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Palestra proferida em 25 de julho de 2022

Palestrante Sergio Emilião, 33


Mestre Instalado
Frater Rosacruz – AMORC
Membro da ARLS Scripta et Veritas, n1.641, Grande Benfeitora da Ordem
Fundada em 10.09.1965 no Rito Adonhiramita
Federada ao GOB e jurisdicionada ao GOB-RJ
Venerável Mestre no biênio 2013-2015
Provedor Geral de Ritualística do Supremo Conselho Adonhiramita do Brasil
Autor dos livros
Simbolismo Adonhiramita – Aprendiz, Editora PROTEXTO
Simbolismo Adonhiramita no Grau de Aprendiz, Fonte Editorial
Breve História do Rito Adonhiramita, E-Book
Editor da revista digital Um Quarto de Hora, 2015-2018
Palestrante virtual e presencial
Administrador do Grupo Adonhiramita de Estudos
O GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS
apresenta

O PÁLIO NO RITO
DO RITO ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências

AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO

• A formação do Pálio, por três Mestres portando espadas, é uma


característica do Rito Adonhiramita
• Em algumas Potências, o REAA também forma o pálio, porém sem as
espadas, usando um bastão
• Muitos autores afirmam que a prática no REAA foi absorvida do Rito
Adonhiramita
• Como utilizamos espadas, arma das mais tradicionais, a primeira hipótese
que nos vem à mente é tratar-se de uma inspiração militar, o que
certamente não deve ser desconsiderado
• Porém, o Pálio é formado em dois momentos específicos das sessões,
ambos diretamente relacionados ao Livro da Lei, que no Rito
Adonhiramita é a Bíblia
• Isso nos dá a pista, de que pode haver uma razão adicional, de caráter
religioso, ou místico
• Minha intenção nesta apresentação, é examinar as hipóteses que levaram
os ritualistas a adotar a prática, e abordar sua execução atualmente, com
base no disposto nos rituais em vigência
ESCOPO

• Introdução
• Etimologia
• O Pálio Cristão
• Pálio e Dossel
• A Introdução nos Rituais
• A Proteção
• Quando se Forma o Pálio?
• Quem faz o Pálio?
• Por Que Três Mestres?
• Por Que com Espadas?
• A Posição das Espadas
• A Figura Geométrica do Pálio
• A Circulação dos Mestres
• Conclusão
ETIMOLOGIA
• O verbete Pálio deriva do latim pallium, que significa manto, ou
cobertura
• Se refere, originalmente, a uma vestimenta, amplamente usada pelos
romanos, que por sua vez, absorveram o costume dos gregos
• Como podemos ver, em sua origem, o pálio era usado como
vestimenta, para cobrir a nudez, e também como proteção contra o
frio, para aquecer o corpo. Esse sentido de PROTEÇÃO está presente
no Pálio Adonhiramita, evidentemente adaptado à Doutrina
• Mas o pálio também foi utilizado como uma espécie de “uniforme”, ou
“farda”, que destacava algumas classes das sociedades gregas e
romanas, como por exemplo, os filósofos
• Assim, o conceito de pálio também se associou à filosofia, ao
conhecimento e à erudição na antiguidade
• O imperador Augusto tentou, sem sucesso, instituir o pálio no senado
romano, no lugar da tradicional toga
• Mesmo assim, observamos alguns profissionais de Direito e juízes se
referirem ao pálio conotativamente, como uma espécie de cobertura
sob a qual se abrigam as matérias do Direito
• Porém, no meu entendimento, o Pálio inserido nos rituais
Adonhiramitas, foi inspirado numa evolução desse conceito original,
de cunho religioso, inaugurado pelos cristãos um pouco mais à frente
O PÁLIO CRISTÃO

• Os pálios eram fabricados comumente em lã, e esse fato foi aproveitado pelos
cristãos, que o associaram a Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus”
• O pálio, a partir daí, passou a ser representado na iconografia cristã, vestindo
Jesus e seus discípulos em diversas pinturas e ilustrações
• O próprio Manto Sagrado, usado por Jesus, é um pálio
• Não há precisão quanto à data de adoção do pálio como vestimenta litúrgica pela
igreja católica, mas os historiadores supõem que deva ter ocorrido no século IV
• As primeiras referências documentais são de 336, através do Papa Marcos
• Originalmente era uma vestimenta de uso exclusivo do Papa, depois estendida a
bispos e cardeais, transformando-se de manto em uma tira de tecido, que ganhou
coloração e decorações variadas
• Alguns pesquisadores afirmam que o pálio católico é uma adaptação do efod dos
sacerdotes hebreus, enquanto outros defendem que é uma representação do manto
de São Pedro, símbolo do ofício de “Pastor Supremo”
• Em ambas as hipóteses, vemos que o conceito de espiritualidade e religiosidade
foram incorporados ao pálio romano, mas ainda não é esse tipo de pálio que
interessa para nossa análise
O PÁLIO A CÉU ABERTO

• A igreja católica estendeu o uso do pálio, ou pelo menos seu conceito, não só para
além das vestimentas litúrgicas, mas igualmente para fora dos templos
• Foi instituída uma cobertura móvel, suspensa por hastes, que cobria o Santíssimo
Sacramento nas procissões ao ar livre
• É na verdade um sobrecéu, ou dossel, aliás, com o mesmo sentido do dossel que
cobre o Altar da Sabedoria em nossos Templos
• A ideia era reverenciar o Santíssimo Sacramento, e protege-lo simbolicamente quando
retirado do interior do templo, ou seja, ao mesmo tempo “marca” o sagrado, o protege
e o reverencia
• Creio que tenha sido esse simbolismo que levou os ritualistas Adonhiramitas a inserir
o Pálio em nossos rituais
• Este é o Pálio de nossos rituais, pelo menos conceitualmente
• E como podemos ver, a influência da igreja católica é enorme em nossa liturgia, e no
meu entendimento, superior aos conceitos teosóficos tão alardeados para nosso Rito
A INTRODUÇÃO NOS RITUAIS
• Afirmar com precisão o momento em que as etapas litúrgicas e ritualísticas
foram adotadas é uma tarefa quase que impossível
• A descrição mais completa da liturgia em nossos rituais tem início no século
passado, mas não podemos considerar que não existiam antes
• Assim, a maioria dos autores e pesquisadores assume a inserção destas
práticas na ocasião de sua aparição, pela primeira vez, nos rituais
• Pode estar certo, e também pode estar errado, talvez jamais saibamos
• O caso do Pálio, como vimos, está diretamente relacionado às etapas de
Abertura e Fechamento do Livro da Lei
• A descrição do procedimento de Abertura e Fechamento do Livro da Lei no
Rito Adonhiramita é bem recente, e data de 1969, no ritual do Grau de Aprendiz,
publicado pelo GOB.
• E é neste mesmo ritual que surge a formação do Pálio, do mesmo modo que
praticamos atualmente
• Ou seja, de lá pra cá, há 53 anos, esta etapa ritualística não sofreu qualquer
alteração
• Porém, a definição do posicionamento dos Mestres das duas Colunas no
Oriente, só foi estabelecida no ritual de Aprendiz de 2003, também publicado
pelo GOB
A PROTEÇÃO
• Como vimos, tanto no que diz respeito à vestimenta usada pelos gregos e
romanos, quanto no caso do pálio das procissões católicas, o conceito é de
PROTEÇÃO
• Mas de que proteção estamos falando exatamente?
• Proteger do quê ou de quem?
• É claro que esta proteção, como tudo mais que há em nossos Templos é
simbólica
• Mas estamos protegendo o Livro da Lei, o Orador, ou ambos?
• Essa dúvida certamente se amplia, quando percebemos a postura quase militar
de guarda, adotada pelos Mestres, que usam suas espadas
• Os autores se dividem entre esse simbolismo militar e um cerimonial místico,
que alude à guarda e proteção de energias metafísicas presentes no interior do
Templo
• Talvez seja um pouco dos dois, lembrando que em ambas as hipóteses estamos
simbolizando, dramatizando um entendimento filosófico-religioso inserido pelos
ritualistas neste cerimonial, e julgo que seja a partir deste raciocínio que
devamos compreender a função do Pálio
A PROTEÇÃO FÍSICA

• No momento da Abertura e Fechamento do Livro da Lei, o Templo está à coberto. O Segundo


Experto e o Cobridor Interno asseguraram isso
• Se todos no Templo são maçons, não parece fazer sentido que os Mestres estejam protegendo
fisicamente nem o Livro da Lei, nem o Orador
• Portanto, apesar de ser executado com espadas, não me parece que o Pálio esteja se prevenindo
para um combate físico
• Nem mesmo a associação com a defesa do simbolismo do ato, contra a ignorância dos
assistentes me parece razoável, pois como vimos, todos são maçons
• A espada dos Mestres, aliás, não é uma arma, mas um instrumento litúrgico
• Elas representam o autodomínio dos Mestres, e seu compromisso de combater a intolerância, as
superstições, a ignorância, e defender as virtudes, evidentemente uma batalha filosófica e
simbólica
• A pista parece residir no fato do Pálio ser formado por dois Mestres do Ocidente, um do Sul e
outro do Norte
• O Ocidente de nossos Templos representa o Plano Material, enquanto o Oriente o Plano Espiritual
• Neste raciocínio, tudo leva a crer que os ritualistas pretendiam representar uma proteção
metafísica
O SIMBOLISMO DA ABERTURA DO LIVRO DA LEI
• Antes de prosseguir com nossa análise, julgo necessário refletirmos um pouco
sobre o simbolismo das etapas de Abertura e Fechamento do Livro da Lei
• Tudo na liturgia Adonhiramita é uma dramatização, por vezes quase teatral
• A Abertura do Livro da Lei é a última etapa do processo de Abertura da Loja, e
este, por sua vez, é a dramatização da criação do Universo, iniciada pela expansão
do VERBO, ou LOGOS divino, dando origem à VERDADEIRA LUZ, que se
materializa pelo seu desdobramento em SABEDORIA, FORÇA e BELEZA nas
Chamas Sagrada e das Três Luzes da Loja
• O Cerimonial do Fogo simboliza que o Universo se tornou perceptível ao homem
fisicamente
• As Doze Vibrações Argentinas simbolizam que o homem desenvolveu um modo
de medir o tempo, acrescentando uma quarta dimensão à matéria, o conceito de
duração das coisas, de temporalidade
• O ser humano percebeu a necessidade de ordenar o Universo para sua melhor
compreensão, e imediatamente verificou que sua capacidade intelectual era
limitada para a tarefa, um SER infinitamente SUPERIOR a ele, deveria existir, e
ESTE seria capaz de criar regras e leis naturais tão complexas quanto precisas
• Este Grande Planejador, nós maços chamamos de Grande Arquiteto do Universo
• As religiões criaram cosmogonias, hipóteses sobre as quais sustentam a origem
do Universo e do Homem
• O Livro da Lei representa a compreensão das leis universais pelo homem, tanto
divinas, por terem sido inspiradas por ELE, quanto materiais, pois foram os
homens que os escreveram
AS EMANAÇÕES DO LIVRO DA LEI

• Simbolicamente, quando o Orador abre o Livro da Lei, está indicando que o


homem, particularmente o maçom, compreendeu a ordenação tanto cósmica
quanto social do Universo, pois no fim das contas, ainda que consideremos que
os profetas e autores dos textos sagrados foram inspirados por Deus, usaram, no
mínimo, termos de sua limitada linguagem para a ordenação
• Além do mais, os princípios éticos e morais das sociedades ocidentais estão ali
inseridos, e foram nos conceitos religiosos e em tese regras divinas inspirados
• Assim, após aberto o Livro da Lei, que manifesta a ordenação divina, o Orador
coloca sobre ele o Esquadro e o Compasso, que indicam quais virtudes,
princípios éticos e morais serão trabalhados naquele Grau
• Quando o Orador abre o Livro da Lei, a dramatização Adonhiramita simboliza que
essa dupla compreensão, material e espiritual do Universo, emanou daquele
ponto, e se expandiu para o restante do Templo
• É este o conceito que norteia a posição dos Mestres e suas espadas na formação
do Pálio, tanto na Abertura, quanto no Fechamento do Livro da Lei
A PROTEÇÃO METAFÍSICA
• As Energias Cósmicas, sutis e metafísicas não precisam de proteção. Seria uma
enorme presunção do homem conceber tal possibilidade, mas certamente
requerem cuidados e direcionamento
• O que chamamos de proteção metafísica, na verdade se refere à qualidade dos
sentimentos dos obreiros no Templo, que poderiam “contaminar” essas energias
puras, alterando suas frequências vibratórias
• Assim, simbolicamente, os dois Mestres, representantes de cada uma das duas
Colunas do Ocidente, auxiliados pelo Mestre de Cerimônias, que representa o
Oeste, protegem seus respectivos flancos dessas emanações mais densas, e o
fazem através de seu instrumento litúrgico, que é a espada
• O Oriente não está sob proteção, pois simbolicamente, é dali que virá a emanação
mais pura, a Verdadeira Luz, que incidirá sobre o Livro da Lei aberto, e para onde
retornará depois que for fechado
• É por esta razão, que a espada do Mestre de Cerimônias fica por baixo das outras
duas e as levanta abruptamente, no momento da Abertura do Livro da Lei, como
que “liberando” tanto essas energias quanto a sua compreensão pelos obreiros
para o interior do Templo
• De outro lado, a espada do Mestre de Cerimônias ficará por cima das outras duas
na ocasião do Fechamento do Livro da Lei, opostamente simbolizando que está
“empurrando” essas emanações e compreensão de volta à sua origem
• O Cobridor Interno também participa indiretamente dessa proteção, pois
simbolicamente guarda a porta do Templo para que essas energias e compreensão
não saiam de seu interior
• Portanto, o conceito de sagrado está intimamente relacionado ao Pálio, e por essa
razão, tanto na Abertura quanto no Fechamento do Livro da Lei, devemos estar
descobertos
QUANDO SE FORMA O PÁLIO?

• Como vimos, sabemos, e está previsto no ritual, o Pálio é formado apenas em duas
oportunidades durante as sessões, na Abertura e no Fechamento do Livro da Lei
• Ou seja, são parte integrante e exclusiva das sessões ritualísticas, e não deve ser
executado sob nenhuma outra hipótese
• Estas são as ocasiões do ritual em que a união entre o Material e o Espiritual, Humano
e Divino, é simbolizada
• O Pálio Adonhiramita é uma proteção, inspirada no Pálio a Céu Aberto católico
• A proteção executada nos rituais católicos do lado de fora dos templos, foi trazida para
dentro pelos ritualistas Adonhiramitas, evidentemente por conta do sigilo de nossos
trabalhos
• Por conta disso, é necessário que os Mestres que formarão o Pálio, estejam imbuídos
do espírito da cerimônia, e se comportem da maneira mais solene e compenetrada
possível
• Seja de maneira simbólica ou real, eles estão incumbidos de cuidar da proteção de um
momento importante e crucial das sessões Adonhiramitas, que marca a abertura e o
encerramento dos trabalhos
• O Pálio, no Rito Adonhiramita, possui conceito de sagrado, e ratifica o seu perfil
religioso e espiritual
QUEM FAZ O PÁLIO?

• O ritual é bem claro, o Pálio é formado pelo Mestre de Cerimônias, um Mestre da Coluna do
Sul, e outro da Coluna do Norte
• Algumas Lojas, por comodismo, notadamente no que diz respeito a economizar espadas,
costumam convidar o Segundo Experto e o Arquiteto para atuarem no Pálio, mas isso não é
obrigatório
• A ideia da proteção, como vimos, é simbolicamente juntar as energias das duas Colunas, para
possibilitar que a emanação proveniente do Oriente sobre o Livro da Lei seja mais pura, sem
qualquer “contaminação”, que nesse caso teria origem no Norte, no Sul e no Oeste
• Simbolicamente, essas energias são captadas pelo aço das espadas carregadas pelos três
Mestres ao circularem no piso do Ocidente
• O convite para a formação do Pálio é feito diretamente pelo Mestre de Cerimônias, que pode
escolher qualquer Mestre das duas Colunas, chamando-os pelos seus Nomes Históricos
• Os Mestres convidados, por sua vez, devem permanecer sentados até o fim da locução, e após
isso descobrirem-se, levantarem-se e empunhar suas espadas no Sinal de Guarda,
acompanhando o Mestre de Cerimônias
• Os Mestres do Pálio devem estar sempre descobertos. Nas primeiras edições do ritual em
vigor, publicado pelo GOB em 2009, não havia a determinação do Venerável Mestre para que
deixassem os chapéus nos assentos no Fechamento do Livro da Lei, nas edições posteriores
isso foi corrigido
SE NÃO HOUVER MESTRES SUFICIENTES?

• O ritual determina que na hipótese de não haver Mestres em número suficiente para formar o
Pálio, o Mestre de Cerimônias deverá fazê-lo sozinho
• Nesse caso, mesmo sabendo que não existem Mestres para serem convidados, o Mestre de
Cerimônias deve percorrer todo o trajeto, ou seja, sair de seu lugar, fazer a vênia em frente no
eixo do central do Templo, próximo aos degraus que levam ao Oriente, descer pela Coluna do
Sul, fazer a vênia entre Colunas, subir pela Coluna do Norte, novamente fazer a vênia antes de
subir os degraus, circular por trás do Retábulo, fazer a vênia em frente ao Altar dos
Juramentos, e somente após isso convidar e conduzir o Orador
• Não é necessário parar em frente a um assento das Colunas para simular o convite a um
Mestre, o Pálio é físico, não metafísico, é feito por homens, e não por espíritos
• O conceito de efetuar o trajeto na íntegra é exatamente simbolizar que a espada do Mestre de
Cerimônias, ao passar pelas Colunas, vai imantar as energias ali em circulação
• A passagem por trás do Retábulo se dá pela mesma razão, para que elas sejam transmitidas
aos dois flancos do Oriente
POR QUE TRÊS MESTRES?
• O Número TRÊS é próprio do Grau de Aprendiz, é objeto de estudo nessa fase, está
representado em inúmeras alegorias da decoração do Templo
• Também é o Número Básico da Maçonaria, marca o início, pois a Lei do Triângulo,
representando a manifestação física do Universo, ORIGEM – EMANAÇÃO –
MATERIALIZAÇÃO, está nele contida
• A compreensão, ainda que limitada, do homem sobre o Universo está baseada neste tripé
• A maioria das religiões também possui esse conceito trinitário
• Em termos de Geometria, matéria afeta a nossos ancestrais construtores de Templos, o
triângulo além de se constituir na primeira figura geométrica plana fechada, formada por
retas, tem a propriedade de formar todas as demais, à exceção do círculo, que contém
todas
• Sob o aspecto da proteção, três são os flancos a serem cuidados no Pálio, pois como
vimos, o Leste, ou Oriente, deverá ficar livre para que as emanações possam
simbolicamente dali saírem
• Representa também o TRIVIUM, igualmente objeto de estudo neste Grau, envolvendo o
exercício da LÓGICA, da GRAMÁTICA e da RETÓRICA, lembrando que no Grau 1, o
maçom está sendo apresentado aos símbolos, aprendendo a interpreta-los e posiciona-
los de forma coerente para que possam ser decifrados
• O TRÊS é a BASE DA EXISTÊNCIA, tudo o mais é dele decorrente
POR QUE COM ESPADAS?

• A espada é um dos arquétipos mais recorrentes no inconsciente coletivo


• Dentre outros significados simboliza o combate, a justiça, e ao que nos
interessa a PROTEÇÃO
• Entendo, que neste sentido, tanto o conceito militar de guarda, quanto o
litúrgico estão presentes
• O Rito Adonhiramita inseriu a espada nos rituais como instrumento do
Mestre, que adquiriu o direito de usa-la por ter conquistado o autodomínio,
e assim, se tornou capaz de entender como e de que maneira deve servir-se
dela
• Desta forma, associados ao simbolismo de proteção, estão atrelados os
conceitos de transporte das energias em circulação no interior do Templo,
que são justamente imantadas pelo aço das lâminas das espadas dos
Mestres
• Para aqueles que não comungam com os conceitos esotéricos, a resposta
é bem mais simples e objetiva, o Pálio é feito com espadas porque os
Mestres Adonhiramitas portam espadas, elas fazem parte do seu traje
A POSIÇÃO DAS ESPADAS
• Independentemente do motivo que cada um de nós, subjetivamente, adote para o uso das
espadas no Pálio, há uma maneira correta de porta-las e posiciona-las
• O primeiro detalhe é sua empunhadura. Na cobertura do Orador, essas espadas comportam-se
como instrumentos litúrgicos, e não armas, ou seja, a lâmina deve ser empunhada em posição
paralela ao solo, com os gumes, ou fios, apontando para os lados
• A intenção não é decepar o Orador
• Na Abertura do Livro da Lei a espada do Mestre de Cerimônias fica por baixo das outras duas, e
no Fechamento por cima
• A espada do Mestre da Coluna do Sul fica por cima da espada do Mestre da Coluna do Norte,
Esse posicionamento é apenas hierárquico, e é mantido em ambas as ocasiões
• O ideal é que o conjunto de movimentos seja sincronizado, primeiro retira-se a espada do Mestre
de Cerimônias, em seguida a do Mestre da Coluna do Sul, e por último a espada do Mestre da
Coluna do Norte
• Antes, e após a execução do Pálio, todos os Mestres portam as espadas em Sinal de Guarda
• A Geometria está intimamente ligada à Doutrina Maçônica, e por extensão, todos os simbolismo
místicos e esotéricos associados
• Desta forma, inevitavelmente, ao posicionar suas espadas, os Mestres que formam o Pálio estão
formando uma figura geométrica, na verdade mais de uma, e no meu entendimento a observação
deste desenho imaginário faz parte do conceito do Pálio no Rito Adonhiramita
A FIGURA GEOMÉTRICA DO PÁLIO

• Nos Graus Simbólicos empreendemos o estudo da denominada GEOMETRIA EUCLIDIANA,


que trata das figuras geométricas bidimensionais e tridimensionais
• Em duas dimensões temos as figuras planas, e em três dimensões os sólidos geométricos
• Ambas as formas geométricas são geradas, evidentemente de forma simbólica, na
formação do Pálio
• No Grau de Aprendiz veremos que a prevalência é do TRÊS, do TRIÂNGULO, porém, ao
expandirmos nossa visão para a tridimensionalidade, obteremos também o CÍRCULO e o
QUADRADO, que por sua vez é um RETÂNGULO NOBRE, com quatro ângulos e quatro
lados exatamente iguais
• Nos slides seguintes, vou propor um exercício simples e prático de visualização dessas
formas geométricas geradas na formação do Pálio no Rito Adonhiramita
• Não podemos afirmar que os ritualistas desenvolveram a liturgia com base nesses
princípios geométricos, ou se trata-se de simples coincidência, particularmente acho que
não foi resultado do acaso
• De toda forma, casual ou proposital, a simples análise dessa possibilidade pode nos trazer
uma considerável noção do que nossos antepassados operativos pretendiam com a
geometria dos templos. Esses conceitos geraram o que se denominou de ARQUITETURA
SAGRADA, e seus princípios, com toda certeza se inserem na Doutrina Adonhiramita
A VISÃO BIDIMENSIONAL
• Se observarmos a posição das espadas na formação do Pálio, de cima
para baixo, numa planta baixa, por assim dizer, e traçarmos linhas
imaginárias unindo a extremidade de seus cabos, obteremos a figura à
esquerda
• Trata-se de um TRIÂNGULO RETO, EGÍPCIO, ou PITAGÓRICO, inserido
num CÍRCULO
• As razões proporcionais das pirâmides do Egito, da MATEMÁTICA
PITAGÓRICA, e da TRIGONOMETRIA surgiram dessa relação de figuras
geométricas
• Percebemos também que há um flanco aberto nessa imagem
• A posição das espadas dos Mestres das duas Colunas divide o círculo
em duas partes, dois semicírculos, o meridiano observado pelos
Vigilantes, ou, se preferirmos, a representação da DUALIDADE DO
UNIVERSO, ESPÍRITO e MATÉRIA, como diria Hermes Trismegistus,
“assim como é em cima, é embaixo”
• Mas esse hemisfério não está exatamente vazio na formação do Pálio,
há um eixo “invisível”, que se acrescentado ao nosso exercício de
visualização nos mostrará uma associação das mais interessantes
COMPLEMENTANDO A FIGURA
• O eixo vertical dessa figura, marcado pela espada do Mestre de
Cerimônias, está alinhado com a COLUNA DA SABEDORIA, “invisível”
em nossos Templos, como a sefirote DAAT da Árvore da Vida
• Essa direção corresponde à origem da emanação que protegemos
simbolicamente com o Pálio, o LESTE, ou ORIENTE
• Esse ponto de origem em nossos Templos, tem como guardião
exatamente o Venerável Mestre, é ele que “ajuda os obreiros com seus
conselhos e ilumina com suas Luzes”
• Nessa “guarda”, o Venerável também utiliza uma espada, privativa do
cargo, a ESPADA FLAMÍGERA, que representa exatamente o PODER
DIVINO, a emanação que simbolizamos receber e proteger, de acordo
com a narrativa bíblica
• Obteremos assim o traçado de um QUADRADO, formado pela junção
de dois TRIÂNGULOS RETANGULOS, DOIS HEMISFÉRIOS, ou, se
preferirmos, DOIS PLANOS, inscritos num círculo
• Se considerarmos que estamos observando essa figura planificada, em
duas dimensões, podemos igualmente supor a possibilidade de
observa-la de forma tridimensional. E para isto, é necessário que nos
coloquemos como observadores de pé, olhando para a cena de perfil,
exatamente como fazemos durante a Abertura e Fechamento do Livro
da Lei
• Nesse caso, o que estamos vendo na figura pode ser a base de outra
A VISÃO TRIDIMENSIONAL

• Neste exercício de visualização, percebemos que as espadas dos


Mestres que formam o Pálio são os VÉRTICES de uma PIRÂMIDE DE
BASE QUADRADA, com os lados triangulares. Um SÓLIDO
GEOMÉTRICO, a MATÉRIA, finalmente, toma forma, o Templo, o
MICROCOSMO, está materializado
• Esta também é a base para a evolução dos demais Graus, tanto
Simbólicos quanto Filosóficos
• Diferentes percepções, e aprofundamentos dessa visualização, serão
acrescidos nos Graus seguintes
• Para o Grau de Aprendiz, é essa “PROTEÇÃO GEOMÉTRICA”, ou, se
olharmos pela FÍSICA NEWTONIANA, uma RESULTANTE DE FORÇAS,
que está, esotericamente representada na formação do Pálio
• Se os ritualistas não pensavam dessa maneira, perderam uma
excelente oportunidade
• Se foi obra do “acaso”, creio que o resultado foi fascinante
OS PONTOS CARDEAIS
• Se deixarmos de lado as espadas, e voltarmos nossa atenção para a
posição de cada um dos Mestres do Pálio, veremos que elas
correspondem aos QUATRO PONTOS CARDEAIS, exatamente a
ordenação cartesiana, ou cartográfica, que nos permite seguir uma
direção certa
• Nessa hipótese, o Venerável Mestre representa o LESTE, de onde
emana a LUZ que ilumina os obreiros
• A própria inversão dos Mestres das duas Colunas no Oriente, chama a
atenção para um aspecto interessante, o Mestre da Coluna do Norte
está realmente olhando para o Norte, e o Mestre da Coluna do Sul está
olhando para o Sul
• O Mestre de Cerimônias olha para o Oriente, ou LESTE, porque é ele
que conduz a ritualística, orientado pelo Venerável Mestre, que ali tem
assento. Essa posição deveria ser ocupada pelo Cobridor Interno, que
evidentemente não pode desguarnecer a porta do Templo. Nesse caso,
podemos imaginar que ele fez uma troca de funções, da mesma forma
que ocorre quando circula o Saco de Propostas e Informações
• Esta é uma outra hipótese para explicar a formação do Pálio, e me
parece igualmente plausível, porém, diferentemente da anterior, refere-
se predominantemente aos aspectos materiais
AR
OS QUATRO ELEMENTOS
• Sob a ótica do Hermetismo, ou alquimia, que também influenciou
certos Ritos de origem francesa, como o Adonhiramita, é possível
fazer a associação dos Mestres que formam o Pálio com os
QUATRO ELEMENTOS, não por acaso são todos representados
por triângulos em seus simbolos
• Nessa hipótese, novamente o Venerável Mestre estaria incluído,
representando o AR, o elemento etéreo, espiritual, AYIN SOPH,
PRANA, FORÇA VITAL, NOUS, ou muitas outras denominações
conforme a religião ou corrente filosófica
• O Mestre de Cerimônias representaria a TERRA, MALKUTH da
ÁGUA FOGO
Árvore da Vida, guarnecida pelo Cobridor Interno. É por este
Elemento, simbolizado na Câmara de Reflexões, que começamos
nossa jornada como Iniciados, caminhando das trevas para a LUZ
• O Mestre posicionado ao Norte, no prolongamento da Coluna da
Beleza, representa a ÁGUA, que nos purificou em nosso Batismo,
quando recebemos nosso Nome Histórico
• Já o Mestre posicionado ao Sul, no prolongamento da Coluna da
Força, representa o FOGO. Essa associação fica mais fácil se nos
lembrarmos que a Purificação pelas Chamas, pela qual passamos
em nossa Iniciação, se dá exatamente no centro da Coluna do Sul
• Vemos novamente uma hipótese ligada ao Plano Material para
explicar a formação do Pálio, que no meu entendimento também
possui coerência

TERRA
A CIRCULAÇÃO DOS MESTRES NO PÁLIO

• Após a Chama Sagrada, ou Fogo Eterno, ser revigorada, a circulação no Templo se dá de


forma ritualística, observando a representação do Analema, ou símbolo do infinito se
preferirmos
• Estamos “ordenando o caos” através de nossa compreensão do Universo manifestado
• Mesmo que a Loja ainda não esteja aberta, e não façamos Sinais, os Mestres que formam
o Pálio carregam suas espadas no Sinal de Guarda
• Isso se justifica exatamente porque estão fazendo uma proteção
• A movimentação desses Mestres é bem clara no ritual, porém, para proporcionar uma
melhor visualização, resolvi exibir nos slides seguintes algumas ilustrações
• Porém, resumi as imagens ao trajeto de ida e volta dos Mestres das duas Colunas, já que
o Mestre de Cerimônias irá se dirigir às posições marcadas nos desenhos, e será
seguido pelos outros dois Mestres
• Quando estiver formando o Pálio sozinho, o Mestre de Cerimônias fará todo o percurso
do Ocidente, e depois do Oriente, conforme comentei anteriormente
A CIRCULAÇÃO DO MESTRE DA COLUNA DO SUL
A CIRCULAÇÃO DO MESTRE DA COLUNA DO NORTE
MESTRES VISITANTES DE OUTROS RITOS

• Na impossibilidade de existirem maçons do quadro da Loja presentes na


sessão, em número suficiente para formar o Pálio, nada impede que Irmãos
visitantes executem a função
• Se forem praticantes do Rito Adonhiramita não haverá embaraço
• Se praticarem Rito diferente, deverão ser orientados pelo Mestre de
Cerimônias quanto ao procedimento prescrito no ritual, notadamente no que
diz respeito à condução da espada, e a circulação no Templo
• Devemos nos lembrar que nessa hipótese, o Irmão visitante de outro Rito
estará trabalhando conforme a ritualística Adonhiramita, portanto, ela
deverá ser rigorosamente observada
OS MESTRES DO PÁLIO PODEM SER ALTERADOS?

• É possível que o Mestre de Cerimônias resolva modificar a formação do


Pálio, alternando Mestres diferentes, na ocasião da Abertura e do
Fechamento do Livro da Lei, de modo a permitir a participação de maior
número de obreiros na liturgia. Isso é possível, ou permitido?
• Outra hipótese é não haver Mestres suficientes no início dos trabalhos para
formar o Pálio, mas que esse número seja preenchido ao longo da sessão
com a chegada de retardatários. Nesse caso, pode o Mestre de Cerimônias
formar o Pálio sozinho na Abertura do Livro da Lei, e convidar outros
Mestres para o seu Fechamento?
• Não existe a vedação expressa no ritual para nenhuma das duas hipóteses,
embora haja a recomendação de forma-lo com a mesma composição
original dentro das possibilidades, o que sugere que não há qualquer delito
ou irregularidade em fazê-lo, mas igualmente sugere que isso seja evitado
• No entanto, se aceitamos e compreendemos que a Doutrina Adonhiramita
admite a circulação de energias sutis no interior do Templo, e que os
obreiros são seus “manipuladores”, não é correto sob o ponto de vista
místico-esotérico modificar ou embaralhar essas energias alterando a
composição do Pálio
• No meu entendimento, a formação original, que protegeu a Abertura do
Livro da Lei, deve ser repetida em seu Fechamento
CONCLUSÃO
• O Pálio, formado por Mestres munidos de espadas, é uma das
características do Rito Adonhiramita
• Seu sentido é de proteção, abrangendo conceitos simbólicos, filosóficos e
religiosos
• Na verdade atua como guarda simbólica e metafísica, a proteção
meramente física, como vimos, não faria o menor sentido
• No meu entendimento está diretamente relacionado ao conceito de
sagrado, indubitavelmente presente na Doutrina Adonhiramita
• Como vimos, é uma etapa litúrgica que admite diferentes hipóteses para
justificar sua inserção nos rituais, todas elas com a devida coerência
• No meu entendimento, a sua inserção se deu exatamente pela aglutinação
de todas as hipóteses analisadas, o que me parece bastante razoável,
principalmente se levarmos em consideração que raramente os rituais são
reformados por apenas um Mestre. No caso específico das alterações
inseridas no ritual de 1969, estas foram fruto do trabalho de uma comissão
designada pelo GOB para tal fim, composta de três Mestres
• De qualquer forma, seja lá qual for o entendimento subjetivo que cada um
de nós venha a adotar sobre a inserção do Pálio nos rituais,
indiscutivelmente, no Rito Adonhiramita, ele representa PROTEÇÃO
O Grupo Adonhiramita de Estudos foi idealizado por maçons
praticantes do Rito. Agrega Irmãos de todos os Ritos, em todos
seus Graus e Qualidades, membros de Potências Simbólicas
Regulares, unidos pelo propósito de fomentar a pesquisa, a troca
de conhecimento, e o debate sobre nossa Doutrina, história,
ritualística e liturgia, nas plataformas WhatsApp e Telegram.
Os temas tratados se referem exclusivamente ao Grau de
Aprendiz Maçom.

Todos são bem-vindos! Caso haja interesse em participar, basta


solicitar a inclusão no chat.

Agradecemos a todos pela participação, e contamos com sua presença


em nossas próximas palestras.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos guie e ilumine!

GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS BOA NOITE!


DIFUNDINDO A DOUTRINA ADONHIRAMITA

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