Você está na página 1de 9

A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴

Grande Oriente do Brasil


Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

TELHAMENTO/TROLHAMENTO

Imperatriz-MA
06/03/2023
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

MANOEL NASCIMENTO SILVA DE MARIA – Ap∴ M∴

TELHAMENTO/TROLHAMENTO

2º Trabalho no grau Aprendiz Maçom,


apresentado à Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴
“Seareiros da Luz, nº 3222”.

Orientador: Ir∴ Artur de Souza Veras M∴I∴


A∴R∴L∴S∴ Seareiros da Luz nº 3222.

Imperatriz-MA
15/03/2023

1
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

RESUMO

Versa o presente trabalho sobre o TELHAMENTO ou TROLHAMENTO adotado no rito


Adonhiramita. De forma breve, pretende-se uma explanação sucinta e objetiva sobre o
que representa o procedimento de examinar se o visitante a uma loja trata-se
efetivamente de um verdadeiro maçom. O estudo teve como base a pesquisa bibliográfica
em trabalhos disponíveis na internet, sob a orientação do Ir∴ Artur de Souza Veras M∴I∴
A∴R∴L∴S∴ Seareiros da Luz nº 3222. A metodologia empregada consistiu na coleta e
tratamento dos dados levantados, cuja análise foi conduzida de forma a atender ao
objetivo proposto e, possibilitar, ao final, a exposição dos resultados em um texto conciso
e de fácil compreensão. No que concerne ao aspecto estrutural, o trabalho compõe-se de
4 tópicos, incluindo as impressões pessoais do autor nas considerações finais.

INTRODUÇÃO

Após a passagem pelo ritual de iniciação, uma das primeiras palavras que
aprendemos a utilizar de imediato, é o termo “goteira”, embora a finalidade do uso deste
termo e a real compreensão do seu significado simbólico para a Maçonaria não seja bem
explicada ao Aprendiz.
Tomemos como exemplo uma casa, que, quando o telhado apresenta defeitos
(telhas muito afastadas ou não alinhadas) em meio a uma chuva, a pior consequência é a
ocorrência de goteiras.
Em situações nas quais as conversas requeiram a utilização de termos próprios da
Ordem, os diálogos devem ocorrer entre os irmãos tomando-se o cuidado de verificar se
da conversa participam apenas maçons. Em havendo ali pessoas estranhas à Ordem, o
termo “goteira” costuma ser utilizado para alertar os irmãos da presença de profanos
entre Maçons.
Em outras palavras, o termo ‘goteira’ e as expressões ‘há goteira’, ou ‘está
chovendo’, são utilizadas para alertar de que naquele local ou momento não há ‘cobertura’
para tratar de assuntos maçônicos.
Nesse contexto, proteger os segredos da Ordem implica, entre outras coisas,
garantir que há ‘cobertura’ também no ambiente do templo maçônico. E o processo pelo
qual se verifica se há profano, ou ainda, se permita a entrada no templo, de um irmão que
não seja conhecido, é pelo TELHAMENTO/TROLHAMENTO.
Nos itens seguintes, discorreremos sobre as origens dos termos, sua utilização
prática como “Exame”, “Questionário” ou ainda “Catecismo” de proficiência do grau, nas
lojas maçônicas.

2
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

2. ETIMOLOGIA

Antes, convém esclarecer que tanto telhamento quanto trolhamento são termos
não usuais na maçonaria anglo-saxónica. Também os rituais americanos e alemães não
preveem um exame em visitantes. O que está contido nesses rituais (inglês, americano e
alemão) é apenas “O Exame”, “O Questionário” ou ainda “O Catecismo” de proficiência do
grau.
2.1 A origem inglesa: Ante a ausência dos termos telhamento e/ou trolhamento,
tomemos como ponto de partida o cargo de cobridor – Tiler ou Tyler, à luz de alguns
dicionários ingleses.
De acordo com o dicionário Webster, “Tiler (Til.er) pode significar: 1. um homem
cuja ocupação é cobrir um edifício com telhas; 2. um porteiro ou anfitrião numa Loja
Maçónica.”
Segundo o dicionário Cambridge, “Tiler representa: uma pessoa que corrige (ou
fixa) as telhas de uma superfície”.
Tiler vem de ‘tile’ e, conforme o dicionário Webster, significa: “1. Proteger uma
Loja Maçônica de intrusos não iniciados; 2. Um prato ou pedaço fino de barro, usado para
cobrir os telhados dos edifícios (ou seja, uma telha).”
Sendo o Cobridor (Tiler) responsável pela cobertura da Loja (Tile = Telha), e
sendo este aquele que faz a colocação ou correção de telhas em uma cobertura, seria
correto utilizarmos o termo Telhamento.
Sendo a trolha (Trowel) uma ferramenta usada pelos pedreiros operativos para
espalhar a argamassa entre as pedras, não caberia usar Trolhamento, uma vez que, em
inglês, em nada se relaciona com função do cobridor.
2.2 A origem alemã: Nos rituais alemães (Rito Schröder, por exemplo), não existe
o termo ‘trolhar’ e ‘trolha’ refere-se à cobertura da Loja - alusivo ao guarda do templo
(Türhüter): Porteiro ou Guardião da porta.
2.3 A origem francesa: Apesar do termo ‘Escocês’ no REAA, quanto ao simbolismo,
trata-se de um rito de procedência francesa e, os rituais praticados na França adotam os
termos Tuilleur ou Thuileur, para o cargo de Cobridor e Tuiler ou Thuiler para o exame
feito aos visitantes.
No dicionário Michaelis encontramos que Tuile/Thuiler significa Telha, enquanto
a palavra Tuiler, por sua vez, denota telhamento. Isto evidencia que
Tuilleur/Thuileur refere-se a Telhador (Cobridor).
Ressalta-se que o Cobridor não é o responsável pelo exame aos visitantes – ele
apenas verifica se a Loja está coberta.
2.4 A origem portuguesa e a práxis brasileira
Dentre os vários ritos praticados no Brasil, há uma evidente predominância do Rito
Escocês Antigo e Aceito (REAA), o mesmo rito concebido na Europa e que, quanto ao
simbolismo, procede da França e é praticado também em Portugal.

3
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

Conforme o dicionário Priberam: “Trolha (tro.lha): 1. Espécie de pá em que o


pedreiro tem a argamassa de que se vai servindo; 2. Servente de pedreiro; 3. Pedreiro; 4.
Operário que assenta e conserta telhados; 5. Pintor de brocha […]”.
Portanto, em Portugal, um(a) Trolha poder ser tanto um pedreiro, servente,
“telhador” ou pintor, quanto pode ser também a pá para servir ou colher para espalhar a
argamassa.
Segundo o dicionário brasileiro Houaiss, entende-se por telhamento o ato, ou ação,
de telhar, ou seja, cobrir com telhas.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio, trolha é um substantivo feminino, uma
espécie de pá na qual o pedreiro põe a argamassa que vai usando.
A palavra trolha vem do latim: “trullia”, possuindo outras variantes como: trulla
(colher pequena) e trullea, espécie de pá em que o pedreiro põe a cal amassada de que vai
se servindo, é um instrumento de trabalho de formato triangular usada essencialmente
em construções. No Brasil o termo trolha abrange o sentido de desempoladeira e
desempenadeira e, para o senso comum, trolhamento é um neologismo adotado por
alguns segmentos maçônicos e inexiste no idioma pátrio.

3. TELHAMENTO/TROLHAMENTO NA PRÁTICA

3.1 O que dizem alhures


O Mestre Castellani em sua Cartilha de Aprendiz, editada pelo Jornal ‘A Trolha’, diz
o seguinte:
“Telhamento: é o exame de alguém, nos Toques, Sinais e Palavras, para verificar
sua qualidade maçônica, ou se tem Grau suficiente para assistir a um trabalho
maçônico em Grau superior ao de Aprendiz. Representa uma cobertura e, como
as telhas, serve para Cobrir o Templo a Profanos, ou aos que não possuam Grau
suficiente para assistir a Sessão. O termo é muito confundido com ‘trolhamento’,
que para este caso é totalmente errado, pois quando o Cobridor (ou Telhador)
examina algum nos Toques, Sinais e Palavras, ele estará se cobrindo e cobrindo
o Templo e os trabalhos a eventuais intrusos; estará fazendo o ‘telhamento’ e não
‘trolhamento’, que é outra coisa”.

Para o autor, na Maçonaria, ‘telhar’ significa proceder à verificação, por meio de


perguntas (cujas respostas são próprias do universo maçônico) se uma pessoa é Maçom
e, em sendo, se possui o Grau requerido para participar dos trabalhos. Dessa forma, quem
desejar adentrar ao templo deve ser “telhado” pelo Cobridor.
Explica o autor, ainda, que “não é correto requerer aos Aprendizes ou aos
Companheiros ou, ainda, aos Mestres para cobrirem o templo temporariamente, estes em
Sessão de Instalação, pois o Templo é que será coberto para eles”.
Como eles não podem saber o que ocorrerá dentro do Templo, num determinado
período, o Templo estará “coberto”.
Dessa forma, reitera-se que o Telhamento é o ato de examinar um desconhecido
para certificar-se, primeiro, sua condição de maçom, segundo se está regular e,
4
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

finalmente, para confirmar se possui o Grau adequado ao da Sessão que está ocorrendo
ou que vai iniciar.
Depreende-se, portanto, que: se aplicado ao ato de examinar a condição regular de
maçom, o termo “trolhamento” estará sendo aplicado de forma equivocada, tendo em
vista que toda edificação é protegida do mundo exterior pelo seu telhado.
Castellani finaliza afirmando que “trolhar significa passar a trolha (colher de
pedreiro), [...], objetivando alisar a massa aplicada, de forma a aparar as arestas”.
Portanto, para fins maçônicos, passar a ‘trolha’ ou ‘trolhar’ pode significar
apaziguar as discussões acaloradas entre Maçons, ‘aparando e alisando as arestas’.
Nicola Aslan explica também que trolhar,

“é esquecer as injúrias, as desavenças entre os Irmãos. É perdoar um agravo,


dissimular um ressentimento, perdoar uma falta de outro obreiro. É reforçar os
sentimentos de fraternidade, de bondade e de afeto, que unem todos os membros
da família maçônica. Esses sentimentos devem ser contínuos, sem falhas, sem
asperezas e sem rugosidades”.

Aslan afirma ainda que “se isso ocorre em uma Loja, o Venerável Mestre deve se
inteirar do que está ocorrendo e “trolhar” os envolvidos. Por isso que, na Inglaterra, o
Símbolo com o formato de uma “colher de pedreiro” é usado pelos Mestres Instalados”.
À luz das pesquisas realizadas, foi observado que entre os vários ritos praticados
no Brasil, não há um consenso quanto a adotar como exclusivamente correto um ou outro
termo.
Para fins didáticos e buscando dar consonância entre o presente trabalho e o Rito
praticado pelo autor, tomou-se para análise as vertentes que adotam como correto o
termo ‘telhamento’, o que pode ser conferido no subitem a seguir.
3.1 O que diz o Ritual de Aprendiz-Maçom – Rito Adonhiramita
Neste subitem abordaremos sobre o ‘telhamento’ e sua aplicação prática no Rito
Adonhiramita, à luz do Ritual de Aprendiz-Maçom, também conhecido e doravante citado
como ‘Manual do Aprendiz’.
No Rito Adonhiramita há duas situações em que o Cobridor Externo pode proceder
o exame de qualidade maçônica:
a) no telhamento de um visitante (conforme detalhado nas pg. 48 a 50); e
b) no ingresso no templo após o início dos trabalhos (pg. 51 a 53).
Sobre o telhamento de um visitante, diz o Ritual que:

“Todo Ir∴ regular tem o direito de comparecer às sessões das LLoj∴ da


Obediência e às das Potencias da amizade do GOB, sujeitando-se, entretanto, se
não for conhecido dos Ir∴ do Quadr∴, à fórmula de reconhecimento de nominada
Telham∴ e, também, deve atender às disposições disciplinares estabelecidas pela
Loj∴ visitada. (Manual do Aprendiz, Pg. 48).

Notemos a referência direta que faz o Manual do Aprendiz ao termo ‘telhamento’,


justificando a tendência do presente trabalho em não mergulhar mais profundamente na
5
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

análise do termo ‘trolhamento’, embora este termo tenha sua finalidade explicitada no
universo maçônico.
De forma clara e com o objetivo de bem instruir os aprendizes, são detalhados
todos os passos do telhamento, desde a apresentação pessoal do visitante, na “Sal∴ dos
PPas∴ PPerd∴ ao Cobr∴ Ext∴”, passando pelo encaminhamento do visitante ao “1º Exp∴
(Ir∴ Terr∴, que se encontra no átrio”. (Manual do Aprendiz, Pg. 48).
Considerando a diversidade de ritos existentes no Brasil, a pluralidade de sinais,
toques e palavras próprias de cada rito e a fim de que o telhamento seja realizado com
base naquele praticado pelo visitante, antes lhe é indagado sobre o Rito praticado pela
Loja a que pertence.
Passo seguinte, conforme explicado na Pg. 48 do Manual do Aprendiz: “No átrio, a
fim de verificar se o visit∴ é um bom, legítimo e fiel Ir∴ Adonhiramita, o Ir∴ 1º Exp∴ efetua
o Telham∴ perguntando-lhe”.
1º EXP∴ - Sois Maç∴?
IR∴ - Todos os mm∴ AAm∴ IIr∴ c∴ t∴ m∴ r∴.
1º EXP∴ - De onde vindes?
IR∴ - De uma Loj∴ de São João.
1º EXP∴ - Que trazeis?
IR∴ - Amizade, Paz e votos de Prosperidade a todos os meus AAm∴ IIr∴.
1º EXP∴ - Nada mais trazeis?
IR∴ - O Ven∴ Mestr∴ de minha Loj∴ v∴ s∴ p∴ t∴ vv∴ t∴ (Ao dizer isso faz,
simultaneamente, o Sin∴ de Saud∴ por três vezes) .
1º EXP∴ - Que se faz em vossa Loj∴?
IR∴ - Levantam-se TTempl∴ à virtude e cavam-se masmorras ao vício.
1º EXP∴ - Que vindes aqui fazer?
IR∴ - Vencer minhas Paixões, submeter minha vontade e fazer novos
progressos na Maçon∴.
(Manual do Aprendiz, Pg. 49).

Conforme a parte explicativa constante da Pg. 50 do Manual do Aprendiz (texto


entre aspas), além das perguntas acima, é solicitado “ao Ir∴ Visit∴ a Bat∴ do Gr∴, o Toq∴
e, ao ouvido, as PPal∴ Sag∴, de Pas∴ e Sem∴.” Dadas as respostas corretas e conferidas as
credenciais, é solicitado ao “Ir∴ Visit∴ que aguarde o momento oportuno em que lhe será
permitido ingressar no Templ∴.”
Por último, caso o 1º Exp∴ entregue ao visitante o compasso e o esquadro, “o “Ir∴
Visit∴ tem que os posicionar de acordo com o Gr∴, sobre as mm∴ espalmadas do 1º Exp∴.”
...
Para ingresso no templo após o início dos trabalhos, o Manual do Aprendiz dispõe
conforme encontrado nas Pg. 51 a 53.
No preâmbulo da Pg. 51, o Manual do Aprendiz expõe que: “Quando se trata de Ir∴
do Quadr∴ ou Ir∴ Visit∴ conhecido e regular, é dispensado o Telham∴ e o Ir∴ 1º Exp∴
autoriza o Ir∴ retardatário a solicitar ingresso no Templ∴ [...]”, devendo o irmão
retardatário proceder conforme descrito nas Pg. 52 e 53.
Tal descrição narra procedimentos (dentro do templo) envolvendo agora o
Venerável Mestre e o Mestre de Cerimônia, destacando que apenas no caso de visitante o

6
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

Ven∴ Mestr∴ dá-lhe as boas-vindas desejando que a Aug∴ Loj∴ seja para ele uma
habitação de harmonia, paz e concórdia.
A formalidade se completa com a determinação do Ven∴ Mestr∴ ao Mestre de
Cerimônia para conduzir o visitante ou irmão retardatário ao altar do Chanceler para a
devida gravação do Ne Varietur 1 no Livro de Presença e em seguida ao lugar que lhe
compete.
No tópico seguinte, à guisa de ‘conclusão’, cada uma das vertentes exploradas à luz
das pesquisas será pontuada conforme as impressões pessoais do autor. Passemos então
às considerações finais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito se tem discutido acerca da prática que consiste em verificar, em loja, se um


visitante é de fato um Maçom, verificação esta, denominada conforme o rito praticado,
‘telhamento’ ou ‘trolhamento’. Cabe ressaltar que (conforme pesquisado) a discussão
envolvendo qual dos dois termos deve ser aceito como correto, acorre apenas no Brasil.
Boa parte dos autores consultados afirmam que nos rituais da Inglaterra, Estados
Unidos e Alemanha não há um exame para verificar se um visitante é realmente um
Maçom, como também não existe um termo que qualifique tal exame.
Nos rituais praticados na França, o exame existe e o nome que o designa é
Tuiler/Thuiler, termos que derivam de Tuile (Telha). Entre os irmãos franceses não há a
preocupação com o emprego deste ou daquele termo. No entanto, se houvesse na França
a discussão que há no Brasil, o termo correto seria ‘telhamento’.
Em Portugal, o termo ‘trolha’ aparece em um pequeno número de dicionários
referindo-se a um ‘assentador’ e/ou ‘consertador de telhados’. Em geral esse mesmo
termo é utilizado para fazer referência a um ‘pedreiro’, ou à ‘pá’ por ele utilizada para
aplicar a argamassa. Chama atenção o fato de que entre os portugueses não se utiliza
‘trolhar’ ou ‘trolhamento’ – afirmam os estudiosos que nossos irmãos lusitanos utilizam
‘telhar’ e ‘telhamento’.
Sem a intenção de tomar como correta uma ou outra vertente consultada, nos
alinhamos a quem defende que o termo ‘trolhamento’ tenha se originado de equívocos
(mantidos ao longo do tempo) envolvendo a tradução, pronúncia ou mesmo a fonética.
Nesse sentido, o irmão Rui Bandeira pontua que “quando um termo fica por muito
tempo em utilização, acaba se tornando parte da língua e da tradição”. Isto nos levaria ao
entendimento (ainda carente de confirmação científica) de que no Brasil, a utilização do
termo ‘trolhamento’ tenha se perpetuado pela via do ‘costume’, sendo, aos poucos,
incorporado ao idioma.

1
Locução Latina que no universo maçônico significa: “Assinatura de próprio punho do maçom”.
7
A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
Grande Oriente do Brasil
Grande Oriente do Brasil no Maranhão
Aug∴ e Resp∴ Loj∴ Sim∴ “Seareiros da Luz, nº 3222”

Não foram encontradas fontes que indicassem por qual justificativa o Rito
Adonhiramita (conforme referência direta constante do Manual do Aprendiz) tenha
optado pela utilização do termo ‘telhamento’.
Ante a esta constatação e acostando-nos mais às raízes escocesas, voltemo-nos ao
fato de que os termos ‘telhamento’ e ‘exame’, embora não sejam sinônimos, tem sentidos
e raízes semânticas muito próximas. Nessa linha de raciocínio, o ‘telhamento’ (tiling) seria
proceder um exame (de proficiência do grau) em todos os irmãos presentes na loja, antes
da abertura dos trabalhos.
De forma análoga, o exame (examination) consistiria em solicitar o toque e a
palavra àquele suspeito de não ser maçom, exigindo respostas a algumas perguntas
referentes ao rito por ele informado.
Em suma e como forma de acolhimento do termo para fins didáticos, partilhamos
do entendimento de que o termo ‘trolhamento’ (no sentido de passar a trolha), seja
utilizado apenas com a única finalidade de nos referirmos ao ato de ‘apaziguar ânimos
exaltados’ e/ou, ‘nivelar divergências’ pela busca do consenso, fazendo reinar a paz entre
os irmãos maçons.

BIBLIOGRAFIA

BANDEIRA, Rui. Regras Gerais dos Maçons de 1723 – XXV.


DICIONÁRIO MICHAELIS – FRANCÊS/PORTUGUÊS. Tuile.
DICIONÁRIO PRIBERAM – PORTUGUÊS EUROPEU. Trolha.
DICIONÁRIO WEBSTER – INGLÊS/PORTUGUÊS. Tiler.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. 12ª Ed. 2011,
ISMAIL, Kennyo. Telhamento ou Trolhamento???.
JEREZ, Sérgio. Telhamento x Trolhamento.
Manual do Aprendiz Maçom Rito Adonhiramita – 2009;
Ritual de Aprendiz Maçom, do R.:E.:A.:A.:, de 1804, 1904 e 1927;
ROZA, Miguel. Trolhamento dos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito seguido de
Maçonaria Azul e de os 13 graus da Antiga Maçonaria Adonhiramita. Editora Rozas, 2012.
Site:
http://www.oficina-
reaa.org.br/v1/index.php?option=com_content&view=article&id=53:detalhes-dos-
rituais-azuis-do-reaa&catid=38:trabalhos0&Itemid=2. Acesso em 10/03/2023.

Dia 15 de março de 2023, em Lugar Claríssimo, Forte e Terrível aos Tiranos,


situado entre colunas da Loja de São João, sob o título distintivo “Seareiros da Luz Nº
3222”.

Você também pode gostar