Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O PÁLIO NO RITO
DO RITO ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências
AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• Introdução
• Etimologia
• O Pálio Cristão
• Pálio e Dossel
• A Introdução nos Rituais
• A Proteção
• Quando se Forma o Pálio?
• Quem faz o Pálio?
• Por Que Três Mestres?
• Por Que com Espadas?
• A Posição das Espadas
• A Figura Geométrica do Pálio
• A Circulação dos Mestres
• Conclusão
ETIMOLOGIA
• O verbete Pálio deriva do latim pallium, que significa manto, ou
cobertura
• Se refere, originalmente, a uma vestimenta, amplamente usada pelos
romanos, que por sua vez, absorveram o costume dos gregos
• Como podemos ver, em sua origem, o pálio era usado como
vestimenta, para cobrir a nudez, e também como proteção contra o
frio, para aquecer o corpo. Esse sentido de PROTEÇÃO está presente
no Pálio Adonhiramita, evidentemente adaptado à Doutrina
• Mas o pálio também foi utilizado como uma espécie de “uniforme”, ou
“farda”, que destacava algumas classes das sociedades gregas e
romanas, como por exemplo, os filósofos
• Assim, o conceito de pálio também se associou à filosofia, ao
conhecimento e à erudição na antiguidade
• O imperador Augusto tentou, sem sucesso, instituir o pálio no senado
romano, no lugar da tradicional toga
• Mesmo assim, observamos alguns profissionais de Direito e juízes se
referirem ao pálio conotativamente, como uma espécie de cobertura
sob a qual se abrigam as matérias do Direito
• Porém, no meu entendimento, o Pálio inserido nos rituais
Adonhiramitas, foi inspirado numa evolução desse conceito original,
de cunho religioso, inaugurado pelos cristãos um pouco mais à frente
O PÁLIO CRISTÃO
• Os pálios eram fabricados comumente em lã, e esse fato foi aproveitado pelos
cristãos, que o associaram a Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus”
• O pálio, a partir daí, passou a ser representado na iconografia cristã, vestindo
Jesus e seus discípulos em diversas pinturas e ilustrações
• O próprio Manto Sagrado, usado por Jesus, é um pálio
• Não há precisão quanto à data de adoção do pálio como vestimenta litúrgica pela
igreja católica, mas os historiadores supõem que deva ter ocorrido no século IV
• As primeiras referências documentais são de 336, através do Papa Marcos
• Originalmente era uma vestimenta de uso exclusivo do Papa, depois estendida a
bispos e cardeais, transformando-se de manto em uma tira de tecido, que ganhou
coloração e decorações variadas
• Alguns pesquisadores afirmam que o pálio católico é uma adaptação do efod dos
sacerdotes hebreus, enquanto outros defendem que é uma representação do manto
de São Pedro, símbolo do ofício de “Pastor Supremo”
• Em ambas as hipóteses, vemos que o conceito de espiritualidade e religiosidade
foram incorporados ao pálio romano, mas ainda não é esse tipo de pálio que
interessa para nossa análise
O PÁLIO A CÉU ABERTO
• A igreja católica estendeu o uso do pálio, ou pelo menos seu conceito, não só para
além das vestimentas litúrgicas, mas igualmente para fora dos templos
• Foi instituída uma cobertura móvel, suspensa por hastes, que cobria o Santíssimo
Sacramento nas procissões ao ar livre
• É na verdade um sobrecéu, ou dossel, aliás, com o mesmo sentido do dossel que
cobre o Altar da Sabedoria em nossos Templos
• A ideia era reverenciar o Santíssimo Sacramento, e protege-lo simbolicamente quando
retirado do interior do templo, ou seja, ao mesmo tempo “marca” o sagrado, o protege
e o reverencia
• Creio que tenha sido esse simbolismo que levou os ritualistas Adonhiramitas a inserir
o Pálio em nossos rituais
• Este é o Pálio de nossos rituais, pelo menos conceitualmente
• E como podemos ver, a influência da igreja católica é enorme em nossa liturgia, e no
meu entendimento, superior aos conceitos teosóficos tão alardeados para nosso Rito
A INTRODUÇÃO NOS RITUAIS
• Afirmar com precisão o momento em que as etapas litúrgicas e ritualísticas
foram adotadas é uma tarefa quase que impossível
• A descrição mais completa da liturgia em nossos rituais tem início no século
passado, mas não podemos considerar que não existiam antes
• Assim, a maioria dos autores e pesquisadores assume a inserção destas
práticas na ocasião de sua aparição, pela primeira vez, nos rituais
• Pode estar certo, e também pode estar errado, talvez jamais saibamos
• O caso do Pálio, como vimos, está diretamente relacionado às etapas de
Abertura e Fechamento do Livro da Lei
• A descrição do procedimento de Abertura e Fechamento do Livro da Lei no
Rito Adonhiramita é bem recente, e data de 1969, no ritual do Grau de Aprendiz,
publicado pelo GOB.
• E é neste mesmo ritual que surge a formação do Pálio, do mesmo modo que
praticamos atualmente
• Ou seja, de lá pra cá, há 53 anos, esta etapa ritualística não sofreu qualquer
alteração
• Porém, a definição do posicionamento dos Mestres das duas Colunas no
Oriente, só foi estabelecida no ritual de Aprendiz de 2003, também publicado
pelo GOB
A PROTEÇÃO
• Como vimos, tanto no que diz respeito à vestimenta usada pelos gregos e
romanos, quanto no caso do pálio das procissões católicas, o conceito é de
PROTEÇÃO
• Mas de que proteção estamos falando exatamente?
• Proteger do quê ou de quem?
• É claro que esta proteção, como tudo mais que há em nossos Templos é
simbólica
• Mas estamos protegendo o Livro da Lei, o Orador, ou ambos?
• Essa dúvida certamente se amplia, quando percebemos a postura quase militar
de guarda, adotada pelos Mestres, que usam suas espadas
• Os autores se dividem entre esse simbolismo militar e um cerimonial místico,
que alude à guarda e proteção de energias metafísicas presentes no interior do
Templo
• Talvez seja um pouco dos dois, lembrando que em ambas as hipóteses estamos
simbolizando, dramatizando um entendimento filosófico-religioso inserido pelos
ritualistas neste cerimonial, e julgo que seja a partir deste raciocínio que
devamos compreender a função do Pálio
A PROTEÇÃO FÍSICA
• Como vimos, sabemos, e está previsto no ritual, o Pálio é formado apenas em duas
oportunidades durante as sessões, na Abertura e no Fechamento do Livro da Lei
• Ou seja, são parte integrante e exclusiva das sessões ritualísticas, e não deve ser
executado sob nenhuma outra hipótese
• Estas são as ocasiões do ritual em que a união entre o Material e o Espiritual, Humano
e Divino, é simbolizada
• O Pálio Adonhiramita é uma proteção, inspirada no Pálio a Céu Aberto católico
• A proteção executada nos rituais católicos do lado de fora dos templos, foi trazida para
dentro pelos ritualistas Adonhiramitas, evidentemente por conta do sigilo de nossos
trabalhos
• Por conta disso, é necessário que os Mestres que formarão o Pálio, estejam imbuídos
do espírito da cerimônia, e se comportem da maneira mais solene e compenetrada
possível
• Seja de maneira simbólica ou real, eles estão incumbidos de cuidar da proteção de um
momento importante e crucial das sessões Adonhiramitas, que marca a abertura e o
encerramento dos trabalhos
• O Pálio, no Rito Adonhiramita, possui conceito de sagrado, e ratifica o seu perfil
religioso e espiritual
QUEM FAZ O PÁLIO?
• O ritual é bem claro, o Pálio é formado pelo Mestre de Cerimônias, um Mestre da Coluna do
Sul, e outro da Coluna do Norte
• Algumas Lojas, por comodismo, notadamente no que diz respeito a economizar espadas,
costumam convidar o Segundo Experto e o Arquiteto para atuarem no Pálio, mas isso não é
obrigatório
• A ideia da proteção, como vimos, é simbolicamente juntar as energias das duas Colunas, para
possibilitar que a emanação proveniente do Oriente sobre o Livro da Lei seja mais pura, sem
qualquer “contaminação”, que nesse caso teria origem no Norte, no Sul e no Oeste
• Simbolicamente, essas energias são captadas pelo aço das espadas carregadas pelos três
Mestres ao circularem no piso do Ocidente
• O convite para a formação do Pálio é feito diretamente pelo Mestre de Cerimônias, que pode
escolher qualquer Mestre das duas Colunas, chamando-os pelos seus Nomes Históricos
• Os Mestres convidados, por sua vez, devem permanecer sentados até o fim da locução, e após
isso descobrirem-se, levantarem-se e empunhar suas espadas no Sinal de Guarda,
acompanhando o Mestre de Cerimônias
• Os Mestres do Pálio devem estar sempre descobertos. Nas primeiras edições do ritual em
vigor, publicado pelo GOB em 2009, não havia a determinação do Venerável Mestre para que
deixassem os chapéus nos assentos no Fechamento do Livro da Lei, nas edições posteriores
isso foi corrigido
SE NÃO HOUVER MESTRES SUFICIENTES?
• O ritual determina que na hipótese de não haver Mestres em número suficiente para formar o
Pálio, o Mestre de Cerimônias deverá fazê-lo sozinho
• Nesse caso, mesmo sabendo que não existem Mestres para serem convidados, o Mestre de
Cerimônias deve percorrer todo o trajeto, ou seja, sair de seu lugar, fazer a vênia em frente no
eixo do central do Templo, próximo aos degraus que levam ao Oriente, descer pela Coluna do
Sul, fazer a vênia entre Colunas, subir pela Coluna do Norte, novamente fazer a vênia antes de
subir os degraus, circular por trás do Retábulo, fazer a vênia em frente ao Altar dos
Juramentos, e somente após isso convidar e conduzir o Orador
• Não é necessário parar em frente a um assento das Colunas para simular o convite a um
Mestre, o Pálio é físico, não metafísico, é feito por homens, e não por espíritos
• O conceito de efetuar o trajeto na íntegra é exatamente simbolizar que a espada do Mestre de
Cerimônias, ao passar pelas Colunas, vai imantar as energias ali em circulação
• A passagem por trás do Retábulo se dá pela mesma razão, para que elas sejam transmitidas
aos dois flancos do Oriente
POR QUE TRÊS MESTRES?
• O Número TRÊS é próprio do Grau de Aprendiz, é objeto de estudo nessa fase, está
representado em inúmeras alegorias da decoração do Templo
• Também é o Número Básico da Maçonaria, marca o início, pois a Lei do Triângulo,
representando a manifestação física do Universo, ORIGEM – EMANAÇÃO –
MATERIALIZAÇÃO, está nele contida
• A compreensão, ainda que limitada, do homem sobre o Universo está baseada neste tripé
• A maioria das religiões também possui esse conceito trinitário
• Em termos de Geometria, matéria afeta a nossos ancestrais construtores de Templos, o
triângulo além de se constituir na primeira figura geométrica plana fechada, formada por
retas, tem a propriedade de formar todas as demais, à exceção do círculo, que contém
todas
• Sob o aspecto da proteção, três são os flancos a serem cuidados no Pálio, pois como
vimos, o Leste, ou Oriente, deverá ficar livre para que as emanações possam
simbolicamente dali saírem
• Representa também o TRIVIUM, igualmente objeto de estudo neste Grau, envolvendo o
exercício da LÓGICA, da GRAMÁTICA e da RETÓRICA, lembrando que no Grau 1, o
maçom está sendo apresentado aos símbolos, aprendendo a interpreta-los e posiciona-
los de forma coerente para que possam ser decifrados
• O TRÊS é a BASE DA EXISTÊNCIA, tudo o mais é dele decorrente
POR QUE COM ESPADAS?
TERRA
A CIRCULAÇÃO DOS MESTRES NO PÁLIO