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À G .’. D .’. G .’. A .’. D .’. U .’.

Trabalho do Grau 4
Ir.’. Robson Galiás
S.’. F.’. U .’.

O SEGREDO NA MAÇONARIA

A Maçonaria tem sim os seus segredos, não se pode negar. Mas está longe de
ser uma organização secreta.

ORGANIZAÇÃO SECRETA

Como pode ser secreta a Maçonaria, quando as suas Constituições são
registradas em cartório? Como pode ser secreta, quando ela dispõe de CGC? Como
pode ser secreta quando o seu endereço, através dos templos maçônicos, são por
todos conhecidos? Esses templos pagam IPTU, água e luz. A Maçonaria é, portanto,
conhecida dos cidadãos e de todos os governos onde ela é praticada livremente.

Num tempo e numa sociedade em que a vida de cada um se encontra cada
vez mais exposta, é natural que a simples existência de segredos cause muita
curiosidade.

SIGILO

A exigência de sigilo de seus segredos começa no juramento do profano que
está sendo iniciado nos mistérios da Maçonaria, o qual segue, resumido: “...jurais e
prometeis, em presença do Grande Arquiteto do Universo, e de todos os Maçons,
nunca revelar os Mistérios da Maçonaria que vos forem confiados...?”

O sigilo maçônico também está indiretamente disciplinado nos
LANDMARKS, 11º (necessidade de estar uma loja “a coberto”), 15º (nenhum
visitante desconhecido dos irmãos de uma loja, pode ser admitido a visita, sem
que, antes de tudo seja examinada, conforme os antigos costumes) e 23º, que
prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos por iniciação, tanto
dos métodos de trabalho como das suas lendas e tradições, que só podem ser
comunicadas a outros irmãos.

Contudo, a existência dos segredos tem mais do que uma justificação.

SEGREDO

Em primeiro lugar, há as razões culturais, morais e éticas. Diz-se da
Maçonaria ser "um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias
e ilustrado por símbolos". Os sistemas de moralidade podem variar de sociedade
para sociedade, mas as raízes anglo-saxônicas da Maçonaria são bem visíveis
através daquilo que esta valoriza, como a delicadeza de trato associada
aos gentlemen, ou a contenção e refreamento traduzidos na tão conhecida fleuma
britânica. Pode, nesta perspectiva, dizer-se que o segredo, o silêncio e o "saber
calar" são manifestação de três virtudes que a Maçonaria muito preza: a
circunspeção, a discrição e o auto-controle.

Em segundo lugar há razões simbólicas e metodológicas. Diz-se que, nos
tempos da Maçonaria Operativa, seria através de sinais secretos, próprios de cada
uma das classes de operários, que os seus membros se identificariam perante os
tesoureiros para assim receberem os seus salários diferenciados. Do mesmo
modo, cada grau - Aprendiz, Companheiro e Mestre - tem os seus próprios sinais
de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos
de grau inferior. A natureza do que se cala é menos importante do que a
aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se. Sem calar não se
pode ouvir; é por isso que nas sessões é imposto absoluto silêncio aos Aprendizes
e aos Companheiros. Como exercício, fora destas, são-lhes confiados os "segredos
do grau", que não passam, neste sentido, de um mero exercício de contenção.

Por fim, e em terceiro lugar, encontra-se a reserva da identidade dos
irmãos, o que não deixará de fazer sentido face à incompreensão, rejeição e
mesmo perseguição de que os maçons foram - e, infelizmente, são ainda em
muitos lugares - alvo, pelas mais diversas razões, das políticas às religiosas.
Apesar de cada um ser livre para assumir publicamente a sua condição de maçom,
é absolutamente vedado revelar a de quem não o fez. Por poder causar danos
reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada, este é
considerado, dentre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo
verdadeiramente digno desse nome.

SILÊNCIO

Aprender a calar é aprender a pensar e meditar. O silêncio é a virtude
maçônica que desenvolve a discrição, corrige os defeitos, permite usar a
prudência e a tolerância em relação aos defeitos e faltas dos semelhantes.

A lei do silêncio nada mais é do que um perpétuo exercício do pensamento.
Calar não consiste somente em nada dizer, mas também pode significar deixar de
fazer qualquer reflexão dentro de si, quando se escuta alguém falar.

A arte do silêncio é pois, uma arte complexa, que não consiste unicamente
em calar a palavra exterior, mas que requer para que seja realmente completa,
que também ocorra o silêncio interior do pensamento: quando soubermos calar
nossos pensamentos então é quando a verdade poderá intimamente revelar-se e
manifestar-se em nossa consciência.

MESTRE SECRETO

Mestre, ou, em latim, Magister, é aquele que comanda, dirige e ensina.
Secreto é o que não é visível; o que conserva para si; o que é conservado em
mistério. Logo, Mestre Secreto é aquele que comanda o invisível, o dirigente de
assuntos privados, místicos, esotéricos e maçônicos.

O dever de cada Mestre Secreto será verificar se a entrada do Sanctus
Sanctorum está bem guardada. Sua tradução é: Santo dos Santos, e mais
especificamente, o lugar santo dentro de um local sagrado, ou seja, o escaninho
mais sagrado dentro do homem.

Cada membro do Grau 4 é constituído Mestre Secreto porque passa a ser
dirigente de si próprio, iluminado pelos conhecimentos que passa a adquirir.

CONCLUSÃO

Ser maçom é ser amante da virtude, da sabedoria, da justiça e da
humanidade. É educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do
direito, da moralidade e do amor, e praticá-los. É propor como única norma de
conduta buscar o bem de todos, o seu progresso e engrandecimento. É realizar o
sonho da fraternidade universal entre os homens, porém o mais importante, de
forma discreta e sem agir buscando louros ou prêmios.

O silêncio em relação aos conhecimentos, o ritualismo e a simbologia da
maçonaria é vital, a fim de que profanos desavisados e despreparados não teçam
interpretações errôneas sobre seus ensinamentos.

O cuidado em guardar segredo sobre os assuntos tratados em Loja como
prega o ritual no Encerramento dos Trabalhos -- “...juremos o mais profundo
silêncio sobre tudo o quanto aqui se passou!” -- deve merecer de todos os Irmãos
uma grande e firme atenção, para assegurar à nossa Sublime Ordem uma eficiente,
tranqüilizadora e cada vez maior segurança.


Votuporanga, 11 de março de 2018.

Ir:. Robson Galiás



BIBLIOGRAFIA:

RITUAL DO SIMBOLISMO - APRENDIZ MAÇOM - Rito Escocês Antigo e Aceito - GLESP
Dezembro de 2012 - 9ª Edição

CONSTITUIÇÃO E REGULAMENTO GERAL DA GLESP
Setembro de 2011 - 3ª Edição

OS GRAUS INEFÁVEIS - 4º ao 14º - Rito Escocês Antigo e Aceito - Loja de Perfeição
Camino, Rizzardo da - Madras Editora - 3ª Edição - 2005

Blog: A PARTIR PEDRA - BLOGUE SOBRE MAÇONARIA ESCRITO POR MESTRES DA LOJA MESTRE
AFFONSO DOMINGUES, PORTUGAL.
Texto: Os Segredos da Maçonaria, o silêncio e o saber calar-se
Publicado por IR:. Paulo M. - 17 de julho de 2010.

Site: SALMO133.ORG
Texto: O Sigilo Maçônico
Publicado por Ir:. Francisco Mello Siqueira

Blog: ESTUDOS: ACHAR MENOS - PROCURAR MAIS
Texto: Lei do Silêncio Maçônico
Publicado por Ir:. Francisco de P. Leite Ferreira Neto. Loja Cinqüentenário de Dourados nº 46
Dourados-MS - 4 de maio de 2014.

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