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“A Marcha do Aprendiz”

Alexandre Estevão Silva de Andrade


André Ricardo Soares
Antônio Gustavo Gaspar
Cristiano Roberto Scali
Giovani Jeronymo Correa
A\R\L\S\Fraternidade Acadêmica Rui Barbosa nº 3307

Tupã - S.P. 2002

Introdução

Cada um dos três graus simbólicos tem sua marcha particular. A marcha, acompanhada
dos sinais especiais em cada degrau, é obrigatória para todos os maçons que entram no templo
quando os trabalhos são abertos. O significado maçônico da marcha corresponde a técnica
adotada nos três graus simbólicos para o candidato a perfeição caminhar do ocidente para o
oriente isto é, das trevas para a luz.

Desenvolvimento

A marcha do aprendiz é composta de três passos iguais e retilíneos, formando uma


esquadrilha, começando com o pé esquerdo e apoiado pelo direito, porque ele foi colocado no
“caminho certo”, porque foi “iniciado”.

O esquadro representa fundamentalmente a faculdade do juízo que nos permite comprovar a


retidão ou a sua falta, ou seja, a forma octogonal das seis faces que tratamos de lapidar a pedra
bruta, assim como a de suas arestas e dos oito ângulos triedros nos quais elas se unem, como o
objetivo de fazer com que a pedra se torne retangular, como deve ser toda pedra destinada a
formar parte de um edifício.

É por intermédio do esquadro que nossos esforços para realizar o ideal ao qual nos propusemos
podem ser constantemente comprovados e retificados. Isto é feito de maneira que estejam
realmente encaminhados na direção do ideal e que a cada passo do pé esquerdo (passividade,
inteligência, pensamento), deve corresponder um igual passo do pé direito (atividade, vontade,
ação) em esquadro, ou seja, em acordo perfeito com o primeiro.

Reportando-se ao zodíaco os seus três passos correspondem aos três signos, carneiro,
touro e gêmeos. No primeiro passo correspondente a o signo do carneiro que está sob a
influência de marte evoca a idéia de “luta”. Touro, que inspira o segundo passo, exprime o
trabalho perseverante e desinteressado. Quanto gêmeos, que está sob a influência de mercúrio, é
considerado signo da fraternidade. Se nos reportarmos aos elementos, o carneiro é o signo do
fogo, touro o signo da terra e gêmeos o signo do ar, indicando o primeiro passo o ardor, o
segundo a concentração e o terceiro a inteligência.

Os três passos de sua marcha, os três anos do aprendiz e ainda lembrando as três viagens
da iniciação, são evidentemente o símbolo do tríplice período que marcará as etapas de seu
estudo e de seu progresso.

Estes três períodos referem-se particularmente às três artes fundamentais (a gramática, a lógica e
a retórica) a cujo estudo deve aplicar-se, ainda que deva contentar-se com dominar unicamente a
primeira, por ser a perfeição da segunda e da terceira, respectivamente, o objeto do domínio dos
companheiros e mestres.

A primeira entre as sete "artes liberais" - a gramática - refere-se ao conhecimento das letras (em
grego gramática: "sinais, caracteres ou letras"), isto é, ao conhecimento dos princípios ou
elementos simbólicos com os quais é representada a verdade. Neste estudo é onde
principalmente deve ser demonstrada a capacidade do aprendiz, que ainda não sabe ler nem
escrever a linguagem da Verdade, senão que se exercita tanto num como no outro, soletrando ou
estudando uma por uma as letras ou princípios elementares nos quais pode resumir-se e nos quais
pode ser traçada a origem de todas as coisas.

Há também, evidente referência dos três passos do aprendiz ao conhecimento dos três primeiros
"números" ou princípios matemáticos do universo: o número um, ou seja, a unidade do todo; o
número dois, ou seja, a dualidade da manifestação, e o número três, ou seja, o ternário da
perfeição.

Este conhecimento filosófico dos três números é de verdadeira e fundamental importância,


enquanto compendia e sintetiza em si todo o conhecimento relativo ao mistério supremo das
coisas. Pitágoras o expressou admiravelmente nas palavras: A unidade é a lei de Deus (ou seja,
do primeiro princípio, da causa imanente e pré-antinômica), o número (nascido da multiplicação
da unidade e por meio da dualidade) é a lei do universo, a evolução (expressão da lei do ternário)
é a lei da natureza.

Ou, segundo as palavras de Ramaseum de Tebas: Tudo está contido e se conserve no um, tudo se
modifica e se transforma por três: a mônada criou a díade, a díade produziu a tríade, e a tríade
brilha no universo inteiro.

Cabe aqui citar o axioma hermético da "câmara de reflexões": visita interiora terrae: retificando
invenies occultum lapidem - VITRIOL. Devemos adentrar a realidade do próprio mundo
objetivo, e não contentar-nos com seu estudo ou exame puramente exterior. Então, retificando
constantemente nossa visão e os esforços de nossa inteligência como demonstra a cuidadosa
retidão dos três passos da marcha do Aprendiz atingiremos o conhecimento da verdade que nos
liberta da ilusão.

Conclusão

Concluímos que para podermos atingir a perfeição e podermos caminhar do Ocidente para o
Oriente devemos primeiramente ser iniciados, dando assim o primeiro passo na busca do
conhecimento.

Com base na simbologia maçônica da marcha na retidão do esquadro e no trabalho perseverante


possamos cada vez mais nos desbastar a fim de nos tornarmos uma pedra polida, e que todo o
símbolo, todo o rito (que são os símbolos em ação) perdem o seu valor e não passam de
“afetação” desde que deixam de ser respeitados exatamente como deveriam ser.

Bibliografia:

 Ritual do Aprendiz Maçom, GOB, 2001.


 A Simbólica Maçônica, de Jules Boucher, Ed. Pensamento, São Paulo, 14º ed., 2000.
 Manual do Aprendiz Maçom: Introdução ao estudo da Ordem e da Doutrina Maçônica, de Aldo Lavagnini.

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