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Boa noite!
Queridos irmãos, me foi solicitado falar sobre o Painel de Loja do aprendiz maçom, o qual passo a discorrer.
A Maçonaria seguindo os métodos dos antigos filósofos egípcios desenvolve seus ensinamentos por meio de
símbolos e alegorias, escondendo, assim, aos olhos dos profanos, seus segredos e seus mistérios. Todavia, o
segredo da Maçonaria só poderá ser apreendido depois de muito estudo e reflexão, o segredo maçônico é
incomunicável, pois reside essencialmente no simbolismo dos ritos, sinais, emblemas e palavras. Estes,
embora possam ser conhecidos e divulgados, só serão compreensíveis pelos iniciados.
O Painel, como é chamado no Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA –, é um quadro onde estão figurados os
principais símbolos do grau. Embora o Painel sintetize os mistérios do grau e indique os símbolos que devem
ser estudados pelos iniciados, a bem da verdade, não se tem dado a devida importância a esse estudo.
Primitivamente os símbolos que caracterizavam as reuniões maçônicas nos canteiros de obras eram
desenhados no chão. Em geral, eram representados pelas ferramentas dos Maçons Operativos, as colunas e o
pórtico do templo do rei Salomão. Posteriormente, quando os maçons passaram a se reunir em locais
fechados, especialmente em tavernas, a prática de se desenhar no chão foi gradativamente sendo substituída
– em razão dos desenhos em alguns casos não se apagarem com facilidade após o término da sessão ou por
danificarem o assoalho dos estabelecimentos.
Nossos antepassados utilizavam um tecido, semelhante a pequenos tapetes, que após o término da sessão
eram enrolados e ficavam sob a égide de um dos membros. Essa alteração caracterizou uma importante
evolução, pois além dos painéis de tecido serem mais práticos, os símbolos ficavam menos expostos às vistas
Assim, alguns Irmãos puderam extravasar seus dotes artísticos, os Painéis foram se sofisticando e se tornando
peças não só de prática ritual, mas também de apurada beleza, ao menos em relação aos antigos desenhos
feitos toscamente no chão.
Se procurarmos em algum Ritual que tenha sido baseado no editado por Mário Behring em 1928, não nos
assustemos. Encontraremos dois painéis da loja de aprendiz. Isso mesmo! Ao procurarmos nas primeiras
páginas do nosso Ritual vemos o 1° Painel (página 4), com o título “Painel Simbólico do Aprendiz Maçom” que,
na loja, fica próximo ao altar dos juramentos, na câmara do meio. Agora, mais adiante (página 11),
encontramos o segundo painel intitulado como sendo o “Painel Alegórico do Aprendiz Maçom”, localizado
próximo ao altar dos perfumes, no oriente. Então, qual é o Painel original do Rito Escocês Antigo e Aceito? De
onde saiu esse outro Painel, e por quê?
O Painel original do REAA é o Painel Alegórico (página 11), onde se vê a Corda com nós, a tábua com uma
cerquilha e um “X” e as três janelas. Esses são claramente símbolos relacionados ao REAA.
Já o Painel Simbólico (página 4), onde vemos as três colunas e a Escada de Jacó, é original do Ritual de
Emulação. Trata-se do Painel de Aprendiz pintado por John Harris em 1845 para a famosa “Loja Emulação de
Aperfeiçoamento”, a qual realizou, naquele ano, uma espécie de concurso entre artistas maçons para a
escolha do seu Jogo de Painéis para os Graus Simbólicos. A Loja Emulação tinha passado mais de 20 anos
utilizando Painéis diversos quando realizou essa escolha, a qual persiste até hoje. Mas como esse Painel do
Ritual de Emulação foi parar dentro do Ritual do REAA?
Quando da fundação das Grandes Lojas brasileiras, Mário Behring, à frente do Supremo Conselho do Grau 33
do REAA, necessitava fornecer os Rituais dos Graus Simbólicos para que as recém-criadas Grandes Lojas
pudessem trabalhar. Os conhecimentos do Irmão Mário Behring não se restringiam ao REAA, tendo sido
também um grande conhecedor do Rito de York, Rito Moderno e do Ritual de Emulação. Como uma forma de
aproximar as Grandes Lojas brasileiras da Grande Loja Unida da Inglaterra e das Grandes Lojas Americanas,
Mário Behring incluiu diversas características do Ritual de Emulação e do Rito de York aos seus rituais do
REAA. Alguns dos “empréstimos” do Ritual de Emulação foram as Colunetas e o Jogo de Painéis.
O mais interessante é que o GOB sofreu essa influência e também passou a adotar os Painéis do Emulação nas
Lojas do REAA, corrigindo isso depois de mais de 50 anos, em 1981, com o resgate do painel antigo. Também,
por conta disso, alguns Grandes Orientes da COMAB também utilizam os Painéis do Emulação no REAA.
Sempre há discussão, por parte dos Irmãos, se as Grandes Lojas deveriam “corrigir” essa e outras
modificações em seus Rituais. Porém, o entendimento majoritário é de que não foram enganos, erros, e sim
modificações intencionais de Mário Behring, fundador das Grandes Lojas brasileiras. Tanto que a ilustração do
Painel original foi mantida no Ritual. Os rituais editados em 1928 foram frutos da criação das Grandes Lojas,
fazendo parte de sua história. Nesse ponto de vista, não há porque modificá-los.
Tal correção representaria rever todos os manuais do REAA das Grandes Lojas. No caso dos aprendizes, as
Instruções exploram elementos alegóricos e simbólicos, presentes nos dois painéis e dá uma noção do quão
complicado seria essa revisão, deixando de lado aspectos históricos.
Portanto, o maçom que queira fazer progressos pelo trabalho e pela observação deve trilhar os caminhos
orientados pelos painéis alegórico e simbólico, os quais passamos a discutir de modo sucinto.
PAINEL ALEGÓRICO:
Por estar próximo ao altar dos perfumes no Oriente, o desenho deste aparece naturalmente como se fosse
refletido por um espelho e tem formato quadrilongo, cuja vasta extensão representa a universalidade de
nossa instituição e nos mostra que a caridade do maçom não deve ter limites, a não ser os ditados pela
prudência.
Passemos agora, ao painel SIMBÓLICO de modo bem resumido e aproveitando elementos apresentados no
painel alegórico:
Essas colunas são arquitetonicamente invisíveis, porém são representadas a Sabedoria pelo Venerável Mestre,
que, por sua vez, senta-se na Cadeira ou Trono de Salomão; a Força, pelo Primeiro Vigilante, que reflete a
força que o rei de Tiro, Hirão, usou para conseguir a construção material do templo; e a Beleza, pelo Segundo
Vigilante, que espelha a Hiram Abiff por seu delicado trabalho de ornamentação do Templo.
“Todo esse simbolismo nos indica que, na obra fundamental de nossa construção moral, devemos trazer para
a superfície, para a Luz, todas as possibilidades das potências individuais despojando-nos das ilusões da
personalidade. E, nesse trabalho, só poderemos ser Sábios se possuirmos Força; mas ser Sábio com Força,
sem ter Beleza é triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa sensibilidade”.
2. O teto da Loja
Representa a abóboda celeste de cores variadas, o céu, o infinito. Para atingi-la o caminho é pela escada de
Jacó em que cada degrau representa uma das virtudes exigidas do maçom em busca da perfeição moral. Em
sua base, centro e topo destacam-se três símbolos (a cruz, a ancora e o cálice) representando a fé, a
esperança e a caridade, virtudes morais que devem ornar o espírito e o coração de qualquer ser humano,
principalmente no maçom, que não esquecerá jamais de depositar a fé no Grande Arquiteto do Universo, a
esperança no aperfeiçoamento moral e a caridade para com seus semelhantes.
Essas virtudes serão estimuladas e potencializadas sob a proteção das três colunas que sustentam os
trabalhos em loja. A Fé é a Sabedoria do espírito, sem a qual o homem não concretizará seus
Loja Simbólica Getúlio Pereira Salermo no 128
AV. Pres. Juscelino Kubitscheck de Oliveira, 640 - Zona 02
CEP 87010-440 - Maringá/PR
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sonhos; a Esperança é a Força do espírito, que serve de amparo e ânimo nas dificuldades e barreiras
encontradas no caminho da vida e; a Caridade é a beleza que enfeita o espírito e aquece o coração para que
neles encontrem morada os puros sentimentos humanos.
3. Interior da Loja
O interior da loja é composto de Ornamentos, Paramentos e Joias.
a. Ornamentos
i. Mosaico ►Diversidade e antagonismo, mas devem prevalecer a harmonia e laços
fraternos.
ii. Delta Luminoso
iii. Orla dentada ► Simboliza a atração pelo amor, os maçons reunidos e unidos no seio da
loja
b. Paramentos
i. Livro da Lei ► nosso código moral que nos anima e nos governa.
ii. Compasso e Esquadro
c. Joias
i. Três móveis
1. Esquadro
2. Nível
3. Prumo
ii. Três fixas
1. Prancha da Loja
2. Pedra Bruta
3. Pedra Polida
d. Borlas nos cantos externos ►Pendentes dos cantos da Loja nos lembram as virtudes cardeais:
TEMPERANÇA, JUSTIÇA, CORAGEM e PRUDÊNCIA que, diz nossa tradição, foram sempre
praticadas por nossos antigos Irmãos.
Em conclusão, as ferramentas do aprendiz devem ser utilizadas no quadril sob o sagrado triangulo em que a
loja assenta os seus fundamentos: Sabedoria que orienta, força que impele e beleza que executa.
O maço (vontade) e o cinzel (inteligência), por si só não garantem um trabalho eficiente, mas a associação de
ambos nos certifica que a vontade e inteligência, força e talento, ciência e arte, força física e força intelectual,
quando aplicadas em doses certas, permitem que pedra bruta se transforme em pedra polida e sejamos, a
cada dia, homens melhores.
E para não fugir daquilo que sou, um provocador, os símbolos maçônicos expressam seus ensinamentos
somente para os corajosos, sinceros e perseverantes maçons, pois a Esfinge, com sua boca aberta ou fechada
é uma insinuação daquilo que só será descoberto por quem intelectualmente escuta e vê com os ouvidos e
olhos da compreensão. Quem não possui esta intelecção jamais saberá o misticismo que concerne a boca da
esfinge, assim como não desvendará os símbolos maçônicos, se não fizer até a exaustão, os estudos afetos.
Além disso, compreendida a mensagem que os símbolos e alegorias nos proporcionam, o estágio seguinte é
sua aplicação. A prática em momento algum pode se distanciar do discurso ou vice-versa. Corremos o risco de
cair na hipocrisia.
Assim, meus irmãos, principalmente os aprendizes, parafraseando Thomas Edison, a maçonaria é 100% de
Obrigado!
BIBLIOGRAFIA:
CAMINO, da Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau. Madra, São Paulo, SP, 2011.
QUADROS, Bruno Pagan. O Pensador do Primeiro Grau, A Trolha, Londrina, PR, 2007.
LINKS INTERNET:
http://www.revistauniversomaconico.com.br/tempo-de-estudos/os-paineis-do-reaa-do-grau-de-aprendiz/
http://pt.scribd.com/doc/88567980/1-MATERIAL-DE-PESQUISA-SOBRE-OS-PAINEIS-DO-GRAU-DE-APRENDIZ-MACOM#scribd