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Sumário

OS STUARTS E O RITO ESCOCÊS ..................................................................... 2

A VIRTUDE DA TOLERÂNCIA............................................................................. 11

QUAL O FUTURO DA MAÇONARIA NO BRASIL? ............................................. 18

O MAÇOM E AO COMPORTAMENTO MAÇÔNICO ........................................... 23

SIMBOLISMO DO 1º GRAU DECIFRADO: A PLANTA DA LOJA E A TÁBUA DE


DELINEAR ........................................................................................................... 29

CAVANDO MASMORRAS AO VÍCIO .................................................................. 43

SIGILO MAÇÔNICO UMA QUESTÃO DE ESSÊNCIA E IDENTIDADE .............. 50

A ORIGEM DA ACLAMAÇÃO “HUZZÉ” ............................................................... 57

COLUNAS ZODIACAIS NO TEMPLO MAÇÔNICO ............................................. 65

A IMPORTÂNCIA DO PADRINHO PARA O APRENDIZ MAÇOM ....................... 73

CAMARA DE REFLEXÃO .................................................................................... 82

RITUAL DAS VELAS ............................................................................................ 89

CIRCULAÇÃO EM LOJA .................................................................................... 104

A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA PROFANA NA INSTRUÇÕES DO GRAU DE


APRENDIZ ......................................................................................................... 112

LUZES DA MAÇONARIA ................................................................................... 128

ESTRTUTURA ORGANIZACIONAL DO GOB ................................................... 138


A.·.R.·.L.·.S.·. ALEXANDER FLEMIG NO 1655 “GRANDE
BENFEITORA DA ORDEM”
Federada ao Grande Oriente do Brasil - Jurisdicionada ao
Grande Oriente do Brasil-PR
Rua 19 de Dezembro, 396 - CEP 84010-39-Ponta Grossa-PR

OS STUARTS E O RITO ESCOCÊS

Autor do trabalho:
RENÊ ALVES ESTURARO (A.·.M.·.)

Orientadores:
JOÃO ARNOLDO BERTOLINO (M.·.I.·.)
RODRIGO ALEXANDRE SAYKA (M.·.M.·.)
ENY THIBES CONNICK (M.·.M.·.)
LUIZ RICARDO DA SILVA (M.·.M.·.)
MARCOS AURÉLIO CARVALHO (M.·.M.·.)
MARCANTONIO MUNIZ (M.·.I.·.)
ALTAMIRO SILVESTRI (M.·.I.·.)

Rito:
RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

PONTA GROSSA – PR
AGOSTO/2023
PREFÁCIO

O presente trabalho visa trazer uma abordagem histórica dos Stuarts e da


sua relação com a Maçonaria, especialmente com o Rito Escocês Antigo e Aceito,
que é um dos ritos mais utilizados nas Lojas Maçônicas pelo mundo.
A origem do Rito Escocês Antigo e Aceito (R E A A ) tem controvérsias na
doutrina entre os historiadores, especialmente porque apesar de chamar Rito
Escocês, ele surgiu na França, com influência dos Stuarts, razão pela qual a
correlação deste trabalho e o estudo se mostra significativo.
Vale destacar, que a própria origem da Maçonaria, conhecida por ser na
Inglaterra com expansão para outros países, teve forte influência pela ascensão do
Rei James I da Escócia aos tronos da Inglaterra e Irlanda.
A relação da Maçonaria com os Stuarts deu nome à Maçonaria Jacobita,
intimamente ligada à Dinastia Stuart, que, por sua vez, teve grande relevância
histórica, e merece ao menos um breve histórico, para que seja possível entender
a origem do Rito Escocês Antigo e Aceito e suas influências.
O trabalho visa trazer um breve histórico da Dinastia Stuart e sua relação
íntima com a Maçonaria e com o R.·.E.·.A.·.A.·., um dos ritos mais utilizados pela
Maçonaria, especialmente no Brasil.

1. INTRODUÇÃO E BREVE HISTÓRICO SOBRE OS STUARTS

Inicialmente, vale explicar que STUART era o sobrenome de uma família


que ocupou muitas vezes os tronos da Escócia e Inglaterra, chamada de Dinastia
Stuart, abalando os ânimos políticos e religiosos da Inglaterra, durando
aproximadamente cento e onze anos no poder, criando grande instabilidade civil e
muitos conflitos no século XVII.
Esta Dinastia teve seu início em 1603, após a morte da Rainha Elizabeth I,
última descendente dos Tudors, e, enquanto está desenvolveu a Inglaterra
tornando o país em uma potência mundial, com grandes evoluções econômicas e
culturais, a ascensão dos Stuarts criou ainda mais desordem, tendo como principal
marca o absolutismo desde seu primeiro Rei, que foi Jaime I (ou James I).
O Rei James I era rei da Escócia e assumiu a Inglaterra unificando as
Monarquias, e gerando muito atrito e descontentamento na burguesia inglesa, que,
por sua vez, defendia o desenvolvimento econômico que era uma marca da
chamada Era Tudor, enquanto o Reinado Stuart defendia uma monarquia
absolutista e com muitas perseguições religiosas, gerando muitos conflitos com o
Parlamento inglês
Com a morte de James I, o seu filho Carlos I assume o poder, causando
ainda mais atrito e divergências no pais, pois este monarca resolveu dissolver o
parlamento inglês e impor a religião católica, decisões que geraram a Guerra Civil,
cuja oposição tinha como principal líder Oliver Cromwell.
Após a Guerra Civil, o líder da oposição Oliver Cromwell assumiu o governo
e adotou o regime republicano, contudo agiu com tirania e não fez um bom
Governo, falecendo em 1658 e sendo substituído por seu filho, que foi deposto em
pouco tempo, sendo que em 1660 Carlos II, filho do Rei Carlos I decapitado,
assume o poder e retoma a Dinastia Stuart, com as mesmas características
absolutistas dos governos anteriores. O Rei Carlos II foi sucedido por seu filho
Jaime II, que foi marcado por condutas arbitrárias, perseguições à opositores, e em
1688 William de Orange, rei da Holanda e sua esposa Maria II, filha do Rei Jaime
assumiram o poder na chamada Revolução Gloriosa, ficando no poder até 1714,
quando iniciou a Dinastia Hannover, que se tornaria em seguida a Casa de
Windsor.
Retornando ao início da Dinastia Stuart, para falar da sua relação com a
Maçonaria, o Rei da Escócia James I, que também era chamado de James VI, foi
iniciado na Maçonaria Escocesa na Loja “Perth and Scone” com 35 anos de idade
em 1601, sendo o primeiro imperador conhecido iniciado na Maçonaria, assumindo
o trono da Inglaterra dois anos após em 1603, sendo que, desde então, todos
homens da família Stuart e nobres de sua corte ingressavam na Maçonaria.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO E A SUA ORIGEM
O chamado sistema Escocês surgiu na França através dos adeptos dos
Stuarts que lá residiam e foram exilados, sendo considerada a primeira
manifestação maçônica em solo francês aproximadamente em 1650.
Este sistema também chamado de escocesismo começou na França e foi
conhecido como Maçonaria Stuartista, sendo considerado um sistema, e não um
rito exatamente, mudança que somente ocorreria após a introdução dos Altos
Graus.
Novamente retomando o contexto histórico Stuartista, em 1649 quando
Carlos I foi decapitado após a Guerra Civil e derrotado por Oliver Cromwell, a sua
viúva Henriqueta de França recebeu asilo no solo francês, e foi seguida por todo o
seu séquito, formado por muitos maçons aceitos, sendo que onze anos depois
retornaria a Monarquia Stuart ao poder.
Antes disso, em 1645 o Rei Carlos I criou o chamado Invisible College,
inspirado em filósofos alquimistas da época como Jean Sparow, Roberto Boyle,
Jacob Boehme, entre outros, sendo este, portanto, considerado o núcleo da
Maçonaria Escocesa.
Ainda é possível dizer que a Maçonaria Escocesa tem origem na Ordem de
Santo André do Cardo, na qual o General Monck, na condição de líder do exército
escocês, maçom aceito na Grande Loja de Edimburgo, criou a Ordem dos Mestres
Escoceses de Santo André, formada por adeptos dos Stuarts, que acompanharam
o pretendende Rei da Inglaterra durante seu exílio na França e criaram as
chamadas Lojas Militares, que segundo Alec Mellor eram lojas jacobistas.
No ano de 1715 após o exilio dos Stuarts na França, o Conde James
Radclyffe, grande amigo de James III, e seu irmão Charles Radclyffe, íntimos
adeptos da família Stuart voltaram à Escócia para tentarem uma rebelião, que não
teve sucesso, sendo que ambos foram presos, e o Conde James Radclyffe foi
executado e Charles Radclyffe conseguiu fugir e retornar à França.
Aproximadamente após dez anos, Charles Radclyffe, que era secretário do
Príncipe Charles Edward Stuart na França, fundou a primeira Loja Maçônica
Escocesa em solo francês, e as lojas escocesas cresceram rapidamente e se
multiplicaram ao longo de toda a França.
Charles Radclyffe veio a falecer uns 20 anos depois, por volta de 1745, ao
tentar apoiar uma tentativa infrutífera dos Stuarts retomarem o poder da Inglaterra,
contudo merece grande destaque sua iniciativa maçônica, que talvez tenha sido o
começo do Rito Escocês Antigo e Aceito, que surgiu em 1801.
É importante destacar que o Sistema Escocês não tinha subordinação, uma
vez que não se inclinou à Grande Loja da Inglaterra, criada em 1717. Portanto, era
considerado um sistema livre, praticado por Lojas Livres e por Maçons igualmente
livres, e somente após a segunda metade do século XVIII é que foram criados os
25 (ou 28 como citam alguns autores) Graus do chamado Rito de Heredom.

2.2 RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO E SUA CRIAÇÃO


R.·.E.·.A.·.A.·. é um Rito da Maçonaria derivado do Rito de Heredom, tendo
o nome origem no Rito Escocês dos Malheiros Antigos Aceitos, pois a entidade
tinha malheiros (maçons), antigos (malheiros e pedreiros), e depois os antigos e
aceitos (que não eram pedreiros).
Merece destaque que o R.·.E.·.A.·.A.·. é o primeiro Rito Maçônico com
Altos Graus, que surgiram com influências do discurso do Cavaleiro de Ramsay, o
qual instigou uma reforma na Maçonaria, adotando Altos Graus, e também do
Capítulo de Clermont que teve sua criação em Paris, e defendia a não submissão
à Grande Loja da Inglaterra, e a divulgação de Altos Graus.
Por fim, vale citar que o R.·.E.·.A.·.A.·. teve influência do Conselho dos
Imperadores do Oriente e Ocidente, criado a partir do Capítulo de Clermont, sendo
uma grande Potência Escocesa, a qual criou um sistema escalonado de 25 graus,
chamados de Graus de Perfeição, que iam do grau 4 ao 25, chamados de Rito de
Perfeição ou de Heredom.
Esta Potência criou um sistema escalonado contendo 25 Graus,
denominados de Graus de Perfeição, ou chamados de Rito de Perfeição ou Rito de
Heredom, sendo que, posteriormente, foram adicionados mais oito graus,
completando 33 graus do que temos hoje como Rito Escocês Antigo e Aceito.
No que diz respeito aos motivos da criação de Altos Graus existem
divergências, pois alguns acreditam que foram decisões políticas para manter
controle de algumas Lojas Maçônicas, enquanto alguns autores defendem que
foram motivações doutrinárias para adicionar novos estudos para o
aperfeiçoamento dos Maçons.
Interessante citar que o sistema foi nominado de escocês, apesar de não ter
sido criado na Escócia, contudo a forte ligação com os Stuartistas acabou
influenciando na denominação de Rito Escocês.
No tocante ao termo "Antigo e Aceito", esta também surgiu na França em
analogia à uma situação anteriormente ocorria na Grande Loja de Londres, porque
na Ordem Maçônica os "Aceitos" (maçons) eram recebidos, e apesar de aceitos
não exerciam profissões Operativas. De outro lado, os Maçons vinculados à Grande
Loja eram chamados de “modernos”, enquanto os maçons residentes foram
denominados de “Antigos”.
Os Maçons do Rito Escocês estavam em plena expansão, e criticando o
novo Rito chamando ele de “Moderno”, e se auto-intitulando como “Antigos e
Aceitos”, dando oficialmente o nome ao Rito de Rito Escocês Antigo e Aceito.
Existiu uma rivalidade entre as organizações das Lojas dos “Antigos” e dos
“Modernos”, a qual foi cessada nas Guerras Napoleônicas, onde a Inglaterra teve
que unir forças para lutar contra Napoleão, e, posteriormente, a Loja dos “Antigos”
prevaleceu e acabou por absorver gradualmente a Loja dos “Modernos”.
É possível dizer que o Rito Escocês Antigo e Aceito busca representar os
maçons que, desde 1717, não consideraram completo todo o sistema da Grande
Loja da Inglaterra, e, diante disso, o R.·.E.·.A.·.A.·. tentou resolver o problema no
sentido de buscar a conservação da Maçonaria e dos ensinamentos filosóficos que
se formaram e se aglutinaram em volta do pensamento primitivo no qual a
Maçonaria se estabelece.

3. CONCLUSÃO
Nota-se a forte relação dos Stuarts e de toda a linhagem desta família que
governou por mais de 110 anos Inglaterra e Escócia com a Maçonaria, e
especialmente com o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Em verdade, é possível imaginar o cenário conturbado político, econômico
e cultural da Inglaterra e Escócia durante o período em que os Stuarts estiveram
no poder, saíram, e voltaram ao poder novamente, trajetória que durou
aproximadamente 111 anos da Dinastia Stuart.
Existiam conflitos religiosos muito grandes durante este período, com
Monarcas impondo suas religiões e tentam suprimir as outras, perseguições das
autoridades civis e eclesiásticas contra qualquer conjunto de pessoas que
buscasse estudar filosofia, que para estes perseguidores era sempre algo oculto.
De um lado alguns pensando em Maçonaria com aspecto mais religioso do
que prático, ligada ao esoterismo, com orientação do catolicismo, e de outro lado
outros querendo uma Maçonaria mais ligada com a posição política, religiosa e
filosófica, com influência da Reforma Protestante e Iluminismo.
Nas lideranças católicas e anglicanas estavam os representantes da
nobreza e os intelectuais e cientistas ingleses, os quais fugiram da Inglaterra e
criaram uma visão de Maçonaria ligada diretamente à política, e também não
esquecendo dos interesses de restaurar ao Poder a Dinastia Stuart.
A Maçonaria esteve presente durante este conturbado período da história
de Inglaterra e Escócia, com maçons de diferentes posicionamentos políticos e
religiosos, muitas vezes defensores de Monarquias absolutistas bastante
questionáveis como os Stuarts.
Apesar disso parece incontroversa a influência grande dos Stuarts e da
Dinastia Stuart para a Maçonaria da época, seja na Inglaterra ou Escócia, ou até
mesmo na França, este inclusive onde os Stuarts e adeptos se exilaram e criaram
o Escocesismo, que iniciaria uma era da Maçonaria Jacobita, dando origem ao Rito
Escocês Antigo e Aceito que temos hoje.
De todo modo, a ligação dos Stuarts com a Maçonaria parece inegável, mas
desperta curiosidade, porque alguns rituais por exemplo dizem que os Stuarts eram
os protetores e chefes secretos da Ordem, outros até dizem que as Lojas tinham
um objetivo oculto de sempre retomar a lamentável Dinastia Stuart.
O que se pode dizer é que a influência Jacobita (dos Stuarts) pode ser maior
do que imaginamos, inclusive há relatos de Grãos-Mestres Jacobitas no início de
Lojas originárias dos chamados “Modernos”, supostamente hostis aos Stuarts.
O fato é que os Stuarts fazem parte da história da Maçonaria, e a Maçonaria
faz parte da história destes Jacobitas, que influenciaram diretamente os caminhos
da Europa na época, e governaram por muitos anos, após muitas guerras e
conflitos.

4. REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, Sergio. Rito Escocês Antigo e Aceito – Rituais de 1804.


Disponível em: <https://www.revistaartereal.com.br/wp-
content/uploads/2014/02/ASORIGENS-DO-ESCOCECISMO-Sergio-
Cavalcante.pdf>. Acesso em 02 de Agosto de 2023.

CASTELLANI, José. A ORIGEM FRANCESA DO REAA. Disponível em:


<http://iblanchier3.blogspot.com/2010/12/a-origem-francesa-do-reaa.html>.
Acesso em 03 de Ago. de 2023.

ISMAIL, Kennyo. OS STUARTS & O RITO ESCOCÊS. Disponível em:


<https://www.noesquadro.com.br/ordens-ritos-rituais/rito-escoces/os-stuarts-o-
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Sem autor: O Rito Escocês Antigo e Aceito. Disponível em:


<https://loja04df.mvu.com.br/site/r-e-a-a-/vrI2gJ0gJYE-3/atr.aspx>. Acesso em 05
de Ago. de 2023.

GILMT (Grande Inspetoria Litúrgica de Mato Grosso). “RITO ESCOCÊS ANTIGO


E ACEITO”. Disponível em: <https://inspetoriamt.org.br/o-r-e-a-a>. Acesso em 04
de Ago. de 2023.

BLOG DO CONSISTÓRIO. O reinado dos Stuarts na Grã-Bretanha e o Rito


Escocês Antigo e Aceito (Parte 1). Disponível em:
<http://blogdoconsistorio1.blogspot.com/2014/01/stuarts-dinastia-familia-
casaelizabeth-jaime.html>. Acesso em 04 de Ago. de 2023.

MOLLIER, Pierre. Os Stuarts e a Maçonaria, história ou lenda?. Tradução: José


Filardo. Disponível em: <https://bibliot3ca.com/os-stuarts-e-a-maconaria-
historiaou-lenda/>. Acesso em 04 de Ago. de 2023.

Sem autor: A MAÇONARIA JACOBITA. Disponível em:


<https://martinlutherking63.mvu.com.br/site/tunel-do-tempo---a-maconaria-
jacobita/27Rjh6nWOM8-3/atr.aspx>. Acesso em 05 de Ago. de 2023.
MAURO, Giovanna. “A Dinastia Stuart: um resumo para as provas!”. Disponível em:
< https://noticiasconcursos.com.br/a-dinastia-stuart-um-resumo-para-asprovas/>.
Acesso em 05 de Ago. de 2023.

SAINT, Germain. Teoria Continuista da Maçonaria: Os Jacobitas. Tradução: José


Filardo. Disponível em: <https://bibliot3ca.com/2016/04/29/teoria-continuista-
damaconaria-os-jacobitas/>. Acesso em 05 de Ago. de 2023.

MURPHY, Sean. Jacobitismo Irlandês e Maçonaria. Tradução: José Filardo.


Disponível em: <https://bibliot3ca.com/jacobitismo-irlandes-e-maconaria/>. Acesso
em 06 de Ago. de 2023.

ANATALINO, João. O Rito Escocês. Disponível em:


<https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3015363>. Acesso em 05
de Ago. de 2023.

Sem autor: “ORIGENS DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO”. Disponível em:


< https://arlsluzesdeiguabinha.mvu.com.br/site/verdadeira-historia-
doreaa/suDsO7I4nhE-3/atr.aspx>. Acesso em 05 de Ago. de 2023.

Sem autor: Dinastia Stuart e as revoluções inglesas. Disponível em:


<https://mapadelondres.org/dinastia-stuart/>. Acesso em 05 de Ago. de 2023.
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A VIRTUDE DA TOLERÂNCIA

Participantes:
V.·. M.·. Jeferson Pagani
P.·. V.·. Renei Lucas Coelho
A.·. M.·. Jarem Raul Garcia
A.·. M.·. Valmir Fontoura

Relatores:
A.·. M.·. Jarem Raul Garcia
A.·. M.·. Valmir Fontoura

Rito em que o Trabalho está


baseado:
R.·.E.·.A.·.A.·.

Ponta Grossa
2023
Apresentação
Neste pequeno ensaio, tentamos descrever e demonstrar a importância e a
relevância da virtude da tolerância na maçonaria. Para isso, entretanto, achamos
importante trazer algumas considerações iniciais.
A Maçonaria conclama todos os Irmãos a desempenhar o papel de
construtores sociais. O neófito é recebido como Pedra Bruta, a qual deve ser
desbastada para que se torne um elemento útil à construção do edifício social que
compete a Maçonaria levantar. As arestas, as asperezas na Pedra Bruta, são os
vícios que atrapalham e degradam a convivência social, e impedem a construção
de uma sociedade justa e perfeita. Algumas destas asperezas são de difícil
desbaste, por isso nos reunimos em Loja para “Vencer as paixões levantando
Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício. ” A Maçonaria, pois, pede-nos
para praticar a virtude, e pautar as nossas ações pelas virtudes [1].

Introdução
Dentre as principais virtudes cultuadas pelo maçom deve estar a tolerância.
Segundo o dicionário online de Português, DICIO [2], tolerância significa: i) Ação
de tolerar, de suportar algo de maneira resignada, sem reclamar; clemência; ii)
Disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir de outras pessoas,
ainda que sejam diferentes dos nossos; complacência.
Fundamentalmente, a Maçonaria, defende que, entre outros princípios, os
homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio
fundamental nas relações humanas, para que sejam respeitadas a dignidade e as
convicções de cada um. A Maçonaria, como instituição, é eminentemente tolerante
e exige dos seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas
e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e
ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar
situações de privilégio a qualquer uma delas em particular [3,4].

Desenvolvimento
Segundo Mauro Marques da Silva [5], o Aprendiz-Maçom deve empenhar-
se no desenvolvimento e na prática da mais ampla Tolerância, para que possa
integrar-se realmente no Espírito Maçônico. Isso significa dispensar a mais
generosa benevolência relativamente às faltas e aos defeitos de seus irmãos, os
quais deve procurar dissimular e relevar para que se propaguem os mais puros
sentimentos de afeto e bondade que unem a todos os membros da família
maçônica em uma sólida Fraternidade.
Ainda segundo Mauro Marques da Silva [5], a Maçonaria adotou a Trolha
como símbolo da Tolerância, este utensílio dos pedreiros que é utilizado para
estender a primeira camada de argamassa, ou do reboco na parede e cobrir assim
as irregularidades, fazendo parecer o edifício como formado por um único bloco.
Desta forma, a Trolha tornou-se um símbolo de amabilidade para com todos, de
conciliação e de silêncio. A Trolha é o emblema do amor fraternal que deve unir a
todos os Maçons, único cimento que os obreiros podem empregar para a edificação
do Templo.
Além de promover a tolerância internamente, a Maçonaria também procura
disseminar essa virtude na sociedade em geral. Os maçons são encorajados a
serem exemplos de tolerância em suas comunidades, promovendo a paz, o diálogo
construtivo e a compreensão mútua entre as pessoas. Dessa forma, a Maçonaria
desempenha um papel importante na construção de uma sociedade mais justa e
harmoniosa.
Desta forma, pode-se afirmar que a tolerância está intimamente ligada a
outra virtude cara à maçonaria, a humildade. A humildade (do latim humilitatem:
ausência de orgulho ou de soberba) está ligada ao reconhecimento de que não
somos perfeitos, que temos nossas virtudes, mas também nossos vícios e
deficiências. Quando recebemos um elogio, a tendência é nos envaidecermos;
mas, quando recebemos uma advertência, um conselho por um ato praticado
indevidamente, ficamos aborrecidos e nos afastamos, não aceitando nosso erro. A
pessoa que tem humildade, não se deixa levar pelos elogios e sabe aceitar quando
alguém mostra seus erros [6].
Entretanto, o ideal primordial da tolerância não abre espaço para
exoneração ou imunidade perante deveres individuais e coletivos. A direitos
correspondem deveres, e o princípio da tolerância não está isolado dos demais
objetivos da Maçonaria, principalmente no que diz respeito ao esforço máximo pelo
aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do
cumprimento inflexível do dever individual. Tolerância, portanto, não deve ser
confundida com condescendência, aceitação pura e simples de um comportamento
que não segue as exigências do dever, da consciência moral e da honra. Em termos
de comportamento, exige-se do Maçom tudo aquilo que é exigido em qualquer outra
instituição: respeito aos estatutos, regulamentos e respeito às resoluções da
maioria, tomadas de acordo com os princípios que as regem [7].
Assim, há momentos em que a tolerância maçônica é invocada para
resolver situações diversas. O problema surge quando a ação atinge as raias da
apatia ou o pior, chega à atitude de conivência. Neste contexto, a tolerância,
confundida com indulgência (disposição para perdoar culpas ou erros) ou
condescendência (acomodar-se, por bondade, ao gosto ou à vontade de alguém)
podem gerar situações mal ou não resolvidas que se tornam problemas e acabam
por afastar Irmãos. De acordo com o escritor português, José Saramago, "a
tolerância para no limiar do crime. Não se pode ser tolerante com o criminoso.
Educa-se ou pune-se"[8].
Então, se a conduta de um Irmão se manifesta como desvios do caráter, da
moral e da ética, desvios estes que estão muito bem estabelecidos e delimitados
pelas Leis Maçônicas, resta cumprir o “pune-se”. Por outro lado, é necessário se
debruçar na origem do comportamento considerado inadequado. Sendo este
comportamento causado por situações conjunturais difíceis sob o ponto de vista
emocional ou material, nestes casos, uma postura tolerante será a melhor solução
ou seja: “educa-se” [8].
Portanto, nesses casos, seria justo usar uma terceira virtude importante ao
desenvolvimento maçônico, ou seja, a Paciência. A virtude maçônica da Paciência
se manifesta em ser educado com quem está se desviando, compreender as
dificuldades passadas e agir com serenidade tendo como objetivo a retirada do
Irmão do caminho errado. O exercício real é a paciência para com as pessoas, não
com as situações [8], já que o G.·. A.·. D.·.U.·. é tolerante com o pecador, mas não
com o pecado.
Ainda considerando a atuação e o comportamento dos maçons em relação
a sociedade em geral, e lembrando que a Maçonaria, ensina a tolerância, mas
também prega o combate à tirania, à ignorância e ao fanatismo, que são causas e
consequências da intolerância, deve-se considerar como condenável a intolerância
ideológica, política, social, racial, religiosa, sexual, dentre outras, que tomam conta
de pessoas menos esclarecidas, que promovem o ódio, desejando a morte
daqueles considerados como diferentes e, em muitos casos, inferiores; e torna-se
uma praga, uma epidemia, contaminando aqueles mais sugestionáveis [3,9].
Segundo os filósofos Karl Popper e John Rawls, a parcela tolerante da
sociedade não pode ter tolerância ilimitada com os intolerantes, sobre o risco de
condenar a tolerância à morte. Popper chamou essa condição de “paradoxo da
tolerância” afirmando que “...Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os
intolerantes e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os
tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância...” Já Rawls corroborava com
esta ideia ao defender que é dever da sociedade tolerante preservar seus membros
e instituições de toda e qualquer investida de intolerância, externa ou mesmo
interna. Já Martin Luther King, em uma de suas manifestações mais conhecidas,
demonstrou sua preocupação, não com os gritos dos maus (intolerantes), mas com
o silêncio dos bons (tolerantes). Podem ser encontradas passagens semelhantes
em muitas outras culturas, doutrinas e religiões, por exemplo, na doutrina espírita,
em um de seus livros mais célebres, há uma passagem que diz “...os maus são
intrigantes e audaciosos, e os bons são tímidos. Quando os bons quiserem,
predominarão...”[9].

Conclusão
Concluindo este curto e conciso relato deve-se salientar que a virtude da
tolerância é o que permite aos homens da Maçonaria viver em harmonia. Assim, a
partir da tolerância, é garantida a aceitação de diferenças sociais e a liberdade de
expressão. Tolerar algo ou alguém é permitir que seu entendimento ou atitude
prossiga, mesmo que não se concorde com tal valor, pois é dado o respeito de
discordar. Porém, este comportamento de convívio harmônico, só poderá
acontecer com respeito e a clareza no diálogo, devendo ser tratados todos os
pontos de aresta, pois assim pode-se colocar tais pontos na mira do cinzel e malha-
lo, retirando-o em busca de uma pedra cúbica perfeita. Entretanto, a tolerância não
pode ser confundida com a condescendência, ou seja, uma aceitação pura e
simples, por transigência, lisonja, temor ou fraqueza, da conduta de quem não
segue as exigências do dever, da consciência moral e da honra. Entretanto, em
casos de desvios de conduta, mas diante de reconhecimento do erro e
comprometimento no esforço de corrigir o caminho outras virtudes maçônicas
podem ser aplicadas tais como Paciência, a Indulgência e a Clemência. Já em
relação da atuação da Maçonaria junto à sociedade em geral deve-se estabelecer
que o Maçom é estimulado a agir disseminando e promovendo a paz, o diálogo
construtivo e a compreensão mútua entre as pessoas. Entretanto, como na atuação
interna, esperasse do Maçom uma defesa incansável do direito, da liberdade e da
justiça, além de um combate intenso a emoções desenfreadas, à tirania, ao
despotismo, à intolerância, à perseguição e a ignorância.

Referências Bibliográficas
Vícios e Virtudes na Visão Maçónica, Adaptado de Sílvio Maria de Abreu – ARLS
Obreiros da Verdade nº 52, GLMMG, 26 dez 2018. Disponível em
https://www.freemason.pt/vicios-e-virtudes-na-visao-maconica/. Acesso em 29 de
jul. de 2023.

Tolerância. In: DICIO: Dicionário Online de Português. Disponível em


https://www.dicio.com.br/tolerancia/. Acesso em 29 jul. 2023.

DONATO, R., Virtudes maçônicas: Tolerância. O Ponto Dentro do Círculo, Blog


sobre Maçonaria, Filosofia, História, Sociedade e Cultura. Disponível em
https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2020/10/09/virtudes-
maconicastolerancia/. Acesso em 30 jul. de 2023.

Maçonaria, Grande Oriente do Brasil – PR. Disponível em


https://gobpr.org.br/conteudo/maconaria/1859/, acesso em 30 jul 2023.

DA SILVA, M.M. A Tolerância Maçônica. Página online de Michael Winetzki, 18 set


2021. Disponível em https://www.michaelwinetzki.com.br/2021/09/a-
toleranciamaconica-mauro-marques-da.html, acesso em 30 jul 2023.

PIZZOLATTI, I.J. Tolerância e Humildade. AUG RESP E BEN LOJ MAÇ


“MARTIN LUTHER KING” no 63, extraído do JB News – Informativo n. 1.835 –
Florianópolis – SC, 9 out 2015, p. 11-28. Disponível em
https://martinlutherking63.mvu.com.br/site/tolerancia-e-
humildade/bP286zx0uN03/atr.aspx, acesso em 01 ago 2023.

Tolerância e Conivência no Convívio entre os Irmãos. A R L S


Semeadores de Luz no 4301. Disponível em VALLE, M.A. dos S. TOLERÂNCIA E
CONIVÊNCIA NO CONVÍVIO ENTRE OS IRMÃOS.
https://semeadoresdeluz.mvu.com.br/site/tolerancia-e-conivencia-no-
convivioentre-os-irmaos-/zTDdlDt4tN8-3/nta.aspx. Acesso em 01 ago 2023.

QUIRINO, S. Paciência ou Tolerância Maçônica? Aug e Resp C L M


Benso Di Cavour, 03 mar 2017. Disponível em
http://bensodicavour.org.br/artigos/51paciencia-ou-tolerancia-maconica/. Acesso
em 01 ago 2023.

ISMAIL, K. O Paradoxo da Tolerância na Maçonaria. No Esquadro: em Busca de


Mais Luz na Maçonaria, 4 dez 2017. Disponível em
https://www.noesquadro.com.br/conceitos/o-paradoxo-da-tolerancia-
namaconaria/. Acesso em 01 ago 2023.
GRANDE ORIENTE DO BRASIL – GOB
GRANDE ORIENTE DO BRASIL PARANÁ – GOB/PR
A R L S ARAUTOS DO BEM Nº 3603
REAA

QUAL O FUTURO DA MAÇONARIA NO BRASIL?

A.·. M.·. Antônio Marcelo Solda


A.·. M.·. Aristeo Cruz Júnior
A.·. M.·. Claudiney dos Santos Herthel
A.·. M.·. Diego Felipe dos Santos
A.·. M.·. Douglas Gomes Vieira
A.·. M.·. Juliano Scussiato
A.·. M.·. Marcelo Martins
A.·. M.·. Marcos Retslaff
A.·. M.·. Mathias Kogut
M.·. M.·. Diego José Pitz Niemies
M.·. M.·. Jonas Neiva Abrahão
M.·. M .·.Tiago Francisco Ferreira
M.·. M.·. Mauricio Zahdi Stecinski (Coordenador)

Irati
2023
INTRODUÇÃO

Entender e estudar a origem e a evolução da Maçonaria no Brasil, nos


permite entender qual seu propósito e quais os desafios a serem enfrentados para
tornar a maçonaria mais conhecida, sem deixar de ser discreta. Levando em conta
que a origem da maçonaria não é uma unanimidade entre os estudiosos, pois
existem muitos mistérios que envolvem o seu surgimento, é necessário buscar
novas formas de interpretar a evolução necessária.

DESENVOLVIMENTO

Há teorias de que a maçonaria teria origem “no antigo Egito, por volta de
3.600 a.C. Para outros, ela surgiu na Idade Média com as corporações de
construtores das catedrais e castelos. Há evidências, segundo outros autores, de
que ela foi influenciada, em seus primórdios, pela Ordem dos Cavaleiros
Templários, formada em 1118 para ajudar e proteger os peregrinos em suas
viagens à Terra Santa.”
O que se sabe é que em meados do século XVII, na Inglaterra, surgiu a
primeira Grande Loja Maçônica documentada, conhecida como a Grande Loja de
Londres. Essa organização estabeleceu os princípios e rituais fundamentais da
Maçonaria moderna.
A Maçonaria ganhou popularidade não apenas entre os pedreiros e
arquitetos, mas também entre os intelectuais da época, como filósofos, cientistas e
políticos. Acredita-se que a Maçonaria tenha desempenhado um papel crucial na
disseminação dos valores iluministas, como a liberdade, igualdade e fraternidade.
A chegada da Maçonaria ao Brasil remonta ao século XVIII, período em que
o país ainda era uma colônia de Portugal. A influência maçônica teve um impacto
significativo nos acontecimentos políticos e sociais brasileiros, contribuindo para a
disseminação desses ideais iluministas e valores republicanos.
Os primeiros registros da presença maçônica no Brasil remontam ao início
do século XIX. Em 1797 com a Loja Cavaleiros da Luz na cidade de Salvador-BH
tendo a cisão em 1927 que originou as Grandes Lojas Estatuais brasileiras.
A Maçonaria tem sido uma presença marcante na sociedade brasileira há
séculos, deixando um legado duradouro que transcende suas próprias fileiras. Os
princípios maçônicos, que enfatizam a busca pela verdade, o respeito mútuo e o
aprimoramento moral, têm exercido uma influência contínua nos valores cívicos,
éticos e morais do povo brasileiro até os dias de hoje. Ao longo da história, a
Maçonaria desempenhou um papel fundamental na formação da identidade
nacional brasileira. Seus membros destacaram-se como líderes influentes nas
áreas política, social e cultural, defendendo ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade. Esses princípios maçônicos ajudaram a moldar a concepção de
cidadania no país, contribuindo para a consolidação de uma sociedade mais justa
e inclusiva.
Além disso, a Maçonaria também tem sido uma força impulsionadora na
promoção da educação e filantropia no Brasil. Suas lojas maçônicas estabeleceram
escolas, bibliotecas e instituições de caridade em todo o país, visando melhorar as
condições de vida e oferecer oportunidades educacionais para comunidades
carentes.
O mundo está em constante evolução, e a Maçonaria precisa se adaptar às
transformações políticas, sociais e tecnológicas para permanecer relevante, e isso
pode ser feito através de um envolvimento mais ativo em questões políticas e
sociais, usando sua influência para promover mudanças positivas na sociedade.
Os esforços também devem ser continuados no seu compromisso com
atividades filantrópicas e de caridade. Os maçons devem, além de tudo, usar de
seus conhecimentos para instruir e educar as pessoas que vivem em sua
comunidade, a fim de despertar neles também o senso de justiça e fraternidade.
A evolução da Maçonaria pode envolver uma ênfase crescente na inclusão
de pessoas de diferentes origens étnicas, culturais e de gênero, através das
entidades paramaçônicas, trazendo o senso de afiliação social para superar a
imagem de exclusividade associada à Maçonaria e garantir que ela represente a
sociedade de forma mais abrangente.
Na medida em que nossos membros adentrem na fraternidade como um
todo, é importante evoluir para atender essas novas demandas, mas, ao mesmo
tempo, preservar as tradições como forma de manter a conexão com sua história e
propósitos originais.
O futuro da Maçonaria no Brasil envolve muitas questões a serem analisadas
e definidas, e qualquer decisão dependerá da capacidade de adaptação às
mudanças, manter seus princípios fundamentais e encontrar maneiras de ser
relevante para as próximas gerações.

CONCLUSÃO

A Maçonaria deixou uma marca indelével na história e no desenvolvimento


do Brasil. Desde sua chegada ao país durante o período colonial até seu papel
fundamental na luta pela independência. Os ideais maçônicos permearam as
estruturas políticas, sociais e culturais da nação. Os líderes maçons
desempenharam e os novos terão que desempenhar um papel crucial na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, defendendo valores como
liberdade, fraternidade e progresso.

REFERÊNCIAS

História da Maçonaria. Grande Loja Unida do Paraná. Disponível em:


<https://www.maconaria.org/a-maconaria/historia-da-maconaria/>

GOB-RJ. História Resumida do Grande Oriente Do Brasil. Disponível em:


< https://gobrj.org.br/portal/historia-resumida-do-grande-oriente-do-brasil/>

JUK, Pedro. Questões Sobre Maçonaria - Rituais, Espada, Origens.


Disponível em: < http://pedro-juk.blogspot.com/search?q=maçonaria >

BANDEIRA, Rui. Maçonaria e Modernidade, 2010. Disponível em: <


https://a-partirpedra.blogspot.com/2010/10/maconaria-e-modernidade.html >

Site Freemason. Disponível em: <https://a-partir-


pedra.blogspot.com/2010/10/maconaria-e-modernidade.html >
O MALHETE PODCAST: O Evoluir Na Senda Das Virtudes IIr:. Dario
Ângelo Baggieri. Local:
<https://open.spotify.com/episode/7lP87SwCZ3bwXxeCXthDnE >

LERAY, Mauro. O Futuro Da Maçonaria... Será?. 2021. Disponível em: <


https://www.adlucem.com.br/article/doi/10.4322/2763-6070.2021007>
A.·.R.·.L.·.S.·. Diamante do Tibagy n° 4141
ERAC Campos Gerais 2023

O MAÇOM E AO COMPORTAMENTO MAÇÔNICO

A.·.M.·. Gilmar de Jesus Moura


A.·.M.·. Pedro Irineu Teider Junior (Relator)
C.·.M.·. Vitor Sendin Magalhães

R.·.E.·.A.·.A.·.

TIBAGI
2023
Introdução

Esse estudo é parte integrante do 22° Encontro Regional de Aprendizes e


Companheiros da Macrorregião dos Campos Gerais, Paraná, que será sediado
pela A.·.R.·.L.·.S.·. Estrela do Paraná n° 4.325, Oriente de Ponta Grossa,
jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – Paraná.
A.·.R.·.L.·.S.·. Diamante do Tibagy n° 4141, jurisdicionada ao Grande
Oriente do Brasil – Paraná, para essa 22ª edição do ERAC selecionou o tema “O
Maçom e o Comportamento Maçônico”, tendo em vista que a Maçonaria é um
sistema de moralidade e ética social, com características o humanitarismo, a moral,
a busca da verdade, o incentivo à reflexão, a promoção da educação, a defesa da
liberdade e da dignidade do homem e a modéstia (ISMAIL, 2013).
Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a percepção dos maçons
sobre seu entendimento do maçom e do comportamento maçônico, por meio de
aplicação de questionário on-line.

Desenvolvimento

Para avaliação do estudo, foi desenvolvido um questionário pelo Zoho


Forms, dividido em duas partes. A primeira com 3 perguntas e a segunda com 2,
sendo solicitado para que Maçons as respondessem de forma livre. Importante
mencionar que somente foi disponibilizado o link para resposta à maçons de lojas
com potências reconhecidas.
A primeira parte do questionário foi referente a qual Loja, Potência e Oriente
o entrevistado participa, com intuito de perceber se há diferenças na percepção dos
Maçons, quanto ao tema proposto, entre lojas, orientes e também Potências
reconhecidas pelo Grande Oriente do Brasil.
Já na segunda parte do questionário, foram feitas as seguintes perguntas:
i. Na sua opinião, o que é ser Maçom? ii. Na sua opinião, como se deve
comportar um Maçom? Deixando que o entrevistado discorresse livremente sobre
o assunto.
A pesquisa foi aberta no dia 03.08.2023 e ficou disponível para respostas até
o dia 24.08.2023, totalizando 21 dias. Um total de 45 questionários foram
respondidos, sendo de 4 estados diferentes, Paraná, Minhas Gerais, Mato Grosso
e Roraima, referente as Potências GOB-PR (38), GLM-MG (5), GOB-MT (1) e GOB-
RR (1). Ademais, dentro das 45 respostas, encontrou-se entrevistados de 11
diferentes Orientes, conforme tabela abaixo.

Tabela 1. Número de participantes distribuído por Oriente.

Ao todo 15 diferentes lojas participaram do estudo: Diamante do Tibagy (6),


Fraternidade Castrense (1), Luz e Harmonia (3), Estrela do Paraná (12), Alexander
Fleming (1), SCIENTIA ET DEO (2), Vigilantes da Verdade (1), União e Progresso
(2), Estrella do Imbituva (2), Filhos de Lamec (1), Universitária dos Campos Gerais
(4), Amor, Verdade e Justiça (4), Luz e Verdade (4), Amor e Caridade (1) e Jaime
Seiti Fuji (1).
Em relação a segunda parte do questionário, referente ao entendimento do
que é ser Maçom, 45 entrevistados responderam que é necessário possuir bons
costumes, 18 que o desenvolvimento intelectual por meio do conhecimento exerce
papel crucial na vida dos Maçons, 21 acreditam ser necessário a dedicação de um
tempo em prol da sociedade em que se vive, 7 citaram a família como um ponto
importante e 8 acreditam que o Maçom deve ser livre. Vale ressaltar que o
entendimento de maçonaria é variável de pessoa para pessoa, sendo que cada
pessoa a sente de uma maneira diferente (CARVALHO, 2001).
Diante do exposto, observa-se a unanimidade das respostas em que a
maçonaria está vinculada com bons costumes, seja ética ou moralmente falando.
Carvalho, 2001 descreve diversos relatos de historiadores e pensadores sobre a
maçonaria, e a essência é sempre a mesma, possuir bons costumes. Para Camino,
2014, a maçonaria é uma Sociedade Secreta, uma Instituição que tem por objetivo
tornar a feliz a Humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela
tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião.
No que se refere ao comportamento maçônico, 42 entrevistados
responderam que o maçom deve ter uma conduta exemplar, 6 delas que a busca
por conhecimento e aprimoramento está vinculado com o comportamento e 10
informaram que pensar e ajudar a sociedade se enquadra dentro das atribuições
dos maçons.
De acordo com Camino, 1996, a maçonaria é definida como uma associação
universal de homens livres e de bons costumes que visa o aprimoramento da
sociedade e segue os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. Ademais,
o Maçom busca o bem pelo abandono dos vícios, tenta polir constantemente a sua
pedra bruta reprimindo seus defeitos, objetivando ser exemplo para seus pares e
colaborando para o progresso moral daqueles que com ele interagem (TAHA,
2021), e além de amarem o próximo, amam-se a si mesmo, evoluindo mentalmente,
na incessante busca do saber (CAMINO, 2014).
Quando se fala em comportamento maçônico, Carvalho, 2021 descreve em
seu livro Egrégora-Maçônica a correta maneira que os maçons devem se portar
dentro da loja, como concentração para uma melhora troca de energia, a chamada
Egrégora-Maçônica, a não utilização do celular, sem conversas e cochichos, o uso
de músicas tocadas e não cantadas, de preferência músicas neutras e evitar
qualquer outro barulho que possa interferir na concentração.
Para Camino, 2014, o comportamento maçônico difere do comportamento
profano, pois o maçom vive em loja e convive com outros maçons em uma permuta
constante de suas virtudes que afloram do seu interior espiritual, e o maçom deve
ter sempre presente o fato de pertencer a um grupo seleto, formado por iniciados e
seu comportamento deve ser excepcionalmente bom, em todos os sentidos.
Conclusão

Com o encerramento dessa pesquisa, podemos concluir que há uma


unanimidade entre os participantes quanto a ser uma pessoa de bons costumes.
Entre as potências houve algumas diferenças entre as respostas, porém pela
grande diferença do número entre elas, a comparação não fica fidedigno, o mesmo
acontece quando se correlaciona as respostas obtidas pelas diferentes lojas.
Vale ressaltar, que como aprendizes, nossa visão do maçom se assemelha
com as respostas dos demais irmãos, pois para nós, o maçom deve ser uma pessoa
de bons costumes, ter uma reputação idônea, tanto pessoal quanto
profissionalmente falando, buscar o conhecimento constantemente, ser exemplo e
fazer o bem para a comunidade em que vive, através da caridade, ser participativo
e respeitar as regras da loja, ser livre de qualquer preconceito e seguir os pilares
de igualdade, fraternidade e liberdade pregados pela maçonaria.
Por fim, entendemos que, independentemente da potência, oriente ou loja,
o Maçom deve sempre buscar o aprimoramento como ser, no sentido a se tornar
uma pessoa melhor, um obreiro útil, dedicado e de bons costumes. Para tanto o
maçom deve se comportar como tal, isso na vida social e particular, pois não basta
se dizer maçom deve se agir como tal e se tornar a referência para aqueles que o
cercam, esse comportamento reflete sua firmeza, o maçom deve aprender a
conviver com as dificuldades impostas pela sociedade e aprender a conviver e
crescer com tais, se tornando assim um homem sábio, justo e coerente. Para
Camino, 2014, não se reconhece um maçom pelo “sinal”, pela “palavra de passe”,
mas pela conduta, e o maçom deve ser constantemente grato por ter sido
“chamado” e deve demonstrar essa gratidão pelo seu viver. Ainda podemos
absorver os pensamentos do Ir. Yassin Taha (Deputado Federal do GOB em 2021,
onde diz que “O Maçom deve ter e manter elevada Moral, tanto na vida privada
como na social, impondo-se pelo respeito, procedimento impecável e realizando
sempre o Bem. É pelo valor moral que podemos cumprir sempre nossos deveres
como elementos da Sociedade Humana e, particularmente, como membros da
Sociedade”.
Referências Bibliográficas

CAMINO, R. Breviário Maçônico para o dia a dia do maçom. 6. ed. São


Paulo: Madras, 2014. 384 p.

CAMINO, R. Iniciação Maçônica. São Paulo: Madras, 1996.

CARVALHO, A. O Aprendiz Maçom. 2. ed. Londrina: Editora Maçônica A


Trolha Ltda, 2001. 212 p.

CARVALHO, P. Egrégora-Maçônica. Energia Divina entre Colunas. 1. ed.


Londrina: Editora Maçônica A Trolha Ltda, 2021.

KENNYO, K. M. S. O. Liderança Maçônica: A Influência da Liderança na


Identidade e Comportamento Maçônico. 2013. 70 f. Dissertação (Mestrado em
Administração) à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da
Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. 2015. Disponível:
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/11238/DISSERTA
%c3%87%c3%83O-KENNYO-ISMAIL.pdf?sequence=1&isAllowed=y. acesso em:
24 ago. 2023.

TAHA, Y. O Comportamento de um Maçom. 2021. Folha do Litoral.


Disponível: https://folhadolitoral.com.br/colunistas/maconaria/o-comportamento-
de-ummacom/. Acesso em: 24 ago. 2023.
A R L S ESTRELA DO PARANÁ - Nº. 4.325

SIMBOLISMO DO 1º GRAU DECIFRADO: A PLANTA DA LOJA E A TÁBUA


DE DELINEAR

Relator: PAULO CESAR HILGEMBERG VIEIRA (A M )

Coautores: EDIVALDO PASIECZNYK (A M ) GILSON IENKE (A M )

PAULO CÉSAR KULLER MACHADO (A M )

Orientador: EDUARDO BANNACH (M M )

Rito em que o trabalho está baseado:


Rito de York

PONTA GROSSA
2023
1. INTRODUÇÃO

Uma vez dentro da Loja, o aprendiz irá notar ao decorrer do tempo, que a
cerimônia inteira é simbólica com uma série de provas, testes, provações, para
mostrar o quanto intenso e incrível é a maçonaria.
Irá perceber os pequenos detalhes, que mesmo simbolicamente, envolvem
muito mais do que questões de ética ou moral, que tanto são empregados nos
estudos filosóficos da Maçonaria.
Dentre diversas simbologias, surge então a Tábua de Delinear, onde ela
norteia toda a simbologia necessária para o desenvolvimento e de um aprendiz
Maçom. O trabalho a seguir, tentará por meio do auxílio de autores e também por
opinião de origem própria, decifrar o Simbolismo da Tábua de Delinear e a Planta
da Loja.

2. A CHAVE

Enquanto que as três virtudes representadas pela fé, esperança e caridade


são classificadas pela Igreja Católica como Virtudes Teologais, ou seja, virtudes
naturais incutidas no homem por Deus, a chave foi incutida no Maçom quando de
sua iniciação e confirmada em seu juramento, devendo ser observada com extremo
rigor pelo iniciado, conforme escrito em nossa instrução “é uma chave singular,
composta de nenhum metal, é a linguagem da boa reputação”.
O que pode ser dito sobre a chave, vem da definição utilizada por Joaquim
Gervásio, onde o mesmo se refere a esta chave como um símbolo muito em voga
na Maçonaria, relacionado com a guarda de segredos e, portanto, de prudência e
discrição.

3. TÁBUA DE DELINEAR E SUA HISTÓRIA

Primitivamente os símbolos que caracterizavam as reuniões maçônicas nos


canteiros de obras, eram desenhados no chão. Em geral, eram representadas as
ferramentas dos Maçons Operativos, as Colunas e o Pórtico do Templo do Rei
Salomão.
Posteriormente, quando os Maçons passaram a se reunir em locais
fechados, especialmente em tavernas, a prática de se desenhar no chão foi
gradativamente sendo substituída – em razão dos desenhos em alguns casos não
se apagarem com facilidade após o término da sessão ou por danificarem o
assoalho dos estabelecimentos – por desenhos em Tábuas de tecido, semelhantes
a pequenos tapetes, que após o término da sessão eram enrolados e ficavam sob
a égide de um dos membros.
Essa alteração caracterizou uma importante evolução, pois além dos painéis
de tecido serem mais práticos, os símbolos ficavam menos expostos às vistas
profanas, podiam ser confeccionados com mais capricho e dentro de princípios
estéticos mais bem elaborados.
Assim, alguns Irmãos puderam extravasar seus dotes artísticos, os painéis
foram se sofisticando e se tornando peças não só de prática ritual, mas também de
apurada beleza, ao menos em relação aos antigos desenhos feitos toscamente no
chão.
O conjunto de Tábua de Delinear mais famoso é o de John Harris, desenhista
arquitetônico e pintor de miniaturas inglês. Essas Tábuas foram desenhadas no ano
de 1823, cinco anos após a sua iniciação, para a sua Loja, que funcionava nos
Trabalhos de Emulação (na Maçonaria inglesa, não se usa o vocábulo “rito”).
Depois de publicados, passaram a ser copiados a partir do ano de 1846.
Dentre todo o simbolismo desenhado, se torna necessário aqui detalhar
melhor todo os elementos contidos nesta incrível arte que tanto tem
representatividade simbolicamente para um aprendiz, um companheiro e um
mestre maçom.

3.1 ELEMENTOS CONTIDOS NA TÁBUA DE DELINEAR

As Jóias Móveis:
Esquadro, nível e o prumo.
As Jóias Fixas:
Prancheta, pedra polida, pedra bruta.
Os Paramentos:
Livro das Sagradas Escrituras, esquadro, compasso.
Os Ornamentos:
Pavimento Mosaico, borda denteada, estrela fulgurante, o sol, a lua e as
sete estrelas;
Altar dos Juramentos, o círculo e o ponto com as paralelas, a escada de
Jacó, as três colunas alegóricas, o maço e o cinzel, o Lewis, a régua de vinte e
quatro polegadas e as quatro borlas.

Figura 1: Tábua de Delinear do 1º Grau ( John Harris, 1845)

A Tábua de Delinear acima foi desenhada por John Harris em 1845, e sua
original encontra-se na ELoI, com seu impressionante tamanho de
aproximadamente 1,80 m de altura por 0,90 m de largura. Em nossas Lojas
utilizamos tábuas semelhantes, exceto pelas suas dimensões, reduzidas em
relação aos originais, pela necessidade da sua movimentação, o que não ocorre
naquela Loja de Instruções.
Cada Loja deve possuir um conjunto de três tábuas de delinear, uma para
cada grau. Outros ritos têm modelos diferentes de tábuas para seus graus, que não
atendem as explicações contidas nos nossos rituais e, portanto, não podem ser
utilizadas. Os caminhos são diferentes, mas o destino é um só: a construção do
edifício social ideal, missão de cada Maçom.
Conhecendo um pouco mais sobre a Tábua de Delinear, decidi por questões
de importância pessoal, dar ênfase em dois elementos contidos no mesmo, que
serão abordados a seguir.

4. A PLANTA DA LOJA EXPLANADA SIMBOLICAMENTE

Qualquer Maçom haveria de reconhecer uma Loja como tal, pelo seu
formato, por sua planta e pelos itens com os quais ali se depara. Ainda assim, pode
haver diferenças de uma Loja para outra, conforme a perspectiva das Lojas que
dela fazem uso.
Algumas instalações maçônicas estão em permanente uso como locais de
sessões de Lojas de Maçonaria Simbólica, algumas são convertidas ou adaptadas
para esse fim apenas durante o transcorrer da reunião da Loja, lugares que outrora
foram usados para um fim bem diferente, e que amanhã poderão servir para outro.
É importante ressaltar que muitas diferenças no simbolismo das Lojas, seja
no presente ou no passado, derivam desse desenvolvimento separado do
simbolismo, em Lojas e em áreas. Tudo isso se refere ao local onde se reúne a
Loja, mas será que é somente isso que uma Loja significa para um Maçom?
As antigas preleções e os catecismos de antigamente abordavam os
atributos simbólicos de uma Loja e, hoje em dia, muitos deles ainda fazem parte
das preleções e nas explanações da Tábua de Delinear do Primeiro Grau.
O formato da Loja é de um retângulo oblongo, que vai do Leste para o Oeste,
sustentada por três colunas e apoiada em terreno sagrado. As suas dimensões são
ilimitadas, e a cobertura não menos do que o reluzente dossel do firmamento (Plano
terrestre e Celestial).
A partir desses princípios gerais, uma Loja maçônica parece ser um
microcosmo ou um mundo em miniatura, sobre a qual a glória espalha os seus
refulgentes raios, tal como o Sol no firmamento, iluminando os irmãos nos caminhos
da virtude e da ciência.
Um Maçom sentado em sua Loja, cercado pelos símbolos característicos
espalhados por todos os lados, sente-se integrado como parte da Loja Universal da
Natureza, criado pelo autor e fonte da "Luz" e redimido pelo Amor Divino ou
"Caridade".
Ali ele reflete com seriedade acerca dos deveres e obrigações que lhe são
incumbidos, e que o levam à permanente prática da Virtude e da Moralidade que
esses emblemas incorporam e recomendam, na esperança de que, quando
finalmente for convocado a prestar contas, possa ser transferido de sua Loja terrena
ao Grande Templo nas Alturas, para ali desfrutar para todo o sempre do esplendor
da Franco Maçonaria em seu perfeito e glorioso estado de inefável Luz, ilimitada
Caridade e imperturbável Paz.
A Loja, ao ser revelada a um neófito Maçom, descerra-lhe a representação
de um mundo no qual, a partir das maravilhas da natureza, somos levados a
contemplar a sua original grandiosidade e venerá-lo por suas poderosas obras e,
por conseguinte, somos levados a servos do Grande Arquiteto do Universo, a cuja
semelhança fomos originalmente feitos. Então, somos levados a contemplar as
obras de Deus e a venerá-lo.
O aprendiz Maçom é colocado no canto nordeste o qual fica de costas para
o Norte (escuridão) e voltado para Luz (Venerável Mestre). Ali é o início da jornada,
seu nascimento ou o início de seu trabalho e qual caminhará para o Oeste para
receber o que lhe é devido.
Uma Loja maçônica representa um Templo e isso está patenteado por um
formato simbólico, a sociedade adotou o Templo de Salomão por ser a mais estável
e magnífica estrutura que jamais existiu.
O objetivo de Loja Maçônica poderia ser descrito como o de conciliar e domar
as paixões, de estabelecer entre os homens o espírito de paz e de concórdia, que
poderá torná-los impenetráveis aos sentimentos de ódio, rancor, inimizade e
discórdia, aqueles mordazes inimigos que envenenam o que de melhor há em
nossas vidas; de inculcar sentimentos de honra e de probidade, que poderão
produzir homens mais aplicados em seus respectivos deveres; de ensinar uma
zelosa obediência aos desígnios de pais e de príncipes; de apoiarem, um ao outro,
a terna relação entre irmãos, que é o nome pelo qual eles se tratam entre si e, em
resumo, para formar uma admirável Sociedade, cujo único objetivo é a liberdade, o
amor e a igualdade.

5. ESCADA DE JACÓ
De forma mais objetiva, podemos dizer que a escada simboliza o caminho
por onde nós, como Maçons, esperamos chegar próximo ao Grande Arquiteto do
Universo. Ela é composta por vários degraus, simbolizam as virtudes que o Maçom
deve cultivar, para chegar à perfeição.
Entretanto, é necessário aqui explanarmos um pouco mais a respeito deste
simbolismo, pois passa por momentos históricos e religiosos que vão além de uma
simples definição básica para deixarmos de lado.
Acredita-se que este símbolo deriva de uma passagem bíblica onde Jacó,
ao fugir da ira de seu irmão Esaú, acaba por um fim de dia ao anoitecer, deitar-se
em chão de terra, e apoiar sua cabeça sob uma pedra, e em um sonho, consegue
visualizar uma escada, que tem seu fim em meio as nuvens.
Esta passagem bíblica encontrada em Genesis 28:10, está descrita da
seguinte forma:
10Jacó seguiu o caminho desde Berseba e dirigiu-se a Harã. 11Com o
tempo atingiu certo lugar e se preparou para ali pernoitar, visto que o Sol
já tinha se posto. Tomou, pois, uma das pedras do lugar e a pôs como
apoio para sua cabeça e deitou-se naquele lugar. 12E começou a sonhar,
e eis que havia uma escada posta da terra e seu topo tocava nos céu; e
eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela.13 E eis que o
SENHOR estava em cima dela e disse: Eu sou o SENHOR, o Deus de
Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. Esta terra em que estás deitado te
darei a ti e à tua semente. 14E a tua semente será como o pó da terra; e
estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na
tua semente serão benditas todas as famílias da terra.15 E eis que estou
contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta
terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que tenho dito.
16Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o SENHOR está
neste lugar, e eu não sabia.17E temeu e disse: Quão terrível é este lugar!
Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus.

A Escada de Jacó, em diversas religiões, está sempre ligada à Evolução, à


Iniciação e ao Caminho que leva a Divindade, sendo utilizada maçonicamente para
o mesmo fim. Simboliza o caminho por onde nós, como Maçons, esperamos chegar
ao plano que habita o Grande Arquiteto do Universo.
Ela é composta por vários degraus, que não são definidos em quantidade
exata justamente por considerar o grau de evolução de cada um, simbolizando as
virtudes que o Maçom deve cultivar, para chegar à perfeição.
Ela está apoiada sobre as Três Luzes Emblemáticas da Maçonaria, pois o
Volume da Lei Sagrada representa a lei divina, a sabedoria universal que é o
Grande Arquiteto do Universo, o código da moral e da ética.
Na escada encontramos alguns símbolos que são consideradas as três
principais virtudes teologais, de acordo com a igreja católica, relacionadas as
virtudes instintivas incrustadas no homem por Deus e que são: a fé, a esperança e
a caridade.
É necessário aqui ressaltar novamente que inúmeros são os degraus,
entretanto, estes três citados no parágrafo anterior, são considerados os mais
importantes, principalmente para o A.·.M.·. que ainda se encontra perdido no início
da sua caminhada, após um longo período perdido nas trevas, sem saber ao certo
quantos e como são estes degraus em busca da luz.
Fazendo aqui uma analogia da passagem bíblica, com o momento em que
um Aprendiz é iniciado, é extremamente compreensível a similaridade entre as
histórias a serem narradas. Afinal, ao ser iniciado, o Aprendiz está em momentos
de trevas e escuridão, assim como Jacó, o iniciado está à procura da luz, mesmo
sem saber qual o caminho certo a ser seguido.
Será assim, em momentos de fé e esperança, que ele conseguirá percorrer
esta escada simbolicamente aqui ilustrada, para enfim chegar aos céus, aqui
definido como o ápice de um ser humano evoluído. Sendo assim uma pessoa
lúcida, capaz de promover a caridade, determinando assim sua evolução.
O mais importante ao analisarmos a Escada de Jacó é de perguntarmos a
nós mesmos onde nos encontramos nela, se estamos subindo, se estamos
descendo, se estamos estacionados, inertes ao mundo e a todos.
A fase de interpretação de onde estamos na Escada é de suma importância
para o aprimoramento individual e para a contribuição de cada Maçom como
Construtor Social no mundo.

6. A ESTRELA FULGURANTE E SUA ORIGEM


Ao decorrer do tempo, com a evolução do Aprendiz até tornar-se um Mestre,
a passagem pela Escada de Jacó se faz necessária, e se tratando da Tábua de
Delinear, o ponto final da Escada aqui simbolicamente ilustrada, será encontrado
uma estrela, a então aqui denominada Estrela Fulgurante.
Muito se diz a respeito desta figura simbólica, porém, pouco de fato se sabe
sobre a sua origem. É tida como diversos símbolos filosóficos e místicos, porém, o
que de fato pode ser afirmado, é que ela ilumina a todos, assim como o Sol e a Lua,
e nos faz ter certeza que este é o ápice da evolução que todos buscamos.
Diferente das sete estrelas ao redor da Lua aqui encontrada na Tábua de
Delinear, que se faz necessária em alusão ao fato de uma Loja encontrar-se
perfeita para a iniciação de seus trabalhos, que se tenha sete Mestres em Loja,
esta Estrela Fulgurante pode significar para nós o renascimento.
Sim, o renascimento se tratando de toda a evolução percorrida durante todo
o processo de formação maçônica, faz nos remetermos ao pensamento de que
apesar de sairmos das trevas, ainda não estamos na luz eterna.
Afinal, o caminho é longo e árduo, e se não seguirmos na maneira correta,
de acordo com todos os graus a serem percorridos, o processo de transcendência,
onde torna-se completa a evolução, não se pode dizer que finalmente somos uma
nova pessoa.

6.1 A ESTRELA FULGURANTE ENQUANTO SIMBOLOGIA MÍSTICA E


FILOSÓFICA

A Estrela Fulgurante, a Glória no Centro, nos recorda aquele formidável


período quando o Todo-Poderoso entregou as duas Tábuas da Lei contendo os
Dez Mandamentos a seu fiel servo, Moisés, no Monte Sinai, quando os Raios de
Sua Divina Glória reluziram com tamanha intensidade, com tão refulgente
esplendor e inigualável brilho, que ninguém o pôde contemplar sem temor ou
estremecimento.
Ela também nos recorda da Onipresença do Altíssimo, inundando-nos com
o Seu Divino Amor e dispensando as Suas bênçãos sobre todos nós. E, por estar
colocado no Centro, ela também deverá nos lembrar que, onde quer que nos
reunamos, Deus, o Olho da Providência que Tudo Vê, estará sempre em nosso
meio, vigiando todos os nossos atos e observando as secretas intenções e
movimentos de nossos corações.
William Preston também se refere à Estrela Fulgurante como um dos
Ornamentos internos e nele vê um "vívido Emblema da Onipresença de Deus que
dirige com amor e benevolência as várias obras por Ele criadas, e que são
exemplificadas por nossa contemplação daquela infinita bondade transbordando
por todas as partes e disparando, como por todo o sempre, sua beneficente
generosidade, raios de amor e de misericórdia aos seres de todas as espécies por
Ele criadas".
Durante a iniciação, quando a venda é retirada de seus olhos, três grandes
luzes chamaram sua atenção em particular. Eles estavam situados no leste, sul e
oeste, o que não era apenas para mostrar o curso devido do Sol por sua nascente
no leste, seu meridiano no sul e declinação no oeste, mas para iluminar os homens
para, em e de seu trabalho.
Não havia luz no Norte porque o Sol, indo abaixo do nosso horizonte para
aquele quadrante, o Norte nos parece um lugar de escuridão porque o Sol não
lança raios de lá para este nosso hemisfério. Essas três luzes representam três
luzes maiores, a saber, o Sol, a Lua e o Mestre da Loja, pois assim como o Sol rege
o dia e a Lua para governar a noite, o Mestre deve dirigir e administrar sua Loja.
Supõe-se que nossa Loja esteja em solo sagrado porque a primeira Loja
regular constituída foi realizada naquele solo sagrado consagrado onde aquelas
três grandes ofertas foram feitas pela primeira vez, o que tornou sagrada a base da
Maçonaria.

6.2 A ESTRELA FULGURANTE E SUA ORIGEM NA CULTURA EGÍPCIA


COMO ESTRELA SÍRIUS

O Egito é uma terra de profundos contrastes: do sul ao norte, o rio


serpenteia, formando o Vale do Nilo, cujas margens são marcadas por uma estreita
faixa de terras cultiváveis, até chegar à antiga Mênfis, próxima ao Cairo moderno,
onde essas águas se espalham para formar o grande triângulo fértil do Delta.
Leste e Oeste, também tiveram significância. Observando o sol nascente, os
egípcios passaram a associar o Leste à vida nova e ao renascimento, enquanto o
Oeste, onde o sol “morria” todas as noites, se tornou o reino dos mortos. É
por isso que os cemitérios costumavam ser construídos no deserto do lado oeste
do Nilo.
Ao olhar para a Tábua de Delinear, imediatamente mostra que a declaração
sobre a Estrela Fulgurante, que tipifica o sol, é incorreta, pois tanto o Sol quanto a
Estrela estão ali representados.
A estrela é, claro, Sothis ou Sirius, a estrela-cão. Esta estrela brilhante
apareceu ao amanhecer no Oriente no solstício de verão no antigo Egito,
e a partir dela o ano sagrado foi datado. Sothis, o primeiro, o grande
Caminhante que traz Ra através do céu, é aludido de várias maneiras
como a morada de Hórus e de Ísis, mas também é personificado como
Thaaut ou Anpu, "O Ladrador", porque seu surgimento ao amanhecer
alertou sobre a aproximação iminente da inundação. Daí o termo “Estrela
do Cão” que persistiu até os dias atuais, a representação antropomórfica
de Anpu recebeu a cabeça de um chacal. (Sanderson, 1923)
A associação aqui estabelecida, nos faz despertar um pouco da imaginação,
e crer que esta forma de renascimento vinda do Leste, remete também ao ponto
em que fica o V.M., ou seja, a Estrela Fulgurante de nossa Loja.
Há na cultura egípcia, duas associações a estrela Sirius, quanto a sua
divindade: uma mais associada a Isis e outra em menor proporção associada a
Sopdet. Por determinado período, foi destinado a Ísis a associação com a estrela
Sírius, pois a mesma estava intimamente ligada à magia, à maternidade e ao amor,
maternidade aqui que podemos relacionar com o acolhimento materno, educando-
nos para buscarmos sempre um futuro melhor.
Consequentemente, a estrela Sirius ficou marcada nos períodos de
inundação e da colheita subsequente, pois quando a estrela aparecia, os egípcios
sabiam que seria o momento de inundação, onde a fertilidade do solo ocorreria,
afastando assim toda a seca que se percorreram anteriormente, por 70 dias.
Confirmando assim este fator cíclico do aparecimento de Sirius a cada 70
dias, outro ponto determinante a ser aqui chamado de renascimento, afinal,
podemos considerar o ressurgimento da colheita, da fertilidade, um novo ano
agrícola, dando uma vida nova a todos.
A título de curiosidade, a deusa Sopdet também se encontra associada a
estrela Sírius, principalmente por seu marido ser Sah que era a constelação de
Órion.

7. ELEMENTOS PRINCIPAIS PARA EVOLUÇÃO MORAL E ESPIRITUAL


DO APRENDIZ

A definição em que se estabelece que a maçonaria é velada em alegorias e


ilustrada em símbolos, nos faz crer que ainda há muito a ser estudado para
aprimorar nosso conhecimento quanto a uma arte tão antiga e de enorme
sabedoria.
A conciliação que podemos fazer aqui da Tábua de Delinear associada a
planta da Loja, são inúmeras, e como dito anteriormente, grande parte das
conclusões citadas neste texto, vem da opinião do autor.
Saber que toda a ornamentação de uma Loja está representada na Tábua
de Delinear, nos faz admirar ainda mais toda a sua história e procurarmos
aprofundar nossos estudos em seus princípios que ainda podem ser abordados
futuramente.
Ter essa liberdade de podermos interpretar a simbologia da maneira como
vemos, e poder debater entre irmãos qual o caminho mais certo a seguir, nos faz
perceber o quanto é honroso poder estar na maçonaria.
O estudo aqui apresentado, nos faz refletir em diversos aspectos de nossa
vida. A evolução é contínua, os degraus da Escada de Jacó são diversos, mas
sabemos que ao lado de irmãos valorosos, é possível sim chegar na Estrela
Fulgurante, onde se permite definirmos que é o renascimento, o aprimoramento,
em alusão aos graus e a simbologia, podemos dizer que é o detalhe final da
mudança da pedra bruta, para buscarmos a tentativa de ser uma pedra polida, ou
o mais próximo possível desta perfeição.
Vale ressaltar também, que a Tábua de Delinear tem diversos símbolos e
aqui neste trabalho foram explanados apenas dois elementos, ficando como desafio
não só para nós, mas para os irmãos da Loja, e para irmãos de outros Ritos, darmos
continuidade neste trabalho de pesquisa, onde certamente poderemos nos
surpreender com determinadas origens dos nossos tão significativos e valorosos
símbolos.
Afinal, quem poderia imaginar que uma Estrela, poderia representar um mito
egípcio tão antigo, e ao mesmo tempo estar nos dias de hoje, sendo simbolizado
na nossa Tábua de Delinear, que nos remete a tantas coisas que ainda não
conhecemos, mas com certeza ainda iremos conhecer?
O que fica de aprendizado e principalmente de expectativas para trabalhos
futuros, é poder ter surpresas como esta, onde em um quadro tão esplendoroso,
conter “segredos” que nos fazem ter a certeza que estamos no lugar certo. Que a
cada estudo mais aprofundado sobre nossa história, nossa cultura e nossa origem,
conhecemos e nos orgulhamos de praticarmos a maçonaria e evoluirmos em
questões tão valorosas perante a sociedade.
Ser maçom, também nos remete saber que você nunca subirá uma escada
sozinho, é ter a consciência que para você chegar no topo, é necessário ter
objetivos, mas também reconhecer que você sempre terá um irmão para te apoiar
em momentos de dificuldade.
Mais do que misticismo, mais do que religiosidade, filosofia e espiritismo aqui
empregados durante o texto, a reflexão que fica também, é a de que a união entre
irmãos faz vencermos todos e quaisquer que sejam os desafios da vida.
Por fim, é necessário sim ter a fé para acreditar que nós conseguiremos, é a
esperança de que todos unidos seremos sim mais fortes e praticando a caridade
de todas as maneiras possíveis, venceremos degraus.

8. REFERÊNCIAS

A BIBLIA, O sonho de Jacó em Betel, p. 42, 1998.

COMITÊ DO RITO DE YORK – Manual de procedimentos litúrgicos para o Rito


de York do Grande Oriente do Brasil – 1ª edição, 2020.

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de Dicionário de Maçonaria: seus mistérios,


ritos, filosofia, história. 2aEd. São Paulo: Pensamento, 2016.
GOB – Ritual de aprendiz franco-maçom para o Rito de York do Grande
Oriente do Brasil – 5ª edição, Revisada e Ampliada.

LEITE, Helio P. A Tábua de Delinear do 1° grau.

MARIA, Marcos V. P. A Escada de Jacó.

NOVAES, Alexsander A. A Tábua de Delinear do Aprendiz Maçom.

SANDERSON, Meredith The First Degree – An examination of the masonic


ritual- THE BASKERVILLE PRESS, LIMITED NEW BOND STREET LONDON, W.
1 First Edition, 1923. Second Edition, 1924. Third Edition 1926.
SHAW, J. Garry – Os mitos egípcios: Um guia aos antigos deuses e lendas –
Petrópolis, RJ: Vozes, 2022.

SLATER, David B. Revisiting John Browne’s Ciphered Masonic Works – Volume


132, 2019.
A∴ R∴ L∴ S∴ ESTRELLA DO IMBITUVA Nº 0564

CAVANDO MASMORRAS AO VÍCIO

Trabalho baseado no Rito Escocês Antigo e Aceito, autores Rooger Louis


Byczkoski (M∴ M∴), Diego Armando Galvão (A∴ M∴) e Antonio Marcos Penteado
de Carvalho (A∴ M∴), apresentando como Orientadores Robson Luiz Gans (V∴M∴),
Jonas Maiczuk
(M∴ M∴), Marcus Juliano Cherato Ferreira (M∴ M∴), Andrei Figueroa (M∴
M∴), Johnathan Gallo da Silva (M∴ M∴), Leandro Andrey Raymann (M∴ M∴), Willian
de Freitas Melim (M∴ M∴) e Luiz Ivan Ribeiro Eidam (M∴ M∴), e Relator Antonio
Marcos Penteado de Carvalho (A∴ M∴)

IMBITUVA
2023
PREFÁCIO

O presente trabalho investiga a complexidade dos elementos que constituem


um indivíduo virtuoso, transcendendo a superfície do vício e do viciado. O exame
minucioso revela que o vício não se limita à ação isolada ou ao costume que leva
um homem à ruína. Além disso, o vício encobre características humanas que
requerem combate. Aqueles que buscam o aprimoramento pessoal devem
combater impulsos insalubres que levam ao vício, com o propósito de auxiliar outras
esferas sociais. Este estudo destaca a necessidade de aprimoramento pessoal por
parte dos viciados, inclusive o fortalecimento da força de vontade. Essa evolução
valida a jornada de autodescoberta proposta nos rituais maçônicos, nos quais a
superação de hábitos prejudiciais é fundamental para a transformação e libertação
individuais. Baseando-se nos princípios do Rito Escocês Antigo e Aceito, esta
pesquisa propõe abordagens multifacetadas para aprimorar valores e condutas,
tanto na esfera maçônica quanto na profana. A igualdade entre os indivíduos é
enfatizada como ponto de partida, refletindo a relação entre o homem e o Grande
Arquiteto do Universo. Ao longo do estudo, destaca-se a importância de identificar
e colaborar com homens autênticos que compartilham o desejo de encontrar luz e
trilhar um caminho de crescimento pessoal e coletivo. A análise dos pilares
maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade ressalta seu impacto no futuro da
humanidade, com implicações diretas e indiretas. À medida que o estudo avança,
busca-se alcançar insights profundos sobre a vida maçônica e profana,
enriquecendo a compreensão do papel individual na construção de uma sociedade
mais justa e harmoniosa. Essas reflexões visam ampliar a evolução intelectual e
moral de cada indivíduo, contribuindo para a formação de um mundo mais
equitativo.

1 INTRODUÇÃO

A essência de um maçom é a crença de um Deus, com o propósito de


beneficiar a humanidade e trazer harmonia a todos. No entanto, a maçonaria não
obriga nenhum irmão a negligenciar sua família, lar ou negócios. Pelo contrário,
enfatiza que o bem-estar devem ser prioridades. O primeiro dever de um profano é
com seu trabalho e sua família, e a maçonaria respeita essas prioridades.
O trabalho realizado na loja é fascinante e não deve ser buscado para
obtenção de holofotes, mas para adquirir conhecimento e enriquecer seu espírito
com boas ações. Ao ingressar na maçonaria, um homem o faz por livre e
espontânea vontade, e, ao estar ativo na fraternidade, deve seguir uma linha de
comportamento adequado.
Ser maçom não se limita à conduta apenas em loja, mas também em todas
as áreas da vida, respeitando as leis a e Ordem. Agir com um bom comportamento
é seguir os princípios da maçonaria, lutando sempre pela liberdade, igualdade e
fraternidade, e ser considerado um homem digno e moral. Buscar virtudes com
honestidade, respeito, comprometimento, fraternidade caridade e amor, atuando
em conformidade com a moralidade e a ética da sociedade. Caso a maçonaria ou
suas obrigações levem alguém a agir de forma imoral ou desleal às regras, é
necessário afastar-se imediatamente, pois tais ações rompem com os princípios da
fraternidade.
Ao longo da história, tem havido casos de profanos maus e maçons com
comportamento profano, mas é importante que cada um se preocupe em agir de
maneira moral, sem ser julgado ou criticado por suas ações. Estar cercado por
influências e conhecimentos que promovem mudanças em pensamentos e ações
é uma oportunidade valiosa.
Na maçonaria, acredita-se que o aprendizado é contínuo, mesmo após se
tornar um Mestre. Transmite-se a importância de desenvolver a ética, moral e
aprimoramento interior e, ao entender a moral em sua essência, sente-se o triunfo
da verdade e da justiça. A maçonaria tem como base a bondade natural do homem,
guiando a humanidade em busca do progresso, fraternidade e solidariedade
humana, visando a filantropia e a paz universal.
Apresenta um sistema padrão de conduta ideal a cada irmão, mas cabe a
cada um direcionar sua própria conduta de acordo com sua vontade e idealismo,
sujeito a ser cobrado caso viole seus preceitos com intenção. A maçonaria não é
uma sociedade de proibições, mas enfatiza a moderação e o equilíbrio em suas
ações.
2 DESENVOLVIMENTO

No âmbito da Iniciação Maçônica, os fundamentos "erguer templos à virtude


e construir masmorras aos vícios" tornam-se diretrizes fundamentais da jornada
maçônica. Esses preceitos são intrínsecos ao trabalho simbólico da Ordem,
representando um compromisso contínuo de combater os vícios internamente e
desenvolver a disciplina filosófica como ferramenta essencial para a construção do
templo interior.
O desafio de superar e controlar os vícios começa com o reconhecimento e
aprofundamento de estudos. A partir do momento da Iniciação Maçônica, a
conexão com o elemento Terra e a compreensão da expressão "Visita o interior da
terra, retificando-te, encontrarás a pedra oculta" ganham destaque.
O primeiro passo para estudar os "sete vícios" e suas múltiplas formas
prejudiciais que obstruem o progresso do iniciado é a retificação. Através dessa
abordagem, os vícios podem ser transformados em virtudes, possibilitando a
dominação e encarceramento de aspectos negativos.
Os "sete vícios" que merecem atenção são:
Preguiça: O combate a esse vício exige o cultivo da constância e o
compromisso de superar inconstâncias e falta de dedicação.
Luxúria: O controle desse vício é vital para proteger relações familiares e
honrar a energia sexual como uma força sagrada.
Ira: Transformar a ira em harmonia e aprendizado do perdão é essencial para
o desenvolvimento moral e espiritual.
Gula: A moderação na alimentação é crucial para equilíbrio e saúde física,
evitando danos a si e aos outros.
Inveja: É necessário equilibrar a admiração por outros e perseguir metas
pessoais através do esforço legítimo.
Avareza: O controle desse vício favorece o uso consciente de recursos
materiais, melhorando a qualidade de vida.
Orgulho: O orgulho é uma barreira para a retificação e deve ser substituído
pela humildade e aceitação da luz nos outros.
Ao ingressar na Ordem Maçônica, o compromisso de ser "livre e de bons
costumes" é fundamental, o que implica em enfrentar e combater os vícios
pessoais. A liberdade autêntica é comprometida pelos vícios, que aprisionam
moralmente e prejudicam nossa integridade. Já os bons costumes, são sabotados
por práticas que prejudicam nossas famílias, saúde e paz interior.
A máxima maçônica de "morrer para os vícios e renascer para a virtude,
honra e sabedoria" destaca a necessidade de autotransformação. O crescimento
maçônico envolve reconhecer e combater os próprios vícios. O Maçom deve
abraçar a jornada de lapidação pessoal, uma vez que o compromisso de se tornar
um verdadeiro Maçom requer a morte dos vícios e o renascimento nas virtudes.
Conforme o Ritual Escocês Antigo e Aceito, o Maçom é desafiado a "cavar
masmorras ao vício" como parte de sua missão. Essa tarefa não está restrita aos
ambientes maçônicos, mas deve ser incorporada à vida diária. A vigilância
constante e o compromisso pessoal são cruciais. A construção do mundo profano
deve ser pautada na construção interior, cimentando virtudes e erradicando vícios.
Para ser um Maçom genuíno, é imperativo direcionar os esforços para o auto
aperfeiçoamento e o cultivo de virtudes. Ao estabelecer Colunas para as Virtudes
e cavar masmorras aos vícios, os Maçons honram o propósito da Ordem e
contribuem para um mundo mais justo e harmônico, solidificando a transformação
pessoal como base para a transformação social.

3 CONCLUSÃO

Em um cenário contemporâneo, evidencia-se o desafio que a sociedade


enfrenta ao praticar a generosidade e a solidariedade. A generosidade, como
virtude moral, incita a superação do egoísmo individual, enquanto a solidariedade,
como virtude política, direciona ações coletivas inteligentes para prevenir conflitos.
A análise das esferas profana e maçônica à luz da ética ressalta as diferenças entre
moral, ética e ordem, destacando ações por dever e por amor. A compreensão das
três dimensões do amor — amor à verdade, à humanidade e à liberdade — assume
relevância nesse contexto.
Nossa investigação reforça que a competência, embora importante, não é
suficiente; é a responsabilidade que orienta decisões acertadas em situações
complexas. Tanto na vida maçônica quanto profana, o ato de assumir
responsabilidade, ouvindo e considerando diversas perspectivas, é central para
tomadas de decisão prudentes e justas, evitando prejudicar qualquer indivíduo ou
contexto.
Nesse contexto, a generosidade e solidariedade emergem como virtudes
cruciais. A generosidade, manifesta pela nobreza e compaixão, deve ser praticada
de maneira desinteressada. Por outro lado, a solidariedade envolve dedicar-se aos
sofrimentos alheios e oferecer ajuda sincera. Distinguir e conectar essas virtudes
enriquece nossa compreensão das relações humanas.
A reflexão sobre a máxima maçônica "erguer templos à virtude e construir
masmorras aos vícios" desencadeia um chamado à ação. A libertação de nossos
próprios vícios e a construção de templos à virtude são a base dessa jornada.
Como Maçons comprometidos com a evolução pessoal e aprimoramento
moral, devemos direcionar nossos esforços para a eliminação de nossas
imperfeições, reconhecendo que a perfeição é inatingível, mas devendo persistir na
busca pela superação de nossos vícios, para que possamos genuinamente erguer
templos à virtude.
Em resumo, a luta contínua contra os vícios e a busca pela virtude na vida
maçônica reflete o compromisso de nos aprimorarmos como indivíduos. A
construção de masmorras aos vícios e templos à virtude é uma tarefa desafiadora,
mas essencial, que exige autoconhecimento, autodisciplina e o compromisso
constante de sermos melhores seres humanos.
Ao aderir a esses princípios, cumprimos a essência da jornada maçônica e
contribuímos para um mundo mais justo, equitativo e harmonioso, honrando o
Grande Arquiteto do Universo e o propósito da Maçonaria.

REFERÊNCIAS

BACON, Francis. Cartilha maçônica. Coleção Os pensadores.

DARRAH, Delmar D. Maçonaria: o livro para iniciados. Trad.


FONTENELE, Etevaldo Barcelos; COSTA, Wagner Veneziani. São Paulo: Madras,
2017.
DURÃO, João Ferreira. Pequena História da Maçonaria no Brasil. São
Paulo: Madras, 2008.

TANURE, Betania. E se eu tiver que escolher...: qualidade de vida X


sucesso profissional. TANURE, Betania; STEINBERG, Helbert; MELO,
Marcelo[orgs]. São Paulo: Saraiva; Xidéias, 2008.
A.·.R.·.L.·.M.·. FRATERNIDADE CASTRENSE N° 366

SIGILO MAÇÔNICO UMA QUESTÃO DE ESSÊNCIA E IDENTIDADE

AUTORES:
Guilherme Moraes Ratin (C M )
Marcos Rodrigues (A M )
Ramonn Heidmann Sandrini (C M )

RELATORES
Anselmo Westphal Neto (M M )
José Guido Teixeira Junior (M M )

Ricardo Germando Krenke Neto (M I)


Roberto Westphal (M I )

Rito Escocês Antigo e Aceito

Castro
2023
1. INTRODUÇÃO

Há possivelmente um sentido histórico para o Sigilo dentro da Maçonaria,


tendo em vista as narrativas encontradas na literatura desde a sua origem, e ainda
levando em consideração o fator estrutural que o sigilo ocupa dentro da mesma.
Tornando-se assim uma de suas maiores características até os dias atuais. Ao
longo do tempo, em sua construção histórica, o Sigilo se enraizou na Maçonaria
não somente como um modus operandi, mas também como uma maneira de
manter entre colunas o que seria debatido entre irmãos.
Em uma sociedade onde o acesso a informação está cada vez mais
difundido torna-se cada vez mais importante diferenciarmos o teor semântico do
termo Sigilo do seu real significado dentro da ordem, como sendo atualmente uma
maneira de identificação e distinção entre as demais entidades que se caracterizam
pela filantropia e grupos de serviço. Portanto, faz-se mister as reflexões dessa
temática o Sigilo, na esfera de nossa irmandade, a fim de elucidar o conhecimento
sobre tal.

2. SIGILO MAÇÔNICO

O vocábulo sigilo, com significação gramatical escrita, apresenta as


seguintes definições: “O que permanece escondido da vista ou do conhecimento e
Coisa ou fato que não se pode revelar ou divulgar” (OXFORD LANGUAGES, 2023);
“Segredo”, (AURÉLIO, 2020, MICHAELIS, 2022, OXFORD, 2023), “Condição de
algo que é mantido como oculto e secreto, fazendo com que poucas pessoas
saibam da sua existência. Silêncio ou discrição sobre algo que nos foi revelado”.
(HOUAISS, 2015). Dentre as variantes, o significado que mais chama atenção, para
a palavra sigilo, é a definição presente no dicionário Priberan, 2023: “Selo”,
retomando a origem etimológica do latim sigillum, selo, marca, sinal.
O termo sigilo também foi utilizado na era medieval, referindo-se a um tipo
de assinatura pictórica de um anjo ou outra entidade, geralmente oculta. (AFFIF,
2020). Através desta observação pode-se interpretar o sigilo tanto quanto uma
identificação física (como um brasão de família por exemplo), ou como uma
característica única, que pode ser atribuída a um grupo ou entidade para a sua
identificação.
O caráter sigiloso e velado dos ensinamentos aprendidos dentro da Ordem,
principalmente com aspectos inerentes ao reconhecimento e a ritualística, também
desperta curiosidade, afinal, quem nunca ouviu o questionamento: ‘O que se passa
dentro da maçonaria? ’ Ou até mesmo a afirmação, ‘A maçonaria é uma sociedade
secreta. ’
Sobre o caráter sigiloso, Aveline e Oliveira (s.d), citam:
A Maçonaria é uma Instituição universal, reservada, parcialmente secreta,
de princípios iniciáticos filosóficos. Segue uma simbologia e uma
ritualística que envolve juramentos sigilosos, sendo assim definida por
muitos como uma sociedade “discreta”. O simbolismo e seus significados
são ocultos para o mundo profano (….)

Seguindo essa ordem de raciocínio, Aveline e Oliveira, apontam que a


Maçonaria pode ser classificada como uma sociedade secreta, “muito embora se
possa encontrar bibliografia maçônica em qualquer livraria ou sebo” (AVELINE E
OLIVEIRA, S.D), e atualmente, em sites e domínios da internet.
Os ensinamentos da ritualística, sinais de reconhecimento e a dimensão
iniciática envolvem sigilo e para melhor compreensão do tema é necessário verificar
os princípios fundamentais da organização da Maçonaria. Na condição de diploma
básico da Maçonaria, Pusch, 2017, aponta que os Landmarks “são imutáveis em
sua essência”, apontando diretrizes que não podem ser infringidas.
O 23º Landmark, segundo Mackey, refere-se ao Sigilo dos mistérios e
práticas maçônicas. Este Landmark prescreve “a conservação secreta dos
conhecimentos havidos pela Iniciação assim como os métodos de trabalho, as
Lendas e Tradições”, que somente poderão ser transmitidos a outros irmãos
iniciados (AVELINE E OLIVEIRA, S.D).
A índole secreta é inerente à Maçonaria mesmo antes da criação da Grande
Loja de Londres, com a transição de Operativa para Especulativa e a não
divulgação dos conhecimentos maçônicos está assegurada em seus Landmarks.
Despojada do caráter secreto, por certo a Maçonaria seria confundida com
entidades ou instituições que possuem apenas cunho filantrópico e humanista,
faltando o elemento caracterizador e essencial à Ordem maçônica, qual seja, o
sigilo.
Todavia, nem tudo na Maçonaria é segredo, haja vista que seus propósitos
e finalidades são de domínio público e os Maçons podem exibir sua condição
publicamente como tal. Logo, há temas que se pode divulgar para profanos e outros
que não se pode revelar. Atualmente a Maçonaria é considerada uma sociedade
discreta, pois sua existência é amplamente conhecida e seus fins são bastante
difundidos.
Nem tudo é mistério, mas os ensinamentos e interpretações de símbolos e
os conhecimentos neles contidos são sigilosos e secretos, transmissíveis apenas
aos seus iniciados de acordo com os graus dos quais estejam condicionados, em
acordo com os rituais e a sua potência.
Esse simbolismo que a maçonaria segue é secreto e contém significados
ocultos ao mundo profano. Os toques e sinais, que levam um maçom a reconhecer
outro, também são restritos aos iniciados da Ordem em seus respectivos graus, e
cada grau possui suas restrições a ensinamentos do simbolismo.
O sigilo refere-se às provas, à prática maçônica, e não a tudo o que vier a
ver, ouvir e saber. No Juramento, propriamente dito, o candidato se compromete a
nunca revelar os mistérios da Maçonaria que lhe serão confiados, senão em Loja
regularmente constituída, nunca os escrever, gravar, traçar, imprimir, ou empregar
outros meios, pelos quais possa divulgá-los. (PUSCH, 2017). Em continuidade, na
lição de Pusch (2017), com relação a prática do sigilo, há que observar a questão
da condição de Maçom que não deve ser exaltada, bem como a identidade,
simbolismos, práticas de caridade, haja vista que “O futuro da Ordem repousa na
escolha dos candidatos a iniciação”, suas qualidades, espirituais, éticas, morais e
principalmente, na capacidade de reserva de sigilo (PUSCH, 2017, p. 147).
O juramento, por comprometer de forma definitiva aquele que o presta,
empresta à Maçonaria seu caráter secreto e sigiloso, sob pena de se cometer
perjúrio. Somente após o candidato prestar o juramento de segredo lhes são
comunicados os segredos do Grau de Apr.: M.: ou seja, os sinais, os toques e as
palavras que permitem aos Maçons o reconhecimento entre si. (PUSCH, 2017).
Assim, o Sigilo maçônico pode ser dividido em dois tópicos, ou seja, o Sigilo
do que ocorre em Loja e o Sigilo da ritualística dos graus simbólicos da Maçonaria.
O Sigilo do que acontece em Loja, trata-se do termo usualmente chamado,
entre colunas, isso significa que a Loja está aberta, mas Loja aberta não
corresponde a sessão pública e sim, Loja em funcionamento ritualístico do grau.
Em passado recente, de forma equivocada era falado que estar entre colunas
significava estar entre as colunas J e B, pois estas ficavam no interior do templo.
Atualmente, quando se afirmar: estar entre colunas, significa que todos os
participantes da sessão estão dentro do templo, assim, deduz-se que, todo assunto
tratado em Loja, após terminada a sessão, não deve ser discutido no Ágape, que
comumente costuma acontecer no final dos trabalhos, nem com um irmão regular
que por ventura não tenha participado da sessão. Caso o membro que não
frequentou a sessão, queira saber dos assuntos tratados, deve comparecer na
próxima sessão e ouvir o que foi lavrado no livro de atas. Isso serve como alerta,
pois considera-se um erro grave o “vazamento” de assuntos para fora da Loja ou
sessão ou pior ainda, para o mundo profano.
O Sigilo da ritualística maçônica, no juramento que o aprendiz presta ele diz
“Se eu for perjuro que me seja”. Constitui perjuro a divulgação no mundo profano
sobre os sinais, toques e palavras, ainda que hoje, com o advento da internet seja
comum a divulgação de diversos assuntos que dizem respeito a ritualística
maçônica.
Não obstante o processo de profanação dos mistérios da Ordem, Pusch,
2017, alerta que a preservação do sigilo e o cultivo do silêncio são necessários para
a sobrevivência da Maçonaria.
O maçom deve manter o silêncio, meditar e tirar o máximo proveito dos
conhecimentos adquiridos nas pesquisas em livros ou dos ensinamentos obtidos
em Loja; deve usar a palavra com sabedoria, livre das paixões e principalmente,
cultivar o sigilo.
Em uma sociedade moderna onde todas as informações são de livre acesso
ao público, inclusive acerca da maçonaria e seus princípios e rituais, torna-se
complexo definir o sigilo apenas como guardar um segredo, sendo assim pode-se
concluir que o sigilo maçônico não se restringe somente a um ponto integrante do
código de conduta dos mações, que cobrem através de seus juramentos os
segredos contido em seus rituais e graus, más também uma de suas principais
características que os definem e os tornam únicos perante as demais organizações,
sociedades e grupos de serviço que estão presentes em nossa sociedade.

3. CONCLUSÃO

Podemos encontrar várias definições para a palavra sigilo presente nos


dicionários, mas é na Maçonaria a sua revelação única e imutável. Há um caráter
na ordem referente ao sigilo no que tange o reconhecimento e a ritualística,
respeitando-se assim a sua simbologia, o que por vezes a faz ser reconhecida
como uma sociedade secreta ou discreta como defendem alguns autores.
Embora existam materiais disponíveis nas redes de mídias digitais, há que
se preservar o caráter único e específico de cada loja e da ordem em si, para que
a essência e identidade maçônica seja mantida, tal a sua importância que é
cuidadosamente assegurada em seus Landmarks.
Nem tudo é segredo ou mistério, mas certamente tudo deve ser
criteriosamente guardado para que só se venha a saber o que é pertinente saber,
seja dentro da irmandade respeitando-se os graus ou na sociedade, respeitando-
se a maçonaria em seu âmago e especificidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AURÉLIO. Dicionário online de Português. [online], 2020.

AFFIF, Rosemaat. Sefer Raziel HaMalakh. Postado em 2020. Disponível em:


<ocultismopel.wordpress.com> Acesso em: 15.08. 2023.

AVELINE, Arthur; OLIVEIRA, Jaime Balbino de. O Sigilo Maçônico. [online, s.d].
Disponível em: <cavaleirosdaluz18.com.br>. Acesso em: 15.08.2023. HOUAISS,
Antônio. Pequeno dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Moderna, 2015.

MICHAELIS. Dicionário. [online], 2022.


OXFORD LANGUAGES. Dicionário Oxford University Press. [online], 2023.

PRIBERAN. Dicionário. [online], 2023.

PUSCH, Jaime. ABC do Aprendiz Maçom. Tubarão, SC Copiart, 2017.


À G.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U.·.
A.·.R.·.L.·.S.·. LUZ E HARMONIA – Nº 1657

A ORIGEM DA ACLAMAÇÃO “HUZZÉ”

AA.·.MM.·. IIR.·. (C.I.M.):


CÉSAR BLASZCYKI (338639)
GABRIEL MARCONDES
PUKANSKI (334009)
MARCOS ANTÔNIO QUEJI (333986)
MATHEUS PUKANSKI DE OLIVEIRA (338638)
PIETRO DA CAS (334008)
RAFAEL POLTRONIERI (333999)

TELÊMACO BORBA
2023
INTRODUÇÃO

Este trabalho explora a história, o significado e a aplicação da aclamação


"Huzzé" na Maçonaria, abordando suas origens, sua ligação com tropas militares,
e sua função dentro das reuniões maçônicas.
Além disso, serão examinados os aspectos esotéricos e simbólicos dessa
saudação, incluindo como ela é empregada para criar uma atmosfera espiritual e
energética em lojas maçônicas, afastando vibrações negativas e promovendo
harmonia entre os membros.
Ao compreendermos a profundidade desse termo aparentemente simples,
podemos apreciar melhor como a Maçonaria utiliza símbolos e rituais para
transmitir ensinamentos e promover a transformação pessoal de seus membros.

DESENVOLVIMENTO

a. Significado

Aclamação, segundo o dicionário Aurélio, é definida como: “Ato ou efeito de


aclamar; ou ação; Manifestação da ascensão de um soberano ao trono;
Testemunho, prova, manifestação.”
Ao consultarmos o dicionário Oxford Languages extraímos o seguinte: “Ato
ou efeito de aclamar(-se). Manifestação unânime em que os membros de um
colegiado, assembleia etc. aprovam uma proposição. ”
Aclamação, segundo o dicionário da Maçonaria, é definida, ainda, como:
“Interjeição solene que, em certos Ritos, acompanha o Sinal e a Bateria do Grau
quando da abertura e do encerramento dos trabalhos”. Segundo José Castellani, a
aclamação, nos Ritos que a possuem, deve ser feita em altos brados. Esclareça-se
que o correto é aclamação e não exclamação, como consta de alguns rituais.
Aclamar é levantar clamor, é bradar aplaudindo, é proclamar a soberania.
A descrição e o significado da palavra Huzzé na nossa literatura maçônica
são insuficientes em termos de detalhes e abrangência.
No pequeno Vademecum Maçônico de Ech Lemos: “Houzé”, podemos
encontrar o significado como sendo um grito de alegria dos maçons do rito escocês.
No dicionário de maçonaria de Joaquim Gervasio de Figueiredo, Houzé
significa um grito de aclamação do maçom escocês, correspondente à “viva o rei”.
No dicionário maçônico de Rizzardo da Camino, Huzzé é apresentado como
uma corruptela de HUZZA, que seria a expressão de alegria e louvor usada pelos
maçons ingleses traduzida por “viva”.
Na cultura ancestral dos árabes, Huzzá era a denominação atribuída a uma
variante da Acácia que estava consagrada ao Sol, representando a ideia de
imortalidade. Sua tradução evoca os conceitos de Força e Vitalidade, termos
emblemáticos que integram a saudação tripla realizada na cadeia de união:
Saúde, Força e União.
Segundo o Oxford English Dictionary a definição para a palavra Huzzah é a
seguinte: “HUZ·ZAH ou também HUZ·ZA; Interjeição; Expressão de alegria ou
encorajamento; Expressão de triunfo ou aprovação. Substantivo. Um grito de
“huzzah”; ou um grito de “hurrá"; uma saudação. ”

b. Aplicação no REAA

Para o aprofundamento do estudo em relação a aplicação da aclamação no


REAA, é imprescindível citar o trabalho do Irmão Pedro Juk, segundo ele, a liturgia
maçônica adota várias manifestações do pensamento humano para construir sua
doutrina de aprimoramento. Dentre as quais pode-se citar os ciclos da Natureza e
o movimento aparente anual e diário do Sol nas suas práticas ritualísticas.
Nesse sentido, a aclamação “Huzzé”, recorrente na abertura e no
encerramento dos trabalhos nos graus de Aprendiz no REAA, está diretamente
relacionada à alegoria iniciática da Luz. Nessa exposição figurada de pensamento
aparecem os dois momentos da aclamação ritualística.
A primeira relacionada ao período que o canteiro se submete à plena
iluminação do dia (Meio-Dia). De alto valor simbólico, esotericamente o Sol a pino
significa hora de extremada igualdade. Com o Sol no zênite reduzem-se as
sombras e a probabilidade é de que ninguém faça sombra a ninguém. O momento
de iluminação plena denota também o vigor do obreiro prestes a iniciar a Obra. É
por esse motivo que o Meio-Dia recebe a aclamação.
O segundo momento se dá ao final, à Meia-Noite. Seu simbolismo prende-
se ao fato de que já passada a hora do ocaso certamente outro dia irá raiar
(esperança). Quanto mais escura é a madrugada, mais próximo se aproxima o
nascer de um novo dia.
Emblematicamente, a Meia-Noite representa o fim da jornada.
Esotericamente é o fim da etapa. O corpo é devolvido à mãe Natureza. Se a vida
produziu bons frutos, certamente a sua Obra será perene, duradoura e servirá de
exemplo aos pósteros. A certeza é de que tudo é transitório, pois assim como o Sol
se oculta no Ocidente para encerrar o dia, também é certo o raiar de um novo dia.
Eis a razão pela qual aclama-se o retorno do Sol no encerramento.

c. Aplicação Esotérica

Apesar de não constar em rituais publicados pelo GOB, muito se diz a


respeito do significado mais esotérico da aclamação.
É o que relata o trabalho do irmão Ivanil de Marins (1997), segundo ele, a
aclamação tem a finalidade de "criar" vibrações fortes destinadas a suprimir as
vibrações negativas existentes, descreve ainda que, na Loja Maçônica o Venerável
Mestre "comanda", no início dos trabalhos através destas palavras preparando o
ambiente espiritual, afastando os resquícios de vibrações negativas trazidas para
dentro do Templo pelos Irmãos, ao término dos trabalhos, é aclamado novamente
estas palavras, com a finalidade de "aliviar" tensões surgidas durante os mesmos,
quando algum Irmão trouxer vibrações negativas, recalcitradas dentro de si, bem
como, fortalecer os Irmãos com a energia positiva adquirida durante a sessão para
que eles levem-na consigo ao deixarem o Templo.
Segundo Marins, essas palavras provocam a expulsão do ar impuro, é
substituído pelo "Prana" que se forma no Templo, harmonizando assim, a todos
numa escala única, num nível salutar, capacita o Maçom a receber em seu interior
as benesses da Loja.
Dando continuidade as explicações vemos que desde os tempos mais
antigos era comum entre egípcios, hebreus e outros povos, o uso de sons vocálicos
(mantras), que têm a finalidade de despertar e estimular os vários centros psíquicos
do nosso corpo.
Há séculos os rosa-cruzes utilizam os sons vocálicos com o objetivo de se
harmonizarem com as leis cósmicas e de agirem positivamente sobre o Ser físico,
psíquico e espiritual.
Nas seções maçônicas, sejam de iniciação ou ordinárias, há vários
momentos marcantes, entre eles destaca-se a aclamação de “Huzzé, Huzzé,
Huzzé”, expressão que deve ser pronunciada (aclamada) com grande força e
repetida três vezes.

d. Origem da Aclamação

A primeira menção que ocorre a aclamação “Huzzé” aparece no ritual do Rito


Escocês Antigo e Aceito publicado pelo Grande Oriente de Bélgica em 1820 tendo
sua grafia Houzzai, que nada mais é que a transcrição fonética francesa para a
palavra inglesa Huzzah.
Nos rituais editados pelo Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito
para a Jurisdição Meridional dos EUA em 1872 revisados por Albert Pike surge a
palavra Huzza, sem o “H”, e Albert Mackey em sua Enciclopédia da Maçonaria,
publicada em 1873, apenas consta no verbete Huzza, como sendo a saudação do
Rito Escocês Antigo e Aceito, sem maiores explicações.
A palavra Huzzah foi utilizada como uma saudação dos marinheiros ingleses
quando brindavam para comemorar suas vitórias ou quando grandes oficiais
embarcavam ou desembarcavam das suas capitanias.

Huzzah pode ser categorizada no mesmo patamar de outras interjeições


inglesas, como hoorah ou hooray. De acordo com os Dicionários
Ingleses, sobretudo o Oxford English Dictionary, Huzzah seria uma forma
mais literária e dignificante, enquanto que horray seria uma aclamação
mais popular, sendo encontrada nos dialetos das periferias de Londres. A
prova disto pode ser encontrada nos gritos de saudação das equipes de
remo do Magdalene College, da Universidade de Cambridge, que
celebram suas vitórias com três saudações de “Huzzah”. (PEDRO-
CYRINO, Fábio)
Essa saudação pode estar associada as saudações militares das tropas
inglesas, escocesas, suecas, dinamarquesas, alemãs, russas e prussianas. Há
uma outra citação de uma palavra muito semelhante, de origem mongol, nos
primeiros anos do século 13, que contém a mesma significação de saudação e
jubilo.

O fato é que, ao longo dos séculos 17 e 18, Huzzah foi identificada como
um grito de guerra das tropas avançadas da marinha inglesa, bem como
do exército e do corpo de Granadeiros Britânicos. Durante o século 18,
três “huzzahs” eram dados pela infantaria britânica antes do toque de
carga, como meio de reforçar a moral das tropas e intimidar os inimigos.
O livro “Casacas-vermelhas: Os soldados britânicos na era da cavalaria e
dos mosquetes”, de autoria do Brigadeiro Edward Richard Holmes (1946),
historiador militar inglês, indica que eram dados dois gritos curtos de
“huzzah”, seguidos de um terceiro mais longo, antes do toque dado pelos
clarins. (PEDRO-CYRINO, Fábio)

Apesar de toda a história, a vinculação da palavra à Maçonaria é evidente:


a pretensa origem do Rito de Heredom, do qual o Rito Escocês Antigo e Aceito
derivou, atrelado as tropas durante exilio da família Sturart, como uma aclamação
ou de júbilo dado no início e termino dos trabalhos. Outra vinculação se dá as tropas
prussianas de Frederico II, segundo consta a lenda, o organizador do Rito na
Europa.

Argumentos tais como que esta exclamação prepararia no início dos


trabalhos o ambiente espiritual, afastando os resquícios de vibrações
negativas trazidas para dentro do templo por Irmãos, e que ao término dos
mesmos aliviaria as tensões surgidas, levando-se em conta aspectos
místicos, físicos e psíquicos, não cabe em qualquer trabalho mais sério
que pretenda investigar histórica e fundamentalmente a Maçonaria.
(PEDRO-CYRINO, Fábio)
Neste sentido, portanto, observamos que a origem da aclamação remonta a
uma série de elementos que foram incorporados aos rituais maçônicos.

CONCLUSÃO

Neste trabalho, exploramos aclamação "Huzzé" na Maçonaria, desde suas


origens até suas aplicações contemporâneas. Demonstramos como essa saudação
pode transcender o mero grito de alegria e aprovação, adquirindo significados mais
profundos e esotéricos dentro dos rituais maçônicos.
Concluímos também que “Huzzé”, é uma antiga aclamação que corresponde
a se dar “vivas!”, sendo inserida na maçonaria por influência de tropas militares no
século XVIII, visto que, era muito comum o alto escalão militar ser composto por
maçons.
Denota-se que a aclamação está diretamente relacionada à alegoria
iniciática da Luz, instigando no maçom o respeito à sabedoria e ao esclarecimento.
Em resumo, este estudo sobre a aclamação "Huzzé" na Maçonaria
demonstra como os símbolos e rituais maçônicos são ricos em significado e como
essas tradições antigas continuam a influenciar a prática maçônica contemporânea,
promovendo a transformação pessoal e espiritual dos seus membros.
Através do entendimento mais profundo desse termo aparentemente
simples, os maçons podem apreciar melhor a riqueza da herança maçônica e seu
impacto na busca pela sabedoria e pelo crescimento espiritual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau Aprendiz. Livraria


Maçônica Paulo Fuchs: São Paulo, 2021.

CARVALHO, Assis. O Mestre Maçom. Ed. Maçônica A Trolha: Londrina,


1991.
CARVALHO, Francisco. A Maçonaria Usos e Costumes I. Ed. Maçônica A
Trolha: Londrina,1994.

CASTELLANI, José. Consultório Maçônico IV. Ed. Maçônica A Trolha:


Londrina, 1998.
CASTELLANI, José. Maçonaria e Sua Herança Hebraica – Ed. Maçônica
A Trolha: Londrina 1993.

DE MARINS, Ivanil. HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ, 1997. Disponível em:


https://doceru.com/doc/n1ne5x0. Acesso em 12/08/2023.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. Ed.
Pensamento – [s.d].

JUK, Pedro. A Aclamação – Huzzé! Huzzé! Huzzé!. disponível em:


<http://pedro-juk.blogspot.com/search?q=aclama%C3%A7%C3%A3o>. Acesso
em 28/08/2023.

MELLOR, Alec – Dicionário da Franco Maçonaria e dos Franco Maçons.


Ed. Martins Fontes: São Paulo, 1989.

NEWTON, John F. The Builders – A Story and Study of Masonry. Iowa,


1916.

PALOU, Jean. A Franco Maçonaria Simbólica e Iniciática. Editora


Pensamento: São Paulo, 1964.

PEDRO-CYRINO, Fábio. A palavra huzze, origem e significado, disponível


em: https://bibliot3ca.com/a-palavra-huzze-origem-e-significado/. Acesso em:
12/08/2023.

SIGNIFICADO e uso huzzah, Oxford English Dictionary, 2023, disponível


em: https://www.oed.com/dictionary/huzza_int?tab=meaning_and_use&tl=true.
Acesso em: 12/08/2023.

VAROLI, Theobaldo F. Curso de Maçonaria Simbólica. Tomos I, II e III – A


Gazeta Maçônica: São Paulo, 1993.
A.·.R.·.L.·.S.·. LUZ E VERDADE Nº 1317 CRUZ DA
PERFEIÇÃO MAÇÔNICA
Federada ao Grande Oriente do Brasil
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – PR

COLUNAS ZODIACAIS NO TEMPLO MAÇÔNICO

Autores do trabalho:
Bruno Cavassani Schimicoski (A.·.M.·.) Edson Carlos Jacobs (A.·.M.·.)
Geraldo Lucas Agner (A.·.M.·.)
Jeymisson Bueno de Melo (A.·.M.·.) Leandro Chrestani (A.·.M.·.)
Marcelo Ferraz de Freitas (A.·.M.·.)

Orientador:
Antonio Fernando Martin Ruiz (M.·.M.·.)

Relator durante o evento:


Leandro Chrestani (A.·.M.·.)

Rito:
Rito Escocês Antigo e Aceito

Ponta Grossa – PR
2023
1 – INTRODUÇÃO

O estudo das Colunas Zodiacais busca entender a simbologia revelada pelo


uso de figuras e imagens, as quais relacionam o universo, o homem e a Maçonaria.
Os signos zodiacais têm sua origem na babilônia, mas os egípcios e os
chineses também tiveram grande influência no trabalho de representação zodiacal.
As colunas zodiacais num templo maçônico do rito escocês antigo aceito,
são em número de doze, pertencem a ordem Jônica e servem para delinear o
caminho do maçom em desenvolvimento.
Localizadas no ocidente, nas colunas do Norte e do Sul, as doze colunas
zodiacais, além de energizar o ambiente, possuem um significado profundo,
atingem toda escalada maçônica e estreitam as relações entre homens, símbolos
e a natureza.
A palavra zodíaco deriva do grego “Zoe” = vida, e “Diakos” = roda, ou seja,
a Roda da Vida, o ciclo completo do homem, neste contexto do homem maçom.
O Zodíaco apareceu nos rituais do REAA como herança das Lojas
Mães Escocesas. Dentre outros, essas Lojas organizavam na
França os trabalhos concernentes ao simbolismo do Rito.
Destaque-se que é dessa época, mais precisamente no ano de
1804 na França, o aparecimento do primeiro ritual do REAA e que
seria publicado oficialmente em 1821 (estima-se) no “Guide des
Maçons Écossais”. É bom que se diga que nesta época o
simbolismo do REAA enfrentava nos seus primórdios de existência
a sua consolidação e aperfeiçoamento. (Pedro Juk)

As colunas começaram a ser utilizadas para marcar as constelações que,


muitas vezes, eram suprimidas nas abóbadas dos templos maçônicos, omitindo-se
também o zodíaco, suas simbologias e seus significados.
A liturgia dos rituais maçônicos utiliza os sinais do zodíaco de maneira
simbólica, sem que isso implique em horóscopo, previsões astrais ou mapa
astrológico.

2 – DESENVOLVIMENTO
Nas Lojas Maçônicas, e aqui dissertamos sobre o Rito Escocês Antigo e
Aceito (REAA), utilizam-se os signos e sinais do zodíaco como elementos
simbólicos, não vinculados diretamente a astrologia, mas significando todo caminho
percorrido pelo maçom, de aprendiz a mestre.
As colunas zodiacais delimitam o caminho percorrido pelo maçom em seu
desenvolvimento e o crescimento de caráter material, moral e ético do iniciado
durante sua jornada.
Divididas entre as colunas do Norte, compostas pelos signos de áries, touro,
gêmeos, câncer leão e virgem, e do Sul por libra, escorpião, sagitário, capricórnio,
aquário e peixes, formam grupos com três colunas cada, representando as 04
(quatro) estações do ano, no caso do hemisfério norte do globo terrestre, estão
dispostas na seguinte ordem: primavera e verão na Coluna do Norte, outono e
inverno na Coluna do Sul.
As colunas zodiacais vão do piso ao teto, onde em sua parte superior
“capitel”, encontra-se uma série de símbolos utilizados na sua decoração, sendo
estes em número de três, as quais veremos a seguir:
O Triângulo
Utilizado pelos alquimistas, este símbolo se remete aos quatro elementos da
natureza, ligados também ás iniciações maçônicas do REAA: Terra (Câmara de
Reflexão), Ar (primeira viagem), Água (segunda viagem) e Fogo (terceira viagem).
A representação dos símbolos iniciáticos seguem as concepções dos símbolos
alquímicos, onde o ápice apontado para cima representa o fogo e o ar, e apontado
para baixo representa a terra e a água.
Seguimos com melhor ilustração:
Figura 1 – Triângulos

O Signo Zodiacal e seus Símbolos.


Os símbolos do zodíaco se encontram entrelaçados ao triângulo, cada qual
com sua referência ao significado do signo, um elemento específico que se remeta
à lembrança do seu nome, possuem características ligadas a animais ou outras
simbologias influentes à época.
Áries – representado por um carneiro, cujos chifres são utilizados para abrir
caminhos.
Touro – simbolizado pelo próprio animal, com estrutura forte e poderosa.
Gêmeos – representado pelo número “II” em romano, uma alusão á
dualidade ou duplicidade.
Câncer – seu elemento é simbolizado por um caranguejo, animal com patas
de pinças como forma de defesa e proteção.
Leão – representado também pelo próprio animal, significa a força, a
coragem e a liderança.
Virgem – traz uma espiga de ouro em uma mão, traduz a qualidade de
plantar e trabalhar por sua colheita.
Libra – é o único que possui como símbolo um objeto inanimado, a balança
significando o equilíbrio.
Escorpião – simbolizado pelo próprio escorpião, animal de mistério e poder.
Sagitário – um centauro com arco e flecha, a dualidade da capacidade
intelectual com a força e a velocidade.
Capricórnio – representado pela cabra, animal lento, porém persistente e
constante.
Aquário – simbolizado por duas ondulações de água, significa a intuição.
Peixes – dois peixes que nadam em direções opostas e unidos por um
cordão, significa a contradição.

O zodíaco são formações de constelações aos quais as civilizações gregas


e romanas baseavam-se para organizar seus calendários de plantio, colheita e
pesca, estes grupos de estrelas ao serem observados nitidamente (cada qual na
sua estação do ano) seria o início das suas atividades. Segue abaixo imagem
ilustrativa.
Figura 2 - Constelações

O zodíaco é uma linha imaginária dividida em 12 casas de 30 graus cada


uma e representam 12 constelações, que são percorridas pelo Sol, uma vez por
ano.
O nome das constelações que foram o zodíaco teve origem diretamente
ligada a vida pastoril, uma vez que fica evidente a classificação dos signos em 4
categorias distintas:
Os três reprodutores do rebanho: Touro, Capricórnio e Áries;
Os três inimigos naturais dos rebanhos e dos pastores: Leão, Escorpião e
Câncer;
Os três auxiliares dos pastores: Sagitário, Aquário e Libra;
Os três maiores valores da comunidade pastoril: Virgem, Gêmeos e Peixes.

c) Os Signos Zodicais e os Planetas.


E por fim, cada um destes signos é regido por um planeta que compõe o
sistema solar, bem como também se relacionam com um elemento em metal, sendo
eles:
Mercúrio (mercúrio) – semicírculo acima do círculo e da cruz.
Vênus (cobre) – círculo em cima da cruz.
Marte (ferro) – o círculo ligado à seta ascendente.
Júpiter (estanho) – o semicírculo acima da cruz da matéria.
Saturno (chumbo) – a cruz da matéria acima do semicírculo.
Sol (ouro) – círculo com um ponto no meio.
Lua (prata) – seu símbolo é a Lua Crescente.
Embora os últimos dois não sejam considerados planetas, também fazem a
composição dos signos aos símbolos zodiacais.

3 – ASTROLOGIA E ASTRONOMIA

Adentramos agora na diferença entre a astrologia e a astronomia que,


embora muitos confundam, se diferenciam na forma de seus estudos, estando em
comum apenas os estudos dos corpos celestes como um todo.
Para facilitação da compreensão dos temas e suas diferenças, apresento
uma tabela associativa entre ambas, bem como suas diferenças, base de estudos
e resultados.
Tabela 1 - Comparação entre Astronomia e Astrologia

ASTRONOMIA ASTROLOGIA
Base da ciência. Uma crença.
Estuda a localização, origem, Estuda o movimento dos astros e
destino e classificação dos astros. suas influências sobre os seres humanos.
Estudo lógico e dedutivo. Estudo com base na intuição e
comparação.
Ciência exata. Misticismo.

É importante ressaltar que a maçonaria não se baseia em crenças ou


misticismos. A fonte de conhecimento e estudos dentro das oficinas são baseadas
na ciência e nos estudos lógicos, que muitas vezes podem permearem pela
astrologia, mas não a utilizam como definição.
A relação do misticismo e a ciência exata, assim como a base científica e a
crença, são importantes pontos de análise para a construção do conhecimento
sólido e racional no meio de uma sociedade humana que, ao longo da sua história,
seus povos transitaram tanto pela astronomia quanto a astrologia, seja por
curiosidade, crença ou até mesmo vivência de eventos.
Afinal, a maçonaria é constituída por homens de bons costumes que
constroem a base familiar, pessoal e profissional dentro da sociedade humana com
os seus conhecimentos e crenças nos mais diversos temas possíveis.
4 – CONCLUSÃO

No templo os signos simbolizam vida maçônica, do aprendiz (áries, touro,


gêmeos, câncer, leão e virgem), passando pelo companheiro (libra), ao mestre
(escorpião, sagitário, capricórnio, aquário e peixes).
Áries – representado por Marte e pelo Fogo. É a força que estimula o
crescimento.
Touro – representado por Vênus e pela Terra. É a matéria, a fecundação e
elaboração interior.
Gêmeos – representado por Mercúrio e pelo Ar. É a criatividade, a vitalidade.
Câncer – representado pela Lua e pela Água. É o aprendizado em relação à
cautela.
Leão – representado pelo Sol e pelo Fogo. É o emprego da razão.
Virgem – representada por Mercúrio e pela Terra. É o emprego do espírito
analítico.
Libra – representado por Vênus e o Ar. É o equilíbrio entre a construção e a
destruição.
Escorpião – representado por Marte e a Água. Simboliza as emoções e
sentimentos.
Sagitário – representado por Júpiter e pelo Fogo. Simboliza a mente aberta
e o julgamento crítico.
Capricórnio – representado por Saturno e pela Terra. Simboliza
determinação e perseverança.
Aquário – representado por Saturno e pelo Ar. Simboliza o sentimento
humanitário.
Peixes – representado por Júpiter e pela Água. Simboliza o desprendimento
das coisas materiais.
Desta forma os conjuntos de símbolos das colunas zodiacais, utilizadas na
decoração dos templos maçônicos, formam o elo entre a astronomia, signos e
elementos da natureza, formando assim a união perfeita para a caminhada
maçônica.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
Zoccoli, Hiran Luiz. Fundamentos para alteração do R.E.A.A. em harmonia com
as leis da natureza. Curitiba: 1997.

Castellani, José. Liturgia Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom (em todos os


ritos). São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1987.

Cichoski, Luiz Vitório. Fundamentos Operativos nos Graus Básicos. Londrina: a


Trolha, 2012.
Juk, Pedro. Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom. Londrina: A Trolha,
2007.
A.:R.:L.:S.:MANOEL DEMÉTRIO

A IMPORTÂNCIA DO PADRINHO PARA O APRENDIZ MAÇOM

Autores:
CAPRARO, Fernando. Apr.·. M.·.
HANISKIEVICZ, Rodrigo. Apr.·. M.·.
KOSLOSKY, Juliano Koga. Apr M .

Orientadores:
ANDERMAN, Leonel Carlos. M M
MEZZADRI, Carlos Eduardo Rocha M M .

Palmeira
2023
1. Resumo e Introdução

A maçonaria, como uma antiga e respeitada instituição, atribui grande valor


à orientação e ao apoio mútuo entre seus membros. No contexto maçônico, o
padrinho desempenha um papel crucial na jornada de aprendizado do Aprendiz
Maçom, fornecendo orientação, conselho e apoio fraterno. Neste trabalho,
exploraremos a importância do padrinho para o Aprendiz, começando por elucidar
a origem da palavra "padrinho" e, em seguida, fazendo referência a trabalhos
bibliográficos, especialmente aqueles do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Palavras-chave: Padrinho. Aprendiz. Maçonaria.

2. Metodologia

Essa pesquisa apresentará resultados de uma investigação bibliográfica


qualitativa referente ao a importância do padrinho para o aprendiz maçom.
A pesquisa trará os resultados a partir da investigação em livros, artigos
científicos, revistas, jornais, vídeos, entre outros, para falar de fatores referentes ao
assunto que será tratado. Segundo ZAMBONI (2006 apud Cordeiro 2014, p. 121),
“O termo pesquisa significa “busca” ou “procura” “pela resposta para alguma coisa,
uma forma de encontrar resposta sobre o que se busca”. Podemos dizer ainda que
“é a busca sistemática de soluções, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou
princípios relativos a qualquer área do conhecimento humano”.
A pesquisa bibliográfica é obrigatória a qualquer modelo de trabalho,
segundo consta, GIL (2002) apud Cordeiro (2014, p. 123).

Bibliográfica – é um tipo de pesquisa obrigatório a todo e qualquer modelo


de trabalho cientifico. É um estudo organizado sistematicamente com
base em materiais publicados. São exigidas a busca de informações
bibliográficas e a seleção de documentos que se relacionam com os
objetivos da pesquisa. Entre os materiais que podem ser fontes de
informação e conhecimento, os mais utilizados são os livros, revistas
(periódicos), textos da internet, documentários, fitas de vídeo, DVDs, entre
outros. GIL (2002) apud Cordeiro (2014).
Para Lakatos e Marconi (2003, p. 182), “a pesquisa bibliográfica, ou de fontes
secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico, etc”.
Sendo esse tipo de pesquisa uma das formas de qualificar e dar veracidade
ao conteúdo abordado, contribuindo assim para lapidar a pedra bruta.

3. Origem da palavra "Padrinho".

A palavra "padrinho" deriva do termo latino "patrinus", que significa "pai",


“padre” ou "homem que age como pai". O termo é composto por "pater" (pai) e o
sufixo "-inus", que indica posse ou relação. A escolha dessa terminologia indica a
figura paterna e protetora que o padrinho representa para o Aprendiz Maçônico. A
relação entre o padrinho e o afilhado é baseada em um vínculo de confiança,
respeito e apoio mútuo, semelhante ao relacionamento entre um pai e seu filho.
No dicionário, padrinho (substantivo masculino) significa: o que apresenta o
neófito ao batismo; o que serve de testemunha no casamento, doutoramento ou
duelo; protetor.
O termo "padrinho" remonta às sociedades antigas, onde era comum a
existência de uma figura de mentor ou protetor para auxiliar um indivíduo em
determinadas fases de sua vida. Nas culturas romana e grega, por exemplo, havia
o conceito do "patronus", uma pessoa de maior status social que assumia a
responsabilidade de aconselhar e proteger outra pessoa, geralmente um jovem.
Com o advento do cristianismo, a figura do padrinho adquiriu conotações
religiosas. Nas cerimônias de batismo, por exemplo, o padrinho era responsável
por garantir que a criança fosse criada na fé cristã e servir como uma figura de
apoio espiritual ao longo de sua vida. Nesse contexto, a palavra "padrinho" assumiu
o significado de um padroeiro ou guardião religioso.
Quanto a evolução semântica, podemos dizer que ao longo do tempo, o
termo "padrinho" expandiu seu significado além do âmbito religioso. Em diferentes
culturas e contextos, ele passou a representar uma pessoa de confiança, um
mentor ou conselheiro, alguém que assumia a responsabilidade de apoiar e
proteger outra pessoa em momentos cruciais de sua vida. Essa evolução semântica
reflete a importância atribuída ao papel do padrinho nas relações sociais.
A palavra "padrinho" possui uma rica etimologia que se estende desde as
sociedades antigas até os dias atuais. Suas origens históricas e evolução
semântica destacam sua importância como figura de apoio, mentoria e proteção
em diferentes culturas e contextos sociais. Ao compreender a etimologia dessa
palavra, somos capazes de apreciar sua relevância contínua, especialmente neste
caso na maçonaria. Por estes motivos é reconhecido o papel significativo
desempenhado pelos padrinhos na caminhada maçônica.

4. Origem da Função Padrinho na Maçonaria

Ao pesquisar sobre o tema de quando e como começou a função de padrinho


na Maçonaria, encontra-se que ainda quando a maçonaria era operativa, o mestre
de obras que tinha a função de “padrinho” ou “tutor” do aprendiz iniciado, assim
como nos diz, em seu BLOG o Ir.: Pedro Juk:

No que tange aos primórdios da Maçonaria, nela não existia propriamente


a figura poética de um padrinho como conhecemos atualmente na
Moderna Maçonaria. Na Maçonaria operativa ou de ofício o aprendiz
admitido comumente ficava sob a tutela do dono do canteiro de obras,
geralmente ele aprendia o ofício de esquadrejar a Pedra durante 3 anos e
levava mais 2 para receber a recomendação que o levaria a ser recebido
na classe dos companheiros do ofício. Um companheiro trabalhava 7 anos
a mais para receber sua carta de contrato. Era comum que o Aprendiz no
período dos dois últimos anos ressarcisse ao Mestre da Obra as despesas
da sua estada naquele período no canteiro, devolvendo, inclusive, os
valores gastos com a sua alimentação e vestuário inerente ao tempo do
aprendizado. Então nessa época não havia virtualmente a figura poética
do padrinho protetor, tutor, etc. Vale lembrar que na Maçonaria primitiva
(a partir do século X) não existiam graus iniciáticos, mas classes de
operários, isto é, a classe dos Aprendizes Admitidos e a dos
Companheiros do Ofício. Não existia o grau especulativo de Mestre
Maçom, mas apenas o Mestre dirigente da obra, cujo qual era escolhido
entre os Companheiros mais experientes. (JUK, 2023.)
5. A função do Padrinho

Com o advento da Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) a partir do século


XVII e a Moderna Maçonaria a partir do século XVIII, por circunstâncias
organizacionais passou-se a exigir alguém que apadrinhasse o candidato a
ingressar na Ordem, ou seja, a figura do maçom apresentante do proposto à
Iniciação. Era essencialmente quem indicava. O padrinho deve aferir se o
candidato, efetivamente, reuni as qualidades que lhe dá dignidade para juntar-se
aos membros da instituição maçônica como base da filosofia milenar, sempre
oportuna e atual. Ao padrinho Maçom compete conhecer muito bem o candidato,
bem como, necessário se faz conhecer a família do mesmo.
Em verdade a Maçonaria não tem interesse na quantidade de membros,
mas, principalmente na qualidade dos componentes de seu quadro, porque
somente com qualidade é que se perpetuarão seus propósitos e ensinamentos, que
não devem ser conhecidos por não iniciados. A perpetuação da Ordem Maçônica
depende em muito do padrinho, pois, conforme for sua escolha ou indicação terá a
Maçonaria, excelentes obreiros.
Daí uma grande responsabilidade do padrinho na indicação do candidato,
porque deve ele ter perspicácia de saber se seu escolhido pode ou não,
desenvolver as atividades maçônicas na forma como lhes forem ensinadas e
exigidas.
De certo modo o apresentante é o padrinho, guiando-o até a sua maioridade
maçônica, no caso, até quando ele atingir a plenitude maçônica ao alcançar o 3º
Grau.
Para concluir, destacamos que o grau especulativo de Mestre Maçom
somente apareceu em 1725 na Moderna Maçonaria e foi oficializado na Inglaterra
em 1738. Assim, é impossível se imaginar grau de Mestre Maçom nos tempos
primitivos da Maçonaria.

6. A Importância do Padrinho para o Aprendiz Maçom


O padrinho desempenha um papel fundamental na trajetória do Aprendiz
Maçom. Ele atua como guia e mentor, ajudando o Aprendiz a assimilar os princípios
e valores da maçonaria, bem como a compreender os rituais e símbolos. O
padrinho, com base em sua experiência e conhecimento, orienta o Aprendiz em
sua busca por crescimento pessoal, espiritualidade e aperfeiçoamento moral.
Em primeiro lugar, o padrinho é responsável por fornecer uma introdução
adequada ao afiliado, apresentando-o à estrutura organizacional da loja e às
práticas maçônicas. Ele orienta nos primeiros passos da jornada maçônica,
explicando os rituais e cerimônias, bem como a importância dos símbolos e suas
interpretações.
A responsabilidade que tem início na escolha do candidato deve continuar
durante toda a vida maçônica dos dois (Proponente e Candidato), nunca o padrinho
permitindo que seu afilhado se engendre em caminhos tortuosos, orientando-o
sempre da melhor forma, para que o seu convidado possa vir a galgar graus,
exclusivamente por merecimento.
Além disso, o padrinho desempenha um papel crucial na transmissão do
conhecimento maçônico. Ele compartilha sua sabedoria e experiência, ajudando o
Aprendiz a compreender os ensinamentos contidos nos rituais e a aplicá-los em
sua vida cotidiana. O padrinho oferece orientação sobre os princípios éticos da
maçonaria, auxiliando e incentivando o afiliado a se tornar um cidadão melhor e um
membro ativo da sociedade.

7. O relacionamento entre o padrinho e o Aprendiz

Vai além do aspecto ritualístico e acadêmico. O padrinho também


desempenha um papel fraterno, fornecendo apoio emocional e encorajamento
durante a jornada maçônica do Aprendiz. Ele está lá para ouvir, aconselhar e
inspirar o Aprendiz, ajudando-o a superar desafios e dificuldades que possam
surgir.

8. História de um padrinho de um aprendiz muito conhecido


Luiz Gonzaga do Nascimento, grande cantor e compositor brasileiro,
também conhecido como rei do Baião, uma das mais importantes figuras da música
popular brasileira, como diz sua música “Acácia Amarela”: um feliz operário daquela
casa direita, que é tão justa e perfeita, nosso irmão maçom, teve como seu padrinho
maçônico o Ir.: Florentino Guimarães, como nos diz a seguinte citação retirada do
artigo “Luiz Gonzaga na Maçonaria” postada no site da ARLS.: Campos Salles:
Luiz Gonzaga é Iniciado, na Maçonaria, na ARLS.’. “Paranapuan” Nº:
1477, do Grande Oriente do Brasil, Or.’. da Ilha do Governador/RJ, do Rito
Moderno” ou “Francês”.em 03 de abril de 1971 – Tendo como seu
“padrinho” o Irmão Florentino Guimarães, membro do quadro da Loja
Paranapuan.”(¹). (GRANATO, 2017)

Sobre sua vida maçônica, ressalta-se:

Grau de Companheiro Maçom: Elevado em 14 de dezembro de 1972


Grau de Mestre Maçom: Exaltado em 05 de dezembro de 1973.
Na Maçonaria dos Altos Graus ou Filosóficas, foi iniciado no Grau 4, em 29
de agosto de 1984. No Subli .’. Cap.’. “Paranapuan”, jurisdicionado ao Supremo
Conselho do Brasil para o RFAA.
O G.’. A.’. D.’. U.’., nos seus desígnios, requisitou o irmão Luiz Gonzaga para
uma outra missão.

Sofrendo de câncer na próstata e osteoporose, passou 42 dias internado no


“Hospital Santa Joana”, na cidade de Recife. Agravados seus males físicos, viajou
para o Oriente Eterno na madrugada de 02 de agosto de 1989, com 76 anos de
idade, em consequência de parada cardíaca por pneumonia.

9. Considerações finais

A figura do padrinho é de extrema importância na trajetória do Aprendiz


Maçom. Ele desempenha múltiplos papéis, como guia, mentor, transmissor de
conhecimento e apoio fraterno. Através de uma relação de confiança e respeito, o
padrinho auxilia o Aprendiz a assimilar os princípios maçônicos, a crescer
espiritualmente e a se tornar um maçom dedicado aos valores da fraternidade,
igualdade e aperfeiçoamento pessoal. Os trabalhos bibliográficos oferecem
perspectivas valiosas sobre a importância do padrinho na jornada maçônica do
Aprendiz, enriquecendo a compreensão e o apreço por esse vínculo significativo.
Esse estudo não tem pretensão de esgotar o assunto abordado pois, existe
um imenso território ainda a ser estudado com muitas novas descobertas sobre o
a importância do padrinho para o aprendiz. Dentro desse vasto tema e dos
caminhos maçônicos, ainda há muito a percorrer e muitas coisas para descobrir.

Referências

CORDEIRO, Gisele do Rocio. Orientações e dicas práticas para


trabalhos acadêmicos / Gisele do Rocio Cordeiro, Nilcemara Leal Molina; Vanda
Fattori Dias (Org). – 2.ed.rev.e atual. – Curitiba: InterSaberes, 2014.

Etimologia da palavra “Padrinho”. Disponível em:


https://www.dicio.com.br/padrinho/#:~:text=Significado%20de%20Padrinho&text=
Par aninfo%20ou%20patrono%3B%20quem%20foi,Do%20latim%20patrinus .
Acesso em: 15 jun. 2023.

FORATO, Denilson. O dever de um padrinho Maçom. Disponível em:


https://www.freemason.pt/o-dever-de-um-padrinho-macom/ . Acesso em: 18 jun.
2023.

GRANATO, Paulo Sérgio. Luiz Gonzaga na Maçonaria. Disponível em:


http://lojacampossalles2654.com.br/artigo/luiz-gonzaga-na-maconaria/ . Acesso
em: 10 jun. 2023.

JUK, Pedro. O PADRINHO NA MODERNA MAÇONARIA. Disponível em:


http://pedro-juk.blogspot.com/2023/01/o-padrinho-na-moderna-maconaria.html.
Acesso em: 18 jun. 2023.
JUK, Pedro. PADRINHO - PAI E FILHO. INDICANTE E INDICADO NA
MAÇONARIA. Disponível em: https://pedro-juk.blogspot.com/2020/05/padrinho-
pai-e-filho-indicante-e.html . Acesso em: 20 jun. 2023.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos


de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.
NUNO, Raimundo. A importância que um Padrinho tem na formação de
um maçom. Disponível em: https://a-partir-pedra.blogspot.com/2014/11/a-
importanciaque-um-padrinho-tem-na.html . Acesso em: jun. 2023.

Significado da palavra “Padrinho”. Disponível em:


https://www.meudicionario.org/padrinho . Acesso em: jun. 2023.
Significado da palavra “Padrinho”. Disponível em:
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/padrinho . Acesso em: 15
jun. 2023.
A.·.R.·.L.·.S.·. MIGUEL ABRÃO AJUZ NETO Nº 3084
Federada ao Grande Oriente do Brasil
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – Paraná

CAMARA DE REFLEXÃO
PARTE TEÓRICA Grau 1 – Aprendiz Maçom

Autor do Trabalho: LEANDRO M. GASPARELO (A M )


Orientador: JOSÉ R. NATULINI FILHO (M M )

Rito em que o Trabalho está baseado:


RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO - REAA

Ponta Grossa – PR
2023
INTERPRETAÇÃO DA CÂMARA DE REFLEXÃO

Todas as escolas iniciáticas da antiguidade usaram em seus ritos a câmara


de reflexão. Ela perde-se nos tempos, se falarmos que os egípcios introduziam os
iniciandos em uma espécie de tumba e desenvolviam o cerimonial da morte de
Ozires assassinado por seu invejoso irmão Tifon que o mandou deitar-se em um
sarcófago para medi-lo, fechou-o e jogou-o nas águas do Rio Nilo, onde o corpo de
Ozires foi despedaçado em quatorze pedaços. Sua esposa Ísis, junto com seu filho
Hóros empenhou-se no cansativo trabalho de juntar os pedaços do deus Sol.

Figura 1: Oferendas a Osíris: Tothmea está em posição de oferendas, dedicando vinho,


para uma das principais tríades religiosas do Antigo Egito, formada pelos deuses Osíris, Ísis e Hórus.
Este sinal é uma maneira da falecida solicitar proteção e paz para toda a sua eternidade.

Os povos egípcios (alto Egito) 1, semitas (sul da Mesopotâmia – Ur) 2,


Etíopes 3 e Núbios 4 são os remanescentes do terceiro cataclisma e afundamento
da Atlântida (segundo Platão séculoVI a.C.). Diversos povos contam este fato como
o dilúvio entre os hebreus e árabes. Fundaram eles Escolas Iniciáticas de cunho
exotérico (conhecimento das ciências) e esotéricas (conhecimento da Arte Real),
cujo fato encontramos nos relatos dos Evangelhos Apócrifos, como os
descendentes dos construtores de Henoch. O costume de desenrolar a iniciação
em forma de teatro, foi o modo que os sacerdotes encontraram de dramatizar a
história da Criação do Mundo, a trajetória do Sol com seu nascimento (o raiar do
dia), sua estabilidade (quando se encontra no Zênite, meio-dia) e seu poente (o
mergulho no Mar de Hades), onde o barqueiro Caronte acompanhado de seu cão
Cérbero recolhia do defunto uma moeda e o atravessava até o inferno (inferus),
onde deveria este se deparar com todos os seus pecados e desejos. Vencendo a
morte o defunto teria permissão para nascer num novo dia.

Figura 2: Caronte atravessando as Sombras

Pierre Subleyras, Caronte atravessando as Sombras, 1735-40, Museu do


Louvre, Paris.
Antes da construção da pirâmide de D’zoser (a primeira construída no Egito),
tendo como arquiteto o mestre Hinmoteph e as posteriores do Vale do Nilo no Cairo,
Quéops, Kéfren e Miquerinos, os egípcios introduziam os neófitos na mastaba
(tumbas cavadas na rocha) e os faziam passar pelas provas do fogo, do ar, da água
e da terra. Eram provas que os neófitos realmente corriam perigo em sua vida,
então, através de inalação de gases alucinógenos, os sacerdotes os iniciavam nos
Mistérios Maiores se voltassem com vida das provas.
Pitágoras de Samos (590/505 a.C.), partiu da Grécia e foi buscar a iniciação
entre os egípcios, onde aprendeu a verdadeira Geometria e a Música das Esferas.
Voltando à sua terra natal, montou mais tarde na cidade Crotona em 530 a.C. uma
escola com mais de seis mil discípulos que após um período de cinco anos de
silêncio e introdução à Geometria, começavam a preparar-se para a Filosofia.
Hoje vivemos numa época em que a tecnologia, a cibernética e os avanços
das ciências não cabem mais sermos operativos e nos expormos aos testes
iniciáticos.
Com o advento do Iluminismo e consequentemente a compreensão da
Razão, o homem iniciado passa por provas simbólicas nas diversas Escolas
Iniciáticas.
A Maçonaria como uma Ordem Iniciática e Progressista, adaptou seus
símbolos e ritos de forma que ao pisarmos na senda do conhecimento tenhamos a
compreensão do que se sucedia com nossos Irmãos do passado.
No Rito Escocês Antigo e Aceito, o iniciado é introduzido em uma Câmara,
não mais de suplícios, mas de Reflexão. Lembra-nos as masmorras em que os
homens livres-pensadores eram encerrados, despidos de todos os seus bens e na
completa escuridão e sem contato com o mundo exterior. Lá, no fundo da
masmorra, restava ao homem livre somente sua convicção que a verdade triunfaria
sobre a tirania e que o Deus de seu coração jamais o abandonaria.
Sobre este ideal, os homens-livres e de bons costumes, nos deixaram um
mundo melhor, onde a liberdade de pensamento, o livre arbítrio e a constituição de
um Estado Democrático, onde as leis seriam respeitadas para que houvesse justiça
e os homens fossem iguais em direito.
Todos os símbolos apresentados na Câmara de Reflexão são significativos
do ponto humanístico e iniciático:

A escuridão em que nos encontrávamos, lembra-nos a cegueira em que


estávamos absorvidos pelo absolutismo e aceitávamos que uma classe de
privilegiados nos dirigissem sem liberdade de pensamento.
Os símbolos fúnebres, como o crânio e tíbias nos fazem ver que nós somos
só um mundo de aparências em que habitamos. O homem é um ser vivente, em
seu interior há uma alma imortal. As posses, títulos e honrarias, são um estado
passageiro onde não há virtudes.
O galo simboliza nossa consciência desperta para não sermos subjugados
pelos vícios.
Os elementos sal, enxofre e mercúrio nos lembram o uso que os nossos
Irmãos alquimistas (hoje, químicos) faziam para explicar que o mundo físico (sal)
deveria religar-se ao espiritual (enxofre) pelo elemento de ligação entre ambos
(mercúrio).
O pão é o símbolo do corpo de Cristo dado em holocausto para remissão
dos pecados dos homens.
A bilha com água é o recipiente que guarda o líquido sagrado primordial, o
solvente universal.
A ampulheta é o símbolo do tempo que o iniciado terá que entender, visto
que o tempo é uno-trino, pois o futuro é observado de um presente, já escrito pelo
seu passado. Ele é uma concepção do estado da alma. O tempo de uma pessoa
não é igual ao de outra, pois a medida acordada para medi-lo é uma interpretação
individual.
A palavra vigilância é análoga ao galo, nos lembra de estarmos atentos
para não incorrermos nos vícios.
A palavra perseverança é a lembrança para que o agora profano, quando
se tornar Maçom, deverá insistir na caminhada da virtude e dos estudos.
A palavra VITRIOL é um axioma latino usado na idade média pelas Escolas
Iniciáticas e quer dizer:

Visita - Visita
Interiora - O interior
Terrae - da Terra
Rectificando - Retificando
Invenies - Descobrindo
Occultun - a Oculta
Lapidem - Pedra
É o mesmo que a frase escrita no frontispício do Templo de Delfos:
“Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás universos e deuses”.
Pois somente buscando no fundo de seu ser o homem descobrirá a Pedra Oculta,
antes, o D-us Onisciente que ali habita, transformando-o Uno com o Pai. A visita
interior ou a introspecção no silêncio profundo é um ato de fé lembrando na oração
ensinada por Jesus Cristo:

Lucas, Cap. 6; Vers. 9: “Pai nosso que estais no céu (nas 3 sefiroth
ocultas), santificado seja teu nome (inefável); venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na Terra (10ª sefirá – malkuth - reino), como no céu (1ª sefirá -
kether – coroa)” (assim como encima é embaixo – Hermes Trimegistro).
Nada mais precisaríamos buscar além da Câmara de Reflexão. É um campo
vasto de sabedoria e filosofia, nos dando a oportunidade de desbastarmos a Pedra
Bruta até encontrarmos a nossa Pedra Filosofal pregada pelos Sábios da
Antiguidade.

NOTAS
República Árabe do Egito, NO da África, cortado de norte a sul pelo Rio Nilo,
ao norte o Mar Mediterrâneo, a leste o Mar Vermelho e ao sul pelo deserto da Núbia.
SO da Ásia, hoje Iraque.
República Democrática da Etiópia, ex-Albissínia, Leste da África.
Deserto da Núbia no Sudão, cortado pelo Rio Nilo e banhado pelo Mar
Vermelho, NO da África.

REFERÊNCIA BIBLIGRÁFICA

Ritual de aprendiz – G.·.O .·.E .·.R.·.J.·. – 2001.


A bíblia sagrada – FERREIRA, João de Almeida – 1981.
Dicionário ilustrado de maçonaria – DODEL, Sebastião dos Santos – 3ª ed. 1994.
Atlas mundial – ed. brasileiras – 2ª ed. – 1999.
AUG E RESP LOJ SIMB PHILANTROPIA GUARAPUAVANA 0237

RITUAL DAS VELAS

Trabalho apresentado no 22º ERAC da Macrorregião dos Campos Gerais.

Participantes:
ALCEU MORES A.˙. M.˙. – CIM 332765;
FERNANDO BLASZKOWSKI A.˙. M.˙. – CIM 337449;
FERNANDO GUINÉ JUNIOR A.˙. M.˙. – CIM 332766 (RELATOR);
MAURICIO CORADASSI A.˙. M.˙. – CIM 337448;
RAPHAEL PETERSON WALTER A.˙. M.˙. – CIM 332768 (RELATOR);
EDGAR BERTHOLDO SANTA C.˙. M.˙. - CIM: 330093;
JONY PRESTES DE LIMA JUNIOR C.˙. M.˙. - CIM: 330094;
ORIENTADOR: MAURICIO JULIO CAMPOS M.˙. M.˙. – CIM 311136.

O presente trabalho é baseado na simbologia Maçônica Geral e pela comparação entre o


Rito Escocês Antigo e Aceito, Rito Adonhiramita, Rito de Schröder e Rito Brasileiro.

GUARAPUAVA - PR
2023
1. INTRODUÇÃO

1.1 A VELA E SUA SIMBOLOGIA

O sábio Pitágoras disse: “acendei luzes [fogo], toda vez que fordes falar das
coisas sagradas”. Em todos os tempos e em todos os rituais a presença desse
elemento se faz presente, somado à Terra, ao Ar e à Água, forma os quatro
elementos essenciais à vida. (Louro, 2006, p. 60).
Embora o surgimento da vela seja uma dessas matérias que tem a precisão
de sua origem perdida no desenrolar da história, é consenso que primeiro se teve
notícia de sua utilização entre os chineses entre 221 a.C. e, pelos romanos, a partir
de 500 a. C. (História da fabricação de velas, 2022). E, sendo sua chama fonte de
luz, inúmeros são os símbolos que tão simples objeto carrega.
Como por exemplo, o Dicionário de Símbolos de Chevalier e Gheerbrant,
assim o definem:
O simbolismo da vela está ligado ao da chama. Na chama de uma candeia todas as forças
da natureza estão ativas, dizia Novalis.
A cera, a mecha (pavio ou torcida da vela), o fogo, o ar, que se
unem na chama ardente, móvel e colorida, são eles próprios uma síntese
de todos os elementos da natureza.
Mas esses elementos estão individualizados nessa chama
isolada. A vela acesa é como o símbolo da individuação ao cabo da vida
cósmica elementar que nela se vem concentrar. […].
Símbolo da vida ascendente, a vela é alma dos aniversários.
Tantas velas, tantos anos e tantas etapas no caminho da perfeição e da
felicidade. […]. Assim, também, as velas que ardem aos pés de um
defunto – os círios acesos – simbolizam a luz da alma em sua força
ascencial, a pureza da chama espiritual que sobe para o céu a perenidade
da vida pessoal que chega ao seu zênite. (Chevalier, Gheerbrant. 2015).
Como Spoladore (1991) ensina:
Uma vela dentro da nossa ritualística, quando acesa, funciona como um
emissor-repetidor das vibrações mentais nela enfocadas e concentradas.
Enquanto estiver ardendo ficará repetindo o propósito pelo qual foi acesa.
Ela é, pois, o símbolo do Fogo Sagrado emitido pelo GADU.
Com igual certeza, toda carga simbólica é percebida nos trabalhos
Maçônicos que, neste, detém sua própria simbologia, como se pretende demonstrar
no presente trabalho, ainda que não exauriente.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1 A SIMBOLOGIA DA VELA NA MAÇONARIA

Para Boucher “s.d” (p. 131): “as velas dentro da simbólica Maçônica
receberiam o nome de Estrelas, deveria então se
dizer ‘Tornar Visíveis as Estrelas’, no lugar da
prosaica expressão ‘acender as velas’”. Continua,
ao afirmar que, “no Templo Maçônico, as velas são
um Fogo sagrado e não um mero detalhe do Ritual.
Esse é o motivo pelo qual esse costume não deveria
ser abandonado” (Idem).
Na Maçonaria, há muitos momentos em que
a luz desempenha uma função iniciática. As luzes
colocadas na mesa do Venerável, em número de
três, representam a fonte da Ciência, Virtude e
Verdade.
Figura 1 –
Castiçal com vela ou Estrela

A do Primeiro Vigilante, também tríplices, representam a Constância, o


Estudo e Progresso. As luzes trinas do Segundo Vigilante representam a Liberdade,
a Igualdade e a Fraternidade. (Camino, “s.d”, p. 90).
Toda vela, ao ser acesa, ou será como iluminação, ornamento ou, então,
fará parte de um ritual onde a concentração mental e a chama como elemento
simbólico comporão um processo especial onde acontecerá uma intenção (Idem).
Ensina Hercule Spoladore (1991, p. 56), “A vela utilizada na Maçonaria como
Litúrgica é uma vela grande chamada Círio, a qual deverá ter mais de 50% de cera
de abelha em sua composição”.
A cera de abelha nos círios, era utilizada para garantir maior pureza à chama,
trazendo consigo a simbologia de tal animal, Spoladore (1991, p. 57), citando
Boucher, ensina que “as abelhas emprestaram à Maçonaria o Símbolo do
Trabalho, Justiça e Esperança”, sendo sua utilização, aos poucos, substituída
devido aos custos e praticidade.
Na Maçonaria, as velas participam de um simbolismo muito profundo quando
da invocação de Deus, no início de suas sessões ritualísticas. É importante o uso
da força de vontade e o desejo mental quando se acende uma vela. (Spoladore,
1991, p. 55).
Ainda, segundo o mesmo autor:
Segundo alguns autores, as velas, na época das corporações e
das guildas, seriam para ofertas votivas. Nos dão a ideia de que os
Maçons operativos promoviam a guarda de votos de gratidão por graças
recebidas.
O uso da vela em loja seria continuação de um costume muito
antigo, seja religioso ou não. A tradição maçônica está ligada a todas as
filosofias e a quase todas as religiões. […].
Mas, de qualquer forma, as velas, desde as épocas mais
distantes, representam a Sabedoria, a Iluminação, o Conhecimento,
Realização Espiritual e ainda a Alma Imortal.
Os Maçons pertencentes a Grande Loja de Londres, fundada em
1717, eram chamados de Modernos. Os Modernos acendiam velas,
liturgicamente, provavelmente Círios em seus candelabros e as
chamavam as Três Grandes Luzes, que representariam as três posições
do sol em seu trajeto diurno. Diziam também que elas significariam o Sol,
a Lua e o Venerável da Loja. Os Antigos admitiam as três velas como
pequenas Luzes que representariam o Venerável e os dois Vigilantes.
(Spoladore, 1991, p. 55 e 59).
Ou seja, desde à época dos Trabalhos, quando ainda Operativos, as velas
são utilizadas de forma simbólica, servindo, mesmo, para indicar as Luzes dentro
da Loja, como ainda hoje reconhecidas: Venerável e Vigilantes. (Spoladore, 1991,
p. 55 e 59).
Figura 2 – Altar com Círios e Candelabro.
Quanto ao número de velas e sua disposição:
Variam conforme os costumes, grau, Rito e até a Potência à qual pertence
a Loja. No fim do século XIX, as velas foram colocadas ao lado do
Venerável e dos lados dos dois Vigilantes. Hoje em dia, usa-se uma vela
em cima dos Altares das Luzes, além de três, ou uma, localizada junto ao
altar dos
Juramentos ou Painel da Loja, variando com o Rito. (Spoladore, 1991. p.
60).
Boucher (“s.d”, p. 129), coloca ainda que: “ O Templo deve ser
simbolicamente iluminado por chamas. Deveria haver três velas para o grau de
Aprendiz, cinco para o Grau de Companheiro e sete para o grau de Mestre. “
Segue o autor, “há, assim, no Templo, seis Luzes: três no mundo dos
arquétipos e três no mundo realizado […]. As seis velas deveriam estar acessas
durante toda a reunião” (Idem).
Certo de que as colocações que fazem os citados autores, tratam-se de
simbologia geral dos Trabalhos Maçônicos, cabendo o regramento específico a
cada Loja, com suas Obediências e Ritos:
Atualmente, não há um parâmetro para a comparação ou estudo mais
sério a respeito, tudo fica por conta de uma tradição que foi muito
modificada ou, então, invenção dos Maçons através dos tempos que
acabou, após o uso rotineiro, sendo considerado tradição.
Posteriormente, com a criação de novos Ritos na Maçonaria, foram
criados até procedimentos ritualísticos, como é o caso do Rito
Adonhiramita e o Rito de Schröder. Já o Rito Francês, ou moderno, aboliu
definitivamente o uso de velas com finalidades litúrgicas, bem como o altar
dos Juramentos e a Bíblia. Além das três velas sobre os Altares das Luzes,
é comum, em muitas Lojas, observarmos velas em cima dos Altares do
Orador e Secretário, além das três velas místicas que triangulam o altar
dos Juramentos donde está a Bíblia aberta. Estas três velas
representariam os três aspectos da Divindade: Onisciência, Onipresença
e Onividência. (Boucher, “s.d”, p. 129).

2.2 A VELA E SEU SÍMBOLO NA CÂMARA DE REFLEXÃO

Sabido que, no REAA, podendo variar em outros Ritos, dentro outros


elementos, se encontra uma vela acesa dentro da Câmara de Reflexão. Quanto ao
seu símbolo, ensina Aslan (“s.d”, p. 53) que:
Seu clarão tremeluzente pode ter várias interpretações. Nele, podemos
ver a primeira Luz da Maçonaria que o profano recebe. De início fraca,
para que o profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere,
possa acostumar sua visão espiritual à Luz deslumbrante das verdades
que lhe serão reveladas.
O autor ensina ainda outra interpretação de tal símbolo, qual seja:
Segundo outra interpretação, ao entrar neste polo mal iluminado, o
profano entrevê despojos humanos, símbolos da vida real, da verdade
brutal, privada do véu das ilusões, a verdade em toda a sua crueza e
nudez.
Este clarão simboliza então a lâmpada da razão, iluminando o fundo do
poço, que não é outra coisa se não o interior do homem, dando-lhe assim
a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre à sua frente,
mundo do qual ele não pode fazer uma ideia precisam mas que a iniciação
há de lhe descobrir, quando passada as provas simbólicas. […] Retirada
então a venda que lhe cobre os olhos, poderá ver, finalmente, a
Verdadeira Luz em todo o seu Resplendor. (Aslan “s.d”, p. 53).

2.3 VELAS DE HONRAS

Cita ainda Nicola Aslan, em outra de suas obras, o ritual Maçônico no qual
há o costume de receber altos dignatários em Loja com estrelas:
Trata-se de um costume antiquíssimo, já existente entre os romanos e que
a igreja romana primitiva veio adotar. J. Boucher consigna, em sua obra,
um costume interessante da Maçonaria Francesa: Quando um visitante
eminente é introduzido no Templo, precede-o o Mestre de Cerimônias
portanto uma Estrela. Trata-se de uma tradição que pode ser encontrada
numa antiguidade longínqua. Não é para iluminar o visitante que o fazem
proceder por uma Estrela, é para simbolizar a Luz que ele representa (p.
119). (Aslan. 2012, p. 1.432).

3. O RITUAL DE ACENDIMENTO DAS VELAS

Como já referenciado, o acendimento das Velas, ritualístico ou não, segue o


que é determinado pelo Rito e sua Obediência, existindo variação entre eles:
O acendimento das velas na Maçonaria obedece a alguns princípios que
seguem antigas tradições: sempre o Fogo Sagrado deverá vir do Oriente,
pois toda sabedoria vem do Oriente. As velas não podem ser acesas por
isqueiros à gasolina, fósforos enxofrados ou qualquer outro meio que
produza fumaça fétida. A Vela no altar do Venerável deverá ser acesa
através de uma vela intermediária para que a chama possa ser pura.
Igualmente, ao apagá-la, não poderá se com o hálito, que é considerado
impuro, ou com a mão. Devemos usar um velador adaptado com um
abafador. (Spoladore, 1991, p. 61).

Ensina Oswaldo Ortega (1997, p. 65), que:


Em uma análise isenta de sentido outro que não a sua razão ‘de assim
ser’ que a união em trilogia das palavras, Sabedoria, Força e Beleza,
dirigida às Luzes da Loja, unida ao Acendimento de velas, foi o de tentar
demonstrar de maneira hermetizada, a doutrina filosófica do Rito
[Adonhiramita], que é teísta e desenvolve suas ações ritualística em uma
liturgia, praticamente culturalreligiosa, sendo de se lamentar e talvez seja
esse um dos motivos […] que a Grande Loja Unida da Inglaterra não
reconhece como regular.

Quanto sua prática, passaremos brevemente nos Ritos


Escocês Antigo e Aceito, Adonhiramita e Schröder, conforme adiante.

3.1 ACENDIMENTO DAS VELAS NO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO


De conhecimento geral que o Rito Escocês Antigo e Aceito não adota
qualquer cerimônia quanto ao acendimento de velas em seus trabalhos, sobre o
assunto, bem pontua José Castellani (1989, p. 67):
Muitas Lojas Escocesas costumam colocar três velas em todo do altar de
Juramentos, o que não é original do Rito, mesmo porque, o primitivo Rito
Escocês Antigo e Aceito não possuía esse altar isolado, sendo os
juramentos tomados sobre o Altar (único) à frente do Trono do Venerável.
Depois é que foi inventado um tamborete, colocado à frente do Altar e
considerado como uma extensão deste, que acabaria sendo promovido à
condição de Altar dos Juramentos. Por isso é que se admitem essas três
velas, embora isso não exista no original Escocismo.

Figura 3 – Velas ou Círios no Autor de Juramentos.

A mesma lição é repetida por Walter Pacheco (“s.d”, p. 37):


O acendimento das velas não é um ato litúrgico inerente ao REAA,
todavia, no Brasil, o Cerimonial de acendimento de velas adquiriu
proporções especiais por duas razões básicas: Primeiro, em face da
origem Adonhiramita da Maçonaria Brasileira; Segundo, pelas
características sentimentais e de espiritualização do próprio Maçom
brasileiro. De um modo geral, o povo brasileiro gosta de acender velas.

Entendimento que é esposado por Castellani, qual faz a seguinte colocação:


No Rito Escocês isso não existe. Quanto às Luzes em torno do Altar dos
Juramentos, elas também não existiam no primitivo Rito Escocês. […]. A
colocação dos três castiçais, todavia, embora em desacordo com o as
instruções originais, é um hábito que vai generalizando. (Castelanni. 1992,
p.69).

De forma mais direta, Pedro Juk, repetindo os ensinamentos destacados,


esclarece o seguinte sobre o tema:
No Rito Escocês Antigo e Aceito não existe cerimônia de acendimento de
velas. As luzes litúrgicas somente são aquelas colocadas sobre o Altar
ocupado pelo Venerável Mestre e mesas dos vigilantes, acesas estas de
acordo com o grau de trabalho da Loja. Assim o Ritual do Grande Oriente
do Brasil não prevê esse procedimento. O que pode causar confusão
nesse sentido é que algumas Lojas ainda não adotaram a iluminação
elétrica relacionada a essas Luzes. Assim é permitido, porém sem
qualquer cunho místico, o uso de velas nessa representação. No caso do
acendimento destas para a sessão, o Mestre de Cerimônias cumpre essa
missão simplesmente para acendê-las e nada mais. […]. Em sendo as
luzes, velas, o Mestre de Cerimônias na abertura acende primeiro a Luz
correspondente ao Venerável, em seguida a do Primeiro Vigilante e
conclui no Segundo Vigilante. No encerramento o procedimento é inverso
somente para distinguir daquele da abertura. Nesse ato o Mestre de
Cerimônias não deve fazer reverências, inclinação de corpo, maneios de
cabeça etc. Nesse ofício, ele apenas e tão somente acende a Luz, já que
elas não são no caso elétricas. […]. (Juk, 2014).

Ou seja, como colocam citados doutrinadores, no REAA, o acendimento das


velas pelo Mestre de Cerimônias, se resume a mero procedimento mecânico,
desprovido de qualquer forma cerimonial. Sendo exatamente o oposto quanto aos
Ritos adiantes explicitados.

3.2 RITUAL DE ACENDIMENTO DAS VELAS NO RITO ADONHIRAMITA

O referido Rito realiza o acendimento de suas velas de modo cerimonial, qual


se chama Cerimônia do Fogo.
Sobre esse, Hercule Spoladore (1991, p. 62) esclarece o seguinte:
Neste Rito, esta passagem ritualística chama-se Cerimônia do Fogo.
Antes do início das sessões, o Arquiteto acompanhado do Cobridor,
acende o Fogo Eterno, que é uma vela grande que fica situada no Oriente
entre o Altar dos Juramentos e o Altar do Venerável.
Após a Cerimônia de Incensação, o Venerável ordena ao Mestre de
Cerimônias que realize a Cerimônia do Fogo.
O Mestre de cerimônias, com um velador ou acendedor, apanha a
Sagrada Chama junto ao Fogo Eterno, a qual será conduzida ao Altar do
Venerável. Este ao receber ao velador, ergue-o até a altura de sua face
e diz: “Que a luz de sua sabedoria ilumine os nossos trabalhos”. Em
seguida acende sua vela e complementa: “A sua Sabedoria é Infinita”.
O Mestre de Cerimônias leva a chama ao Altar do Primeiro Vigilante, que
igualmente ergue o velador e diz: “Que a Luz da sua Força nos assista em
nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Força é Infinita”.
Repete-se o mesmo procedimento com o Segundo Vigilante, este dirá:
“Que a Luz da sua Beleza manifeste-se em nossa Obra”. Acende sua vela
e diz: “Sua Beleza é Infinita”.
O Mestre de Cerimônias apaga sua vela com o abafador e comunica ao
Venerável que terminou a cerimônia. (Spoladore, 1991, p. 62)

Portanto, o Mestre de Cerimônias, portando o Fogo, o conduz até as Luzes


da Loja, qual cada um fica responsável pelo acendimento de sua vela e pelas
Evocações pertinentes.
No encerramento, se repete o procedimento:
No final da sessão, o Venerável determina ao Mestre de Cerimônias que
proceda o Adormecimento do Fogo.
Quando então vai ao Segundo Vigilante e entrega-lhe o abafador, este
adormece a chama dizendo: “Que a Luz da Sua Beleza continue a flamejar
nossos corações”.
Em seguida, o Mestre de Cerimônias vai até o Primeiro Vigilante e este
adormece sua Chama dizendo “Que a Luz da sua Força permaneça em
nossos corações”.
Finalmente, ao Venerável, e este, ao adormecer sua chama, dirá “Que a
Luz da Sabedoria prossiga habitando nossos corações”.
O Mestre de Cerimônias retorna ao seu lugar e comunica que procedeu a
cerimônia de Adormecimento do Fogo. (Idem)

Já no Rito de Schoereder, o Ritual se desenrola com algumas diferenças,


como demonstrado adiante:

3.3 RITUAL DE ACENDIMENTO DAS VELAS NO RITO DE SCHRÖDER


Neste Rito, os acendimentos são realizados pelo Primeiro Diácono e também
pelas Luzes da Loja, ou seja, pelo Venerável e pelos Vigilantes, que saem de seus
altares para o procedimento.
Pontua Hercule Spoladore (1991, p. 63), da seguinte forma:
Já no início da sessão, deverá estar acesa, no altar do Venerável, uma
vela fixa, chamada Luz do Mestre.
O venerável entregará ao Primeiro Diácono uma pequena vela que foi
acesa na Chama Sagrada do Mestre.
O Primeiro Diácono vai até o altar do Segundo Vigilante e acende sua
vela. A seguir, vai até o Altar do Primeiro Vigilante e acende sua vela.
Segue, então, pelo Norte e vai até a Coluna Jônica que está em cima do
tapete e aguarda o Venerável entregando-lhe sua pequena vela.
O Venerável acende, com esta pequena vela, o círio da Coluna Jônica e
diz: “Sabedoria, dirija nossa Obra”.
O Primeiro Vigilante acendendo o círio da Coluna Dórica dirá: “Força,
execute-a”. O Segundo Vigilante, acendendo o círio da Coluna Coríntia
dirá: “Beleza, adorne-a!”.

No encerramento da sessão, o autor coloca o seguinte:


No final da sessão, o Venerável e Vigilantes se colocarão junto às suas
Colunas representativas, que estão localizadas em três cantos do Tapete.
As velas vão sendo apagadas e as Luzes da Loja dirão pela sequência:
Primeiro Vigilante: “A Luz se apaga, mas que em nós atue o Fogo da
Força”.
Segundo Vigilante: “A Luz se apaga, mas que fique, em torno de nós, o
brilho da Beleza”.
Venerável: “A Luz se apaga, mas que, sobre nós, continue a brilhar a Luz
da Sabedoria”. (Idem).

Apesar dos pontos distintos, igualmente as luzes litúrgicas são acesas com
suas evocações ao Divino, para o auxílio na abertura, para condução dos trabalhos
e em seu encerramento.

3.4 RITUAL DE ACENDIMENTO DAS VELAS NO RITO BRASILEIRO


Novamente, apesar de algumas diferenças específicas, o Ritual em si guarda
similitude com os outros aqui referidos.
No Rito Brasileiro, é também chamado de Cerimonial de Acendimento e
Amortização das Luzes. Nos ensina João Dias (“s.d”):
[…] No Altar de Juramentos obrigatório usar velas. Nos demais, admite-
se o uso de lâmpadas. Os irmãos devem estudar o simbolismo das velas
e todo o esoterismo existente em acendê-las e mantê-las acesas.
A Cerimônia do Acendimento e Amortização das Luzes, com palavras
sacramentais, passa a ser atribuição do Ven.’., 1º Vig.’. e 2º Vig.’., em
todas Sessões.

Explica ainda o Grande Procurador do Supremo Conclave do Brasil que, no


Rito, as velas adotam diferente simbologia conforme sua cor:
Azul, Simbolizando a Sabedoria, a Onisciência Divina. Vermelha, a Força, a Onipotência
Divina. A Branca, simbolizando a Beleza, a Onipresença Divina. (Dias, “s.d”).

Quanto ao acendimento, as velas são acesas pelas próprias Luzes da Loja,


não pelo Mestre de Cerimônias, como é colocado por Fernando de Faria (1990),
citado por Dias:
O Acendimento das Luzes, com as respectivas evocações, diretamente
efetuado pelo Ven.’. e os VVig.’. – não pelo M.’. de CCer.’. Assim
procedemos por considerar a importância desse ato litúrgico. […]
Não é significativa, simbólica e esotericamente, que a LUZ PESSOAL
(VEN.’.), símbolo da SABEDORIA, evoque a LUZ MÍSTICA que
representa a ONISCIÊNCIA DIVINA?
No mesmo sentido, os dois VVig.’., a LUZ PESSOAL símbolo do PODER
(1º Vig.’.) evocando a LUZ MÍSTICA que representa a ONIPOTÊNCIA
DIVINA, e a LUZ PESSOAL símbolo da BELEZA (2º Vig.’.), evocando a
LUZ MÍSTICA que representa a ONIPRESENÇA DIVINA.” (Idem).

Ou seja, o Venerável e os Vigilantes, quando no momento do acendimento,


deixam seus Altares, se deslocando até o Altar dos Juramentos e, ali, fazendo as
evocações de praxe, acendem a respectiva vela:
No Altar dos JJur.’., que tem forma triangular, devem estar preparados três
círios: um Branco, ângulo oriental, suscitando Sabedoria; outro Vermelho,
no ângulo do Norte, promovendo a Força; e o terceiro Azul, no ângulo Sul,
projetando Beleza. O Ven.’. tem, em seu Altar, uma vela auxiliar – a Tocha
11 – que dever acender com fósforo ou isqueiro. Os IIr.’. postam-se de pé,
em S.’. de Ob.’.. O Ven.’. os VVig.’. devem estar preparados para, cada
um em sua vez, acender o círio correspondente e depois pronunciar a
invocação. (Ibidem).

Por fim, semelhante com o Rito anterior, o acendimento das velas é feito
pelas Luzes da Loja, sendo as velas de cada Luz de cores diferentes, cada uma
com seu simbolismo.

4. CONCLUSÃO

Resta concluir que a simbologia das velas é presente em toda a Maçonaria,


sendo notado desde seus tempos ainda operativos, certo de que, hoje, cada Rito
adota cerimonial próprio quanto ao seu acendimento, variando conforme a tradição
de cada um e as alterações promovidas por suas Grandes Lojas e, mesmo nos
Ritos onde seu acendimento não é feito de forma cerimonial, não se pode negar
sua simbologia, como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Deve-se, por fim, referenciar que pode existir diferenças com o aqui
transcrito e os Ritos em si. Conquanto, a pesquisa em estudo reflete o estado das
coisas das datas da lavra de cada livro referenciado. Certo de que todo o material
aqui utilizado é público e de livre acesso, não sendo mesmo o objetivo sua
transcrição ipsis litteris.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica Segundo as Regras da Simbólica


Esotérica e Tradicional. São Paulo. Editora Pensamento. “s.d”.

CAMINO, Rizzardo da. Introdução à Maçonaria. 3º Volume. Parte Filosófica.


História, Filosofia, Doutrina. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Aurora LTDA, “s.d”.
CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos Maçônicos. Consultório Maçônico II.
Série: Simbologia, Ritualística e Liturgia – 3. 1ª Edição. Editora A Trolha. 1989.

CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos Maçônicos. Consultório Maçônico III.


Série: Simbologia, Ritualística e Liturgia – 4. 1ª Edição. Editora A Trolha. 1992.

CHEVALIER, Jean. GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: Mitos, Sonhos,


Costumes, Gestos, Formas, Figuras, Cores, Números. 27ª Edição. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 2015.

DIAS. João. SUPREMO CONCLAVE DO BRASIL. Das Cerimônias das Luzes.


Notícia Histórica. Rio de Janeiro-RJ. “s.d”.

HISTÓRIA DA FABRICAÇÃO DE VELAS. Wikipedia. 2018. Disponível em:


<https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_fabrica%C3%A7%C3%A3o_d
e_ velas.> Acesso em 11 de ago. de 2023.

JUK, Pedro. Acendimento das Velas (Republicação). Estudos "Achar Menos -


Procurar Mais". 2018. Disponível em:
<http://iblanchier3.blogspot.com/2018/10/acendimento-das-velas.html>. Acesso
em 11 de ago. de 2023.

JÚNIOR. Walter Pacheco. Entre o Esquadro e o Compasso. 2ª Edição. Londrina-


PR. Editora A Trolha. “s.d”.

LOURO, José Barbosa. Símbolos. 1ª Edição. Londrina-PR. Editora A Trolha. 2006.

ORTEGA, Oswaldo. Cadernos de Pesquisa Maçônicas. Caderno 14. A


movimentação das colunetas e o Acendimento das Velas. Londrina-PR. Editora A
Trolha. 1997.

SPOLADORE, Hércule. Cadernos de Pesquisa Maçônica. Caderno 3. 1ª Edição.


Londrina-PR. Editora A Trolha LTDA, 1991.
5.1 – LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – “Candelabro ou Estrela”. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica


Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional. São Paulo. Editora
Pensamento. “s.d”, p.131.

Figura 2 – “Altar com Círios e Candelabro”. SPOLADORE, Hércule. Cadernos de


Pesquisa Maçônica. Caderno 3. 1ª Edição. Londrina-PR. Editora A Trolha LTDA,
1991, p. 60.

Figura 3 – “Altar do Juramentos”. CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos


Maçônicos. Consultório Maçônico II. Série: Simbologia, Ritualística e Liturgia – 3.
1ª Edição. Editora A Trolha. 1989.
A∴R∴L∴S∴ UNIÃO E PROGRESSO Nº. 979

CIRCULAÇÃO EM LOJA

Autores
JOÃO LUIS B. VERISSIMO (A∴M∴)
DEIVIS TABORDA (A∴M∴)
EDSON LUIS CORDEIRO MATOZO (A∴M∴)

RAFAEL RUTESKI (M∴M∴) Orientador

Rito
Rito Escocês Antigo e Aceito

IRATI
2023
CIRCULAÇÃO EM LOJA

Dentro dos Ritos praticados pela Maçonaria temos alguns modelos de


circulação, isto é, varia conforme o Rito praticado. Há a circulação em ângulos, a
qual respeita a linha entre o Trono da Sabedoria e o Altar e tem como orientação o
Pavimento Mosaico; assim, temos a circulação chamada de sinistro cêntrica que é
anti-horário, porém esta é pouco usada; outra circulação mais rara ainda é a
circulação em sentido horário no Ocidente e anti-horário no Oriente; o REAA adotou
a circulação dextro cêntrica que é somente sentido horário.

PALAVRA-CHAVE: Circulação em Loja

1. INTRODUÇÃO

A Maçonaria é uma sociedade discreta e reservada, com valores baseados


em princípios éticos, fraternidade e autodesenvolvimento. As "lojas maçônicas" são
os grupos nos quais os maçons se reúnem para suas atividades.
No contexto da Maçonaria, "circulação em loja maçônica" pode se referir a
diferentes aspectos, dependendo do contexto específico. No entanto, se você está
se referindo às atividades e procedimentos dentro de uma loja maçônica, aqui estão
algumas informações gerais:
Reuniões: As lojas maçônicas são locais onde os maçons se reúnem para
realizar rituais, discussões, palestras e atividades que visam ao desenvolvimento
pessoal e à promoção de valores éticos.
Rituais: A Maçonaria é conhecida por seus rituais cerimoniais que têm um
significado simbólico profundo. Esses rituais são realizados durante as reuniões e
têm o objetivo de transmitir ensinamentos e valores.
Gestão da Loja: As lojas maçônicas têm uma estrutura organizacional com
oficiais eleitos ou nomeados que desempenham funções específicas. Isso inclui o
Venerável Mestre, que lidera a loja, e outros cargos como o Primeiro e Segundo
Vigilantes, o Orador, entre outros.
Regras e Protocolos: Cada loja maçônica tem suas próprias regras e
protocolos, muitos dos quais têm suas raízes nas tradições maçônicas. Isso pode
incluir protocolos de entrada, comportamento durante reuniões, uso de símbolos e
linguagem específica.
Fraternidade: A Maçonaria enfatiza a fraternidade entre seus membros.
Isso significa que os maçons são encorajados a apoiar e cuidar uns dos outros
dentro e fora das lojas.
Confidencialidade: A Maçonaria também é conhecida por sua cultura de
discrição e confidencialidade. Muitos dos ensinamentos e rituais maçônicos são
mantidos privados e reservados apenas para os membros.
É importante ressaltar que a Maçonaria varia em suas práticas e tradições
em diferentes países e jurisdições. Se você estiver interessado em saber mais
sobre a circulação em loja maçônica em um contexto específico, é recomendável
entrar em contato diretamente com uma loja maçônica local ou uma fonte confiável
relacionada à Maçonaria em sua região

Cada tipo de circulação maçônica, principalmente os adotados pelo GOB, e


cada um sua justificativa para ser exercido, podendo ser exotérica, trabalho,
Caminho da Luz, tradição entre outros. Mas, a quantidade de material controverso
publicado sobre o assunto é controversa.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A verdade é que girar em sentido horário em volta de um Altar não é coisa


recente. Enquanto os egípcios valorizaram o lado esquerdo como o lado espiritual,
os gregos antigos tinham o lado esquerdo como o “desfavorável” e o direito como
o “favorável”, visto que, em regra, o braço direito favorece mais o dono do que o
esquerdo, segundo Kenyo Ismal. A circulação de “dextrovorsum” era relacionada,
pelos romanos, ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da
Terra. Esse aparente movimento do Sol se deve ao fato da Terra girar no sentido
anti-horário em torno de seu eixo (Rotação), o que gera a percepção para seus
habitantes de que é o Sol que está se movendo no sentido horário.
A palavra Circulação significa Caminhar em Círculos, segundo Raimundo
Junior. Este fala ainda que não se pode confundir com a palavra enquadrar que é
caminhar virando em ângulos retos. O fato de andar em círculo em torno de um
Objeto, uma Área ou um Altar, se constitui em prática muito antiga, e quando essa
prática passou a fazer parte de um Ritual, começou a ser denominado Rito de
Perambulação. Assim, esse Ritual passou a fazer parte do Rito de Emulação,
especialmente na Cerimônia de Iniciação da Maçonaria. Segundo Raimundo D’leia
Junior, 2008, a Circulação no espaço entre Colunas do Norte e do Sul é efetuada
no Pavimento Mosaico, para o Grau Aprendiz, “sem sentido horário”, sendo no
mesmo sentido dos ponteiros do relógio determinando que o “Trabalho do homem
deva começar ao nascer do sol e terminar ao cair da noite”. A circulação em Loja
deve obedecer às forças naturais do cosmo e do planeta, cuja circulação no
hemisfério norte deverá ser difere do hemisfério sul, afirma Hiram Luiz Zoccoli,
ainda que tudo presente na face da Terra está sujeito às leis mecânicas que atuam
sobre ela, e estas leis nas práticas maçônicas durante a ritualística é justificada.
Como o Templo Maçônico é uma representação do universo, as forças que regem
o universo e o planeta Terra, deverá reger também a circulação no Templo, porque
o Templo Maçônico é a representação do Universo. A circulação em loja deverá
ocorrer conforme a circulação das águas e dos ventos, regidos pela força de
Coriolis, conforme tese defendida por Zocolli.
A força inercial de Coriolis é uma força ou força inercial - não sendo,
portanto, uma força na definição do termo - percebida apenas por observadores
solidários a referenciais não-inerciais animados de movimento de rotação em
relação a um referencial inercial que se afastam ou aproximam do centro deste
movimento de rotação. A força de Coriolis faz-se presente apenas quando o objeto
se encontra em movimento em relação ao referencial não-inercial em consideração,
mostrando-se sempre perpendicular à velocidade e ao eixo de rotação do sistema
não inercial em relação ao inercial.
Os corpos em movimento em relação ao referencial em rotação aparecem
também sujeitos a uma segunda força que atua em direção radial para fora, ou seja,
que atua de forma paralela ao vetor que localiza a partícula em relação ao centro
de curvatura da trajetória descrita pela partícula conforme identificada via
referencial inercial. A força denomina-se força centrífuga.
A força centrífuga e a força de Coriolis são, portanto, as duas parcelas da
força inercial total necessária à correta descrição dos movimentos dos corpos
observados a partir de referenciais não-inerciais que giram em relação a um
referencial inercial. Sendo parcelas de uma força inercial ou força, são também
forças inerciais, e, portanto, não são forças na definição formal do termo. Não se
consegue estabelecer a reação do par ação-reação para estas forças.
Representação da força de Coriolis na superfície da Terra

Figura 01- Representação da força de Coriolis na superfície da Terra

No Ritual de Aprendiz do REAA, página 42, está descrito a circulação em


Loja que no Ocidente far-se-á no sentido horário (Oeste… Norte… Leste… Sul…
Oeste…) sem o Sin∴ de Ord∴. No Oriente não há padronização de circulação.
(RITUAL DE APRENDIZ DO REAA GOB, 2009).
Nas Normas Gerais do Comportamento Ritualístico a Circulação ordenada
no espaço compreendido entre as Coluna do Norte e do Sul é feita no sentido
Horário, circundando o Painel do Grau, uma vez que o pavimento mosaico ocupa
todo o piso do Templo. No Oriente não há padronização da marcha. Nos Templos
que possuem degraus de acesso ao Oriente os Obreiros devem subi-lo andando
normalmente e não com passos em esquadria. O acesso ao Oriente deve ser feito
pelo Nordeste (a esquerda de quem entra) e a saída pelo Sudeste (a esquerda de
quem sai).Aprendizes e Companheiros não devem ter acesso ao Oriente, (exceto
na Iniciação e na Elevação). Com mais razão, as pessoas não iniciadas “profanos”
presentes às Sessões abertas ao público, não devem ter acesso ao Oriente. Os
homens sentam-se, exclusivamente na Coluna da Força (1° Vig∴) e as mulheres
na Coluna da Beleza (2° Vig∴).
3. CONCLUSÃO
Nos ritos praticados pelo GOB, os de origem dos antigos Rituais Ingleses,
predominam a circulação no trajeto do trabalho, já os de origem francesa, a
circulação é de acordo com o Caminho Aparente do Sol, no caso, no hemisfério
norte.
Parece ser mais lógico adotar a proposta do Irmão Zocolli para todos os Ritos
praticados, no entanto, a maçonaria está muito ligada a suas tradições, mesmo que
estas tradições contrariam a lógica e a ciência.
O Brasil é um país cuja localização da maior parte de seu território encontra-
se entre o Trópico de Capricórnio e o Equador, o que dependendo da estação do
ano, o sol pode estar ao meio-dia no Norte, sobre o observador ou no sul. Tomar,
portanto, como parâmetro para determinar a localização do segundo vigilante, a
localização do Sol ao meio-dia, é uma tarefa difícil. Modificar os ritos no Brasil
praticado conforme propõe Zocolli, onde a influência da força de Coriolis na faixa
entre 20ºN e 20ºS se torna desprezível, também será facultativo.
Podemos concluir que para as Lojas praticantes de qualquer rito, nem um
nem outro parâmetro servirá para modificar as posições do 2° Vig e a circulação
em Lojas brasileiras, assim, nos resta seguir com a tradição de cada rito,
respeitando a sua origem e suas normas de circulação original.
E assim sendo, temos 4 regras que são essenciais adotadas para circular
em Loja, que são:
No Ocidente, caminha-se sempre virando à direita (dextrógiro), contornando-
se a Loja, ou seja, o lado direito do corpo deve sempre estar voltado para a parte
interna da Loja. Exceto entrada ritualística quando os VVig.´. entram paralelamente
no Templo. Um giro completo seria: passar ao lado do 1º Vigilante, ir até as escadas
do Oriente, passar em frente ao 2º Vigilante, passar ao lado do 1º Vigilante, sem
formar esquadrias nas conversões. No Oriente, se mantém o dextrogiro,
contornando o Altar dos Juramentos, salvo expressa cominação do ritual.
Saudar o Venerável Mestre antes adentrar o oriente, na balaustrada de
separação, e antes de sair do Oriente e ao cruzar da coluna do norte para a coluna
do sul, junto à balaustrada, de frente para o Venerável Mestre. Quando o Irmão
entrar ou sair do Oriente faz a saudação quando não estiver com nenhum
instrumento de trabalho nas mãos; se estiver carregando algum objeto saúda o
Venerável com uma respeitosa inflexão da cabeça. Não faz o sinal de saudação ao
cruzar o Sul para o norte próximo as colunasnem no oriente quando passa do lado
esquerdo para o direito.
O Mestre de Cerimônias, portando bastão, sempre acompanha, à direita e
um pouco à frente, os Irmãos que fora de funções específicas previstas nos rituais,
eventualmente se deslocam em Loja.
O M.´. de CCer.´. portará bastão:
durante os Cortejos de entrada e saída do Templo;
quando acompanhar Ir.´., no decorrer da sessão;
nos Pálios de abertura e de fechamento do Livro da Lei.
- Não há deslocamento com o Sinal de Ordem ou Sinal de Obediência, salvo
se expressamente previsto no ritual; não há sinal com as mãos ocupadas, ou
sentado, ou andando (para um sinal, salvo disposições expressas dos rituais,
exigem-se mãos livres, obreiro em pé e parado, e as três condições reunidas).

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

ISMAIL, Kenyo, http://www.noesquadro.com.br/2011/04/circulacao-emloja.html.


Acesso em 05 de jul. de 2023.

DOMELEN, David J. Van, ENTENDENDO A FORÇA DE CORIOLIS, Traduzido por


Maria Elisa Siqueira Silva e Bruno Vitório dos Santos,
http://www.sofazquemsabe.com/2014/10/efeitos-consequencias-daforca-coriolis-
noplaneta-terra-deflexao-aparente.html. Acesso em 05 de jul. de 2023.

ZOCCOLI, Hiran Luizi, Fundamentos parra alteração do R.E.A.A -1997-


https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_inercial_de_Coriolis. Acesso em 04 de
jun. de 2023.

Wikipédia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Heliocentrismo, acessado em 08/07/2023) -


https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_inercial_de_Coriolis. Acesso em
07 de jun. de 2023.
CAMIZÃO, Mauro de Matos, Circulação em Loja, 2017.
A R L S Universitária dos Campos Gerais nº 4096

A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA PROFANA NA INSTRUÇÕES DO GRAU DE


APRENDIZ

Ir Guilherme Augusto Taverna Bobeck A∴ M∴


Ir Lucas Giuseppe Andrade Balsano A∴ M∴
Ir Luiz Gustavo do Rosário Tramontin A∴ M∴
Ir Rubens Felipe Ribeiro A∴ M∴
Ir Thiago Frederic Albert Fijor A∴ M∴

Ponta Grossa
2023
INTRODUÇÃO

Maçonaria é conhecida por sua estrutura ritualística, mistérios, ideais de


Fraternidade, Igualdade e Liberdade e, ainda, pelo incentivo de buscar
conhecimento e aperfeiçoar seus integrantes. Embora a Maçonaria tenha uma base
de princípios morais e éticos próprios, como fruto de uma construção social ela foi
influenciada por ideias de pensadores de diferentes épocas e correntes Filosóficas
Profanas.
Ao adentrar nos mistérios da Maçonaria, os neófitos são iniciados no Grau
de Aprendiz, um estágio no qual a eles são expostos a ensinamentos, símbolos e
alegorias presentes em instruções, as quais guardam referências oriundas da
Filosofia Profana. As instruções deste Grau têm como finalidade o desbaste da
Pedra Bruta, ou seja, a transformação da personalidade por intermédio de ações
que visam desbridar os vícios e promover as virtudes, tornando o Aprendiz Pedra
Cúbica.
A Pedra Bruta é a personalidade, o caráter, o âmago do ser que carrega em
sua formação uma série de características oriundas de fatores biológicos, como a
nossa hereditariedade, e outros sociais, como os conhecimentos adquiridos através
da convivência, da sugestão e da imitação. A possibilidade de aperfeiçoamento da
Pedra Bruta é um dos fundamentos da Moral Maçônica e um dos principais
objetivos do Grau de Aprendiz.
A Filosofia Profana seria aquela que não guarda relação direta com a
Maçonaria, estando seu conteúdo aberto e ao alcance de todos (Profanos e
Maçons), compreendendo uma gama de ideias e conceitos que foram
desenvolvidos ao longo da história, abrangendo desde a filosofia clássica até as
correntes de pensamento contemporâneo.
Dentre as várias correntes Filosóficas Profanas, escolhemos a Filosofia
Socrática e Estoica para buscar referências nas Instruções do Aprendiz Maçom,
em especial nas questões que tratam do autoconhecimento, evolução frente às
características deletérias e a busca das virtudes. Assim, esta Peça de Arquitetura
tem como objetivo explorar a presença e a influência da Filosofia Profana com base
no estudo de livros, artigos e rituais maçônicos.
A MAÇONARIA E A FILOSOFIA
Maçonaria é uma fraternidade cujas origens exatas permanecem envoltas
em mistério e debate, havendo especulações sobre o assunto que remontam à
antiguidade. De maneira factual, sua história remonta ao medievo, quando a
construção das catedrais na Europa exigia a habilidade e o conhecimento dos
pedreiros livres, organizados em guildas. Essas guildas, também conhecidas como
lojas, reuniam os pedreiros para compartilhar técnicas de construção, transmitir
conhecimentos e estabelecer regras profissionais. Com o tempo, essas lojas
começaram a admitir membros não ligados à profissão da construção, incluindo
nobres e intelectuais que se interessavam pelas ideias filosóficas e pelo ambiente
de camaradagem desses grupos (SANTIAGO, 1992).
De acordo com Guimarães (2004, p. 19) a Maçonaria pode ser definida como
uma “[…] instituição essencialmente iniciática, progressista, uma ciência filosófica,
fraterna, humanitária (filantrópica), que tem por objetivo principal o aprimoramento
moral e espiritual do homem [...].” Dessa maneira, ao tratar de Maçonaria
necessariamente temos que adentrar na seara da Filosofia, pois o caminho a ser
trilhado na Ordem exigirá sobretudo o estudo e a reflexão.
A essência da palavra "Filosofia", originada das raízes gregas "Philo" e
"Sophia", transcende seu mero significado formal. "Philo", derivado de "Philia",
carrega consigo o poder da amizade profunda, do amor fraterno e do respeito
mútuo entre seres iguais. Por sua vez, "Sophia" revela a sublime busca pela
sabedoria, representando não apenas o conhecimento intelectual, mas também a
compreensão transcendental da existência (CHAUI, 2000; DIAS, 2016). Da junção
dessas duas palavras, Filosofia se revela como um caminho de devoção
apaixonada pela verdade e pela busca do conhecimento. É um chamado para
desvendar os segredos ocultos do universo, mergulhar nas profundezas da mente
humana e expandir as fronteiras da compreensão. Esta visão e anseio pelo
conhecimento devem guiar o Maçom, pois:
[...] a Maçonaria, na sua essência, é explicitamente filosófica porque em suas
cerimônias, nos seus atos e nas suas pesquisas ela cuida da essência, das
propriedades, das causas e efeitos naturais. Estuda e investiga as leis da natureza
e faz um relacionamento perfeito entre a moral e a ética pura (RODRIGUES, 1999,
p. 26).
Os princípios filosóficos compartilhados entre a Maçonaria e a Filosofia
incluem a busca pela sabedoria, a importância da ética e da virtude, a valorização
da Liberdade e a promoção da Fraternidade e Igualdade entre os seres humanos.
Ambas as tradições buscam incentivar o aprimoramento pessoal, bem como o
engajamento ativo na sociedade, com ênfase na responsabilidade individual com o
bem comum.1 A Filosofia, como disciplina intelectual, envolve a busca pela
verdade, a reflexão sobre as questões fundamentais da vida e a exploração dos
princípios éticos e morais que orientam a conduta humana. A Maçonaria, por sua
vez, é uma ordem fraternal que também tem uma dimensão filosófica e simbólica
em seu cerne.
Em suas lições entre julho e setembro de 1966, na Grande Loja do Chile,
Moises Mussa Battal, em seu “Curso de Docência para Instrutores Maçons”,
ensinou que:
A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica,
trabalha pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre os homens. Não
é uma escola filosófica, mas uma escola de filosofar. Não é uma escola filosófica,
tal como assinalei antes, porque não tem uma ordenação conceitual de juízos, de
doutrinas, tal como qualquer dos sistemas clássicos; tampouco tem um filósofo que
seja seu pai, nem mesmo como as outras tem prosseguidores, inimigos etc., que
somente se referem à doutrina e não à instituição em si. É uma escola do filosofar.
Emprego o verbo porque ele cheira a ação: é o ato de meditar, de refletir, de
examinar etc., tudo quanto ocorre em nós, em nosso redor; e de examinar a
realidade para melhorá-la ou de projetar-se até o porvir para consecução da
satisfação de um ideal superior. Como escola é uma Oficina de humanidade, de
humanismo e de humanitarismo. Aqui vocês têm definida a Ordem em termos muito
concisos, precisos e significativos (BATTAL, sine data, p. 163).
A Maçonaria não é como uma corrente filosófica, mas sim como um
ambiente propício ao pensamento crítico, uma Escola em que indivíduos são

1 Especificamente sobre os ideais presentes na Maçonaria, argumenta Pereira que “A Maçonaria propõe o
cultivo da Sabedoria, da Liberdade e da Fraternidade. A Sabedoria visa distinguir o erro por si mesmo e
concorrer, com isso para o progresso. A Liberdade porque, sem ela, não responsabilidade nem dignidade
pessoal nem condições de afirmar a individualidade humana. E a Fraternidade para que, como força continua,
a Instituição possa seguir realizando o bem pelo próprio bem; isso é mais do que praticar o bem para evitar o
mal (PEREIRA, 2022, p. 24).
apresentados às ferramentas que transformaram sua existência, construindo
templos às virtudes e masmorras aos vícios.
A Maçonaria adota uma abordagem simbólica para transmitir suas lições e
ensinamentos, utilizando rituais, símbolos e metáforas para expressar ideias
filosóficas e morais2. Os rituais maçônicos são encenados como um meio de
transmitir ensinamentos e valores, enquanto os símbolos maçônicos carregam
significados profundos que convidam à reflexão e ao autodesenvolvimento
(BATTAL, sine data).
O uso de símbolos e alegorias na Instrução Maçônica desempenham um
papel central e significativo na transmissão de ensinamentos e princípios da
Maçonaria. De acordo com Guimarães:
Os Símbolos e as Alegorias são usados pela Maçonaria Simbólica, para
melhor noção de suas instruções que muito elevam moral e espiritualmente seus
Obreiros e podem ser “considerados” como secretos para os Profanos, por eles só
o verem como um simples instrumento de trabalho, sendo somente interpretados
filosófica e esotericamente pelos Iniciados que receberam instruções a respeito,
tornando-se desta forma secretos para os Profanos que, vendo os escritos
maçônicos, não lhes conseguem dar o sentido filosófico, mas sim o significado de
suas figuras, por ser o sistema velado da Maçonaria de passar seus conhecimentos
éticos e esotéricos aos Iniciados (GUIMARÃES, 2004, p.29).
Ao apresentar conceitos abstratos e complexos por meio de imagens vívidas
e narrativas envolventes, os símbolos e alegorias ajudam a tornar o aprendizado
Maçônico mais acessível e memorável. Os símbolos e a alegorias guardam sempre
algum vestígio filosófico, o que exige do Aprendiz Maçom o estudo de obras da
Filosofia Profana. Nesse sentido:

2 Para uma diferença conceitual entre símbolo e alegoria, c.f. RODRIGUES, pp. 87-88. Os Símbolos
Maçônicos são representações visuais que carregam significados profundos e universais, eles são projetados
para evocar uma resposta emocional e intelectual, estimulando a reflexão e a compreensão além das palavras.
Eles “[…] representam a maneira velada através da qual a instituição maçônica dá aos seus Iniciados as lições
de moral e ética, que fazem parte de sua doutrina.” As alegorias, por sua vez, são histórias ou narrativas que
contêm significados ocultos ou simbólicos, as quais são utilizadas na instrução Maçônica para transmitir
ensinamentos e lições de forma atraente e memorável. As alegorias na Maçonaria muitas vezes envolvem
histórias mitológicas, eventos históricos ou parábolas, cujos detalhes e elementos simbólicos são
cuidadosamente escolhidos para transmitir ideias específicas, elas são uma forma de representar
figurativamente ideias, normalmente ensinamentos morais. Em suma, as alegorias seriam uma ferramenta pela
qual a Maçonaria “[…] lança mão de parábolas, de lendas, verdadeiros relatos simbólicos que encerram
preceitos morais e que não oferecem oportunidade para várias interpretações como acontece com o Símbolo”.
A Filosofia é para nós algo indispensável. Nossa Augusta Ordem é uma
instituição em que o filosofar é tarefa que requer, que reclama todo nosso interesse
e todo nosso esforço. Em cada um dos símbolos, detrás de cada um dos passos
de nossos rituais e sobre o costado de cada etapa da História Maçônica, temos
sempre algum vestígio ou alguma indicação ou algum princípio de caráter filosófico.
É por isso que, alcançada a iniciação, não se pode ser um maçom autêntico sem
entrar no estudo da Filosofia e suas projeções sobre nossos fins, nossos objetivos,
nossos anseios, nossos símbolos, nossos rituais e nossa História (BATTAL, sine
data, p. 27).
Diante do exposto, o uso de símbolos e alegorias na instrução Maçônica
reflete a crença de que a verdadeira sabedoria não pode ser transmitida
simplesmente por meio de palavras, mas precisa ser descoberta e vivenciada
pessoalmente. Os símbolos e alegorias convidam o Maçom a uma jornada de
aprendizado contínuo e crescimento espiritual. Em tal seara, a Filosofia Profana
mostra-se como importante ferramenta para o trabalho do Aprendiz, funcionando
como instrumento auxiliar na lapidação da personalidade, que é a Pedra Bruta.
No presente estudo será dado enfoque ao R∴E∴A∴A∴ – Rito Escocês Antigo
e Aceito, o qual é praticado pela Augusta e Respeitável Loja Simbólica (A R L S
) Universitária dos Campos Gerais n.º 4096, da qual os Aprendizes que subscrevem
compõem os quadros.

AS INSTRUÇÕES DO GRAU DE APRENDIZ NO RITO ESCOCÊS ANTIGO


E ACEITO E A FILOSOFIA PROFANA

O Livro sobre o qual recaíra o presente estudo será os “Procedimentos


Ritualísticos” do 1º Grau de Aprendiz Maçom do R E A A – Rito Escocês
Antigo e Aceito, editado pelo Grande Oriente do Brasil – Paraná (GOB – PR) e que
foi aprovado pelo Decreto nº 1701 de 31 de outubro de 2016. Tal obra apresenta a
sistematização dos ensinamentos que devem ser repassados aos Aprendizes em
cinco instruções, as quais estão registradas entre as páginas 147 e 185.
Trataremos de maneira específica da Segunda e da Terceira Instrução do Grau de
Aprendiz, pois remetem ao início da jornada Maçônica que é a Iniciação e também
ao trabalho a ser realizado no aperfeiçoamento da personalidade, que é o desbaste
da Pedra Bruta.
De acordo com Battal (sine data) o viver maçonicamente não é apenas
passar pela existência com uma passiva contemplação da realidade, mas sim
preparar homens para serem os guias, no que trata do comboio da vida. No Grau
de Aprendiz Maçom a filosofia da Ordem possui um caráter personalístico,
prevalecendo dois princípios que podemos descrever com base na linguagem da
filosofia profana: conhece-te a ti mesmo e vence-te para vencer.
Como objetivo principal desse Grau está o trabalho de desbastar a Pedra
Bruta, ou seja, identificar as asperezas da Alma e realizar um trabalho simbólico
para a transformação interior. Em tal trabalho:
[...] o Aprendiz é ao mesmo tempo obreiro, matéria-prima e instrumento. Ele
é a Pedra Bruta emblemática do seu atual e ainda imperfeito grau de
desenvolvimento, razão pela qual haverá de lhe dar a forma ou aprimoramento
interior, que se encontra em estado latente no meio de manifesta imperfeição e,
desse modo, possa ocupar posteriormente o lugar que lhe corresponde no edifício
para o qual está destinado (PEREIRA, 2022, p. 19).
O Aprendiz Maçom é introduzido em um ambiente rico em simbolismo e
significados, onde ele é guiado em sua jornada de autodesenvolvimento por meio
de instruções e lições transmitidas por meio de ferramentas específicas. Cumpre
destacar e delimitar o que seria o objeto ou o material a que a Maçonaria busca
aperfeiçoar. Para responder tal questão, temos que adentrar na Filosofia da
Personalidade, pois “[...] nossa tarefa maçônica fundamentalmente é,
precisamente, contribuir com o que a Maçonaria tem e nos dá, para a formação de
nossas personalidades” (BATTAL, sine data, p. 39).
Um estudo abrangente da personalidade demandaria um extenso trabalho e
mesmo assim correríamos o risco de abordá-lo de maneira superficial, tendo em
vista que o tema abrangeria áreas da medicina, psicologia, biologia e outras ramos
da ciência3. Cientes da complexidade da questão, o assunto será tratado

3 Para uma descrição mais completa do conceito complexo de personalidade, c.f. BATTAL, sine data, p. 40:
O termo personalidade é de índole filosófica e cultural. Refere-se ao ser humano que alcançou sua integridade
e seu equilíbrio além de sua unicidade, de seu ser único. A personalidade é um resultado, um produto, é uma
realização. Esta realização começa quando nascemos e termina quando morremos. Toda realização pode ser
positiva ou negativa e a personalidade, que é realização, pode assumir estes caracteres. A personalidade tem
sua base, melhor dito, sua raiz, em nossa constituição biológica. Nossa anatomia e nossa fisiologia influem
brevemente no intento de construir uma relação lógica entre a Pedra Bruta
(personalidade) e a importância da Filosofia em seu aperfeiçoamento, identificando
elementos da Filosofia Profana que colaboram com tal empreitada.
O Trabalho na Pedra Bruta é o afazer que o Maçom deve cumprir durante
seu desenvolvimento como Aprendiz Maçom. O simbolismo desse trabalho
aparece nas conhecidas imagens de um operário defronte a uma pedra portando
um maço em uma das mãos e um cinzel na outra. O trabalho sobre si é
caracterizado no simbolismo do R E A A como o trabalho que compete ao Aprendiz
Maçom e que consiste no desbaste da Pedra Bruta.
Sabemos que nós somos Pedra Bruta, com arestas não aparadas e defeitos,
através do processo de análise e reflexão que em nossa vida maçônica se inicia na
Câmara de Reflexão, momento em que na ritualística somos primeiro levados a
refletir sobre a finitude da vida, onde vaidades, poder, arrogância se esvairão junto
com o singelo e putrificado cadáver que acolheu nossa existência. Na Terceira
Instrução do Grau de Aprendiz encontramos:
“Ven∴ Ir 1° Vig∴, como fostes recebido Maç ?
1° Vig Nem nu nem vestido, V . M Despojaram-me de todos os metais e
vendaram-me os olhos.
Ven Que significa isto, meu Ir ?
1° Vig Várias são as significações, V∴M∴ A privação dos metais faz lembrar
o homem antes da civilização, em seu estado natural, quando desconhecia as
vaidades e o orgulho; a obscuridade, em que me achava imerso, figurava o homem
primitivo na ignorância de todas as coisas.
Ven Quais as deduções morais que tirais dessa alegoria?

decisivamente na formação de nossa personalidade. Parte de nosso organismo, que tem importância decisiva
nisto, é o sistema nervoso, nossas secreções internas e sobretudo o trabalho de coordenação e de elaboração
que se condicionam nos extratos cerebrais. A personalidade é o resultado, QQ∴ IIr∴, da herança, do ambiente
ou dos ambientes, se vocês preferem, e da educação. Já vimos que a hereditariedade nos dita nossa anatomia e
fisiologia; também nos dá nossa psique. De tal maneira que esta combinação bio-psíquica, que serve de raiz à
personalidade, tem um nome que vocês conhecem, o de temperamento. O temperamento nos faz diferentes e
pela circunstância de possuir um temperamento, além de caracteres comuns próprios da espécie humana, temos
caracteres nossos, individuais, derivados, como eu lhes dizia, de temperamento. A personalidade é única, é
irrepetível por sua base temperamental. O temperamento por sua vez é base do caráter. O caráter, ou seja, o
cunho pessoal, aquilo que nos singulariza, surge de duas vertentes. Uma das vertentes já mencionamos: é o
temperamento. A outra vertente é o adquirido. E o que é o adquirido? Tudo aquilo que aprendemos, tudo aquilo
que conquistamos através da convivência, da imitação, da sugestão e, sobretudo, da educação.
1° Vig A abdicação das vaidades profanas e a necessidade imprescindível
de instrução, que é o alicerce da Moral Humana (GOB – PR, 2016, p. 163 – 164).
O processo de autoconhecimento encontra lastro na Filosofia Socrática,
sendo conhecido o aforismo "Conhece-te a ti mesmo" que remonta à Grécia Antiga
e é frequentemente atribuído ao filósofo Sócrates, que se encontrava no pórtico de
entrada do templo ao Deus Apolo, na cidade de Delfos. Embora o filósofo não tenha
deixado registros escritos, essa frase é comumente associada a ele por meio das
obras de seus discípulos, especialmente Platão (CHAUI, 2000).
A frase "Conhece-te a ti mesmo" é uma chamada à reflexão e ao
autoconhecimento, sendo que para alcançar a sabedoria e uma vida significativa,
é fundamental que cada indivíduo busque entender sua própria natureza, suas
crenças, seus valores e suas limitações. Através desse processo de
autoconsciência, é possível ganhar uma compreensão mais profunda de si mesmo
e do mundo ao seu redor, nesse sentido:
Conhecer, portanto, é descobrir o “SER”; assim, para o Aprendiz Maçom, o
conhecimento pode significar o nascimento do seu “SER” interior. Compreendendo
a “si” mesmo, ele se diferencia do profano, pois uma nova luz ilumina o seu
caminho, uma vez que visualiza as coisas com o olho do pensamento, usando a
lente da inteligência, ao passo que o profano olha e não vê. É aí onde reside a
diferença entre o olhar e o ver, entre o profano e o Aprendiz Maçom (DIAS, 2016,
p.28).
É importante ressaltar que o autoconhecimento não é um objetivo final, mas
sim um processo contínuo e tendo conhecido sua realidade interior, prossegue o
Aprendiz Maçom com seu trabalho de lapidação. O "Conhece-te a ti mesmo" é um
convite à autorreflexão, ao processo de inventariar a própria alma:
Aquele que trabalhar na Grande Obra deve visitar a sua alma, penetrar no
mais recôndito do seu ser e nele efetuar um labor oculto, misterioso. Como a
semente deve ser sepultada no seio da terra, assim aquele que houve o apelo de
Deus deve, corrigindo-se, retificando-se, obter a sublime transmutação. Encontrará
assim a pedra oculta que Ele guarda. Nesse local, seu espírito é levado a conceber
novas ideias, introspectar, examinar e comparar tudo o que o cerca, aí está a
realização da Grande Obra dos Alquimistas (PEREIRA, 2022, p.42).
Para desempenhar este ofício, ao Aprendiz Maçom são apresentados os
instrumentos e utensílios que deverá empregar e assim, começar a ver trechos
planos no que dantes era o todo áspero do nosso caráter. Ressalte-se que é na
Segunda Instrução do Grau de Aprendiz que são apresentados o ferramental
simbólico que deverá empregar na empreitada: o Maço e o Cinzel.
Vejamos:
Ven∴ (0) - IIr∴ VVig∴ e Orad∴, ajudai-me a ministrar a segunda instrução aos
nossos IIr∴ AApr∴
Orad∴ - Meus IIr∴, o Painel Simb∴ da L∴ representa o caminho que deve
trilhar para atingir, pelo trabalho e pela observação o domínio de si próprio. Seu
único desejo deve resumir-se em progredir na GRANDE OBRA que empreendeu
ao entrar neste Templo. Quando, ao término do trabalho de aperfeiçoamento moral,
simbolizado pelo desbastar as asperezas dessa massa informe a que chamamos
de P∴B∴, houver conseguido, pela fé e pelo esforço, transformá-la em P∴ Cúb∴,
apta à construção do edifício, poderá descansar o Maço e o Cinzel, para empunhar
outros utensílios, subindo a escada da hierarquia maçônica (GOB – PR, 2016, p.
153).
O Maço é uma ferramenta pesada e resistente, utilizada para moldar e dar
forma à matéria, representa a força de vontade e a determinação necessárias para
superar desafios e transformar-se em um ser humano melhor. Assim como o Maço
é usado para quebrar pedras ásperas e resistentes, o Aprendiz Maçom é
encorajado a aplicar sua força interior para superar obstáculos e purificar suas
próprias imperfeições, buscando alcançar um estado de aprimoramento moral e
espiritual (D’ELIA JUNIOR, 2019).
O Cinzel, por sua vez, é uma ferramenta afiada e precisa, utilizada para
esculpir e dar forma aos materiais trabalhados pelo Maçom, simboliza a educação,
o conhecimento e a sabedoria adquiridos ao longo da jornada Maçônica. Assim
como o Cinzel esculpe a matéria bruta em formas mais refinadas, o Aprendiz
Maçom é encorajado a buscar o conhecimento, aprimorar suas habilidades
intelectuais e moldar sua personalidade de acordo com os princípios maçônicos
(PEREIRA, 2022).
O Maço e o Cinzel, quando utilizados em conjunto, representam a
transformação pessoal que ocorre na vida do Aprendiz Maçom, que ao aplicar o
Maço com força e determinação, ele quebra as imperfeições e os vícios que o
impedem de crescer, de tal maneira que:
O Maço, um instrumento ativo que empunhado com a mão direita, lado ativo
e positivo, é acionado sobre o Cinzel (passivo) empunhado pela mão esquerda,
vibrando-lhe sábios golpes da medida certa, desbastando as arestas da pedra que
impedem o ajuste com as demais já polidas, dando-lhe regularidade em sua forma,
ocasionando o entalhamento necessário, dando à obra um aspecto de beleza,
naturalidade e perfeição. Representa “conhecimentos” que deverão ser
empregados para que a intelectualidade também seja passiva (GUIMARÃES, 2004,
p. 31).
Com o auxílio do Cinzel, o Aprendiz Maçom esculpe sua personalidade,
aprimora suas habilidades e busca o conhecimento necessário para se tornar um
ser humano mais virtuoso. Conhecimento e as virtudes são necessárias ao
equilíbrio, que fará com que a jornada do aperfeiçoamento interior não derive para
radicalismos. Em tal sentido Marcos Santiago ensina:
Reconhecendo a liberdade como uso de si mesmo e do mundo sem
ultrapassar os limites da liberdade dos demais, praticando a igualdade com o
conhecimento de que quantidades desiguais devem ser tratadas desigualmente, e
vivenciando a fraternidade como o dever de questionar possíveis atitudes incorretas
de seu Irmão e induzi-lo a refletir melhor, e da mesma forma passando por esse
procedimento em relação a seus próprios atos, o Iniciado estará cumprindo a Divisa
Maçônica com perfeição. Praticando o caminho do meio, isto é, opondo a cada ideia
(a Tese) os argumentos que validam ou contestam (a Antítese), e seguindo o
caminho do crescimento a partir do ponto de encontro das ideias opostas, o Maçom
atingirá o resultado equilibrado do confronto dos pontos de vista, o conhecimento
(a Síntese), que deve nortear o comportamento esclarecido que dele se espera
(SANTIAGO, 1992, p. 194).
A maneira ponderada como deverá agir o Aprendiz Maçom, sem apego a
dogmas e sofismo, deverá ser construído com um método que permita o melhor
rendimento de seu trabalho, que conforme os ensinamentos apresentados acima
seria o método dialético. O método dialético é uma abordagem filosófica que se
baseia na discussão e na troca de ideias como forma de alcançar a verdade e o
conhecimento, sendo caracterizada pela busca de contradições e oposições nas
ideias, com o objetivo de alcançar uma síntese superior.
O precursor do método dialético foi Sócrates, que utilizava a maiêutica para
extrair conhecimento das pessoas por meio de perguntas e respostas. Ele
acreditava que o diálogo e o questionamento sistemático levavam à descoberta da
verdade interior. Platão, discípulo de Sócrates, desenvolveu ainda mais o método
dialético em seus diálogos filosóficos (CHAUI, 2000).
Para ilustrar a estreita semelhança do estoicismo e as Instruções do Grau
de Aprendiz, selecionamos alguns apontamentos do Imperador Marco Aurélio, em
sua obra “Meditações”:
Dentro de pouco tempo, serás cinza ou um esqueleto e por acaso um nome,
ou talvez nem mesmo um nome. E o que é o nome senão um som vazio e um eco
ressonante? As coisas que nesta vida são para nós as mais queridas e de maior
importância são em si vãs, pútridas e desprezíveis (MARCO AURÉLIO, 2021, p.
77).
Eles procuram para si locais privados de descanso, como aldeias rurais, a
costa marítima, as montanhas. Sim, não tens o hábito de ansiar demais por esses
lugares? Mas deves saber que tudo isso vem da simplicidade em seu mais alto
grau. Quando quiseres, está sob teu poder fugir para dentro de ti e ficar em repouso,
livre de todos os problemas. Um homem não tem refúgio melhor que para dentro
de sua própria alma. Especialmente aquele que de antemão é provido dessas
coisas internas, que sempre lhe proporcionam perfeita facilidade e tranquilidade
quando olha para dentro de si. E, por tranquilidade, eu as entendo como uma
disposição e uma postura decentes e ordeiras, livres de qualquer confusão e
tumulto (MARCO AURÉLIO, 2021, p. 53).
Se encontrares algo nessa vida mortal que a retidão, que a verdade, a
temperança, a fortaleza e, de modo geral, melhor que uma mente satisfeita, tanto
com as coisas que ele faz de acordo com o que é correto e a razão quanto naquelas
que, sem sua vontade e seu conhecimento, te acontecem pela Providência. Se eu
disser que tu podes descobrir algo melhor, onde quer que tu o encontres, desfruta
livremente. Mas se tu não encontrares nada digno de ser preferido a não ser o
espírito que está dentro de ti. Se nada for melhor do que sujeitar a ti mesmo tuas
luxúrias e teus desejos, não cedendo a quaisquer fantasias ou imaginações antes
de teres devidamente as considerado (MARCO AURÉLIO, 2021, p. 47).
Os textos apresentam uma reflexão e da maneira que foram postos
representam o caminho do Aprendiz Maçom. O primeiro aforismo demonstra a
insignificância de uma existência pautada por falsos valores, como o poder e
arrogância. O segundo e o terceiro enfatizam a importância de encontrar um refúgio
dentro de si mesmo, sendo que podemos encontrar descanso e se libertar de todos
os problemas ao olhar para dentro de nossa própria alma, inclusive encontrando
neste refúgio interior um lugar de onde podemos examinar cuidadosamente nossas
ações e desejos.
A busca por um ponto de equilíbrio, pelo domínio das paixões e pelo bem
são deveres do Aprendiz Maçom e também virtudes propagadas pela Filosofia
Estoica. De acordo com R.
Rodrigues a Maçonaria e o Estoicismo têm pontos de coincidência:
Depois de muito pesquisar em busca de um relacionamento porventura
existente entre o estoicismo e alguns tópicos da doutrina maçônica, encontramos
muito mais do que pensávamos encontrar e chegamos à conclusão de que
estoicismo e Arte Real, em muitos pontos se fundem. Assim como o estoicismo, a
Maçonaria grita a seus membros que não deixem dominar por paixão alguma. Aliás,
a grande similitude existente entre a filosofia estoica e a doutrina maçônica reside
na oferta de normas claras de comportamento. E tem mais: além de ser uma
doutrina essencialmente moral, o estoicismo contém importantes ensinamentos
sobre a estrutura do cosmos e sobre o conhecimento humano, o que também é de
grande interesse da Arte Real. O que desde logo se pode observar é que a moderna
Maçonaria se aproxima cada vez mais da doutrina estoica mormente naquilo que
diz respeito à ética da ação. O estoicismo não aceita a inércia, uma vez que admite
– como a Maçonaria admite – um latente compromisso com o mundo. Isto significa
que quando a Maçonaria nos exorta a que nos dominemos a nós mesmos, não nos
está aconselhando a uma espécie de fuga, antes pelo contrário. O Maçom tem que
agir, é obrigado a agir. O trabalho do Maçom se estende àquele relacionado à
necessidade de manutenção da vida e àquele que visa a busca do aperfeiçoamento
pessoal em todos os sentidos. Vejamos: o estoicismo nos ensina que o sentimento
é a emoção racionalizada. Já a emoção é o tônus vital do psicossomático, enquanto
a paixão é o domínio bruto do sentimento e que, muitas vezes, nos leva ao
fanatismo. Um outro ponto onde o estoicismo e a doutrina maçônica se casam é
aquele relativo à virtude. Se o Maçom é o indivíduo de bons costumes, isto significa
que ele é virtuoso. Já os estoicos ensinavam que, na vida do ser humano, o único
bem é a virtude e está consiste em uma vontade que esteja sempre de acordo com
a Natureza. E tem mais: para eles, a virtude depende exclusivamente do seu
possuidor. Aconteça o que acontecer, o homem pode sempre continuar virtuoso.
Isto porque a virtude reside na vontade e concluem que todas as coisas boas ou
más na vida da pessoa ficam dependendo exclusivamente dela própria
(RODRIGUES, 2003, p.43 – 46).
Podemos identificar, por meio da lição de R. Rodrigues, que a coincidência
entre ambas as tradições enfatizam a importância de não se deixar dominar pelas
paixões. Enquanto o Estoicismo ensina que a emoção deve ser racionalizada e a
paixão evitada para evitar o fanatismo, a Maçonaria incentiva seus membros a
dominarem a si mesmos e a agirem de forma responsável no mundo.

CONCLUSÃO
Os ensinamentos Maçônicos são repassados por intermédio de alegorias e
símbolos, os quais necessitam de instrução e orientação para que os verdadeiros
sentidos, os Mistérios, sejam revelados.
A Filosofia Profana é entendida como aquela que não é oriunda dos círculos
Maçônicos, a qual foi produzida por pensadores de diversos períodos da História.
Embora produzida no Mundo Profano, a filosofia é revelada aos que recebem as
Instruções do Grau de Aprendiz.
O ingresso na Ordem Maçônica ocorre por ocasião do Ritual de Iniciação,
no qual o candidato é despojado de todos os seus metais e posto a refletir em um
local lúgubre, a Câmara de Reflexão. Ali, a insignificância do candidato é
demonstrada ao recordá-lo que fama, vaidades, arrogância e outros falsos valores
não representam absolutamente nada e que a fome dos vermes será a mesma,
sejam em um esquife de um Imperador ou de um Mendigo desconhecido.
O choque de realidade leva a uma busca pelo autoconhecimento,
adentrando ao íntimo de sua alma. Após a Iniciação são apresentados ao agora
Aprendiz Maçom as ferramentas simbólicas necessárias ao seu aperfeiçoamento,
tal como o Maço e o Cinzel. O primeiro representa a vontade e a força que move o
indivíduo em busca da evolução. Já o segundo guarda o sentido da inteligência e
simboliza as vantagens da educação.
Em tais Instruções emanam ensinamentos da Escola Socrática e do
Estoicismo, cujos princípios residem na busca por conhecimento, virtude e
aprimoramento pessoal. Embora sejam tradições e filosofias distintas, há
elementos que as conectam e influenciam mutuamente.
A Escola Socrática, destacava a importância do questionamento, do diálogo
e do conhecimento como caminhos para a virtude e a autotransformação. Sócrates
buscava incitar seus discípulos a refletir sobre suas próprias crenças e
comportamentos, levando-os a questionar e buscar a verdade. Esse processo de
autorreflexão e busca pelo conhecimento é central tanto na Maçonaria quanto na
Escola Socrática. Por sua vez, o Estoicismo enfatiza o controle interno sobre as
emoções, a transformação de si mesmo, a aceitação das circunstâncias e o cultivo
da sabedoria para alcançar a tranquilidade e a virtude.
Essas ideias ressaltam a valorização da serenidade e da sabedoria diante
dos desafios da vida. Através da autorreflexão e da busca pela simplicidade,
podemos encontrar um refúgio interno que nos permite enfrentar os problemas com
maior clareza e equilíbrio emocional. Esse é o objetivo final do trabalho do Aprendiz
Maçom, lapidar a Pedra Bruta e, após a remoção de todas as asperezas, torná-la
Pedra Cúbica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONINUS, M. A. Meditações: o diário do imperador estoico Marco Aurélio.


Tradução de Willians Glauber. São Paulo: Citadel, 2021.

BATTAL, M. M. Lições de Filosofia Geral e Maçônica. Transcrição de Merary


Castillo Venegas. São Paulo: Editora Gazeta Maçônica, sine data.
CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

D’ELIA JUNIOR, R. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz. 9.ed. São Paulo:


Madras, 2019.

DIAS, A. D. S. A Maçonaria Simbólica e a Filosofia. Revista O Buscador. Campina


Grande, v.1, n.2, abr./jun. 2016. Disponível
em
<https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/OBuscador/article/view/5085
Acesso em 12/07/2023> Acesso em: 13 jul. 2023.

GOB – PR. Procedimentos Ritualísticos 1º Grau R E A A . 3. ed. Curitiba:


GOB – PR, 2016.

GUIMARÃES, D. T. Maçonaria Simbólica e Filosofia de Vida. 1. ed. Londrina:


Editora Maçônica a Trolha, 2004.

PEREIRA, E.E. Grau 1 da Maçonaria: Aprendiz Maçom. São Paulo: Madras,


2022.
RODRIGUES, R. A Filosofia da Maçonaria Simbólica e Sinopse da Filosofia
Geral. 1.ed. Londrina: Editora Maçônica a Trolha, 1999.

______. Sutilezas da Arte Real. 1.ed. Londrina: Editora Maçônica a Trolha, 2003.

SANTIAGO, M. Maçonaria: história e atualidade. Londrina: Editora Maçônica a


Trolha, 1992.
A∴R∴L∴S∴ UNIVERSITÁRIA PHILANTROPIA GUARAPUAVANA Nº 4157

LUZES DA MAÇONARIA

Participantes:
Alex Nolla (Ap M )
André Vinícius Mariano de Souza (Ap M )
Daniel Valentim Machado (Ap M )
Eduardo Antonio Osovski (Ap M )
Paulo Rafael Alves Bueno (Ap M ).

Relator:
Alex Nolla (Ap M )
André Vinícius Mariano de Souza (Ap M )
Daniel Valentim Machado (Ap M ).

Orientador: Eleandro Maschio (M M ).

Rito: Escocês Antigo e Aceito


Guarapuava
2023
1. INTRODUÇÃO

O simbolismo das Luzes da Maçonaria é uma temática presente em muitas


reflexões e ensinamentos da fraternidade. As Luzes representam a busca pelo
conhecimento, pela verdade e pela sabedoria, sendo fundamentais para a
compreensão do que a Maçonaria representa.
A realização de uma peça de arquitetura sobre as Luzes se justifica pela
importância histórica, simbólica e filosófica desses elementos dentro da Ordem.
Investigar o significado e a utilização dessas Luzes emblemáticas possibilita uma
análise aprofundada dos princípios maçônicos, bem como seu papel na formação
de pessoas comprometidas com valores éticos e humanitários.
O objetivo deste estudo é explorar o significado simbólico e a importância da
utilização desses elementos emblemáticos nos rituais maçônicos. Também se
busca compreender a influência que existe na formação de obreiros comprometidos
com os princípios maçônicos, norteados por Luzes simbólicas, como a Luz da
sabedoria, da justiça e da fraternidade. Além disso, tem-se o intuito de transmitir o
conhecimento acerca da relevância do tema na busca do autodesenvolvimento e
da construção de um mundo mais justo e perfeito.
Desenvolver um estudo sobre as Luzes da Maçonaria é uma oportunidade
para os Maçons se aprofundarem em questões fundamentais como a ética, a moral,
a espiritualidade e a responsabilidade social. A busca pela verdade e pela
sabedoria é um caminho que exige esforço e comprometimento, e os ensinamentos
da Maçonaria são uma ferramenta valiosa para aqueles que desejam trilhá-lo.
Dessa forma, esta peça de arquitetura torna-se um convite para uma jornada de
autoconhecimento, reflexão e busca pela iluminação interior, que procura levar os
Maçons a uma vida mais plena, significativa e satisfatória.

2. LUZ

Por definição, a luz é uma forma de energia eletromagnética composta por


fótons que se propaga pelo espaço e por materiais transparentes. É perceptível
pelo sentido da visão e desempenha um papel crucial na iluminação, na visão
humana, bem como em inúmeras aplicações científicas e tecnológicas, incluindo
óptica, telecomunicações e medicina. Sua natureza dual, exibindo características
de onda e partícula, é fundamental para compreender seu comportamento em
diferentes contextos (TIPLER; MOSCA, 2009).
Ao estudar sobre a Luz no Livro da Lei (no caso específico da Bíblia), ela é
comumente interpretada como um símbolo multifacetado, abordando diversos
aspectos espirituais e morais. Ela é associada à presença divina, à revelação e à
verdade espiritual. No livro de Gênesis, a criação da Luz é um ato do Grande
Arquiteto do Universo (Deus), simbolizando sua manifestação e separação da
escuridão, trazendo ordem ao caos primordial. A Luz também está ligada à
transformação, representando a mudança do pecado para a retidão (JUCHEM,
2023).
Na Maçonaria, a dualidade da Luz é um conceito fundamental que
transcende os aspectos físicos e simbólicos. A Luz simboliza tanto a iluminação
espiritual quanto o conhecimento intelectual. Essa dualidade espelha a busca
Maçônica pela verdade interior e exterior, refletindo a jornada do indivíduo em
direção à compreensão mais profunda de si mesmo, do universo e da conexão
entre ambos (JUCHEM, 2023).

3. LUZES DA MAÇONARIA

Durante o Ritual de Iniciação Maçônica, o candidato é conduzido em meio à


escuridão em uma jornada simbólica. À medida que o candidato progride na cerimônia,
ocorre um momento significativo em que lhe é dada a Luz. Essa Luz é então revelada como
um símbolo da verdade, divindade, virtude e do conhecimento que a Maçonaria busca
transmitir aos seus iniciados (CAMINO, 1996, 1997). Corroborando com isso, cita-se o
trecho adaptado do Cerimonial de Iniciação da Sessão Magna:
Ven : – O que pedis em seu favor?

1º Vig : – Que se lhe(s) dê a LUZ.

Ven : – No princípio do mundo disse o Gr Arq do Univ :

Ven : – FAÇA-SE A LUZ!

Ven : – E A LUZ FOI FEITA!

Ven : – A LUZ SEJA DADA AO(S) NEÓFITOS(S)!


(GRANDE ORIENTE DO BRASIL, 2009, p. 133).
3.1. LUZES FIXAS

As Luzes Fixas da Loja são símbolos que representam os valores e


princípios da fraternidade Maçônica e são representados pelo Livro da Lei, pelo
Esquadro e pelo Compasso. Em Loja, essas Luzes são tradicionalmente exibidas
durante as cerimônias e sessões. Um volume do Livro da Lei é colocado aberto
sobre o altar, no centro da Loja, para que todos possam vê-lo. O Esquadro e o
Compasso são colocados em posição cruzada, com o Esquadro voltado para baixo
e o Compasso voltado para cima – no Grau de Aprendiz, o Esquadro sobrepõe o
Compasso e conota que a matéria prevalece sobre o espírito (SANTOS, 2022).
Conforme o mesmo autor, o altar onde o Livro da Lei repousa representa a
vontade divina, enquanto o Esquadro e o Compasso representam as ferramentas
necessárias para aplicar essa vontade divina na vida cotidiana. Juntos, simbolizam
a busca da Maçonaria pela verdade, moralidade e virtude.
Durante as sessões, os membros da Loja usam tais símbolos para reforçar
seus compromissos com os valores citados e com a irmandade que os une. A
presença das Luzes Fixas é uma lembrança constante dos objetivos e princípios
da Maçonaria, como também da responsabilidade que cada membro tem de viver
de acordo com esses princípios.

3.1.1. LIVRO DA LEI

O Livro da Lei é um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, e não


precisa, necessariamente, ser uma Bíblia – pode ser, por exemplo, um Alcorão ou
um Talmud (conforme crença do grupo de Maçons). Esta Luz representa a fonte de
sabedoria e orientação para os Maçons, sendo usada em cerimônias e rituais da
Maçonaria. A escolha do Livro da Lei, para o Juramento da Iniciação, é baseada na
religião ou fé pessoal do Maçom, e é considerado um símbolo sagrado dentro da
fraternidade (CAMINO, 1994).
É importante salientar que a Maçonaria não é uma religião, mas sim uma
sociedade fraternal que promove a virtude, a moralidade e a caridade. A
fraternidade Maçônica encoraja seus membros a praticar sua fé, como também
buscar a verdade e a sabedoria em suas vidas pessoais (CAMINO, 1994; SANTOS,
2022).
3.1.2. ESQUADRO

O Esquadro representa a retidão, a justiça e a moralidade. Usa-se como um


instrumento de medição de linhas retas e ângulos tanto na construção quanto na
arquitetura. É um símbolo importante na Maçonaria por representar a necessidade
de agir com retidão e justiça em nossas vidas (GRANDE ORIENTE DO BRASIL,
2009; JUNIOR, 2017).
Esta Luz é utilizada para simbolizar a medida da conduta moral e ética dos
Maçons, incentivando-os a viver suas vidas com integridade e honra. Ela também
representa a necessidade de harmonia e equilíbrio em nossas vidas, assim como
a importância de buscar a perfeição em todas as coisas (CAMINO, 1994; JUNIOR,
2017).
Em Loja, o Esquadro toma uma posição de destaque (pois é a joia do
Venerável Mestre) e é colocado, no 1° Grau, sobre o Compasso, no centro do Livro
da Lei, quando aberto (CAMINO, 1994).

3.1.3. COMPASSO

Na Maçonaria, o Compasso representa a unidade, a harmonia e a igualdade


entre os Maçons. Ele é usado como um instrumento de medida na construção e na
arquitetura, e é um símbolo importante por representar a necessidade de manter
nossas ações dentro de limites justos e equilibrados (CAMINO, 1994).
Segundo o mesmo autor, esta Luz é utilizada para simbolizar a união entre
os Maçons, bem como a igualdade entre eles, independentemente de suas
diferenças pessoais. Ela representa a necessidade de manter nossas ações dentro
dos limites e incentiva os Maçons a trabalharem juntos em prol do bem comum.

3.2. LUZES MÓVEIS

Existe uma máxima Maçônica que diz que uma Loja é perfeita quando o
número de obreiros está dentro do requerido constitucionalmente. Uma Loja é
regular quando se trabalha na presença de carta constitutiva emitida por uma
autoridade Maçônica legal. E, uma Loja é justa quando Venerável Mestre, Primeiro
e Segundo Vigilantes estão presentes (SILVA, 2013).
Dentro da oficina, a Maçonaria oferece oportunidades na participação em
papéis ritualísticos denominados Cargos em Loja. A rotação desses cargos é
fundamental nas Lojas Maçônicas para permitir que todos os membros exerçam
diferentes funções ritualísticas, promovendo a formação Maçônica e a igualdade
entre os Maçons. Uma Loja que proporciona a todos os membros a chance de
ocupar variados cargos é uma Loja de iguais (JUCHEM, 2023).
A rotação das funções reforça o princípio de que nenhum membro deve
permanecer indefinidamente no poder, refletindo a natureza igualitária da
Maçonaria como uma sociedade que preza pela igualdade e pela liberdade. Visto
que as funções de Venerável Mestre e dos Vigilantes (Luzes da Loja) também são
Cargos em Loja, diferentes membros ocupam estas funções ao passar do tempo;
portanto, esses três cargos também são denominados como Luzes Móveis da Loja
(JUCHEM, 2023).

3.2.1. VENERÁVEL MESTRE

O Venerável Mestre é um dos principais cargos dentro da Maçonaria, sendo


responsável por liderar a Loja Maçônica e garantir que os trabalhos sejam
realizados de acordo com as tradições e princípios da Ordem. Como tal, ele é uma
das principais Luzes (se não a principal), sendo responsável por transmitir aos
membros os valores e ensinamentos da fraternidade (SILVA, 2013).
Além disso, o Venerável Mestre é símbolo de Sabedoria e deve ser um
exemplo de conduta moral e ética para os membros da Loja, sempre buscando se
aperfeiçoar e evoluir pessoalmente. Ele deve ser um líder inspirador, capaz de guiar
seus Irmãos no caminho da Luz, da sabedoria e da fraternidade. Sua joia é o
Esquadro, que representa a equidade de como agir, sem pender para direita ou
esquerda (GRANDE ORIENTE DO BRASIL, 2009; JUNIOR, 2017).

3.2.2. PRIMEIRO VIGILANTE


O Primeiro Vigilante é o primeiro vice-presidente da Loja. Tem como
atribuição principal auxiliar o Venerável Mestre na condução dos trabalhos em Loja.
É responsável por supervisionar a conduta dos membros da Loja, garantindo que
eles sigam as tradições e princípios da Ordem. Ele também é responsável por
supervisionar as atividades dos Companheiros Maçons, e por orientá-los em suas
jornadas de aprendizado e evolução pessoal. Além disso, é responsável por
substituir o Venerável Mestre em suas faltas e comunicar aquilo que foi anunciado
pelo Segundo Vigilante e Cobridor (SILVA, 2013).
O Primeiro Vigilante é o símbolo de Força da Loja, pois tem como
responsabilidade manter a segurança dela. Esta Luz móvel deve ser um exemplo
de conduta moral e ética para os membros e deve trabalhar em estreita colaboração
com o Venerável Mestre, a fim de garantir a harmonia e a união entre os obreiros
(JUNIOR, 2017; SILVA, 2013).

3.2.3. SEGUNDO VIGILANTE

O Segundo Vigilante é o segundo vice-presidente na hierarquia Maçônica.


Representa a Beleza, pois tem como responsabilidade manter a Loja harmoniosa
e agradável. Ele é responsável por auxiliar o Primeiro Vigilante e substituí-lo em
caso de sua ausência ou impedimento (CAMINO, 1994; JUNIOR, 2017).
Assim como os demais cargos maçônicos, o Segundo Vigilante possui uma
série de atribuições e responsabilidades importantes para a manutenção da Ordem
e da harmonia dentro da Loja. Tem como papel supervisionar os Aprendizes
Maçons (GRANDE ORIENTE DO BRASIL, 2009).

3.3. LUZES FILOSÓFICAS

Além das Luzes Fixas e Móveis, a Maçonaria também utiliza Luzes


Filosóficas em suas práticas e ensinamentos, são elas (ANKERBERG; WELDON,
1990; MACKEY, 2008):
A Luz da Razão: representa a busca pelo conhecimento e pela razão,
incentivando os Maçons a desenvolver suas habilidades intelectuais e a
compreender o mundo ao seu redor;
A Luz da Verdade: representa a busca pela verdade e pela compreensão da
natureza das coisas. Os Maçons são incentivados a buscar a verdade em todas as
coisas e a não se contentar com a superficialidade ou as aparências;
A Luz da Fraternidade: representa a união e o compromisso dos Maçons
com a fraternidade universal. Os Maçons são incentivados a trabalhar juntos em
prol do bem comum e a se comprometer com valores como solidariedade,
igualdade e justiça;
A Luz do Conhecimento: representa a busca pelo conhecimento em todas
as áreas, seja na ciência, na arte, na filosofia ou na religião. Os Maçons são
incentivados a buscar conhecimento em todos os campos e a nunca parar de
aprender;
A Luz da Esperança: representa a crença de que um futuro melhor é possível
e que os Maçons têm um papel a desempenhar na construção desse futuro. Os
Maçons são incentivados a manter a esperança em tempos difíceis e a trabalhar
para tornar o mundo um lugar melhor.

4. CONCLUSÃO

Ao encerrar o presente estudo de aprofundamento sobre as Luzes da


Maçonaria, podemos contemplar a riqueza simbólica e espiritual que permeia esses
elementos emblemáticos. Estas Luzes vão além do seu brilho físico, pois iluminam
os caminhos da busca pela verdade, sabedoria e aperfeiçoamento pessoal,
guiando os Maçons em sua jornada iniciática.
Através da exploração das Luzes Fixas e Móveis, entendemos como cada
uma delas carrega significados profundos, revelando os pilares da Maçonaria:
sabedoria, reflexão e ação fraterna. A Luz do Oriente simboliza a autoridade e
sabedoria do Venerável Mestre, enquanto as Luzes dos Vigilantes complementam
a liderança em Loja.
Na Iniciação Maçônica, a experiência de ser conduzido das sombras à Luz
reflete a jornada do iniciado em busca da iluminação interior e do
autoconhecimento. A Luz também se conecta com a retidão moral e ética,
convidando os Maçons a agirem com integridade e fraternidade em suas vidas.
Ao final desta peça de arquitetura, reconhecemos a importância de
compreender e respeitar a Maçonaria em sua essência e simbolismo. As Luzes da
Maçonaria, assim como toda a tradição Maçônica, continuam a ser um mistério para
os não-iniciados, mas revelam um legado de ensinamentos preciosos para aqueles
que ingressaram na Ordem, conduzindo-os na busca do autoaperfeiçoamento, na
prática do bem e na construção de um mundo mais iluminado e harmonioso.
E, além de todo o simbolismo impregnado, justaposto a diversas
elucubrações simbólicas e filosóficas (muitas vezes arbitrárias de alguns autores),
há de se enfatizar o caráter prático dessas alegorias. A Maçonaria traz lições
bastante simples, por meio de metáforas, a fim de isso molde e se reflita na conduta
do Maçom, principalmente fora do Templo. Não se trata dos inúmeros e
improváveis significados que se discutem, ou do tempo que se dedica a isso, mas
do que se assimila e do que se faz.

REFERÊNCIAS

ANKERBERG, J.; WELDON, J. The Secret Teachings of the Masonic Lodge: A


Christian Perspective. [s.l: s.n.].

CAMINO, R. DA. Os Painéis da Loja de Aprendiz. 1. ed. Londrina - PR: [s.n.].

CAMINO, R. DA. Iniciação Maçônica. 1. ed. São Paulo - SP: [s.n.].

CAMINO, R. DA. Dicionário Filosófico de Maçonaria. 1. ed. São Paulo - SP: [s.n.].

GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 1o Grau: Aprendiz-Maçom do Rito


Escocês Antigo e Aceito. 1. ed. São Paulo - SP: [s.n.]. v. 1.

JUCHEM, M. Por que as Jóias Devem Ser Móveis? Disponível em:


<www.maconaria.net/por-que-as-joias-devem-ser-moveis>. Acesso em: 24 ago.
2023.
JUNIOR, R. D. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz. 1. ed. São Paulo: Editora
Madras, 2017.

MACKEY, A. G. The Symbolism of Freemasonry. [s.l: s.n.].

SANTOS, M. DO V. DOS. Decifrando os Símbolos da Maçonaria. 1. ed. [s.l: s.n.].


SILVA, H. A. Os Cargos em Loja: Entenda cada um deles. 1. ed. São José do
Rio Preto - SP: [s.n.].

TIPLER, P.; MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenheiros: Eletricidade e


Magnetismo, Óptica. 6. ed. Rio de Janeiro - RJ: [s.n.]. v. 2.
AUGUSTA RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA VILA VELHA Nº 3092
BENFEITORA DA ORDEM

Rua Thaumaturgo de Azevedo – 333 CEP 84036-210. Sessões às


Segundas-Feiras às 20:00h

ESTRTUTURA ORGANIZACIONAL DO GOB

AUTOR: Ir.·. Bruno Cezar Stelzner A.'.M.'. CIM: 332861


RELATOR: Ir.·. Reinaldo Mathuchenko A.'.M.'. CIM: 332862
ORIENTADORES: Ir.·. FERNANDO PARTICA DA SILVA M.'.I.'. CIM:
263392 ;
Ir.·. PAULO ROBERTO GODOY M.'.I.'. CIM: 220077

R.·. E.·. A.·. A.·.

Ponta Grossa
2023
Introdução
A Maçonaria possui uma estrutura administrativa que permite o bom
funcionamento da Instituição. Ela é um espelho da organização do Estado
Democrático de Direito, em que fazem parte os três poderes constituídos e
harmônicos entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Tendo em vista que o Grande Oriente do Brasil é uma federação, sua divisão
organizacional segue o formato federativo brasileiro, com os órgãos federais,
estaduais e locais. Isso diferencia a Ordem Maçônica de muitas outras associações
privadas e/ou públicas, pois ela tem regulamentação e funcionamento, que são
próprios e característicos da Instituição. Sendo assim, a divisão organizacional se
dá deste modo:
O Grande Oriente do Brasil é o ente Executivo Federal.
A Soberana Assembleia Legislativa – SAFL é o ente Legislativo Federal,
sendo o Tribunal de Contas o órgão auxiliar da SAFL.
O Poder Judiciário é representado pelo Supremo Federal Maçônico,
Superior Tribunal Eleitoral e Superior Tribunal de Justiça.
A Guarda da lei é exercida pelo Ministério Público.
O Grande Oriente do Brasil – Paraná, nesse sentido, figura como o Executivo
federado no estado.
As Lojas Maçônicas são órgãos da esfera municipal/local, sendo
jurisdicionadas ao Grande Oriente do Brasil – Paraná e federadas ao Grande
Oriente do Brasil.

Desenvolvimento
Na maçonaria temos as Leis que instruem e regem a Ordem, sendo elas:
Constituição do Grande Oriente do Brasil
Regulamento Geral da Federação
Regimento de Recompensas
Código Eleitoral Maçônico
Código Disciplinar Maçônico
Conselho de Família
Cerimonial para a Bandeira Nacional
Protocolo de Recepção GOB
Constituição do Grande Oriente do Brasil – Paraná
Lei da Mútua Maçônica do GOB/PR
Lei da Ordem do Mérito Pelicano
Decreto que institui o Hino Oficial do GOB/PR
Decreto que cria o Conselho de Grão-Mestres no GOB/PR
Regimento Interno da Poderosa Assembleia Estadual Legislativa – PAEL/PR
Regimento Interno do TEM/PR
Regimento Interno do TJ/PR
Regimento Interno do Tribunal de Contas/PR

No âmbito Federal, a estrutura do GOB é neste formato apresentada:


A. PODER EXECUTIVO
Grão Mestrado
Grão-Mestre Geral
Grão-Mestre Geral Adjunto

SECRETÁRIOS GERAIS
Gabinete
Administração e Patrimônio
CONCELHO FEDERAL
Presidido pelo Grão-Mestre Adjunto
Constituído por 26 membros que representam os Estados

PODER LEGISLATIVO
SAFL – Mesa Diretora
Presidente
Vice Presidente e demais membros COMIÇÕES:
Comissão de Constituição e Justiça,
Comissão de Orçamento e Finança
Comissão de Educação e Cultura
Comissão de Redação
Comissão de Relações Públicas
Comissão de Tecnologia da Informação e Comunicação.

TRIBUNAL DE CONTAS
Presidente
Vice Presidente
Ministros

PODER JUDICIÁRIO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL MAÇONICO


Presidente
Vice Presidente
Ministros

SUPERIOR TRIBUNAL ELEITORAL


Presidente
Vice-Presidente
Ministros

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUNTIÇA MAÇONICO


Presidente
Vice-Presidente
Ministros

MINISTÉRIO PÚBLCO
Procurador Geral
Subprocurador Geral

No âmbito estadual, os três poderes e sua e estrutura estão organizados,


conforme o organograma abaixo:
O Poder Executivo é o poder destinado a executar, fiscalizar e gerir as leis.
No âmbito deste poder está o Grão-Mestre Geral e Grão-Mestre Geral Adjunto, que
são eleitos conjuntamente por mandatos de cinco anos em oficina eleitoral, sendo
vedada a reeleição.
Do mesmo modo, dentro do poder executivo existe o Conselho Federal, o
qual é presidido pelo Grão-Mestre Geral Adjunto que também é substituto imediato
do Grão-Mestre Geral. O núcleo do Poder Executivo é composto pelo Grão
Mestrado, Conselho Federal e das Secretarias Gerais.
Algumas das competências do poder executivo são:
exercer a administração do GOB, representando ativamente e passivamente
em Juízo ou fora dele;
encaminhar ao Legislativo anteprojetos de Leis, sancionar leis, fazê-las
publicar e expedir decretos e atos administrativos para sua fiel execução;
nomear e exonerar mestres maçons para cargos de delegados regionais;
presidir todas as sessões maçônicas, a que comparecer realizadas em Lojas
Federadas ao GOB;
autorizar a contratação e dispensa de funcionários do GOB;
intervir em Loja diretamente jurisdicionada pelo poder central para a garantia
de suas integrada e fiel cumprimento da constituição.
Dentre as competências privativamente do Grão-Mestre Geral está a de
convocar e presidir a Suprema Congregação da Federação, criar delegacias
regionais, expedir cartas consultivas de grandes Orientes, aprovar e determinar a
aplicação dos rituais especiais e dos três graus simbólicos, suspender os direitos
maçônicos de membros por ato fundamentado, entre outras.
Nos Estados há o GOB com estrutura semelhante a do Poder Central. O
Poder Legislativo do GOB é exercido pela Soberana Assembleia Federal
Legislativa - SAFL.
A SAFL é composta por Deputados Federais eleitos por votos diretos dos
Maçons de Lojas da Federação, os mandatos são de quatro anos, podendo haver
reeleição. As eleições são realizadas pelas Lojas da Federação a cada quadriênio.
Não é permitida a reeleição para o cargo de Presidente da SAFL. A função do
legislativo é fiscalizatória. Assim, compete ao legislativo a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do GOB.
Além disso, compete também a Assembleia Federal Legislativa a
fiscalização dos atos do Grão-Mestre Geral relativos a: empregos, salários e
vantagens dos empregados do GOB, concessão de anistia, elaborar seus
regimentos, apreciar a lei orçamentária anual, apresentar emendas de projetos de
lei e julgar as contas do Grão-Mestre Geral.
O núcleo da Assembleia é composto pela Mesa Diretora, Comissão de
Constituição e Justiça, Comissão de Orçamento e Finança, Comissão de Educação
e Cultura, Comissão de Redação, Comissão de Relações Públicas e Comissão de
Tecnologia da Informação e Comunicação.
Ademais, nos Estados há a Poderosa Assembleia Estadual Legislativa –
PAEL com estrutura semelhante.
Por fim, o Poder Judiciário tem a função de garantir os direitos individuais,
coletivos e sociais e resolver conflitos, ele é composto pelo Supremo Tribunal
Maçônico, Superior Tribunal de Justiça Maçônico, Superior Tribunal Eleitoral,
Ministério Público.
Nos Estados e Distrito Federal há o Tribunal de Justiça, Tribunal Eleitoral,
Conselho de Família e Processante e Oficinas Eleitorais.
Algumas das competências do Judiciário são: eleger seu presidente e
demais componentes de sua direção, elaborar seus regimentos internos e organizar
serviços auxiliares, conceder licença a seus membros seus auxiliares, processar e
julgar todas as infrações de sua competência, assegurar o princípio do contraditório
e do devido processo legal, proporcionando às partes a mais ampla defesa.
À vista disso, as ações da justiça maçônica são independentes e serão
exercidas em todos os órgãos da federação. Nos Estados este poder também tem
estrutura semelhante. Conclusão:
A partir da leitura acima foi possível concluir que a estrutura do GOB
comporta uma organização robusta e é um espelho da organização do Estado
Democrático de Direito. Tendo no Executivo (Grão-Mestre Geral) que representa a
figura do Presidente da República, o Legislativo representa a figura dos Deputados
e o Judiciário, do mesmo modo, na figura de Juízes e ministros, neste formato, o
legislativo, legisla e fiscaliza, o executivo, executa e o judiciário julga.

Referências:
Constituição GOB, Coletânea de Leis Edição Especial em Prol da
Construção do
Complexo Maçônico e Boletins do GOB.

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