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A explanação da Tábua de Delinear do

Primeiro Grau, contida no Emulation Ritual


publicado pela editora Lewis Masonic (de
Londres) com a autorização da Emulation
Lodge of Improviment, inicia com o seguinte
parágrafo:

“A prática de incluir a explanação da Tábua de Delinear


do Primeiro Grau como uma parte essencial da
Cerimônia (de iniciação) caiu em desuso. O objetivo da
explanação era possibilitar dividir a Cerimônia como
também o de fazer parte da Primeira Preleção, podendo
ser encontrada nas Secções 3, 4, 5, 6, e 7. A explanação
ainda é, entretanto, algumas vezes feita como uma
explicação separada (em outro dia, que não no dia da
Cerimônia), com o uso costumeiro de um parágrafo
introdutório das Ilustrações da Maçonaria de Preston.”

No entanto, qual a origem das Tábuas de


Delinear, também conhecidas como Painéis do
Grau? Como e por que ela veio para nossas
Lojas e como tomou o seu presente formato,
com os vários símbolos e emblemas que nela
vemos pintados? A seguir o texto do Ir.
Norman Spencer trazendo importantes
contribuições a estas questões.

A Evolução de nossa Moderna


Tábua de Delinear
By Bro. Norman B. Spencer1

11 1Fonte: http://www.lodge76.co.uk/lectures/the_evolution_of_the_tracing_board.htm
(Maio de 1949, publicação, Transactions of the Masters' and Past Masters' Lodge No.
830, Christchurch, New Zealand)
Livre tradução E L Madruga / acrescidas de ilustrações obtidas da internet

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As TÁBUAS DE DELINEAR (ou Painel Alegórico do Grau,
como é chamado em alguns ritos e Obediências) se diferem
em diferentes Lojas, particularmente naquelas mais
antigas. A razão para isso é que, embora a Grande Loja
Unida da Inglaterra reconheça a existência das Tábuas de
Delinear, sendo elas ungidas na consagração da nova Loja,
não estabelece nenhum padrão ou forma específica para
elas.

Agora vamos ver o que nossos rituais dizem a respeito


da Tábua de Delinear. Na explanação da Tábua de Delinear
do primeiro grau nos encontramos o seguinte: “As Joias
imóveis são a Tábua de Delinear e as Pedras Bruta e
Perfeita. A Tábua de Delinear é para o Mestre traçar linhas
e fazer projetos ... Elas são chamadas de Joias Imóveis
porque repousam expostas e imóveis na Loja tendo por fim
o aperfeiçoamento moral dos Irmãos. Como a Tábua de
Delinear é para o Mestre traçar linhas e fazer projetos, para
melhor habilitar os Irmãos a continuar a construção
planejada com regularidade e propriedade, assim o L.S.E.
pode ser justamente considerado como a Tábua de Delinear
Espiritual do Grande Arquiteto do Universo ...”

Se você examinar essa passagem, encontrará uma


estranha inconsistência. Se a Tábua de Delinear é para o
Mestre “traçar linhas e fazer desenhos”, então certamente
deveria ser uma prancheta simples e limpa, sem que nada
já tivesse sido pintado sobre ela. Por outro lado, se for para
“os Irmãos sobre ela moralizarem”, certamente deve ser
mais que uma tábua de desenhar simples e limpa. A
explicação é que as referências são feitas a duas Tábuas
separadas. A primeira, a Tábua de Delinear real, é uma
prancheta de desenho simples, representada na pintura do
Primeiro Grau em frente ao pedestal, e a segunda, a Tábua
da Loja, é a que geralmente é conhecida como a Tábua de
Delinear, com os vários símbolos e emblemas nela
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pintados.

É com a segunda dessas tábuas, a Tábua da Loja ou,


como corriqueiramente é chamada, “A Loja”, que nós
estamos interessados. Vou tentar mostrar-lhes como e por
que ela veio para nossas Lojas e como tomou o seu
presente formato, com os vários símbolos e emblemas que
nela vemos pintados.

Nossa investigação seguiu naturalmente em três


partes. Em primeiro lugar, o uso da Tábua de Delinear entre
os Maçons Operativos dos tempos antigos. Em segundo
lugar, a evolução da moderna Tábua de Delinear a partir de
desenhos feitos no chão, usados por um considerável
tempo durante a fase de transição entre a Maçonaria
Operativa e a Especulativa. Em terceiro lugar, o
desenvolvimento de nossa moderna Tábua de Delinear a
partir das Tábuas de Delinear e tecidos (pintados) cujos
primeiros usos são em geral do final do século XVIII.

Não há dúvidas de que entre os antigos,


particularmente os egípcios, um tipo de Tábua de Delinear
estava em uso, já que os restos de muitas delas foram
encontradas nas ruínas de antigos edifícios. Elas eram
organizadas em quadros, e o plano do prédio representado
por certo número de tijolos ou cubos de pedra, e assim o
construtor conseguia obter as proporções do edifício. Este
método foi também usado pelos escultores. O arquiteto
costumava talhar a Tábua de Delinear em algum lugar
próximo à sua construção. Muitas dessas existem até o
presente. Gradualmente tornou-se costumeiro desenhar
essas Tábuas de Delinear no piso da sala de trabalho, onde
seria conveniente para todos os trabalhadores vê-las. Este
costume ainda persiste na Pérsia nos dias de hoje, após
4000 anos. Os quadros são colocados no chão da sala de
trabalho e o plano do edifício a ser erguido é marcado e
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cada quadrado representa quatro tijolos.

Sem dúvidas, a Tábua de Delinear formava uma parte


muito importante no equipamento dos antigos construtores,
principalmente quando consideramos que os segredos que
eles tão zelosamente guardavam provavelmente eram as
propriedades do triângulo retângulo, conhecida como a
proposição 47ª de Euclides, bem como certas propriedades
do círculo. Era o conhecimento deles que lhes permitia
desenhar seus projetos com tanta precisão.

Passemos agora ao início da Maçonaria Especulativa, há


mais de 200 anos atrás. Não devemos nos surpreender ao
encontrarmos uma parte considerável da cerimônia
relacionada com um desenho feito no chão da sala da Loja.
Naqueles dias as Lojas geralmente se reunião em alguma
pousada ou taberna bem conhecida. O mobiliário de tais
lugares seria muito simples, e o piso era formado por placas
polvilhadas com areia ou juncos. Quando um grau estava
sendo trabalhado o espaço em frente ao pedestal do
Venerável Mestre seria varrido. Nesse espaço limpo, era o
dever do Cobridor (ou Guarda Externo) desenhar com giz e
carvão um desenho da forma de um quadrado oblongo,
representando um edifício, com vários emblemas e
símbolos maçônicos, como o esquadro, o nível e o prumo.

A melhor descrição que encontrei deste desenho no


chão da Loja consiste numa exposição do ano de 1760,
conhecida como “Jachin e Boaz”, ou “Uma Chave Autêntica
para a Porta da Maçonaria, tanto Antiga quanto Moderna”, e
é a seguinte: “Também é aprendido o passo, ou como
avançar para o Mestre, sobre o desenho no chão, que em
algumas Lojas se assemelha com o Grande Edifício (Grand
Building), chamado Palácio Mosaico (Mosaic Palace), e é
descrito com a máxima exatidão. Eles desenhavam outras
figuras também, uma das quais é chamada de laço de corda
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e a outra o Trono envolvido por estrelas. Está também
representado uma linha perpendicular na forma de um
instrumento Maçônico comumente chamado de Linha de
Prumo; e outra figura que representava o túmulo de Hiram,
o primeiro Grão- Mestre, que morreu a quase 3.000 anos.
Todos esses símbolos são explicados para eles de maneira
precisa, e os ornamentos e emblemas da ordem descritos
com uma grande facilidade. ”

Após os símbolos e emblemas serem cuidadosamente


explicados ao candidato, ele recebia um esfregão e um
balde de água e lhe era ordenado que lavasse o desenho do
chão.

Era dever do Cobridor fazer o desenho no chão com giz


e carvão. Para isso ele recebia uma taxa especial conhecida
como “Taxa do Cobridor”, e o desenho era conhecido como
“A Loja”. No livro de contas de antigas Lojas são muitas
vezes encontrados lançamentos como “Pagamento do
Cobridor por produzir uma Loja, 2/6”. O desenho era uma
parte muito importante da cerimônia, e uma Loja não
poderia ser formada para iniciar um candidato sem ele.

Agora, com o passar do tempo, as salas das Lojas (ou


Templos) ficaram mais luxuosos, e os pisos acarpetados.
Assim tornou-se impossível desenhar no chão com giz e
carvão. Além disso, muitos dos Cobridores não eram
artistas, e o desenho resultante deixava muito a desejar.
Para superar esta dificuldade, passou-se gradualmente ao
costume de se desenhar em um grande tecido que poderia
ser estendido no chão e, após o uso, ser enrolado e
guardado. É, sem dúvida, nesses antigos lençóis de chão
que nossas modernas Tábuas de Delinear tiveram sua
origem. Por razões de conveniência, esses lençóis foram
colocados sobre tábuas sustentadas por dois cavaletes
conhecidos como Tábua do Cavalete (Trestle Boards).
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Gradualmente, parece que surgiu o costume de desenhar os
emblemas na própria Tábua, e como o desenho no chão era
conhecido como "A Loja", a tábua tornou-se geralmente
conhecida como a "Tábua da Loja", embora às vezes ainda
continuava a ser chamada "A Loja". Por exemplo, no Livro
das Constituições do ano de 1784, há um relato da
dedicação do Freemason’s Hall, (em Londres, Inglaterra),
que afirma: "Em torno das doze e meia, a procissão
entrou no Salão na seguinte ordem: Grande Cobridor com a
espada decorada, quatro Cobridores carregando a Loja
coberta de cetim branco ... "

Frontispício da Constituição de Anderson (1784)


Fonte: http://themasonictrowel.com/Articles/degrees/Tracing_Boards/figures/tb04a.jpg

Nenhuma data exata pode ser dada para as várias


mudanças. Parece não ter havido uniformidade. Algumas
Lojas parecem ter tido Tábuas antes de terem lençóis e
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alguns terem tido ambos ao
mesmo tempo, e alguns foram
diretos do desenho no chão
para a Tábua da Loja. Embora,
sem dúvida, existissem Tábuas
da Loja antes do ano de 1800,
elas não entraram em uso
geral até aquele ano. A
primeira Tábua datada ainda
existente é de 1800 e pertence
à Lodge Faithful, Nº. 85,
Harleston, Norfolk, Inglaterra.
Dentro de poucos anos, a partir
dessa data, as Tábuas da Loja,
mais ou menos como os
conhecemos agora, passaram a
ser de uso geral em todo o
país. O primeiro Tecido da Loja
ainda existente é o Kirkwall
Kilwinning Scroll. Embora não
datado, geralmente é aceito
como sendo do ano de 1790.
Ele pertence à Kirkwall
Kilwinning Lodge, nº 38. Tem
18 pés e 6 polegadas de
comprimento e 5 pés e 6
polegadas de largura e se
encontra pendurado na parede
ocidental da Loja a que
pertence. Tem vários painéis
da natureza bíblica e maçônica,
enquanto as bordas retratam
os rios Tigre e Eufrates, como
também as perambulações dos
israelitas no deserto.
Em geral, concorda-se que
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esses Tecidos de Soalho não entraram em uso generalizado
até o ano de 1790, embora existam registros de algumas
Lojas usando-os muitos anos antes. Eles parecem ter
entrado em uso geral entre os anos 1790 e
aproximadamente 1815, embora, por volta do ano de 1800,
eles foram gradualmente substituídos pelas tábuas. Essas
datas são apenas aproximadas, pois não houve
uniformidade nessas mudanças.

O registro mais antigo de um Tecido de Soalho


encontra-se nas atas da Old Kings Arms Lodge, nº 28, em 3
de dezembro de 1733, que é o seguinte: "O Mestre-interino
registrou que a instituição de novos Irmãos foi atendida
com problemas mais do que comuns, e talvez
desnecessários, e por isso orientou que um delineamento
adequada deveria ser feito em tela e ser depositado em um
Repositório, ficando pronto para essas ocasiões, sendo o
Irmão Hayman nomeado para assumir e executar as
instruções do Mestre neste ponto ".

Na pintura da Falsa Procissão de Miseráveis Maçons


Queimados (Mock Procession of Scald Miserable Masons),
em 1740, vemos uma série de grandes estandartes
pintados com emblemas maçônicos. Estes podem muito
bem ser representações dos Tecidos de Soalho,
particularmente como na chave impressa abaixo do grande
estandarte, encontramos o seguinte:

“A Verdadeira Loja Maçônica Original”

“Na qual o pobre Hiram fez todos os seus


Aprendizes. Os Maçons, na falta dele, são
forçados a fazer algo assim com giz no
chão sempre que recebem os escolhidos; é
quando se têm uma criação.”

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Algumas Lojas não desistiram de desenhar a Loja no
chão até o século XIX. Por exemplo, nas atas da Old
Dundee Lodge, nº 18, o último registro de pagamento ao
Cobridor por desenhar “A Loja”, ou enquadrar a Loja, como
às vezes era chamado, foi na data de 13 de fevereiro de
1812.

A conclusão parece ser, então, que os Tecidos de


Soalho não entraram em uso geral até o ano de 1790,
embora algumas Lojas os usassem muito antes, e que as
Tábuas da Loja ou, como os chamamos agora, Tábuas de
Delinear, começaram a ser usadas de forma mais
generalizada cerca de dez anos depois e gradualmente
substituíram os Tecidos de Soalho e os desenhos no chão.

Fonte: http://i416.photobucket.com/albums/pp241/neetmok/seven/freemasonry46.jpg

Essas Tábuas de Delinear precoce variam muito nos


símbolos mostrados e na maneira como eles são retratados.
Nenhuma regra foi estabelecida pela Grande Loja quanto ao
que deve ser mostrado nas Tábuas de Delinear, ou na
maneira como elas devem ser mostradas. É natural que as
primeiras Tábuas de Delinear pintadas por diferentes
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artistas, em diferentes partes do país, devam variar muito.
Cada artista em particular teve sua própria ideia do que
deveria ser mostrado e como deveria ser pintado. Basta
olhar as Tábuas de Delinear em uso em nossas distintas
Lojas para perceber como elas podem variar, mesmo em
nossos dias atuais.

Na primeira metade do século XIX as Tábuas variavam


muito de acordo com os artistas, mas desde 1849 eles
quase foram padronizados após o conjunto pintado por
John Harris naquele ano.

Os artistas que mais influenciaram na produção de


nossas modernas Tábuas de Delinear foram Cole, Bowring e
Harris.

John Cole publicou pela primeira vez seu desenho de


Tábua de Delinear em suas "Ilustrações da Maçonaria"
(1801). Este desenho teve uma certa popularidade por
alguns anos. Ele foi o primeiro a apresentar o pavimento
em losangos no lugar do pavimento quadriculado. No seu
desenho, a escada em caracol começa no canto N.W.

Tábuas de Delinear de John Cole


Fonte: http://harmonie699.org/education/tracing-boards/john-cole-1802/
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Josiah Bowring, o maior e mais correto dos antigos
desenhistas de Tábua da Loja, era um pintor profissional.
Ele foi iniciado em 1795 e morreu em 1831. Em todos as
Tábuas de Bowring, "A Chave suspensa" está presa à
Escada de Jacob. Na primeira das Tábuas de Bowring, a
Estrela Fulgurante nasce do norte, mas em versões
posteriores, do sul.

Tábuas de Delinear de Josiah Bowring de 1819


Fonte: https://www.freemasoncollection.com/7-TRACING-BOARDS-
TRESTLE/tracing-board-bowring.php

John Harris é o autêntico designer de nossas modernas


Tábuas de Delinear. Ele era um pintor em miniatura e
desenhista arquitetônico de profissão, e foi feito um Maçom
em 1818. Em 1823 ele publicou um pequeno conjunto de
desenhos para uma Tábua de Delinear. Em 1846, o
Emulation Lodge of Improvement fez uma chamada de
projetos para novas Tabelas de Delinear. Aqueles enviados
por Harris foram os escolhidas. O conjunto premiado tem
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sido usado nesta Loja e vários outros conjuntos foram
pintados para outras Lojas. Em 1849, ele publicou um
conjunto que desde então tem sido usado como design
padrão para a Maçonaria Simbólica. Em 1857, o Irmão
Harris perdeu a visão e morreu em 1872.

Tábuas de Delinear de John Harris que se encontram na


Emulation Lodge
Fonte: https://www.parachuteregiment-hsf.org/Tracing%20Boards.htm

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