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COMENTÁRIOS SOBRE O REGIOMENTO INTERNO DA LOJA 7 DE

SETEMBRO X

Fazemos os seguintes comentários com relação análise da Comissão de


Justiça no que se refere a proposta do Regimento Interno, dos artigos 1 a
65, capitulo I a XV, a forma a seguir:

Conforme consta na redação do Capitulo V. Dos Direitos e Deveres, ao


artigo 10, inciso I, está em desacordo com a Constituição do Grande
Oriente do Brasil (art. 30, II), a Constituição do Grande Oriente do Estado
de Goiás (art. 23, II), a Constituição da Republica Federativa do Brasil (art.
5 ) e do Código Civil Brasileiro (artigos 55 e 58).

Portanto, não é passível de proibição de um irmão fazer criticas ou dar


conselhos a outro irmão em Loja. Pois, o irmão deve dar o seu conselho ou
fazer a sua critica mais indireta e polida possível. E deverá ser feita a critica
ou o conselho dentro da Sessão em que for levantada a questão e não
transforma-la em Sessão de Mestre, pois, estaríamos ferindo outro
dispositivo Constitucional (do GOB, art. 30, I e 23, I - a igualdade perante
a lei maçônica).

Para coibir o excesso, poderá ser colocado no Regimento Interno que o


Irmão deverá ao fazer uso da palavra usar os momentos previstos nos
Rituais e fazer uso da mesma de forma polida e com urbanidade.

Nesta oportunidade transcrevemos artigo publicado na Revista A Trolha,


de nossa autoria, que expressa bem o uso da palavra em Loja.

O Ritual e o Uso da Palavra no Rito Brasileiro

RITUAL, palavra de origem latina (rituale), adjetivo de dois gêneros.


Referente a rito(s), à realização de ritos ou ao caráter ou poder religioso
destes. Semelhante a rito, principalmente quanto ao caráter sagrado ou à
realização regular ou repetitiva; ritualístico: cerimônia ritual; Faz tudo com
meticulosidade ritual. Substantivo masculino. Liturgia. Livro que contém
os ritos de uma religião. Conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou
por normas, e que se deve observar de forma invariável em ocasiões
determinadas; cerimonial.
Segundo Aurélio o ritual é "um culto público e oficial instituído por
uma igreja". O mesmo autor define RITUAL como "um conjunto de
práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que se deve observar de
forma invariável em ocasiões determinadas, portanto, um cerimonial".

De acordo com Aslan em seu Dicionário Enciclopédico, o termo


RITUALÍSTICO nada mais é do que um neologismo com o mesmo
significado de RITUAL, com o objetivo de diferenciar do entendimento
geral o entendimento exclusivamente maçônico.

Em Maçonaria RITUAL: São as regras e as normas estabelecidas


para a liturgia das cerimônias maçônicas. Sempre existiram os Rituais,
inicialmente através da tradição e oralmente e, posteriormente, por escrito.

A notícia oficial maçônica é de que os Rituais iniciais foram escritos


por Elias Ashmole em torno do ano de 1646 e que nos chegaram intactos
até o presente. Acredita-se que na época do Grande Templo de Salomão, os
Rituais obedeciam os preceitos religiosos dos hebreus. Posteriormente se
descobriu que entre os Egípcios existiam Rituais específicos, guardados
sigilosamente, pois continham o segredo da construção das Pirâmides.
Esses Rituais não chegaram até nós; crê-se que o Livro dos Mortos
contenha grande parte dessa ritualística perdida. Cada povo possuía os seus
Rituais, embuídos de magia e mistério, considerados sagrados.(Dicionário
Maçônico/Rizzardo da Camino).

O Ritual do Rito Brasileiro é o livro que contém o conjunto de


normas, práticas e procedimentos que devem ser seguidos nas sessões do
rito, a fim de que os trabalhos transcorrem dentro da regularidade.

Antes mesmo do início da sessão maçônica, o ritual já é empregado,


quando o Irmão Arquiteto prepara o Templo e verifica se tudo está em
ordem para o início dos trabalhos, começa antes mesmo da chegada da
maioria dos Irmãos e da formação da cortejo de entrada no Templo. Após
esse momento é que o Mestre de Cerimonia distribui as insígnias e
organiza os Irmãos para adentrar no Templo, tendo início a sessão
propriamente dita.

Todos os eventos previstos no ritual maçônico são importantes e


devem ser seguidos na sequência estabelecida.

O Supremo Arquiteto do Universo concedeu-nos o dom da palavra


para que nos entendamos como nossos semelhantes, a palavra, dom
Divino, portanto não encerra um fim em si mesma: é antes um meio, um
instrumento, uma ferramenta de trabalho a nos auxiliar na execução de
nossos objetivos. E, como toda ferramenta, deve ser usada
adequadamente, obedecendo a norma e o regulamento.
A palavra, dentro de Loja, pertence ao Venerável Mestre. Ele é o
único detentor desta entidade chamada "palavra". E ele a concede, nas
colunas, por intermédio dos Vigilantes e no Oriente, diretamente aos
Irmãos que dela queiram fazer uso. Mas assim como ele a concede,
também poderá retirá-la com um golpe de malhete, quando julgar
necessário quando um Irmão estiver fazendo mau uso dela, quando
assunto abordado não for pertinente, quando for evidente a intenção de
agredir, provocar, polemizar, ironizar, etc.

A palavra também poderá ser retirada quando o Irmão se alonga


demais no tema abordado e não querendo retirá-la abruptamente, o
Venerável Mestre poderá interromper o Irmão que fala, pedindo-lhe que se
apresse, ou conclua.

O Ritual, também nos ensina como devemos administrar o uso da


palavra.

Existem ocasiões dentro de uma sessão econômica, em que os Irmãos


fazem uso da palavra: na Leitura do Balaústre, na Ordem do Dia, no
Tempo de Instrução e no Bem Geral da Ordem e do Quadro.

Como devemos usar a palavra nesses momentos:

Leitura do Balaústre
Aqui quase sempre reina silêncio. Mas quando houver alguma
observação, ou correção, ela deve ser concisa. Nesse momento os
registros dos fatos ocorridos na sessão marcam a história da Loja. E a
discussão, se houver, girará exclusivamente em torno da controvérsia
existente.
Ordem do Dia
A pauta é organizada pelo Secretário. Constitui-se de assuntos que
exijam debate e votação da Loja, os assuntos devem ser encaminhados
através de propostas escritas, apresentadas no Saco de Propostas e
Informações. Os assuntos ou pareceres apresentados serão designados por
ordem do Venerável Mestre ao Irmão Secretário e o Irmão Secretário os
apresentará um de cada vez, só passando para outro após a votação e
proclamação do resultado.
Os Irmãos manifestar-se-ão quando a palavra for para as colunas,
exclusivamente sobre o tema apresentado, quando tiver posição contrária
ao parecer, durante cinco minutos no máximo, a cada um que queira falar.
O autor da proposta poderá falar em reposta a cada opositor (Ritual).
O Venerável Mestre e o Secretário devem verificar a compatibilidade
dos assuntos a serem debatidos com a sessão ritualísticas. A matéria
controvertida ou de caráter profano deve ser apreciada em sessão
administrativa.
Tempo de Instrução
Segundo o nosso Ritual, o tempo de instrução contará de exposição e
debate, quando for o caso, de um assunto de filosofia, simbolismo,
liturgia, história ou legislação maçônica, ou versará sobre qualquer
assunto da cultura humana (arte, ciência, tecnologia, etc.), e poderá ser
feito pelo Venerável Mestre ou por outro Irmão designado previamente.
Não havendo Irmão inscrito, o 2º Vigilante dará a instrução aos Irmãos. É
vedado, terminantemente, a exposição e debate de qualquer matéria
político-partidário ou religiosa-sectária. É a hora dos Irmãos doarem um
pouco do que sabem, pois é o momento único para praticar os objetivos da
Maçônaria. O momento exige Sabedoria, Força para tomar a atitude de
levantar, externar seus tesouros pessoais; exige Beleza, não apenas de
palavras, mas de emoção.
O Ritual não especifica a duração do tempo de instrução, mas a
tradição manda que ele não exceda a 15 minutos. Vemos muitos autores
denominarem o tempo de estudos de "O Quarto de Horas de Estudos".
Portanto, 15 minutos no máximo.
É oportuno não ultrapassar este tempo, pois o bom senso deve
prevalecer. Se há respeito para com quem fala, deve também haver com
quem ouve. O discruso tradicional, aquele de longa duração já foi abolido
em todos os meios de comunicação.
Os Irmãos para serem designados no tempo de estudo, deverão
inscrever-se com o Venerável Mestre.
O Venerável Mestre a seu critério poderá aceitar ou não, o trabalho
apresentado, por julgá-lo adequado ou inadequado, oportuno ou
inoportuno. Mas, se atentarmos para o Ritual de Aprendiz, o que está
escrito é exatamente assim: "Se houver Irmão previamente inscrito para
apresentar trabalhos, ser-lhe-á dada a palavra." Devem as Lojas elaborar
um calendário de tempo de instrução para não ficarem no improviso e
convocar os aprendizes e companheiros para apresentarem seus trabalhos
e convocar também os mestres, pois se o trabalho dos aprendizes e dos
companheiros tem como finalidade dar oportunidade de demonstração do
que foi aprendido, o trabalho dos mestres tem outra finalidade de orientar,
esclarecer e aprimorar os conhecimentos de todos os Irmãos.
Palavra a Bem Geral da Ordem e do Quadro
Este espaço não é um novo tempo de instrução. São Palavras a Bem
Geral da Ordem e do Quadro em particular.
A aqui a oportunidade de todos os Irmãos se manifestarem
rapidamente, objetivamente e claremente, começando pelos os Irmãos da
Coluna do Sul, mediante autorização do 2º Vigilante; depois os da Coluna
do Norte, mediante autorização do 1º Vigilante e a seguir no Oriente,
mediante autorização do Venerável Mestre.
Não é o momento oportuno para respostas. Para isso existe o saco de
Proposta e Informações, onde as mesmas devem ser apresentadas por
escrito. Não é o momento para longas explanações. Para isso exige o
tempo de estudos.
Este espaço serve para os Irmãos se manifestarem rapidamente sobre
sua satisfação ou insatisfação com o rumo imprimido aos trabalhos da
Loja. Serve para as críticas construtivas e fraternas, sobre os temas
abordados durante a sessão. Serve para os cumprimentos, para as
pequenas observações, para justificarmos a ausência de um Irmão,
comunicados, etc. Serve também para os elogios.
A Palavra a Bem da Ordem e do Quadro constituem o segmento que
encerra o uso da palavra na sessão. Nessa altura, os Irmãos já estão
cansados, e quando um Irmão se prolonga demais, a atenção dispersa-se,
perde-se o fio da meada, embaralha-se o raciocínio dos que ouvem,
anseia-se pelo silêncio, pela conclusão dos trabalhos.

CONCLUSÃO
Os Irmãos de uma Loja do Rito Brasileiro nos momentos acima
mencionados, não devem faz discursos longos, ao contrário, deve ser
comedido no falar e só fazer os brilhantes discursos nas ocasiões
propicias, abstendo-se nas sessões ordinárias de produzir erudição longa e
demorada, que não trará nenhum proveito para os participantes, após
várias horas de trabalho, que precisam sim, ouvir informações simples,
claras, objetivas e não discursos retóricos que, no fim não contribui em
nada para os Irmãos.

Como tudo em nossa Ordem, o Irmão que faz uso da palavra, deve
ser aquele que fala com o coração, sendo a boca mero instrumento de
transmissão das idéias; tem de ser equilibrado, sereno e fraterno na sua
fala.

Todo Maçom deve falar pouco e corretamente, primando pela


verdade. Deve contar e medir as suas palavras e lembrar que o Templo
representa o Universo e que é lugar de humildade e expressão comedida.

Aprender o uso correto da palavra é disciplinar a si mesmo. Esta é a


tarefa fundamental de que se incumbe o Maçom do Rito Brasileiro. Com
disciplina faz a sua atividade construtiva e em harmonia com os planos do
Supremo Arquiteto do Universo.

Bibliografia:
- Ritual de Maçons Antigos, Livre e Aceitos do Grau de Aprendiz do
Rito Brasileiro - GOB - 2002.
- Joaquim da Silva Pires. Rituais Maçônicos Brasileiros, 1a. ed.
Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 1996.
- Carlos Simões, O Rito Brasileiro, 1 a. ed. Ed. “A GAZETA
MAÇÔNICA”, 1999.
- Mota, Willian Felicio da. Rito Brasileiro de maçons antigos, livres e
aceitos “normas - ritualística e estrutura”, 1a. ed. Ed. “PONTUAL”, 2001.
- Pinto, G. Hercules. A Maçonaria e o rito brasileiro. Ed. Maçônica,
1981.
- Conte, Carlos Brasílio. O livro do orador: oratória maçônica , São
Paulo, Ed. Madras, 2004.
- Rizzardo da Camino. Dicionário maçônico. São Paulo, Ed. Madras,
2004.
- Sebastião Dodel dos Santos. Maçonaria - ritos, graus e palavras.
Rio de Janeiro, Ed. Aurora Limitada.
- Ferreira, aurélio Buarque de Holanda, Novo aurélio XXI: dicionário
da lígua portuguesa - 3ª ed. totalmente revisada e ampliada, Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

Ir.: Carlos Augusto F. de Viveiros


Loja Simbólica 7 de Setembro X - 2126
GOEGO - GOB
Oriente de Goiânia-GO
E-mail: ccerrado@uol.com.br - viveiros@furnas.com.br

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