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O MESTRE INSTALADO
Após passar pelo Cerimonial de Instalação, como vimos, o Mestre Maçom passa a
integrar a categoria especial honorífica dos Mestres Instalados. Durante o
mandato, ou seja, durante o período em que está na direção da Loja, que é o
detentor do Primeiro Malhete, ele exerce o Veneralato e é, portanto, o Venerável
Mestre (VM)1. Nesta condição tem uma amplitude de atribuições e
responsabilidades que foram, a nosso ver, exaustivamente abordadas nos
DIÁLOGOS MAÇÔNICOS de Nºs 025 a 030.
É oportuno mencionar que Mestre Instalado não é grau, mas um título honorífico
dado àquele que foi um dia VM de uma Loja, ressaltando, ainda, que um ex-Grão-
Mestre ou um ex-Grão-Mestre Adjunto que nunca exerceu o cargo de VM também
integrará a categoria de Mestres Instalados.
1
Para tornar a leitura mais prazerosa vamos adotar neste DM a seguinte nomenclatura: VM –
significa o Venerável Mestre que está exercendo o Veneralato e MI – o Mestre Instalado que é um
ex-Venerável Mestre, não está, dessa maneira, mais exercendo o cargo.
a que pertençam, pois como nossa Ordem é universal e tem por base os mesmos
princípios, as divergências ocorrerão em níveis de operacionalidade.”
Dessa forma, vamos trazer à colação dos Irmãos algumas informações sobre o
Mestre Instalado, mais especificamente referente ao Rito Escocês Antigo e Aceito
(REAA), por ser, conforme dissemos, o Rito que conhecemos melhor e com mais
profundidade.
Para tanto, com a devida vênia do Irmão Pedro Juk, atual Secretário Geral de
Orientação Ritualística do Grande Oriente do Brasil, vamos reproduzir o que foi por
ele expresso em seu blog (Pedro-juk.blogspot.com.br), em 4 de julho de 2018:
“Um VM no Craft traz disposto no seu avental o conjunto prateado de três
níveis/prumos sem nenhuma cobertura, enquanto um Past Master traz os mesmos
símbolos, porém envolvidos por bordado na cor azul, tal qual o matiz da orla do
avental.
É essa a justificativa para a envoltura bordada em azul dos três símbolos no avental
do Past Master.
Cabe aqui mencionar que esses símbolos que vão ao avental não são “taus invertidos”
como costumeiramente ainda alguns os mencionam, sobretudo se baseados em
instruções de há muito já superadas (anacrônicas). O símbolo verdadeiramente
representa o nível-prumo maçônico que é facilmente encontrado no relicário
simbólico da Ordem – um segmento horizontal (nível), tendo sobre a sua porção
mediana um segmento perpendicular (prumo).
A propósito, numa Instituição que é ancestral das corporações de ofício da Idade
Média, onde os construtores se dedicavam a edificar catedrais, abadias, mosteiros,
obras públicas etc., faz muito mais sentido especulativamente o símbolo
corresponder a ferramentas do ofício do que a uma letra grega que, ainda por cima
aparece invertida.”
O saudoso Irmão José Castellani, em sua obra Manual do Mestre Instalado, afirmou
em relação ao REAA que a joia do Mestre Instalado do REAA que deixou o exercício
do Veneralato (que no rito de York é chamado de “Past Master Imediato”, se for o
mais recente) é um esquadro de ramos desiguais3, com a abertura voltada para
baixo4.
2
Vide o DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 026, de 18 de abril de 2021, titulado “O Venerável Mestre – Parte
II”.
3
CASTELLANI, José. Manual do Mestre Instalado. 1a. Edição. Londrina. Editora Maçônica “A Trolha”
Ltda, 1999. Pg. 113.
4
Assis Carvalho (Xico Trolha) na obra Cargos em Loja - Cadernos de Estudos Maçônicos vol. nº 1,
Editora Maçônica “A Trolha” Ltda., pg. 23 diz que “o ESQUADRO é formado pela junção da Horizontal
com a Vertical formando um ângulo de 90º”.
A joia teria esta configuração porque o esquadro de ramos desiguais, assim como
na Maçonaria Inglesa, representaria que o VM, simbolicamente, deveria segurar o
esquadro pelo ramo maior, como forma de demonstrar, esotericamente, que
exerce o cargo com retidão, caracterizando a ação do homem sobre a matéria e
da ação do homem sobre si mesmo, vez que o Esquadro representa a Justa Medida.
Sabemos que o VM que termina o seu mandato e passa o malhete ao seu sucessor
continua a deter o título honorífico de MI, significando que ele é um Ex-Venerável,
podendo ser o mais recente ou não, mas mesmo anos depois de ter sido VM
continua a ostentar esse título honorífico, o que representa que no passado
exerceu o cargo de VM. Do mesmo modo, o ritual mencionado acima especifica
qual é a joia de um MI.
A primeira questão que apresentamos, no início deste DM, foi a seguinte: qual é a
representatividade de um MI em nossa Ordem?
Podemos deduzir que o MI, no REAA, ao trazer na joia pendente no colar o Olho
Onividente, em tese ele traz um cabedal de conhecimento, de sabedoria e, ainda,
teria, em teoria, a representatividade da espiritualidade, tão importante em nossa
Ordem, que é espiritualista. Daí também a razão de os Mestres Instalados terem
assento no Oriente, porque um verdadeiro MI deve o tempo todo de uma Sessão
estar vibrando e auxiliando, esotericamente, a condução dos trabalhos pelo VM,
de maneira que eles ocorram de forma Justa e Perfeita.
Por fim, não é demais recordar que na vertente francesa as joias e galões são
dourados no REAA e prateadas (como a inglesa) no Rito Moderno ou Francês e no
Rito Adonhiramita e por esse ângulo, devem ser observadas as diferenças entre os
paramentos de um VM, ou seja, daquele que está no exercício do mandato, e de
Ex-Veneráveis, que já passaram o Primeiro Malhete, distinções presentes nas duas
vertentes maçônicas.