
Nos últimos tempos, homens e mulhe-
res que toda a vida ficaram absortos
na sua carreira perderam tudo ao fi-
carem sem emprego. Alguns pais sa-
crificaram a vida familiar e o tempo
que poderiam ter passado com os fi-
lhos, assim não os ajudando a crescer,
porque estavam totalmente absortos
no trabalho secular.
É evidente que a educaç ão equili-
brada precisa levar em conta que é ne-
cessário mais do que a prosperidade
material para que sejamos realmente
felizes. Jesus Cristo declarou: “Est á
Galleria degli Uffizi, Florença

6 A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o
A descontraç ão salutar, a música,
os passatempos, os exerc ícios
físicos, bem como as visitas
a bibliotecas e a museus,
desempenham todos um papel
importante na educaç ão equilibrada

escrito: ‘Nem só de pão viver á o ho-


mem, mas de toda palavra que pro-
cede da boca de Deus.’ ” (Mateus 4:4,
NVI) As Testemunhas de Jeová, como
crist ãos, reconhecem a import ância
de desenvolver qualidades morais e es-
pirituais, bem como de se preparar
para cuidar das suas necessidades ma-
teriais.
Educação nos
tempos bíblicos

A B ÍBLIA ensina que a educaç ão é da


maior import ância. Ela descreve Deus
como o “Grandioso Instrutor” do seu povo
e, por meio das suas páginas, convida seus
servos a se aprofundarem no conhecimen-
to Dele. — Isaías 30:20.
Nos temp os b íblicos, ap enas certas
classes privilegiadas eram letradas, tais
como os escribas na Mesopot âmia e no
Egito. Em nítido contraste com isso, to-
dos no Israel antigo eram incentivados a
aprender a ler e a escrever. “A diferença,
sem dúvida, devia-se ao sistema de escri-
ta alfab ética mais simples usado pelos he-
breus. . . . A importância da escrita al-
fab ética para a história da educação não
deve ser desconsiderada. Introduziu um
rompimento com as culturas tradicionais
de escribas do Egito, da Mesopotâmia e do mãe repetia determinado versículo; quan-
Canaã do segundo milênio. Ser alfabeti- do aprendia este, dava-lhe outro. Mais
zado não era mais a característica identi- tarde, colocava-se nas mãos dos filhos o
ficadora e exclusiva duma classe de es- texto escrito dos versículos que já sabiam
cribas e sacerdotes profissionais, versados recitar de cor. Assim passavam a conhe-
nas intricadas escritas cuneiforme e hie- cer a escrita e, quando crescidos, conti-
roglífica.” — Encyclopaedia Judaica. nuavam a receber instrução religiosa por
lerem a lei do Senhor e meditarem nela.”
Métodos de ensino Para ajudar os jovens e os de mais idade
No Israel antigo, os filhos eram ensina- a decorar, usavam-se diversas ajudas para
dos tanto pelo pai como pela mãe, des- a memória. Elas incluíam acrósticos al-
de uma idade bem tenra. (Deuteronômio fab éticos (versos sucessivos num poema
11:18, 19; Provérbios 1:8; 31:26) No Dic- que come çavam com uma letra diferen-
tionnaire de la Bible (Dicionário da Bí- te, em ordem alfab ética), aliteração e o
blia), o erudito bíblico E. Mangenot es- uso de números. É interessante que al-
creveu: “Assim que sabia falar, a criança guns eruditos acham que o calendário de
aprendia algumas passagens da Lei. Sua Gezer (Museu Arqueológico de Istambul),
um dos mais antigos exemplos da escrita
hebraica antiga, seja um exercício de me-
mória para escolares.
O currículo
A educação dada pelos pais, nos tem-
pos bíblicos, incluía treinamento prático.
Ensinava-se às meninas prendas domésti-
cas. O último capítulo do livro de Provér-
bios mostra que essas tarefas eram bem
diversificadas; incluíam transações imo-
biliárias e ter um pequeno negócio, bem círculos religiosos judaicos era comum a
como fiaç ão, tecelagem, arte culin ária, seguinte expressão: “Quem não ensinar
negócios e administração doméstica em ao filho um ofício útil cria-o para ser la-
geral. Aos meninos usualmente se ensi- drão.”
nava a ocupação secular do pai, quer la- Portanto, nos tempos bíblicos, dava-se
voura, quer outro ofício ou profissão. Nos muito valor à educação.
Lousa de estudante: ˘ British Library Board/Robana/Art Resource, NY; rolo: Bibelmuseum, M ünster
Programas POR causa da importância que dão ao
seu trabalho de educaç ão b íblica, al-
guns acham que elas não se interessam
educacionais pela educaç ão secular. Mas isso não é
verdade. Para poder ensinar outros, o
instrutor precisa primeiro aprender, e
As Testemunhas de Jeová são
isso requer o devido treinamento e ins-
conhecidas mundialmente tru ç ão. Portanto, al ém de aproveita-
pelo seu trabalho de rem bem a educaç ão secular, as Tes-
educação b íblica. temunhas de Jeová já por muitos anos

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tiram proveito de diversos programas Aplique-se à Leitura e à Escrita em
e escolas educacionais, administrados mais de cem idiomas.
pela Sociedade Torre de Vigia ou suas Esses programas de alfabetizaç ão fo-
congêneres. Isso tem ajudado as Teste- ram reconhecidos pelas autoridades
munhas de Jeová e outros a melhorar educacionais nos países em que foram
em sentido intelectual, moral e espiri- realizados. No M éxico, por exemplo,
tual. um funcionário público escreveu: “Sou
Por exemplo, em muitos pa íses, as grato pela vossa cooperaç ão, e, da par-
Testemunhas de Jeov á se confronta- te do governo do estado, transmito-vos
ram com um desafio especial — como as mais sinceras felicitaç ões pelo vosso
ensinar pessoas que tiveram pouca ou nobre trabalho progressivo em benefí-
nenhuma oportunidade de receber a cio do povo, de trazer aos analfabetos
devida educaç ão escolar e que, por isso, a luz do conhecimento. . . . Faço votos
não sabem ler ou escrever. Para aten- de bom êxito à vossa obra educacional.”
der a essa necessidade, as Testemu-
nhas de Jeová organizaram programas Treinamento adicional
de alfabetizaç ão. Por darem muita importância ao seu
Por exemplo, na Nigéria, aulas de trabalho de educaç ão bíblica, as Teste-
alfabetização j á são dadas pelas Teste- munhas de Jeová esfor çam-se a melho-
munhas de Jeov á desde 1949. Por meio rar sua habilidade de explicar os ensi-
dessas aulas, milhares de pessoas na nos bíblicos a outros. Por exemplo, em
Nigéria aprenderam a ler. Uma pes- cada uma das mais de 119 mil congre-
quisa mostrou que mais de 90% das gaç ões em todo o mundo, os estudantes
Testemunhas de Jeov á na Nig éria recebem treinamento para desenvolver
eram alfabetizadas, em comparaç ão habilidades na leitura e na arte de fa-
com menos de 50% do restante da po- lar em público. Mesmo os mais jovens,
pulaç ão. No M éxico, as Testemunhas assim que aprendem a ler, podem ma-
de Jeov á mant êm aulas de alfabeti- tricular-se e receber esse treinamen-
zaç ão desde 1946. Em um ano, mais to, que se mostra útil para eles em ou-
de 6.500 pessoas foram ensinadas a tros campos, incluindo sua instru ç ão
ler e a escrever. E mais de 100 mil na escola secular. Muitos professores
pessoas foram ajudadas a serem al- têm comentado que os estudantes que
fabetizadas. Organizaram-se tam- s ão Testemunhas de Jeov á tendem a
b ém aulas de alfabetizaç ão em mui- expressar-se muito bem.
tos outros pa íses, tais como Bol ívia, Al ém disso, cada congregaç ão das
Camar ões, Nepal e Z âmbia. As Tes- Testemunhas de Jeová é incentivada a
temunhas de Jeov á produziram mais ter no seu pr óprio Salão do Reino, ou
de 7 milh ões de c ópias da brochura lugar para reuni ões, uma biblioteca

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 11
com comp êndios bíblicos, dicionários e riedade de publicaç ões, para atender
outras obras de refer ência. Essa biblio- às necessidades dos jovens e dos adul-
teca está à disposiç ão de todos os que tos.
frequentam as reuni ões no Sal ão do
Reino. Nas suas congregaç ões, incen- Treinamento avançado
tiva-se cordialmente a leitura, e cada As Testemunhas de Jeov á tam-
família tamb ém é exortada a ter sua b ém administram escolas para o trei-
pr ópria biblioteca, com uma ampla va- namento de missionários de ambos os

Os estudantes recebem treinamento


na leitura e na arte de falar em público
Nas suas congregaç ões,
incentiva-se cordialmente
a leitura e cada família
tamb ém é exortada a ter
sua própria biblioteca
com uma ampla variedade
de publicaç ões

sexos, bem como escolas


para o treinamento de ho-
mens que têm responsabili-
dades ministeriais nas con-
gregaç ões locais. Essas
escolas s ão evidência adicio-
nal de que as Testemunhas
de Jeov á d ão muita impor-
tância à educaç ão.

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 13
O desafio da
diversidade religiosa
Na qualidade de professor, v ê-se confrontado com
um desafio raras vezes encontrado por instrutores
nos séculos passados: a diversidade religiosa.

DURANTE a Idade Média, os cidadãos uns 14 países, o número de Testemu-


dum mesmo país usualmente pratica- nhas de Jeová ativas passa de 150 mil.
vam a mesma religião. Mesmo no fim — Veja o quadro na página 15.
do s éculo 19, a Europa conhecia ape- A diversidade das pr áticas religio-
nas poucas das religiões principais: o sas locais pode criar desafios para o
catolicismo e o protestantismo no oes- professor. Por exemplo, podem sur-
te, a ortodoxia e o islamismo no les- gir algumas perguntas importantes a
te, e o judaísmo. A diversidade, sem respeito de celebraç ões populares: de-
dúvida, é hoje muito mais comum na vem todas as observâncias ser impos-
Europa e em todo o mundo. Estabele- tas a cada um dos estudantes — sem
ceram-se religiões pouco conhecidas, tomar em consideraç ão a sua religião?
quer por serem adotadas por alguns A maioria talvez não ache nada de er-
da pr ópria populaç ão nativa, quer por rado nessas comemoraç ões. No entan-
serem introduzidas por imigrantes e to, não se deveriam respeitar tamb ém
refugiados. os conceitos de famílias pertencentes
De modo que atualmente, em países a um grupo minorit ário? E h á mais
tais como a Alemanha, a Austr ália, os um fator a considerar: nos países em
Estados Unidos, a França e a Gr ã-Bre- que a lei separa a religi ão do Esta-
tanha, encontramos muitos mu çul- do e a instru ç ão religiosa n ão est á
manos, budistas e hindus. Ao mes- inclu ída no curr ículo, n ão achariam
mo tempo, as Testemunhas de Jeová, alguns que é incoerente tornar es-
como crist ãos, est ão ministrando ati- sas comemoraç ões obrigat órias na es-
vamente em mais de 239 países. Em cola?

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Aniversários natal ícios
Podem surgir até mesmo mal-enten- Testemunhas de Jeová
didos a respeito de comemoraç ões que Uma religião mundial
parecem ter pouca ou nenhuma rela-
ç ão com a religião. Isso se dá com os
anivers ários natalícios, celebrados em Testemunhas de
muitas escolas. Embora as Testemu- País Jeová ativas
nhas de Jeová respeitem o direito de Alemanha 166.262
outros comemorarem anivers ários na- Argentina 150.171
talícios, sem dúvida deve estar bem a Brasil 794.766
par de que elas preferem não partici-
Col ômbia 166.049
par em tais comemoraç ões. Mas talvez
desconhe ça os motivos de elas e seus fi- Congo, Rep.
Dem. do 216.024
lhos terem decidido não participar nes-
sas comemoraç ões. EUA 1.243.387
Le livre de religions (O Livro de Re- Filipinas 196.249
ligiões), uma enciclop édia amplamente It ália 251.650
distribu ída na Fran ça, classifica esse Japão 215.703
costume como rito e o alista entre “ri- México 829.523
tos seculares”. Embora hoje as come-
Nigéria 362.462
moraç ões de anivers ários sejam consi-
deradas um inocente costume secular, Ucr ânia 150.906
na realidade têm suas raízes no paga- Z âmbia 178.481
nismo.
The Encyclopedia Americana (edi-
ç ão de 1991) declara: “O mundo anti-
go do Egito, da Gr écia, de Roma e da anivers ários natalícios era importan-
Pérsia celebrava os anivers ários nata- te, nos tempos antigos, principalmente
lícios de deuses, reis e nobres.” Os au- porque a data do nascimento era essen-
tores Ralph e Adelin Linton revelam cial para se fazer um hor óscopo.” A li-
os motivos subjacentes disso. Escrevem gaç ão direta com a astrologia é moti-
no seu livro The Lore of Birthdays vo de grande preocupaç ão para todos
(A Doutrina dos Anivers ários Natal í- os que evitam a astrologia por causa
cios): “A Mesopotâmia e o Egito, ber ços do que a Bíblia diz sobre ela. — Isaías
da civilizaç ão, foram tamb ém as pri- 47:13-15.
meiras terras em que os homens lem- Não surpreende, portanto, que lei-
bravam e honravam seus anivers ários amos na Enciclop édia Delta Uni-
natal ícios. A guarda de registros de versal: “Os primeiros crist ãos n ão

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 15
celebravam [o] nascimento [de Cris- tamb ém têm muito prazer em demons-
to] porque consideravam a comemora- trar seu amor à família e a amigos por
ção do aniversário um costume pagão.” dar-lhes presentes e passar com eles
— Volume 10, página 5608. momentos agradáveis. No entanto, em
Com isso em mente, as Testemunhas vista da origem das comemorações de
de Jeov á decidem n ão participar em aniversários natalícios, preferem fazer
festividades de aniversários natalícios. isso em outras ocasiões durante o ano.
O nascimento duma criança certamen- — Lucas 15:22-25; Atos 20:35.
te é um acontecimento feliz e mara- Natal
vilhoso. É natural que todos os pais O Natal é comemorado em todo o
se alegrem ao passo que seus filhos mundo, mesmo em países que não s ão
crescem e se desenvolvem a cada ano cristãos. Visto que é uma festa aceita
que passa. As Testemunhas de Jeov á pela maioria das religiões da cristan-

As Testemunhas de Jeová usufruem um agradável companheirismo entre si


dade, pode parecer bastante surpreen-
dente que as Testemunhas de Jeová de-
cidam não comemor á-lo. Por que não?
Conforme muitas enciclop édias de-
claram especificamente, o nascimen-
to de Jesus foi fixado arbitrariamente
em 25 de dezembro para coincidir com
uma festividade romana, pagã. Note as
seguintes declaraç ões tiradas de diver-
sas obras de refer ência: ˘ Mary Evans Picture Library

“A data do nascimento de Cristo não “As saturnais de Roma


é conhecida. Os Evangelhos não indi-
fornecem o modelo para
cam nem o dia nem o mês.” — New Ca-
tholic Encyclopedia, Volume III, pági- a maioria dos costumes
na 656. festivos da época do Natal.”
“A maioria dos costumes crist ãos — Encyclopœdia of Religion and Ethics
que agora prevalecem na Europa, ou
registrados de tempos anteriores, não
s ão costumes genuinamente crist ãos, popular . . . por dar-lhe um novo sig-
mas s ão costumes pagãos e foram assi- nificado.” — Encyclopædia Universa-
milados ou tolerados pela Igreja. . . . As lis, 1968, (em franc ês) Volume 19, pá-
saturnais de Roma fornecem o modelo
gina 1375.
para a maioria dos costumes festivos
“O desenvolvimento da festividade
da época do Natal.” — Encyclopœdia
of Religion and Ethics (Enciclop é- do Natal foi influenciado pelo contras-
dia de Religi ão e Ética, Edinburgh, te com as celebraç ões pagãs do Sol In-
1910), editada por James Hastings, Vo- victus (Mitra). Por outro lado, o 25 de
lume III, páginas 608-609. dezembro, dia do solstício de inverno
[dezembro], foi identificado com a luz
“O Natal tem sido celebrado em 25 de
dezembro em todas as igrejas cristãs que emergiu no mundo por meio de
desde o quarto s éculo. Naquele tempo, Cristo, e o simbolismo do Sol Invic-
era a data da festividade pagã do sols- tus foi assim transferido para Cristo.”
tício de inverno [dezembro], chamada — Brockhaus Enzyklop ädie, (em ale-
de ‘Nascimento (em latim: natale) do mão) Volume 20, página 125.
Sol’, visto que o Sol parecia ter renas- Como reagiram alguns quando sou-
cido ao passo que os dias de novo fi- beram dos fatos sobre o Natal?
cavam mais longos. Em Roma, a Igre- The Encyclopœdia Britannica obser-
ja adotou esse costume extremamente va: “Em 1644, os puritanos, por ato do

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 17
jum. Carlos II restabeleceu a festa,
O que os filhos dizem mas os escoceses aderiram ao concei-
“Embora não ganhe presentes no meu to puritano.” Os primeiros cristãos não
aniversário natalício, meus pais ainda assim comemoravam o Natal, nem o come-
me dão presentes em outras ocasiões. Gos- moram hoje as Testemunhas de Jeová,
to disso, porque são surpresas para mim.” nem participam em atividades relacio-
— Gregory, de 11 anos. nadas com o Natal.
“O jeito como a maior parte da garota- No entanto, a Bíblia fala favoravel-
da encara o Natal é que ele é apenas uma mente sobre dar presentes ou convidar
ocasião de muitos presentes. Mas eu recebo a família e amigos para uma refeiç ão
presentes e vou a lugares o ano todo. Minha
alegre em outras ocasiões. Ela incenti-
família tem me levado a outros países, tais
como Fiji, Nova Zelândia e o Brasil.” — Ca- va os pais a treinar os filhos para ser
leb, de 10 anos. sinceramente generosos, em vez de dar
“Eu me divirto com minhas amigas, e presentes apenas quando socialmente
de vez em quando nos surpreendemos umas se espera isso. (Mateus 6:2, 3) Os filhos
às outras com presentes.” — Nicole, de das Testemunhas de Jeová s ão ensina-
14 anos. dos a ser tolerantes e respeitosos, e isso
“Muitos na escola me perguntam como eu inclui reconhecer o direito de outros de
aguento ficar sem o Natal ou outras festivi- comemorar o Natal. Apreciam, por sua
dades. Eu não fico sem divertimentos. Mi- vez, quando se respeita a sua decis ão de
nha família e eu muitas vezes fazemos coi- não participar nas comemoraç ões na-
sas juntos. Temos amigos maravilhosos com
talinas.
quem passamos férias. Vamos acampar e es-
quiar, e frequentemente nos reunimos na Outras celebra ç ões
nossa casa. Acho que, se os outros soubes- As Testemunhas de Jeová adotam a
sem o quanto nos divertimos, ficariam sur-
mesma posiç ão para com outros feria-
presos!” — Andriana, de 13 anos.
dos religiosos ou semirreligiosos, que
“Nunca me sinto excluído por não cele-
em diversos países ocorrem durante o
brar o Natal ou outras festividades. Duran-
te esses feriados, quando não temos aula ano letivo, tais como as Festas Juninas
e papai não está trabalhando, jogamos, va- no Brasil, a Epifania na França, o Car-
mos ao cinema, vemos TV. Passamos muito naval no Brasil e na Alemanha, o Set-
tempo juntos, fazendo coisas em família.” subun no Japão e o Halloween (Dia das
— Brian, de 10 anos. Bruxas) nos Estados Unidos. Com re-
laç ão a essas e a outras comemoraç ões
espec íficas, não mencionadas aqui, os
Parlamento, proibiram qualquer festa pais ou seus filhos, como Testemunhas
ou ofícios religiosos, à base de que [o de Jeová, certamente ter ão prazer em
Natal] era uma festividade pagã, e or- responder a quaisquer perguntas que
denaram que fosse guardado como je- tenha sobre isso.

18 A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o
Valores morais
que merecem ser respeitados
Em toda a Hist ória, homens e mulheres corajosos tomaram posi ç ão contra
o modo de pensar popular na sua época. Suportaram tirania pol ítica, religiosa
e racial, muitas vezes entregando sua vida a favor da sua causa.

OS PRIMEIROS crist ãos foram espe- seguirem a liberdade, os crist ãos s ó


cialmente corajosos. Durante a seve- precisavam queimar uma pitada de
ra perseguiç ão nos primeiros tr ês s é- incenso em reconhecimento da natu-
culos, muitos deles foram mortos reza divina do imperador. No entanto,
pelos romanos pagãos por se negarem poucos transigiram. A maioria deles
a adorar o imperador. Às vezes er- preferiu morrer em vez de renunciar
guia-se um altar na arena. Para con- à sua fé.
As Testemunhas de Jeová procuram incutir nos filhos os verdadeiros valores crist ãos
posi ç ão firme em face do nazismo
Respeito, mas não adoração é comprovada pela Hist ória. Antes e
Certa manhã, numa escola no Canadá, no decorrer da Segunda Guerra Mun-
uma menina de 11 anos, Testemunha de dial, aproximadamente um quarto das
Jeová, de nome Terra, notou que o profes- Testemunhas de Jeová alem ãs perde-
sor levou uma aluna para fora da sala ram a vida, principalmente em cam-
de aula durante alguns momentos. Pouco pos de concentração, por se manterem
depois, o professor pediu discretamente neutras e por recusarem a dizer “Heil
que Terra o acompanhasse at é a diretoria. Hitler”. Crianças pequenas foram se-
Quando Terra entrou na sala do dire- paradas à força dos pais que eram Tes-
tor, ela viu logo a bandeira canadense es- temunhas de Jeová. Apesar das pres-
tendida sobre a escrivaninha do diretor. s ões, os jovens permaneceram firmes e
O professor mandou ent ão que Terra cus- se negaram a ser contaminados por en-
pisse na bandeira. Ele sugeriu que, visto sinos antibíblicos que outros tentaram
que Terra não cantava o hino nacional impor-lhes.
nem saudava a bandeira, não havia moti-
A sauda ç ão à bandeira
vo para ela não cuspir na bandeira quan-
do se lhe mandou fazer isso. Terra negou- Em geral, as Testemunhas de Jeová
se a faz ê-lo, explicando que, embora as n ão s ão hoje alvo de tal persegui-
Testemunhas de Jeová não adorem a ban- ção ferrenha. Não obstante, às vezes
deira, elas a respeitam. surgem mal-entendidos em resultado
De volta à sala de aula, o professor da decis ão conscienciosa de Testemu-
anunciou que acabara de testar duas nhas de Jeová jovens, de não participar
alunas, mandando-as cuspir na bandei- em cerimônias patri óticas, tais como a
ra. Embora a primeira aluna participas- saudação à bandeira.
se em cerimônias patri óticas, ela ainda Os filhos das Testemunhas de Jeová
assim cuspiu na bandeira quando se lhe s ão ensinados a não desestimular ou-
mandou fazer isso. No entanto, embora tros de saudar a bandeira; esse é
Terra não cantasse o hino ou saudasse a um assunto que cabe a cada um deci-
bandeira, ela negou-se a desonr á-la des- dir por si mesmo. No entanto, a
sa forma. O professor salientou que das posi ção das próprias Testemunhas de
duas, Terra foi a que mostrou o devido Jeová é firme: não saúdam a bandeira
respeito. de nenhuma nação. Certamente, não
se pretende com isso mostrar desres-
peito. Respeitam a bandeira de qual-
Nos tempos modernos, as crist ãs quer nação em que vivem e mostram
Testemunhas de Jeov á t êm adotado esse respeito pela obedi ência às leis do
uma atitude similar para com a neu- país. Nunca se envolvem em nenhum
tralidade pol ítica. Por exemplo, sua tipo de atividade antigovernamental.

20 A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o
“Devolvei, pois, o que é de César a César,
e o que é de Deus, a Deus.”
— Mateus 22:21, A Bíblia de Jerusalém
Na realidade, as Testemunhas de Jeová Três jovens hebreus
acreditam que os atuais governos hu-
manos constituem um “arranjo de negaram-se a se curvar
Deus”, permitido por ele. De forma diante duma estátua
que acham estar sob a ordem divina erguida pelo rei babilônio
de pagar impostos e de respeitar es-
sas “autoridades superiores”. (Roma-
Nabucodonosor
nos 13:1-7) Isso est á em harmonia com
a famosa declaração de Cristo: “Devol- “A bandeira, como a cruz, é sagra-
vei, pois, o que é de César a César, e da. . . . As normas e os regulamentos
o que é de Deus, a Deus.” — Mateus relativos à atitude humana para com
22:21, A B íblia de Jerusal ém, cat ó- os estandartes nacionais usam pala-
lica. vras fortes, expressivas, como: ‘Culto à
Alguns talvez perguntem: ‘Mas, en- Bandeira’, . . . ‘Reverência à Bandei-
t ão, por que não honram as Testemu- ra’, ‘Devo ção à Bandeira’.” (O grifo é
nhas de Jeová a bandeira por saudá- nosso.) — The Encyclopedia Ameri-
la?’ É porque encaram a saudaç ão à cana.
bandeira como ato de adoração, mas a “Os crist ãos negaram-se a . . . ofe-
adoração pertence a Deus; assim, não recer sacrif ícios ao gênio do impe-
podem conscienciosamente adorar al- rador [romano] — o que hoje em dia
guém ou alguma coisa a não ser a Deus. equivale aproximadamente a negar-se
(Mateus 4:10; Atos 5:29) Por isso apre- a fazer contin ência à bandeira ou a
ciam quando os professores respeitam repetir o juramento de lealdade.”
essa convicção e permitem que os fi- — Those About to Die (Os Que Est ão
lhos de Testemunhas de Jeová acatem Para Morrer) (1958), de Daniel P. Man-
as suas crenças. nix, página 135.
Não surpreende que as Testemu- As Testemunhas de Jeov á tam-
nhas de Jeová não sejam as únicas a b ém n ão pretendem desrespeitar
crer que a saudação à bandeira se rela- nenhum governo ou seus governan-
ciona com a adoração, conforme mos- tes com a recusa de saudar a bandei-
tram os seguintes coment ários: ra. O caso é que não se curvar ão ou
“As primitivas bandeiras tinham saudarão, num ato de adoração, qual-
caráter quase que puramente religio- quer imagem que represente o Esta-
so. . . . A ajuda da religi ão parece sem- do. Consideram isso como similar à po-
pre ter sido procurada para dar santi- si ção adotada nos tempos bíblicos por
dade às bandeiras nacionais.” (O grifo três jovens hebreus, que se negaram
é nosso.) — Encyclopædia Britan- a se curvar diante da est átua erguida
nica. na planície de Dura pelo rei babil ônio

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 23
O direito dos pais
Alguns princípios de Hoje em dia, a maioria dos pa íses
moral observados pelas respeita o direito dos pais de dar aos
Testemunhas de Jeová filhos instrução religiosa em harmonia
com as suas convicções. Todas as re-
No que se refere aos valores morais, as ligi ões apoiam esse direito, conforme
Testemunhas de Jeová ensinam aos fi-
ilustrado pela lei canônica ainda em vi-
lhos que se mantenham afastados de con-
gor na Igreja Cat ólica: “Os pais, ten-
dutas, práticas ou mesmo atitudes que,
do dado a vida aos filhos, t êm a gra-
embora comuns no mundo atual, podem
víssima obrigação e gozam do direito
prejudicar tanto a eles como a outros.
de educá-los; por isso, é obrigação pri-
(Tiago 1:27) De modo que informam os fi-
lhos sobre o perigo das drogas e de ou- mordial dos pais crist ãos cuidar da
tras práticas, tais como fumar cigarros educaç ão crist ã dos filhos, segundo
e abusar de bebidas alco ólicas. (Provér- a doutrina transmitida pela Igreja.”
bios 20:1; 2 Coríntios 7:1) Creem na im- — Cânone 226.
portância da honestidade e da diligência. As Testemunhas de Jeov á não pe-
(Efésios 4:28) Ensinam os filhos a evi- dem nada mais do que isso. Como pais
tar a linguagem obscena. (Efésios 5:3, 4) que se importam com os filhos, procu-
Ensinam-lhes tamb ém viver segundo os ram incutir neles os verdadeiros valo-
princípios bíblicos sobre a moralidade se- res crist ãos, bem como o amor ao pró-
xual e a ter respeito pela autoridade, ximo e o respeito pela propriedade dos
bem como pela pessoa e pela proprieda- outros. Seguem o conselho que o ap ós-
de dos outros. (1 Coríntios 6:9, 10; Tito tolo Paulo deu aos crist ãos em Éfe-
3:1, 2; Hebreus 13:4) Creem sinceramen- so: “Pais, não tratem os seus filhos de
te que viver segundo esses princípios é tal maneira que eles fiquem irritados.
nos melhores interesses dos seus filhos. Ao contrário, vocês devem cri á-los com
disciplina e de acordo com os ensina-
mentos crist ãos.” — Efésios 6:4, A B í-
Nabucodonosor. (Daniel, cap ítulo 3) blia na Linguagem de Hoje.
Por isso, enquanto outros fazem a sau-
dação e recitam o juramento de lealda- Fam ílias divididas
de, os filhos das Testemunhas de Jeová quanto à religião
s ão ensinados a seguir sua consci ên- Em algumas fam ílias, s ó o pai ou
cia treinada pela Bíblia. Portanto, re- a m ãe é Testemunha de Jeová. Nesse
freiam-se silenciosa e respeitosamente caso, incentiva-se o cônjuge que é Tes-
de participar nisso. Por motivos simi- temunha de Jeová a reconhecer o di-
lares, os filhos das Testemunhas de reito do outro cônjuge, que não é Tes-
Jeová decidem não participar em can- temunha de Jeová, de tamb ém instruir
tar ou em tocar hinos nacionais. os filhos segundo suas convicções re-

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ligiosas. Os filhos expostos a concei- cis ões tomadas por Testemunhas de
tos religiosos diferentes sofrem pou- Jeová jovens ou por outros estudantes
cos, ou nenhuns, efeitos prejudiciais.1 no que se refere a certas atividades ou
Na pr ática, todos os filhos ter ão de tarefas na escola. Confiamos em que
decidir que religi ão ir ão seguir. Na- tamb ém concorde com o princípio da
turalmente, nem todos os jovens de- liberdade de consci ência.
cidem seguir os princípios religiosos
dos pais, quer sejam Testemunhas de Os filhos são incentivados
Jeová, quer não. a se interessar pelos outros
O direito dos filhos
à liberdade de consciência
Deve tamb ém saber que as Teste-
munhas de Jeov á d ão muita impor-
t ância à consci ência crist ã individual.
(Romanos, cap ítulo 14) A Conven ç ão
Sobre os Direitos da Criança, adota-
da pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 1989, reconheceu o direi-
to da criança “à liberdade de pensa-
mento, consci ência e religi ão” e o di-
reito de expressar uma opini ão e de
ter essa opini ão levada em considera-
ção em qualquer assunto ou procedi-
mento que afete a criança.
Não h á duas crian ças exatamente
iguais. Portanto, pode esperar razoa-
velmente algumas variaç ões nas de-
1 A respeito de filhos em fam ílias de re-
ligi ões mistas, Steven Carr Reuben, Ph.D., no
seu livro Raising Jewish Children in a Con-
temporary World (Criar Filhos Judeus no
Mundo Contempor âneo), menciona o seguin-
te: “Os filhos ficam confusos quando os pais
levam uma vida de negaç ão, confus ão, segredo
e evitaç ão de quest ões religiosas. Quando os
pais s ão francos, honestos e expl ícitos sobre
as suas pr óprias cren ças, valores e normas de
celebraç ões, os filhos crescem com um tipo de
seguran ça e senso de valor pr óprio no dom ínio
religioso, que é muito crucial para o desenvol-
vimento do respeito pr óprio geral e para a
conscientizaç ão do seu lugar no mundo.”

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 25
O papel
dos pais
Sem d úvida, na atual sociedade
humana, criar filhos para se
tornarem adultos equilibrados
n ão é tarefa fácil.

O INSTITUTO Nacional de Saúde


Mental dos EUA publicou os re-
sultados duma pesquisa feita en-
tre pais bem-sucedidos — aqueles
cujos filhos, com mais de 21 anos,
“eram adultos pro dutivos que,
aparentemente, são bem ajusta-
dos na nossa sociedade”. Pergun-
tou-se a esses pais: ‘Baseado em
sua experiência pessoal, qual é o
melhor conselho que poderia dar
a outros pais?’ As respostas mais
Os professores desempenham um papel vital no
desenvolvimento de jovens adultos bem ajustados

frequentes foram: ‘Amem intensamen- mencionou o seguinte: “O objetivo pri-


te’, ‘disciplinem de forma construtiva’, mário da educação formal é apoiar os
‘passem tempo juntos’, ‘ensinem seus pais na produção de jovens adultos res-
filhos a diferenciar o certo do errado’, pons áveis que sejam bem desenvolvi-
‘criem respeito mútuo’, ‘escutem-nos dos intelectual, física e emocionalmen-
realmente’, ‘deem orientação em vez de te.”
um sermão’ e ‘sejam realísticos’. De modo que os pais e os professores
No entanto, os pais não são os únicos têm o mesmo objetivo: produzir jovens
empenhados em produzir jovens adul- que mais tarde se tornarão adultos ma-
tos bem ajustados. Os professores tam- duros e equilibrados, usufruindo a vida
b ém desempenham um papel vital nis- e podendo achar seu lugar na socieda-
so. Um conselheiro escolar experiente de em que vivem.

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Colaboradores,
n ão competidores
As Testemunhas de
No entanto, surgem problemas
quando os pais deixam de colaborar Jeov á acham que seus
com os professores. Alguns pais, por filhos se saem melhor
exemplo, s ão completamente indife-
quando os pais cooperam
rentes à educação que seus filhos rece-
bem; outros tentam competir com os com os professores, tendo
professores. Um jornal francês disse a interesse ativo e prestimoso
respeito dessa situação: “O professor na educaç ão dos filhos
não é mais o único capitão a bordo. Os
pais, obcecados em que seus filhos te-
nham êxito, examinam minuciosamen-
te os comp êndios escolares, julgam e
criticam os métodos de ensino, e rea-
gem instantaneamente às primeiras
notas baixas de seus filhos.” Ações as-
sim podem limitar as prerrogativas
dos professores.
As Testemunhas de Je ov á acham
que seus filhos se saem melhor quan-
do os pais cooperam com os professo-
res, tendo interesse ativo e prestimo-
so na educação dos filhos. Acreditam
que tal cooperação é especialmente im-
portante porque seu trabalho, profes-
sor ou professora, tem ficado cada vez
mais difícil.
Os atuais problemas na escola
Visto que as escolas refletem a so-
ciedade de que fazem parte, elas não te as aulas, ameaçam uns aos outros
estão isentas dos problemas da socie- em corredores pichados, debocham dos
dade humana em geral. Os problemas bons alunos. . . . Quase todos os estu-
sociais intensificaram-se rapidamen- dantes têm problemas tais como cuidar
te no decorrer dos anos. Descrevendo de beb ês, lidar com pais encarcerados
as condições numa escola nos Estados e sobreviver à violência de gangues.
Unidos, o jornal The New York Times Todo dia, quase que um quinto dos es-
relatou: “Estudantes dormem duran- tudantes não comparece.”

A s Te s t e m u n h a s d e Je o v á e a E d u c a ç ã o 29
Especialmente alarmante é o cres- assim. No entanto, muitos professo-
cente problema internacional da vio- res, em todo o mundo, se confrontam
l ência nas escolas. As brigas ocasio- com a situação mencionada no semaná-
nais com empurrões e encontrões foram rio francês Le Point: “O professor não
substituídas por tiroteios e esfaquea- mais é respeitado; não tem autoridade.”
mentos rotineiros. As armas tornaram- Esse desrespeito p ela autoridade
se coisa comum, os ataques ficaram constitui um verdadeiro perigo para to-
mais severos, sendo que os menores dos os menores. Por isso, as Testemu-
recorrem à violência mais depressa e nhas de Jeová procuram incutir nos
numa idade menor. filhos a obediência e o respeito pela au-
Sem dúvida, nem todos os países se toridade, qualidades que muitas vezes
confrontam com condi ç ões t ão duras faltam na vida escolar hoje em dia.
Os pais bem-sucedidos passam tempo com os filhos
Conclusão
ESTA brochura n ão visa abranger todos os aspectos das cren ças religiosas das
Testemunhas de Jeov á. Antes, esforçamo-nos a explicar alguns dos princípios
em que as Testemunhas de Jeov á creem e a mostrar claramente o tipo de in-
flu ência que a fam ília exerce em seu aluno quando o pai ou a m ãe, ou ambos,
são Testemunhas de Jeov á.
As Testemunhas de Jeov á d ão muita ênfase ao desenvolvimento espiritual dos
seus filhos. E estão confiantes em que isso melhore o desenvolvimento dos fi-
lhos em outros campos. As cren ças que adotam e os princípios que seguem d ão
significado à sua vida e ajudam-nos a enfrentar seus problemas cotidianos. Além
disso, tais cren ças e princípios devem induzi-los a procurar ser alunos aplica-
dos e bons cidad ãos durante a vida.
As Testemunhas de Jeov á esforçam-se a encarar a vida de forma realística,
de modo que d ão muita
importância à educação. Para mais informações, acesse www.jw.org
Por isso desejam colabo- ou contate as Testemunhas de Jeová.
rar o m áximo possível
com os professores. As
Testemunhas de Jeov á,
da sua parte, no lar e nos
seus lugares de adora-
ção, em todo o mundo,
continuarão a incentivar
os filhos a desempenhar
o seu papel nessa colabo-
ração produtiva.
s
ed-T
190409

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