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ARLSFraternidade e Evolução – Nº 3198

Fundada em 24/06/98 – Reuniões às terças-feiras

Avenida Antônio Carlos Costa, 1063 – Jd. Bela Vista

CEP 06053-014 - Osasco – SP

I ERAC DA 1ª E 2ª MACRO REGIÃO

TÍTULO: Telhamento ou Trolhamento

(Rito Escocês Antigo e Aceito)

GOB

Trabalho do Gr  de Apr 
Telhamento ou Trolhamento?

Na Maçonaria brasileira é muito comum a dúvida sobre o uso de


determinadas palavras, eis como questionado neste trabalho. É razoável que hajam
tais indagações, pois o maçom, sempre busca o aprendizado. Seria errado a
reprodução automática de palavras e sinais, sem a devida reflexão. Não vamos
debater sobre a origem da Maçonaria neste momento, mas é certo de que a língua
utilizada em seu início não foi o português brasileiro. É justamente por isso que na
tradução de algumas palavras, principalmente do português de Portugal para o
nosso, pode haver certa confusão. O que não podemos tolerar é a propagação de
informações errôneas, e reprodução de termos e palavras a esmo, como se fosse ou
representassem a mesma coisa. Deste modo, insta esclarecermos, com a devida
vênia, a diferença entre telhamento e trolhamento.

A palavra trolhamento, neologismo maçônico, deriva de trolha, que tem


como sua principal definição no dicionário Aurélio “espécie de pá em que o pedreiro
tem a argamassa de que se vai servindo.” É a famosa colher de pedreiro. Serve
para misturar massa e aplicar argamassa objetivando o assentamento de blocos,
cobrindo as irregularidades. Portanto, trolhar significa arrumar as imperfeições,
remover as arestas, espalhando e nivelando a massa.

Telhamento, também um neologismo maçônico, é o ato de telhar. O


substantivo “telha” é definido como peça geralmente de barro cozido, de forma
variada, que, imbricada em outras, forma a cobertura de edificações. A palavra telha
vem do latim: “tégula”. Daí temos “telha” em português; “tuille” em francês; “tyle” em
inglês. A palavra "tyler", em inglês, é a designada para o Cobridor. Já em francês,
"tuileur" é o termo correto. Em português, apesar de existir a palavra “telhador”,
denominação para aquele que coloca telhas, cobre, oculta ou protege um edifício,
utilizamos o termo "Cobridor.”

No Brasil, por muitas vezes, ambos os termos são utilizados de modo confuso
para referir-se ao ato que identifica os VVis.'. desconhecidos, assegurando o acesso
ao templo somente pelos IIr.'. regulares e no grau correspondente em que a Loj.'.
será aberta. É sabido que o templo deve estar coberto para o início dos trabalhos.
Os VVis.'. deverão ser identificados por meio de sinais, toques e palavras. Ao Ir.'.
Cobridor cabe a execução do telhamento. É ele quem verifica se é possível o
ingresso dos IIr.'. ao interior do templo. Dentro da Loj.'., após a ritualística
necessária, o V.'. M.'., observando a análise dos títulos do VVis.'. pelo Ir.'. Orad.'., é
quem autorizará a entrada dos IIr.'. Vvis.'..

A critério do V.'.M.'., os IIr.'.VVis.'. conhecidos poderão entrar “em família” na


Abertura dos Trabalhos. Se não forem conhecidos, após o telhamento feito pelo
Cobr.'.Ext.'. na Sala dos PPas.'. PPerd.'., pelos toques, sinais e palavras, o V.'.M.'.
poderá autorizar o ingresso na Abertura dos Trabalhos, após a Abertura dos
Trabalhos, ou ainda após a Ordem do Dia, podendo também, determinar que a
entrada seja feita “com formalidades” ou “sem formalidades”.

Se a Loj.'. já foi Aberta, ou seja, se o L.'. da L.'. já foi aberto, a entrada só


poderá ser com formalidades. Na entrada com formalidades, o Ir.'. M.'. de CCer.'.
conduz os IIr.'.VVis.'. que se posicionam devidamente entre CCol.'., após o
fechamento da porta, executam a marcha do grau, saúdam as Luzes, e aguardam.
Em seguida o V.'. M.'. fará o telhamento pelo questionário usual, “De onde vindes,
meus IIr.'.?” ... “O que trazeis, meus IIr.'.?” ... etc. Respondidas as perguntas
corretamente, o V.'. M.'. ordena que o Ir.'. M.'. de CCer.'. conduza os IIr.'.VVis.'. aos
lugares que lhes competem.

Na entrada sem formalidades, fica a critério do V.'. M.'., dispensar ou não a


marcha do grau e o telhamento pelo questionário.

Importante mencionar que a origem dos trabalhos cobertos vem dos canteiros
medievais, onde os planos da obra, contratos de trabalho e o ensinamento da “arte”
eram sigilosos. Assim também, na Maçonaria Especulativa, o Cobridor Externo, ou
Guarda do Templo, tem a missão de cobrir a Loja, telhar a Loja, para que não ocorra
intrusão, impedindo que profanos se introduzam em nosso meio. Por isso, o
telhamento deve ser perfeito, para que não surjam goteiras que profanem os
Segredos do Santuário Maçônico. Por se tratar de um cargo de muita importância,
deve ser confiado a um Maçom de muita responsabilidade, que possa telhar
convenientemente os visitantes nos três graus simbólicos, e portanto, é de bom
alvitre que seja um M.'. M.'.. No caso de ter sido necessário completar o quadro com
um Apr.'. ou C.'. no cargo de Cobridor Ad Hoc, o V.'.M.'. designará um ou mais MM.'.
para telhar os visitantes.

Portanto, o Cobridor garante não só a segurança, como afasta eventuais


bisbilhoteiros, garantindo ainda que o Maçom venha participar de uma sessão de
acordo com o seu nível de aprendizado.

Sendo assim, telhamento é uma das atribuições do Cobridor quando verifica


a qualidade maçônica de um visitante, ou seja, é o ato de examinar um Ir.'.
desconhecido para certificar-se de que é maçom regular.

Trolhamento, refere-se ao ato de apaziguar eventuais rusgas ou


desentendimentos entre IIr.'..
É equivocada a utilização da expressão “trolhamento”, uma vez que toda obra
é protegida das intempéries do mundo exterior pelas telhas. São as telhas que
cobrem o edifício. Trolhar, como já vimos, é o ato de passar a colher de pedreiro
(trolha). Simbolicamente, deve ser utilizado no caso de desentendimento entre Ir.'.,
objetivando a remoção das arestas, espalhando e nivelando a massa, apaziguando
os ânimos. Podemos afirmar que erguemos o edifício com a ajuda da trolha, mas
para protegê-lo do mau tempo e interferências externas, devemos utilizar a telha,
cobrindo a obra.

Portanto, devemos telhar os visitantes para que os Obreiros de uma Oficina


sintam-se seguros de que os segredos da Ordem continuem guardados no íntimo de
cada Irmão.

Concluímos então que telhamento é o termo correto para nos referirmos ao


exame dos IIr.’. VVis.’., feito pelo Ir.’. Cobridor, e não trolhamento, que se aplica
somente para apaziguar desentendimentos entre Irmãos.

Por fim, vale lembrar que em nosso ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito
está previsto o termo telhamento, ao se referir à cobertura do templo.

Participantes:

Anderson Schmidt – C.'.M.'.


Antonio Carlos Silva Benevides – C.'.M.'.
Danilo Barros Martinez – A.'.M.'.

Relator: Anderson Schmidt – C.'.M.'.

Orientador: Leonardo Bruno Parrotto – M.'.M.'.

Referências:

JB News – Informativo Nº 1496 – Bloco 6 – Ir.'. Pedro Juk – Telhamento ou


Trolhamento

Liturgia Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom – José Castellani – Ed. A Gazeta


Maçônica.

Ritual do 1º Grau – Aprendiz-Maçom – REAA – GOB - 2009

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