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EDITORIAL
Bailout ou bailemos a
Correspondendo ao sempre Faço questão de sublinhar que aos
valsa dos incompetentes amável convite do “Tribuna votos assim formulados nesta
Portuguesa”, é com muita quadra tão especial, se associam
Os tempos não estão para brincadeiras, por isso o amizade e respeito que en- todos aqueles que trabalham neste
Tribuna Portuguesa resolveu reunir o seu Conselho vio a todos os queridos Consulado Geral, de forma dedi-
Económico, constituído por sete pessoas, todas elas
netas do Editor. leitores deste jornal e, atra- cada e exemplar, em espírito de
Explicou-se profundamente a crise internacional e na- vés deles, a toda a Comuni- solidariedade e colectiva convicção
cional, referindo que o Jornal, muito embora sujeito à dade portuguesa e luso- de que aqui estão para continuar a
crise, está crescendo devagar com passos seguros para americana da Califórnia os bem servir a Comunidade.
o futuro. mais sinceros Votos de
A pergunta que nós fizemos ao Conselho foi a se- Feliz e Santo Natal de 2008 Com um Abraço muito Especial
guinte: já que todas as grandes empresas, como a Gen- bem como desejos de um e Fraterno,
eral Motors, Ford, Crysler, AIG e tantas outras, estão a Ano Novo vivido sempre
aproveitar a crise para “abusarem” do Estado (isto é, com esperança e com a António Alves de Carvalho
das nossas taxas), será que o Tribuna também deveria certeza e confiança nas
entrar nesse “campeonato”?
Giovanni, o mais velho (12 anos) disse - “Se o vovô for capacidades de cada Cônsul Geral de Portugal em San
tão sério como o Lee Yacoca, pode muito bem pedir 1 Família. Francisco
ou 2 biliões e pagar de volta em cinco anos, ganhando
os juros arrecadados. Daniel, Luna e Juliana (8, 7 e 6
anos) não concordaram e disseram: “O vovô não pre-
de transporte e carga e até o movimento no dia de São
cisa de pedir dinheiro, não seja como os outros que Abri o livro e logo Vapor; o cais coberto de albacora, as traineiras e as
ainda vão parar à cadeia”.
O mais reguilha dos netos, o Matthew (5 anos), disse reconheci nele o álbum fábricas do peixe; as procissões de Santa Catarina, Sen-
hor na Coluna, São Cristóvão, e Cruzeiro. As cenas de
alto e bom som: Vovô, screw them up. Get the money,
build a house in Graciosa or San Jorge, so we can go
das minhas memórias mais destaque dos primeiros catorze anos da minha vida
out there on vacations. Eu disse-lhe: “Matthew, o vovô e, aposto, da maioria dos calhetenses, ali estão represen-
é uma pessoas séria, não podia fazer isso”. Goretti Silveira tadas.
Os mais novos, Jaden e Amelia (4 e 2 e meio), con- Imagens Antigas da Vila da Calheta pertence na biblio-
cordaram que “o vovô não se meta nesta alhada. Os Acabo de receber o livro Imagens Antigas da Vila da teca de todos os estudiosos dos Açores pois como
que pedem agora não são homens de confiança, anda- Calheta da autoria de Carlos Alberto Noronha. Trata-se escreve o Professor Nemésio Serpa no prefácio: “...tudo
ram a viver à grande e à francesa à custa de todos nós. de uma colecção de fotografias da vila da Calheta, ilha isto nos é relatado de forma impressionista e com um
Deveriam estar na cadeia”. de São Jorge, Açores, Terra Natal do autor, da minha bom agarrar do que é a alma açoriana...” e irá sem
A acta foi assinada por todos nós, referindo-se que o família paterna, e também o lugar que me acolheu e me dúvida deleitar todos aqueles que viveram na Vila da
Tribuna Portuguesa agradecia a oferta desses biliões, viu crescer desde os dois anos de idade até aos catorze, Calheta nas décadas de 30 a 70. Lá encontrarão repre-
reconhecendo que não precisava de tal “esmola”. altura que emigrei dos Açores para os Estados Unidos. sentada “A Casa que já não é” do poema de Maria das
Mal peguei no livro senti uma estranha emoção. Con- Dores Beirão, a casa “...Que permanece nos sonhos de
2008 foi um ano difícil para muitos portugueses da templei e voltei a contemplar a capa. A imagem lá rep- cada um...” Lá também reconhecerão pessoas, momen-
nossa comunidade. Contratos terminados, despedimen- resentada é a Calheta na última década do século XIX tos e, quem sabe até, emoções, sons, e cheiros, há já
tos, falta de novas oportunidades de empregos, tudo — a Calheta dos tempos dos meus avós e bisavós. Abrí- muito esquecidos. Este livro é essencial a todos aqueles
isto passou por muita boa gente. O ano que aí vem não o e logo reconheci nele o álbum das minhas memórias. que desejam compartilhar memórias do seu passado e,
vai ser mais fácil. As preces de todos nós também de- Lá vi representado tudo o que tantas vezes desejo ex- cito o autor, Carlos Alberto Noronha na introdução,
vem ir para as nossa tropas, que estão a combater guer-
pressar em palavras e não consigo: as procissões, coroa- “...para que os meus leitores mais novos, vejam o pas-
ras, cujo objectivo é muito duvidoso e cujo fim é uma
ilusão. Bom Natal para todos e o melhor para 2009. ções e distribuição de esmolas; visitas de dignitários, sado e apreciem o presente e desejo que o futuro seja
filarmónicas e equipas de futebol e voleibol; bailes, ma- sempre risonho, em contínuo acto de estudos de
jose avila tanças, festas de carnaval e mascarados; barcos e navios aprendizagem.”
Tribuna
da Saudade
P
ela emotividade em Gruta de Belém, “‘onde o farinha e que não era muito dura- duma maneira diferentemente quaisquer problemas de trânsito,
mim despertada, guardo Menino nascia ano após ano, doura, pelo menos tinha a vanta- igual, a modos como de quem apesar de se cruzarem anjos com
ainda o recorte com o como se de filho nosso se tra- gem de ser barata e feita em quer espelhar a própria vida pastores e reis com plebeus, que
artigo “Naquele tasse, porque ainda não perce- casa, que isto de ir à loja era numa verdadeira obra de arte.” se cumprimentavam afávelmente
Tempo”, que o “Diário Insular” bíamos que ele era o Pai.” complicado aqui há algumas Naquele tempo, “passávamos como se o mundo fosse outro,”
publicou aos 28 de Novembro de Que fascínio tinha Deus, recorda décadas atrás.” horas a fio a construir e muitas Ainda hoje encho-me de alegria,
1999, da autoria de Barbosa Barbosa d’Almeida, nesse tempo Barbosa d’Alrneida confessa mais a olhar embevecidos a obra “quando vejo um Presépio ca-
d’Almeida, pseudónimo dum em que lhe abríamos as nunca ter percebido porquê, mas de arte que haviamos construído seiro, sobretudo se ao Anjo faltar
amigo terceirense cuja identi- alas do nosso coração em sac- recorda que a sua Mãe insistia e, por vezes, parecia que tudo uma asa e se tiver um galo por
dade não me cabe o direito de rifícios de trabalho, em busca de sempre na colocação dum galo tinha movimento e o mistério da cima da Gruta. E uma estrela
revelar. farelo de serra na oficina do sen- por cima da gruta. “Se calhar era nossa fé adquiria vida.” também, que anuncia a boa nova
Naquele tempo, como acertada- hor Palhinha, em S Pedro, que porque no tempo do Menino Que saudade desses tempos, que deveria ter trazido a felici-
me n te es cre veu Barbos a nunca negava um saco do pro- Jesus não havia despertadores, “quando um sorriso era uma dade na paz, p’rós homens da
d’Almeida, o Natal começava duto que, depois de colorido em ou então, mais provável porque prenda de luxo,” E o sonho Terra e a Glória que dávamos a
dentro de casa, no mais profundo casa, servia p’ra asfaltar a ela tinha sido acordada na sua maior era continuar sempre cri- Deus nos Céus, hoje já meio
e belo que o coração de cada um estrada por onde passavam pas- meninice pelo cantar dos galos e ança, sempre inocente, “a acredi- esquecido pelo brilho das pren-
tinha. Vivia-se, então, “uma torinhos em romaria dos nossos julgaria que o Menino também tar sem uma única sombra de das que ofuscam os olhos dos
época que os nossos filhos e ne- mais felizes sonhos.” tinha direito.” dúvida que era assim mesmo que homens que compram a paz, em
tos nunca hão-de saborear, infe- Tenho uma imensa e ternurenta Era inconcebível, naquele tempo, havia acontecido há dois mil casa, nem que seja por um só
lizmente, porque a felicidade saudade do Anjo da Guarda, ter-se apenas a Arvore de Natal anos. Sem questionar nada. A dia.”
agora parece vir directamente da prossegue Barbosa d’Almeida, sem Presépio, visto que a Gruta tecnologia de então era a Graça Graças a Deus que vivi nessa
loja, embrulhada e tudo.” “que sempre encimou a gruta de Belém, “cercada de montan- de Deus que cada um transpor- época! Não há nada que possa
Naquele tempo ia-se ao mato natalícia, mesmo quando, por has e vales, rios e caminhos”, era tava dentro do peito, em forma fazer-me esquecer o farelo pas-
buscar leivas p’ra construir os tanta insistência e falta de jeito, sobremaneira o Presépio vivo da de manjedoura p’ró repouso do sado em tintas coloridas, nem o
caminhos, e facilitar a jornada acabava por partir uma asa que nossa imaginação, e bem assim Menino.” cheiro da terra nas mãos da cri-
dos Reis Magos, montados em nós colocávamos com uma cola “a recriação da vida de casa, com E se algum se atrever a dizer anca que já fui, e ainda dança no
pachorrentos camelos, até à muito especial, feita à base de os lugares dispostos sempre que, naquele tempo, era tudo um meu coração ao repicar dos sinos
atraso de vida, “hei-de responder na chamada p’rá Missa do Galo.
sempre que era uma vida E o meu amigo Barbosa
saudável numa familia de vir- d’Almeida conclui: “Ninguém
tudes intactas, onde a Fé era o consegue trazer de volta o pas-
motivo mais forte do que sado vivo, mas também, feliz-
qualquer máquina reluzente dos mente, ninguém nos pode roubar
nossos dias. as recordações de infância.”
Barbosa d’Almeida, num eco de NAQUELE TEMPO, e nesta
nostalgia, lança o desafio: recordação d’emigrante, vive
“Gostaria de andar uns anos lar- ainda o meu Natal de criança...
gos para trás e levar toda a gente
comigo a ver o meu presépio e
admirar as ruas que construía,
sem um único buraco e sem
4 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
Da Música e Coisas
dos Sons da Vida
P
ara os leitores da Tri- Para os leitores que vivem no A sabedoria, que a colheita é
buna Portuguesa, cuja medo e desespero produto da sementeira
“Açores/Comunidades: uma ponte para o futuro” vida corre bem, desejo Por filhos que ainda não encon-
Realizou-se na California de 5 a 7 de Dezembro um encontro mun- traram Para os leitores, e são tantos...
dial de Jovens de descendencia Portuguesa com o apoio da Di- A continuação do presente A meta certa, desejo Que vivem uma vida de total
recção Regional das Comunidades e Juventude. Durante 3 dias um Doação
grupo informal de trabalho reuniu-se na UPEC e apresentou as suas Para os leitores, apanhados pela Amor...Amor e mais Amor, e a Que pensam nos outros como
conclusões na casa do Benfica de San Jose. presente situação económica e certeza que um dia lá chegarão irmãos
Este encontro surgiu em consequência do Encontro de Jovens – lutam com medos e incertezas, Que semeiam por onde passam
Açores/Comunidades: uma ponte para o futuro, que decorreu de 2 a desejo Para os leitores que se sentem Flores em forma de Sorrisos,
5 de Agosto de 2008, na cidade de Ponta Delgada. Esta iniciativa marginalizados Compaixão, Caridade, Paciência
resultou da necessidade de proporcionar a reflexão e o debate aos Esperança, no tempo e na mu- Ignorados Tolerância e Perdão, desejo
jovens oriundos das Comunidades, aproximando-os do movimento dança Atormentados por mil males,
associativo juvenil dos Açores, no sentido de despertar o interesse desejo Um coração exuberante....
daqueles pela terra de origem dos seus antecessores, bem como es- Para os leitores apoquentados Com eles todos os dias são
tabelecer pontes para o futuro e para a consolidação da participação por doenças incuráveis e por Que saibam que foi por eles que Dia de Natal.
política e cívica nas Comunidades através dos jovens. sofrimentos físicos ou mentais, o Natal aconteceu.
O resultado deste Encontro foi a Declaração de Ponta Delgada, desejo Para todos, um abraço de amor
consubstanciada na criação deste Grupo de Trabalho Informal, cujo Para os leitores que nutram sen- alegria e paz
intuito era o de preconizar um maior relacionamento entre as Paciência e fé… Milagres con- timentos de
Comunidades e os Açores, através da identificação de necessidades tinuam a acontecer. Malquerer, inveja e demais
in loco, no desenvolvimento de estratégias e na proposta concreta Mesquinhices, desejo
das medidas que melhor sirvam os propósito do Encontro de Jovens.
O Grupo de Trabalho Informal foi constituído com a representação
dos seguintes mandatários:
Muito Bons
Somos Nós
«“Londres é que é a minha cena, estás a ver?”,
continuou Pedro. Fumávamos à varanda. A casa é
“
Às vezes”, explicou-me fim do jantar, pisca-me sempre o grande e civilizada – ninguém está proibido de fumar natural, um estilo, uma estética,
Pedro, “apetece-me fazer olho para irmos à varanda. Penso lá dentro. Mas Pedro, apesar dos seus vinte e tantos alguma vez conseguirão fazer
como o Frank do Tom que gosta de falar comigo – e, anos, continua a fumar às escondidas dos pais» como o Frank de Tom Waits,
Waits, estás a ver?” Eu enquanto vai desabafando sobre incendiando a casa, estacionando
estava a ver. Também já tive as vicissitudes da idade adulta, a rir e partindo em direcção a
vinte e tantos anos, também já esforçando-se por mostrar inte- trastes todos, alguém com quem todos a fumá-los, ninguém Norte. Ou muito me engano ou
fui um adolescente tardio – e resse naquilo que eu tenho a conversar. Até que, como se perguntava sequer de onde não chegarão a rir.
ainda hoje, de vez em quando, dizer, aproveita para se descair falasse de um teatro, ou mesmo vinham, quanto custavam ou
me apetece fazer como o Frank. com uma ou outra reivindicação apenas da mercearia onde ia onde poderíamos nós ir comprá-
Nos seus anos selvagens, Frank doméstica, na esperança que eu comprar os chupa-chupas em los num dia em que o Luís não
vendia mobiliário de escritório e vá entregar o recado aos pais. Londres, me falou no traficante. aparecesse. E a minha dúvida é neto.joel@gmail.com
pagava um empréstimo que Nunca os entrego – e portanto “Até o drug dealer a que íamos”, se estes miúdos que já têm a In Revista NS
contraíra para comprar as duas ninguém desconfia de que eles disse ele. “Até o drug droga como uma coisa tão
assoalhadas em que vivia com a sequer existam. Que Pedro tem dealer. Uma cave, tudo
mulher, um pedaço de lixo usado amarguras, todos ignoram. Se cheio de estilo,
que fazia bloody marys, um sol brilha naquela família, é decoração, estás a ver?
mantinha a boca calada e tinha Pedro. Nasceu bonito, teve notas Grande qualidade.” E eu
um Chihuahua que se chamava brilhantes e foi acabar a fa- ali fiquei, atónito, meio
Carlos, sofria de um problema culdade a Barcelona. Hoje em sem saber se devia anuir,
de pele e era completamente dia atende telefones – mas, com armado ao cota de es-
cego. Viviam tão felizes. Um aquelas capacidades e aquele pírito jovem que tam-bém
dia, Frank pára na loja de bom aspecto, o pior que pode conhece Londres e os
bebidas, enfia dois cocktails e acontecer-lhe é ser um sucesso, seus traficantes, ou
dirige-se à bomba da Shell. Aí, casar com uma boa rapariga e ter simplesmente voltar para
compra um jerrycan, atesta-o de filhos lindos. “É uma inspiração, dentro, chamar a Ana e o
gasolina, segue para casa, rega o Pedro”, conta-me a mãe. “Até João a um canto e
tudo, acende um fósforo e os professores de Barcelona explicar-lhes que o filho
estaciona do outro lado da rua a diziam: ‘O Pedro é a nossa fala de traficantes como
rir. Então, liga a rádio numa inspiração’.” Sinto sempre von- se falasse de merceeiros
estação top 40, apanha a via tade de perguntar-lhe: “Certo, da esquina e, bem vistas
rápida e aponta a Norte. Nunca Ana, mas sabes que é junkie, não as coisas, em vez de
conseguira engolir aquele cão, o sabes?” Nunca pergunto. Já fico andarem para trás e para
Frank. Pedro, que nem sequer é feliz por o Pedro continuar a a frente a falar da
casado, também gostava de pôr crescer. inspiração que o rapaz é
um dia o mundo todo a arder. Da última vez, falou-me de para toda a gente, mais
Eu, que o sou e não tenho Londres. É a cena dele. Esteve lá valia conversarem com
tentações de incendiar a minha duas vezes – e à segunda ele a ver se percebem
vida, também gostava de apaixonou-se. “Tudo, pá, tudo. para onde caminha.
estacionar um dia a rir das coisas Artistas, músicos, toda a gente Calei-me. Nós próprios,
que ardem. Sou dez anos mais na sua… Nada disto que temos eu e a Ana e o João e
velho do que ele. Dez anos é um aqui”, explicou, naquele seu todos os restantes, já
século inteiro. falar arrastado, naquela sua fumámos umas coisas.
“Londres é que é a minha cena, sensibilidade excessiva e naque- Mas o facto é que nunca
estás a ver?”, continuou Pedro. la sua atenção ao pormenor que conseguimos falar delas
Fumávamos à varanda. A casa é o transformam, mais do que num como quem fala de
grande e civilizada – ninguém junkie, num junkie óbvio. chupa-chupas. Para nós,
está proibido de fumar lá dentro. Estávamos bem ali: eu fumando foi sempre uma trans-
Mas Pedro, apesar dos seus vinte com ar interessado, ele tratando- gressão: o Luís já trazia
e tantos anos, continua a fumar me por tu como quem os cigarros enrolados – e,
às escondidas dos pais – e, no reencontra, no meio daqueles quando nos sentávamos
Our Lady
of Fátima
Society
Oakdale
Agradece a toda
a comunidade a
sua presença na
Festa, e em espe-
cial a todos aque-
les que deram
donativos para a
mesma.
Também deseja a toda a Comunidade
foto de jose enes Portuguesa umas
Marc e Paula Silva casaram no dia 22 de Novembro de 2008, na Igreja Católica Saint
Edwards, em Newark, California.
Depois do casamento houve recepção no Newark Pavilion.
Os pais da noiva são Duarte e Fatima Teixeira, residentes em Newark e os pais do
noivo, John (já falecido) e Adelina Silva, residentes em San José.
Boas Festas e
Feliz Ano Novo
O jovem casal ficou a residir em Fremont.
Paula trabalha no Departamento da Polícia em Palo Alto e o Marc numa Companhia do
Silicon Valley.
Rasgos
d’Alma
F
vam diàriamente a fome à fa- zantes dias de maviosa harmonia Dará Deus em breve oportuni- complicadas com que o clássico
oi o chocolate mais milia inteira. desejar-se mal a alguém? dades de emprego aos inumeros idioma de Shakespeare e tam-
saboroso que até hoje Era tambem um consolo consta- cidadãos desempregados de cos- bem do Uncle Sam nos faz nor-
comi. tar ali à volta que, apesar das Alguém me dava a entender re- ta a costa por essa America fora malmente as delicias por esta
Deixara-mo o simpáti- carências próprias da época, não centemente o outro lado da de cabaz vazio na mão? É altura do ano sem ter forço-
co velhote das barbas brancas às se ouvia falar de ninguem ao moeda – a manifesta desilusão muito pouco provável. A crise samente que nos fazer subir a
tantas da madrugada no meu relento – à fome ou ao frio – do mundo real em que vivemos e está aí para durar. tensão arterial nem levantar o
minúsculo sapatinho religio- naquela abençoada noite de In- que de modo algum podemos Unemployment, ultimamente mau colesterol debaixo duma
samente ajeitado à sua espera lá verno. Pequenina e pobre, mal ignorar. sempre a aumentar (só em No- perigosa pilha de nervos. Uma
na defumada chaminé da sau- ou bem, a Ilha punha mesa e Sobretudo nós, os que emi- vembro perderam-se mais meio delas até se escreve igualzinha
dosa casa de meus pais nos Bis- providenciava abrigo a todos os grámos, porque nos foi dado milhão de trabalhos), apesar de em português e os médicos re-
coitos da Terceira de Jesus seus filhos que, ao bater da meia experimentar a diferença, mais afectar milhões de familias sem ceitam-na amiude contra o en-
Cristo. noite, se deslocavam em massa fàcilmente nos apercebemos das dinheiro para embrulhar ofertas, diabrado stress dos queixosos
Isto há já quase cinquenta anos até à igreja para celebrarem com diferenças. até nem é das palavras piores. dias que nos atormentam –
atrás, numa era em que os pre- alegria na festiva Missa do Galo Merry Christmas and Happy Quando se começa a analisar a chocolate – quase meio século
sentes eram escassos, simples a ansiada vinda do Menino Je- New Year, neste anglo idioma de corrente situação económica e os depois mantem-se inalterável no
mas de real significância para a sus. Entoavam-se-lhe cânticos, Shakespeare, são palavras que dados comparativos nos palpi- meu paladar como remédio
miudagem local que de forma rezavam-se-lhe oracões e, em tambem soam muitissimo bem tam um possivel paralelo com a santo, que guardo religiosamente
alguma dispensava a benemérita simbólico gesto duma milenária juntas em cada Dezembro que histórica recessão dos anos vinte debaixo da árvore e – porque em
visita do bondoso São Nicolau. devoção que aos poucos se vai passa. Levantam-nos a moral e do passado século, ai sim, fi- nossa casa o Menino mija –
O Natal tinha mesmo um sabor perdendo, beijava-se-lhe o pé. aproximam-nos um pouco mais camos periclitantemente à beira brindo ao anoitecer com um
especial para a petizada do meu O Menino difundia magia e in- uns dos outros, mais que não de esbarrar cara a cara com um càlicezinho de bom Vinho do
tempo. Alguns até andavam spirava encanto como adorável seja…em mera transmissão de colapso económico-social de di- Porto…à vossa saude!
descalços devido aos pais não criança de berço humilde que, pensamentos. Porque, na reali- mensões verdadeiramente alar-
terem dinheiro bastante para pelo menos aos meninos e meni- dade, em geral, tal como a mantes. É a bancarrota emo- Que tenham todos um bom Natal
comprarem sapatos aos filhos nas do meu tempo, fazia-nos economia, a moral anda bem cá cional que todo o mundo teme. e um felicissimo Ano Novo!
todos mas, por milagre imperi- poèticamente delirar com presé- por baixo neste todo poderoso Bankrupt enerva, assusta e faz-
oso da fantabulosa tradição, pios enfeitados de musgo verde país onde certos vocábulos de nos desesperar.
sapatinho ansioso naquela luzen- em esperança renovada num peso ameaçam estragar este ano Bailout mete confusão e dá
te noite de Consoada era artigo mundo concebivelnente melhor. o espirito natalicio a muita e boa muito que pensar.
de calçado que não podia escru- Soavam e soam tão bem nesta gente. Layoff – pesadelo que ninguem
pulosamente faltar ao segredo doce lingua de Camões os sin- Foreclosure, por exemplo, é um quer despertar.
natalicio do arco da chaminé. ceros desejos de Boas Festas termo cruel que continua a Recession – palavra que se re-
Foi coisa que sempre me meteu embrulhados em votos felizes de ameaçar e a amedrontar milhares ceia pronunciar.
muita impressão, imaginar como Próspero Ano Novo que augu- e milhares de familias atiradas Depression...?
é que o vèlhinho todo limpinho ramos sempre com imenso para o meio da rua a viverem em O melhor é mudarmos de con-
subia e descia sem nunca se su- carinho nesta quadra sem par a precárias condições financeiras, versa.
jar por aquele buraco negro do todos quantos queremos bem. sem eira nem beira…à deses-
fumo da cozedura habitual do Porque – honestamente – será perada mingua do fictício Deus Há, de facto, inumeras palavras
pão e dos alimentos que mata- mesmo possivel nestes electri- dará. bem mais doces e muito menos
Sporting de Santa Clara - um jantar de sócios e amigos para lembrar a quadra natalícia, Dia de Portugal - A Angela Costa e todo o grupo que
onde se pode ver o Deodato (DJ, animou a noite), Manuel Oliveira e esposa, José Manuel Santos e organiza o Dia de Portugal, não deixam para amanhã o que
esposa Maria. Na outra mesa pode-se ver o José Agnelo Oliveira, esposa e amigos. podem fazer hoje. Já há comunicações na Internet a propor
encontros em todas as terceiras Terças-feiras de cada mês.
A isto chama-se eficiência e saber projectar um grande Festival
a tempo e horas.
LUSO-AMERICAN LIFE
INSURANCE SOCIETY
ACCOUNTANT
Portuguese Athletic Clube - aspecto do Salão com o Ranchinho de Natal da Nova Aliança,
enchendo os ares com as suas bonitas canções.
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 9
10 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
Sabor Tropical
M
esmo antes de ini- presentes que desejam receber. - “Ai meu Deus, ter que engolir necessitados. O Natal só é uma festa Religiosa
ciar dezembro, Os amigos se telefonam, as a minha futura nora e aqueles Essa festa de Natal nada tem a para os verdadeiros Cristãos, ou
sentimos no ar um famílias se reúnem para planejar seus filhos mal-educados, vai ser ver com a comemoração do seja, para aqueles que acreditam
cheiro doce de quais comidas e bebidas serão um suplício!” nascimento de Jesus Cristo. É só que Jesus nasceu Filho de Deus
felicidade, um sabor delicioso de servidas durante a ceia e na casa - “Se eu pudesse escolher, uma festa bonita, alegre, cheia e de uma Virgem, a Maria -
alegria, um esfuziante conten- de quem será a festa. viajaria com meu marido e filhos de graça para as crianças que segundo profecia de 700 anos
tamento que se espalha pela Tudo acertado! Hora de enfeitar só para não ter que suportar a amam a figura simpática do antes do Seu nascimento - e que
cidade, à medida que ela se veste a casa e armar a árvore. minha sogra e a minha cunhada Papai Noel. A bem da verdade, deu Sua vida pela nossa
com enfeites específicos e ado- Começam os desentendimentos: que come demais e não ajuda uma noite que pode ser, sim, salvação. E quem não acredita
rna suas árvores e vitrines com um acha que os ornamentos que lavar as louças”. muito feliz para aqueles que nessas narrativas da Bíblia (e
luzes em profusão, o que torna foram usados em outros anos E ninguém desiste! Mesmo assim se sentem quando têm muitos que se dizem Cris-
mais fascinante esse clima que estão em ótimo estado e pela sabendo que a noite pode ser um rodeados pela família e pelos tãos e não crêem “nessa
dá aos dias que antecedem ao crise é melhor economizar. O fracasso e acabar em confusão, amigos. É só uma festa como história”, como a chamam), não
natal, um brilho exuberante e um outro acha que seria melhor prosseguem com a euforia dos qualquer outra! Tanto que dela pode mesmo entender e colocar
colorido sem igual. jogar tudo no lixo e comprar preparativos. participam pessoas de credos e em prática o autêntico espírito
As propagandas, nas TVs, se novos, já que as lojas oferecem Entra ano e sai ano e tudo se religiões diferentes e se há do Natal.
intensificam. Jornais, revistas, coisas lindas, recém chegadas da repete: - “Natal é hipocrisia, é desentendimentos durante as Bom seria se os Cristãos dessem,
trocas de e-mails, sermões reli- China, enfeites deslumbrantes e comércio, motivo para comer e mesmas, não são pelo natal em si a partir deste ano, ao Ani-
giosos, conversas entre amigos, bem baratos (tão baratos que por beber, são os pobres cada vez e, sim, porque onde há reunião versariante, Jesus Cristo, o lugar
rádios, revistas que dissecam a aqui muitos já perderam o mais desiludidos, mendigos de família, salvo algumas ex- de honra que Ele merece e O
vida dos artistas, trazem à luz o emprego) e que não vale a pena dormindo sob as marquises, ceções, sempre há quem se convidassem à mesa, para
mesmo tema: o Natal! o aborrecimento de trocar desempregados desesperados, aproveita da ocasião para participar e comandar a Sua
Os centros comerciais, com um lâmpadas queimadas nem tirar o orfanatos cheios de crianças colocar em dia as “confusões” e própria festa.
fluxo enorme de curiosos consu- pó da árvore desbotada. abandonadas”, vocifera a se abastecer de aborrecimentos. Quem sabe, desse modo,
mistas, hipnotizam olhos e men- Junto com os preparativos, as maioria. -“É o Governo que Entretanto, o Natal foi criado repensando o Natal, não
tes com o luxo dos seus orna- compras e o trabalho de adornar continua a se fazer de surdo, os alguns séculos depois do estaríamos dando às pessoas que
mentos e suas ofertas tentadoras. o lar, vêm as advertências e maus políticos que aproveitam nascimento de Jesus Cristo, para nos rodeiam, motivos para
Os supermercados expõem, além reclamações: para roubar mais e mais, as comemorarmos, além do Seu reformularem, também, os seus
do básico e nacional, numa - “Puxa, vou ter mesmo que promessas que continuam só aniversário, os motivos pelos conceitos e preconceitos? E,
e mb a l a g e m c h a ma t iv a e sentar-me em frente ao meu promessas”, concordam muitos. quais o Pai O enviou ao mundo: assim, quem sabe, um dia, o
natalina, artigos importados e cunhado, que me deve e não me As redes de televisão, buscando “Deus enviou o Seu Filho, mundo venha a ser do jeito que
caríssimos! paga? Vai ser uma noite melhor audiência, fazem nascido de uma mulher, nascido sonhamos? Do modo que Jesus
O vermelho, do azevinho, um insuportável ter que olhar para a c a mp a n h a p a r a a n g a r ia r sob o domínio da Lei, a fim de nos ensinou!
arbusto que se cobre com essa sua cara e conter a vontade de donativos para um “Natal sem recebermos a adoção de filhos”, Um Feliz Natal para a Tribuna
cor, ao longo do inverno; o chamá-lo de vigarista”. fome” e conclama a população, segundo o que o Apóstolo Paulo Portuguesa, seus leitores e
verde, cor da esperança e o dou- - “Como poderei rir e abraçar a que se dispõe a ajudar: doa escreveu aos Gálatas e ao que colaboradores.
rado, cor do ouro, da pros- minha mãe e aquela minha irmã, roupas, ensina os filhos a divi- explica quando escreve aos
peridade, tornam-se as cores do se não me esqueço que durante direm os brinquedos com quem Romanos: “nasceu da elendemoraes_rj@globo.com
momento. todo ano elas brigam e xingam o não tem e quando compra descendência de David segundo
As crianças, até as que já não meu neto e o meu filho especial gêneros alimentícios, doa a carne, constituído Filho de
acreditam em papais noeis, e no natal vêm com a hipocrisia também um ou dois quilos de Deus em poder, segundo o Es-
escrevem cartinhas para o “bom de dar presentes e reunir a algo não perecível, que nunca se pírito Santificador pela
velhinho” e especificam os família?” sabe se será ou não entregue aos ressurreição de entre os mortos”.
Ao Sabor
do Vento
D
esejo um Feliz Natal e manãna”. É raro o dia que não aparece como por exemplo, a família não ter outro
um Próspero Ano de um ou outro lado, uma anedocta e, alimento qualquer, pois que o Alcorão
claro, o “punch line” é sempre dirigido à assim o permite.
Novo à administração nacionalidade de um dos ouvintes e não Isso acontece várias vezes e não é preciso
da Tribuna Portu- do interlucutor. ser na época do Natal para que tenhamos
guesa, a todos os seus colabora- Por vezes eu e o meu sócio temos que sair um lanche juntos, para nos alegrarmos,
dores e leitores. os dois da oficina e qualquer um dos oferecer algo e viver confraternizando-
vizinhos, na nossa ausência, recebe as nos. Assim deveria ser o Natal, todos os
Várias pessoas me têm pedido para que mercadorias, fala com algum cliente que dias, no meu entender.
eu escreva sobre o Natal. Eu penso que, chega e como nunca nos afastamos para O meu sócio - que já conheço há muitos
pelo menos uma vez, já o fiz, no entanto, muito longe, ligam-nos pelo telemóvel a anos – e os nossos dois vizinhos, são
confesso que para mim é difícil escrever dizer que um cliente nos espera. pessoas cultas, com as quais se pode
sobre tal tema. Não é tanto pela minha Se algum dos seus carros necessita manter um diálogo inteligente. Uma vez
convicção religiosa pois, como vocês reparações, nós fazemos pelo preço do que outra, durante as nossas conversas,
sabem, tenho mais dúvidas do que custo. vem ao baile a situação mundial, as
certezas e quanto a fé nem sei bem o Um dos vizinhos, o do Afeganistão, que guerras e os desacordos entre os povos de
grau. É que também muita gente faz da vende refrigerantes na sua loja, nunca nos certos países e, ali, num pequeno canto de
época do Natal uma imagem com- leva dinheiro, se vamos buscar algo para um “shopping center”, quatro indivíduos,
pletamente distorcida e desfocada e beber. Uma vez que outra traz-nos pão de nacionalidades diferentes, ajudam-se
querem, num dia do ano, emendar tudo o feito à moda do Afganistão e sempre que mútuamente, comem à mesma mesa e
que fazem de errado durante os outros eu vou à padaria, 9 ilhas em Rohnert vivem em paz. Porque não fazem assim
dias todos. Claro que eu não me estou Park, compro massa sovada e dou-lhe um os governantes?
referindo áqueles que fazem sempre tudo ou dois bolos. Há quase um ano que
certo e não pertencem ao grupo dos que somos vizinhos e nunca tivemos um
erram. problema que fosse.
Resolvi então falar ou melhor, escrever, Muitas vezes eu ou o meu sócio, levamos
sobre três pessoas, entre as quais, duas lanche para nós todos e, outras vezes, o
delas conheço há poucos meses. Trata-se vizinho do Afeganistão faz a mesma
do meu sócio, que é Húngaro e coisa. Para ele é fácil porque o meu sócio
protestante Luterano e os outros dois e eu , se bem que não devessemos,
proprietários dos estabelecimentos comemos de tudo. No entanto, por
anexos, que são Muçulmanos, um do motivos religiosos e que nós respeitamos,
Afeganistão e o outro da Turquia. o mesmo não acontece quando somos nós
Nenhum de nós compreende a língua que levamos a comida. Nunca
nativa dos outros, mas, é interessante que cozinhamos coisa alguma que contenha
todos dizemos “Buenos dias”, quando porco, por ser contra a sua religião.
chegamos e, ao fecharmos os Comer carne de tal animal eles não
estabelecimentos, dizemos “hasta comem, a não ser em casos excepcionais,
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 11
Reflexos do
Dia-a-dia
computador. Segundo, mesmo ças o mesmo. Aumenta o núme- três que nos separam. Oxalá
quem possui a dita máquina se ro de crianças que são violadas que até à vossa época se tenha
aquartela em grupos. Todos sa- e negligenciadas. Porque ambos sabido construir um conceito de
O
bemos, espero que vocês ainda os pais trabalham, gasta-se Deus sem utilizar a fé como
Natal, e a despedida u m mu nd o d e g u e rr a s , saibam, que a comunicação é a menos tempo com os filhos. É arma e se tenha aprendido a
do ano velho, são escândalos, superstições, fobias, alma da democracia, daí a es- verdade, as crianças também respeitar os que não acreditam.
sempre momentos ódios, discriminações, igno- perança de que a Internet se são vistas como uma competição Espero que se entenda que a
que se usam para a râncias atrevidas, invejas e tornasse no instrumento que no orçamento da família. E democracia é muito mais do que
reflexão. É ritual que a comuni- mesquinhezes. Espero que no equilibrasse e não no instru- compra-se (ou tenta-se comprar) os desejos da maioria, é, essen-
cação social faça “um balanço” mundo perfeito em que vivem, mento que cada um usasse em o carinho dos filhos, através de cialmente, a protecção das mi-
do ano que agora finda, que tudo isto esteja erradicado—Ah, sua casa para falar somente com brinquedos e dos jogos de video, norias. Confio que se tenha
recordemos os momentos bons e como gostaria de ouvir a vossa aqueles que são como eles. Isto cada qual mais violento e descoberto que matando homens
maus que nos marcaram como gargalhada. para não falar da privacidade competitivo. E para que eles e mulheres que mataram outros
sociedade. E diga-se, que 2008 … alguns dos nossos mistérios que se aniquila com o uso da entrem no sistema, que pede que homens e mulheres não é a
teve vários momentos verda- mais antigos persistem. Mesmo alta tecnologia. Dá a impressão façamos tudo sem pensar, forma correcta de se mostrar
deiramente históricos. Daí que, com todos os avanços econó- que viver com os outros significa metemo-los em dez mil que é errado matar. Espero que
aproveitando o ritual, fui ao meu micos continuamos cada vez meramente viver em ligação aos actividades, desde o jogo de até à vossa geração tenha
baú de recordações, e encontrei mais separados. A divisão das outros, pelos fios. Daí que mui- beisebol ao clube de karaté. havido capacidade de se enten-
um texto escrito em 2001. Já lá classes, que sempre se negou tos homens e mulheres estejam Mas não passamos as nossas der o passado tal como ele foi,
vão sete anos que escrevi esta como inexistente na América, é mais ligados aos seus computa- histórias orais, o nosso legado sem a necessidade de o mistifi-
“Carta aos Meus Trinetos preponderante. As pessoas com dores do que ao próximo. Por familiar, a riqueza do nosso car. Que se tenha aprendido
Americanos.” Texto esse que rendimentos similares vivem nas isso vos conte uma história que passado. que as tradições e as instituições
está incluído no livro América: mesmas vizinhanças, socializam fez manchete em muitos jornais …há ainda uma desconexão dos não são todas perniciosas, mas
O Outro Rosto. É, obviamente com as mesmas pessoas, os seus durante o meu tempo. Um jovem seres humanos com a natureza. que podem ser utilizadas como
um texto datado, gira muito à filhos vão para as mesmas afro-americano em Harlem, No- É a corrupção do meio ambi- armas retrógradas. Espero que
volta do começo do século vinte escolas, e os seus hábitos— va Iorque, visitava constante- ente, a erosão das florestas e a se tenha passado da crueldade
e um, duma América antes do desde o clube de golfe ao jogo mente a biblioteca e adorava poluição dos oceanos e dos rios. com que se olha para os mais
horripilante 11 de Setembro, mas de bridge—são igualíssimos. contactar com outros pela magia Apesar dezenas de organizações, marginais, para um estado onde
há aspectos que para mim são Apesar de não ser economista, e desta tecnologia. Quando a e de alguns políticos de boa von- todos sejam tratados por iguais.
pertinentes e, infelizmente, em de detestar números, há coisas bibliotecária lhe perguntou tade (ainda existem meia dúzia) Confio, que se tenha aprendido
alguns casos, pouco ou nada que vocês precisam saber. É porque gostava tanto do compu- se preocuparem com o planeta, que há uma diferença enorme
mudaram. Aqui ficam pois que por vezes os livros da histó- tador ele respondeu-lhe: “o pouco se faz e talvez, vocês o entre uma grande América e
alguns excertos dessa carta ria não dizem tudo. Por exem- computador não sabe que sou poderão dizer, aquilo que se fez uma América grande.
escrita aos netos do meu neto, a plo, a classe média, que se diz preto.” É que e como vocês de- foi tarde de mais.
viverem na viragem do século ser a coluna vertebral da socie- vem saber, nunca o mundo havia … estamos um tanto ao quanto Com estes breves excertos dessa
XXI para o século XXII. dade americana, não passa, na comunicado tanto como na desconexos com nós próprios. carta aos netos dos meus netos,
realidade de um grupo de minha era, mas também nunca o Trabalhamos mais, para termos com estas reflexões de 2001, que
Escrevo-vos no começo de um subclasses com vencimentos mundo havia matado tanto. mais, e sermos menos. Até há na minha perspectiva ainda são
novo século, o vinte e um, e anuais que oscilam dos 30 mil Nunca se falou tanto em igual- quem pense que nos ocupamos pertinentes em 2008, desejo, a
pelas minhas contas vocês tam- dólares aos 300 mil dólares. dade e há mais desigualdade, mais com os nossos empregos cada um dos leitores da Tribuna
bém estão na passagem de Tenta-se ainda agrupar toda nunca se enalteceu tanto que porque assim temos menos Portuguesa, os mais sinceros e
século, para o vinte e dois. esta gente que é tão dissimilar todos somos iguais e se viu tan- tempo para a introspecção. ardentes votos de BOAS
Como será o vosso mundo, a como os 30 mil são dos 300 mil. tos actos de racismo. Andamos sempre à procura de FESTAS.
vossa América? Será que vocês Mas a realidade é que neste …a separação entre os seres uma aventura, como quem
ainda saem de casa? Pois no minha era cerca de 20% das humanos é assustadora. Entre precisa de algo que venha do
meu mundo com os avanças na famílias americanas ganham os homens e as mulheres apa- exterior, porque não queremos
tecnologia é mais fácil falar-se tanto como as restantes 80%. rece uma separação motivada gastar, o mínimo, com o interior.
com alguém a dois mil quiló- … as novas tecnologias, infeliz- pelo crescimento social das Daí que, gastamos mais em
metros de distância do que com mente, não têm servido como mulheres, que os homens ainda maquilhagens do que em livros.
o vizinho da porta. Se bem que veículo unificador. Primeiro, não souberam reconhecer e …especulo quanto terá pro-
ao sair-se de casa encontra-se nem todos têm ou podem ter um aceitar. Entre adultos e crian- gredido a vossa geração e as
Memorandum
S
e recuarmos na história, podemos não é passaporte religioso para a “mancha que as colheitas já estavam semeadas. como a liberdade e a felicidade não se
constactar que o imperador do pecado original”. A pobreza deveria Eram-lhes dadas roupas ainda não usadas, conquistam por decreto, assim também a
Constantino foi um entusiasta ser gravada e difundida como grito de comida melhorada e, em certos casos, santidade não deve ser vista como apólice
astuto do imperialismo religioso revolta contra o egoísmo humano... bebidas alcoólicas. Pronto! Estabelecia- de seguro exclusiva dos piedosos.
que promovia sermões festivos ilustrados Visitemos a realidade mais recente. se, assim, um clima colectivo de alegria
com muita algazarra teatral alusiva à Sabemos que os puritanos de com danças, cantares e... não só!
natividade do Redentor. A sua perspicácia Massachusetts não escondiam o seu Diríamos que a maioria dos emigrantes O nosso Natal deveria servir de “altar”
politico-religiosa tinha por objectivo teológico desdém pelo ortodoxo grego não esquece a pobreza do seu próprio para celebrar, com dignidade étnica, a
minimizar (e se possível neutralizar) o São Nicolau, referência que veio parar à “natal de belém”, nem ignora as coragem da Reconciliação, na convicção
desvario gerado pelo hedonismo das cultura “eurocêntrica” rotulada com o vicissitudes da sua própria “fuga para o serena de que “a humanidade é mais
festividades pagãs da época, com os jogos prestígio mercantilista do famoso Saint Egipto”. Aliás, Jesus é nosso irmão ignorante do que má...”
de azar e as suas orgias colectivas, Claus. Depois, a cultura anglo-saxónica emigrante: o Evangelho narra o episódio Sim, reconciliação! A palavra de ordem
coroadas pela prosmicuidade sexual. (com mais ou menos fervor calvinista) do dilema da sagrada Familia em busca seria “detestar o pecado, mas ajudar os
Séculos mais tarde, aconteceu a famosa veio dificultar a comunhão democrática duma vida melhor, face à inospitalidade pecadores”, na ânsia de ajudar os Pobres
revolução franciscana que veio serenar da alegria natalícia. Todavia, mais a Sul, étnica fomentada no torrão natal. Ainda a derrotar a pobreza...
os ânimos e simplificar o Natal cristão, nas plantações da Virgínia, começou a muito novinho, Jesus conheceu os
tornando-o património popular. O santo notar-se um fenómeno curioso que os trambolhões da emigração, ao colo de sua Haja Paz e Amor. Bom Natal!
de Assis viveu inspirado por uma Voz sociólogos designaram por “wassailing”, imaculada Mãe...
celestial que lhe falava da enorme ou seja, em fins de Dezembro de cada Ele veio ao mundo para nos lembrar que
diferença entre pobreza material e miséria ano, os escravos ficavam com licença “amar o próximo” não é um preciosismo
espiritual. O cristão sabe que a pobreza para gozar um ou dois dias de folga, dado legal ou norma de etiqueta social. Tal
Tribuna Portuguesa COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2008 13
Temas de
Agropecuária
Canto da Décima Ilha
Sou desta Ilha, soma de tantas;
Pedra, vulcão de saudade.
Ilha de lava a queimar de amor,
Presentemente a escolha dos alimentação Corpo de gente, (rubro de) liberdade.
alimentos pelos consumidores humana.
têm em conta preços, qualidade “The Humane Sou desta Ilha, que é arco-íris
Society”, em Rasgando o céu da águia escura
e curiosamente o meio ambi- força, foram os Que é cor de tantas e me faz feliz.
ente. directos pro- E imagina o mar em névoas de lonjura.
G
motores e pa-
osto, conveniência, valor trocinadores Sou desta Ilha, feita de mil vozes,
nutritivo e preços da iniciativa Toadas de calor, Sol de Lá sem Dó,
(especialmente neste no boletim de No Sol Maior da sua ternura,
época de alta inflação no voto da Cali- Gritando silêncios numa voz só.
cabaz de compras) continuam a ser fornia alve-
parte da escolha dos alimentos do dia jando a pro- Sou desta Ilha, Décima de rimas,
a dia. dução de aves De poetas loucos, língua inventada.
No entanto um crescente numero dos e ovos, carne Navega serena em mares de espuma,
americanos estão adicionando ao seu de vitelo e porcos. Produtores de licença pela sua parte na poluição Minha Ilha Mátria reencontrada
critério de alimentos saudáveis leite da California acreditam que o “GHG”, segundo iniciativa do Su-
outros valores que incluem produtos proximo alvo será a industria de lac- premo Tribunal e regulado por
mais sensitivos e produzidos em ticinios, muito embora esta esteja na “Enviramental Protection Agency”
armonia com o meio ambiente e vanguarda da industria nacional EPA..
Viola, Minha Rival
práticas humanitárias. quanto à protecção e bem estar dos Os consumidores largamente consid-
A familia de produtos de lacticinios seus animais. Sonhada pelo Leal,
eram os produtos do leite alimentos
tem a longo prazo sido reconhecida Factores do meio ambiente são área Por suas mãos construída,
preferidos e saudáveis, e a sua
pela sua valiosa contribuição na de inquietação para a industria da És a única rival
grande importancia na alimentação e
saude e bem estar das populações. agropecuaria. Um relatório de cien- Que encontrei na minha vida.
desenvolvimento das crianças e ado-
Numerosos estudos e investigações cia e technologia ambiental dos pro- lescentes. Adicionalmente o leite está
cientificas continuan a revelar o posi- fessores de “Carnegie Mellon Uni- Pelas mãos do meu amado
classificado nos primeiros quatro
tivo impacto destes produtos na versity” indica que a maioria das És porém acariciada.
alimentos ricos em proteína, zinco e
saude dos ossos, na função imune e emissoes de “greenhouse gas” no O que sou eu a teu lado?
vitamina A. Nenhum outro produto
prevenção de doenças, esta cada vez sistema de alimentos dos Estados Pobre de mim, não sou nada!
alimentar contém tal combinação de
mais aparente de que o termo Unidos acontecem durante a pro- nutrientes numa só embalagem. As
“saudável” não é por si só o unico dução, em comparação com o trans- Quando, nas mãos dele, choras,
organizações de educacção nutritiva
termo dominante destas análises. porte dos mesmos. Um sistema de Cantas, gemes tresloucada,
subsidiarias da industria de lacticin-
Organizações Governamentais, tais comidas industrializado baseado em O que sou eu a teu lado?
ios há cerca de 90 anos “Dairy Coun-
como, “The Humane Society of the proteína-animal e energia intensivo Pobre de mim, não sou nada!
cil of California” e os seus contrapar-
United States” continuam a pres- especialmente com a continuação da tidos em outros Estados, bem assim
sionar a agricultura animal, proces- crescente falta de água que obriga a Mas eu não te quero mal:
como a industria em geral estão com-
sadores, cadeias de restaurantes e produção a extrair água para irriga- És fascinante e mimosa
premetidas, e têm obrigação, de
(servico rápido) tais como Carl’s Jr. ção das culturas das bacias subterra- Viola, minha rival,
manter o leite e seus produtos numa
Presentemente o “Safeway” anun- neas sujeito a altos custos da energia. Ó minha rival ditosa
relevante e saudável plataforma vi-
ciou iniciativas para aperfeiçoar Além desse facto, pode ser num fu- sivel ao consumidor.
(segundo dizem) a qualidade de vida turo não muito distante que as vacas Maria das Dores Beirão
e abatimento de aves e porcos para a leiteiras tenham que pagar uma taxa- Napa
Lucia Noia
Presidente / CEO e Directora Clínica
das Residenciais de Saúde Noia e
Centro Comunitário Noia
BOAS FESTAS
E
FELIZ ANO NOVO
14 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
Perspectivas
Conto de Natal
V
ivia ela numa terra espreitava lá no alto... repousava o Menino Jesus, pessoas amigas que a visitavam
bafejada por um sol Sem D. Amália saber como, o sorridente por se encontrar ro- de vez em quando.
meigo no húmido seu pensamento voou para os deado de paz e harmonia. A D. Amália gostaria tanto de ir
verão e fustigada por presépios que seus filhos, todos meiga vaquinha e o paciente ver, uma vez mais, o popular
gélidas chuvas torrenciais no os anos, erguiam numa pequena jumento bafejavam o divino presépio da próxima igreja
inverno, seguidas de primaveras mesa no canto de um dos mais Bebé com o calor dos seus paroquial, mas já não podia sonho extraordinário. Ela viu-se
floridas e sobrevoadas de pás- amplos quartos de cama. “Ai, hálitos, enquanto, em redor do caminhar até lá. Só poderia rodeada dos seus três filhos e
saros chilreantes que, às vezes, que saudades, meu Deus!”, fronteiriço lago, as ovelhinhas agora imaginar a costumada suas famílias, que vindos do
lhe pareciam vaticinar promessas balbuciou ela enquanto duas expressavam a sua alegria em grande afluência de fiéis à Missa longínquo continente fronteiriço
de novo vigor e de vida mais teimosas lágrimas lhe brotavam sons polifónicos. Anjos pratea- do Dia do Natal e conjecturar a à Europa, a abraçavam com
suave na sua caminhada por este dos olhos... dos (de folhas de alumínio) incontida alegria das crianças ao grande emoção... As ondas de
mundo... Ao aproximar-se o seu Nos recantos da sua ainda vívida sobrevoavam a cena, parecendo mirarem, embevecidas, as indizível alegria que a inva-
nonagésimo aniversário natalí- memória, a anciã viu-se, uma bailar aos sons das canções figuras do Presépio. Diziam-lhe diram naquele momento foram
cio, D. Amália já sentia o peso vez mais, atarefada na sua emitidas pela Rádio... Separada que este estava lindamente tamanhas que ela, de repente,
dos seus anos... recheada cozinha a ultimar os do presépio, erguia-se, sem emoldurado com dezenas de acordou, perplexa mas in-
Havia já muitos e longos anos, o preparativos para o Dia do Natal, retoques cosméticos, uma multicoloridas luzinhas que crédula...
marido partira para o Além, que sempre incluía um farto pequena “árvore do Natal”, onde piscavam sem cessar, parecendo Precisamente nesse momento,
deixando-a só na buliçosa vila jantar para toda a família e se pendurariam ofertas típicas da quererem dar as boas-vindas a alguém bateu à porta da casa...
atravessada por um largo ribeiro alguns amigos. Ao cheiro das quadra natalícia. todo o mundo... “Quem será?”, perguntava-se
que, em outras regiões com guloseimas que ela preparava, ou ela, espantada. “Quem será?”
tendências mais hiperbólicas, já havia cozinhado, para o jantar ***** ***** Apoiada à sua velha bengala, D.
seria chamado rio. da Festa, os filhos, sobretudo os Amália dirigiu-se para a porta,
A anciã vivia e sentia-se so- mais jovens, de vez em quando, A simplicidade do presépio em Ao antever o prazer das crianças semiabrindo-a com cautelosa
zinha. O casal havia tido uma entravam na cozinha a pedir-lhe nada diminuía a intrínseca da sua freguesia, o pensamento curiosidade. Estupefacta ao ver
filha e dois filhos, mas talvez “só um bocadinho”, mas ela, beleza do realidade da ocasião e de D. Amália voou para os seus quem estava perante ela, D.
impelidos por ideais não muito com um sorriso, dizia sempre dos esforços das crianças! Nem próprios filhos, primeiro para Amália deixou cair a sua bengala
diferentes daqueles que outrora “espera mais umas horas, e podia, de forma alguma, des- quando ainda eram miúdos, e amiga, e correu, de braços
impulsionaram os “navegadores” agora ajuda teus irmãos a moronar as suas grandiosas fan- logo após para o que ela ima- abertos ao encontro dos seus 3
lusitanos por ignotos mares, eles construir o nosso presépio”. tasias ou abalar as suas fortes ginava serem eles agora, depois dilectos filhos, que, sorridentes,
haviam preferido rumar a Não havia falta de “arquitecto” imaginações que, todos os anos, de tantos anos, todos crescidos e se enlaçaram num apertado,
destinos diversos e tecer os seus ou “obreiros” para a construção conseguiam dar novas nuanças e também rodeados de filhos... Os longo e amoroso abraço à sua
sonhos em terras longínquas, do tosco, mas sempre encantador dimensões ao “seu” presépio. seus três filhos, sempre bondosa mãe.... As emoções
onde viviam bem e em relativa presépio. Os três miúdos porfia- Naqueles já idos tempos, pen- dedicados, visitavam-na de vez eram tão profundas que as pala-
proximidade. vam em buscar tudo quanto era sava D. Amália, “respirava-se em quando, mas nesta fase da vras afogavam-se nas abun-
Na sua provecta idade e na necessário. Do quintal, vinham a um bem-estar algo inexplicável e sua avançada idade, D. Amália dantes lágrimas de alegria que
solitude do seu vazio lar, D. terra, o musgo, as pedras, os uma paz e harmonia conta- sentia-se mais necessitada dos vertiam de todos os olhos e dos
Amália vivia agora de saudades pequenos ramos de arbustos, as giantes que pareciam penetrar e seus carinhos, dos seus abraços e corações assim reunidos uma
do passado, enquanto, na sóbria plantas, a água, e outros mate- inundar as almas e os corações. do seu amor...Ah, como ela vez mais...
parede do estreito corredor, o riais; do sótão e do fundo dos O jantar da Festa era sempre adorava ouvir as suas vozes A cena repetiu-se quando D.
velho relógio parecia embalá-la armários, vinham caixotes, mais uma ocasião não só para sempre que eles telefonavam Amália comovidamente abraçou
com o seu constante e soporífico velhos espelhos, pitorescas ca- reforçar laços de amor, de para uns apreciados minutos de e beijou, um por um, os restantes
tiquetaquear. sinhas de papelão, folhas de amizade e de franca cama- conversa... Seria um sonhos membros das famílias do seus
alumínio, as ovelhinhas, as radagem, como também para abraçá-los todos uma vez mais, filhos, Os netos e as netas que
***** vaquinhas, o jumento, as pal- “dar graças a Deus, por mais suspirava ela, julgando-o ela agora via pela primeira vez
hinhas, e as venerandas pe- um ano de vida e pelos graças irrealizável, devido às distâncias trouxeram-lhe novo brilho aos
Porém, outros sons prendiam a quenas imagens da Virgem recebidas. Naqueles tempos, o e aos custos. olhos e amplos sorrisos aos seus
sua atenção. Era já a véspera do Maria, de São José, e do cunho do Natal era marca- Realista, ela preferia sonhar com lábios que não se cansavam de
Natal! Perto e distantes ecoa- Menino Jesus. damente religioso”. “Ai, que o passado, já que o futuro era oscular os novos rebentos da
vam, maviosos, os sons de tradi- Com expontânea alegria, e saudades, meu Deus!” mur- agora, para ela, curto e incerto, Família...
cionais e novas canções nata- capitaneados pelo irmão mais murava a anciã com um “Meu Deus!, pedia ela, para O lauto e festivo jantar que os
lícias. Embevecida na amálgama velho, todos se lançavam à obra. profundo suspiro. mim nada quero; só Vos peço filhos de D. Amália haviam
de coisas e episódios que lhe Pouco a pouco, o presépio emer- Na sua avançada idade, as forças que ampareis e protejais os planeado para o Dia da Festa
perpassavam pela mente, a gia.. Sobre pequenos caixotes físicas de D. Amália já eram meus filhos e suas famílias neste incluiu toda a Família e os mais
anciã, sentada no pequeno quarto habilmente disfarçados com escassas. Com crescente difi- caótico e desorientado mundo., íntimos amigos dos casais.
de serão, de súbito notou terra, pedrinhas e “árvores”, culdade, ela caprichava sempre Mas eu gostaria tanto de os Observando sorridente tudo e
estarem os vidros das janelas apareciam as colinas rendilhadas em manter a sua casa limpa e em abraçar agora”... E, com este todos, D. Amália, parecendo
cobertos de gotas do chuvisco de fileiras de casas típicas da boa ordem, e em preparar as suas desejo, D. Amália caiu ador- rejuvenescida, murmurava co-
que, mansamente, caía do semi- região, com dois ou três módicas refeições, ocasional- mecida na sua favorita cadeira movida: “Isto é um milagre, um
nublado céu. Até pareciam ser caminhos em direcção ao mente melhoradas com suple- de braços, ao som de ternas milagre de Amor e Saudade..
de prata, à luz de ténues raios do “estábulo” onde, ladeado pela mentos trazidas por alguns dos canções de Natal... .Melhor prenda de Natal eu não
sol que, num meigo sorriso, Virgem Maria e por São José já restantes familiares e outras O seu sono em breve evolveu em poderia ter recebido!”.
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 15
16 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
Agua Viva
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M
inha Mãe, é já Natal!
Ainda foi outro dia, que fazíamos planos
para decorar a nossa casa com toalhas de
mesa e cortinas novas, compradas na
Loja das Chitas, que agora em Angra já não existe, e
colocaríamos aqueles naperons bordados na sua Catholic Association for Seminarian Studies
máquina nova, último modelo da Singer, com desenhos (Associação Católica para Estudos nos Seminários),
ajustados pela Dona Primitiva Sarmento, muito sua uma fundação sem fins lucrativos, foi organizada há
amiga com muito orgulho seu. E que dizer daqueles mais de vinte anos por um grupo de padres portugueses,
tapetes feitos a ponto de veludo e almofadões de seda Padre Carlos Macedo, Monsenhor Valdemiro Fagundes,
que mais ninguém tinha, e que eu também a ajudei a Padre Albano Oliveira e Monsehor Manuel Alvernaz,
bordar. Tanto que guardei… E para quê, se quando todos residentes na Califórnia, com o fim de suavizar os
voltei já não havia nada. Mas, quem nos usurpou a encargos financeiros dos seminaristas a frequentarem os
casa, não levou a toalha do lava-mãos antigo, talvez últimos quatro anos do Seminário de Angra.
porque estava bordada com as suas iniciais de solteira Monsenhor Alfredo Mariano de Sousa, pároco da Igreja
rematada com renda inglesa, feita por si. Nem o do Espírito Santo, em Fremont, a primeira igreja fun-
dado por portugueses no Estado da California, legou o
cachené… Nem o velhinho xaile da avó Gesuína que
seu espólio a esta organização, permitindo-lhe aumentar
não conheci, porque morreu muito jóvem. Foi tudo o Padre Carlos Macedo
o numero e o valor das bolsas de estudo a serem
que restou, mais as memórias boas que conservo da atribuídas.
nossa casa, que por esta altura do ano estava sempre Neste ano lectivo de 2008-2009 foram atribuídas bolsas
quente pelo braseiro que fizera o pão alvo do nosso de estudo a 12 seminaristas do Seminário de Angra, no Califórnia, mas também para auxiliar os filhos da sua
contentamento por saber tão bem à saída do forno com valor de três mil dolares cada, e ainda catorze mil terra natal a frequentarem cursos universitários. Neste
azeite Galo no prato, a manteiga Milhafre e o chá ter- dolares em ajuda directa aquele Seminário. ano lectivo de 2008-2009, seis filhos da Ribeirinha fre-
nurento da conversa de serão, enquanto esperávamos Tendo este grupo de benfeitores determinado que havia quentam cursos superiores, dois dos quais na Faculdade
que o pai voltasse dos longos ensaios de trompete ora necessidade de ajudar na formação de padres para as de Medicina, e foram galardoados com bolsas de estudo
na Banda Filarmónica Recreio dos Artistas ora na Art várias paróquias que por todo o Estado da Califórnia Monsenhor Manuel V. Alvernaz, no valor de dois mil e
Carneiro Band, porque a música era a sua grande servem paroquianos portugueses, então resolveram alar- quinhentos dolares cada.
paixão desde menino, quando começou a sua primeira gar o seu apoio financeiro a todos os seminaristas luso- Durante quase três décadas de existência, a fundação
Filarmónica na Terra-Chã, com bombos e gaitas feitas americanos da California. Este ano passado quatro dos CASE já distribuiu centenas de milhares de dolares em
de cana de bambú. E agora também já ouvi que veio seus bolseiros foram ordenados padres e para o corrente bolsas de estudo entre os seminaristas do Seminário de
até na edição de 80 anos do Jazz na ilha Terceira… ano lectivo de 2008/2009, dois seminaristas luso- Angra, alunos universitários da Ribeirinha e seminaris-
Que bem! Tanto ele como Luís Soares, teriam ficado americanos foram galardoados com bolsas de estudo no tas luso-americanos na Califórnia.
valor de três mil dolares cada. O Rev. Padre Carlos B. Macedo, o único sobrevivente
contentes se tivessem vivido para ver. Também a re-
O Monsenhor Manuel Alvernaz, ilustre filho da fregue- deste grupo de beneméritos, é ainda a pedra angular
vista taurina “Festa na Ilha”, este ano trouxe às suas
sia da Ribeirinha, Ilha do Pico, então pároco da Igreja desta fundação. Natural de Ponta Delgada, Ilha de São
páginas, velhas memórias da antiga praça de toiros, em Miguel, e antigo aluno do Seminário de Angra, foi pas-
do Sagrado Coração de Jesus em Turlock, California,
cuja tribuna do Inteligente, está o pai com a sua in- tor da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas,
resolveu que o seu parte do seu espólio fosse usado para
separável trompete para dar avisos aos artistas nas suas San Jose, California, por mais 20 anos.
aumentar as ajudas aos seminaristas dos Açores e da
lides taurinas.
Quantos Natais, Mãe… já passaram depois de tudo
isto!
Levaram todas as coisas, menos as nossas memórias. E
sempre, em cada dia, todos os anos, tudo aflora como
uma realidade que dói por não existir de verdade,
talvez porque foi num Natal já distante que a negra
morte bateu à porta, e esse foi o nosso último Natal ao
serão, com as nossas conversas, os seus conselhos pre-
ciosos, os seus sábios provérbios, sempre ajustados a
cada tempo e lugar.
Desde então os Invernos são mais frios, a árvore de
natal de cedro vermelho não tem o mesmo cheiro das
da nossa mata, o musgo do presépio não tem o verde
das geadas e da chuva miudinha que adoçava ainda
mais as flores do coquilho que embelezam as largas e
lustrosas folhas de roca, nem o perfume das ervas pisa-
das, como os fetos, os morangueiros bravos, a salsa
parrilha e todas as outras que a terra dá… A nossa
terra.
Feliz Natal! Festas Felizes! Feliz Ano Novo!
filomenarocha@sbcglobal.net
Filipe S. Lima
Médico Dentista
Deseja a todos os seus clientes e
comunidade em geral
Um Bom Natal e um Ano Novo
com muitas felicidades
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Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 17
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18 15 de Dezembro de 2008 ENTREVISTA Tribuna Portuguesa
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Saudam toda a aficion e Comunidade
em geral e desejam Um Feliz Natal e
Um Ano Novo Cheio de Felicidades
Feliz Natal e Um
Ano Novo com
muita Saúde e
Felicidades
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 21
22 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES Tribuna Portuguesa
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 23
24 15 de Dezembro de 2008 ANIVERSÁRIO Tribuna Portuguesa
Lindsey Ferreira, Alyssa Ferreira (Rainhas de 2006-2008), Elisa Martins, Makayla Toste O Sporting é um clube com muitos amigos, até os mais ferrenhos benfiquistas se sentem
(Rainha 2009) e António Martins, Presidente do Núcleo Sportinguista bem nas suas festas. Também havia muitos adeptos do Porto. E um do Lusitânia.
Tribuna Portuguesa ANIVERSÁRIO 15 de Dezembro de 2008 25
Coroas para Rainhas das nossas festas em todos os estilos e preços Salvas de diferentes desenhos
Quem visita pela primeira vez a Casa Furtado, mesmo em frente à Igreja Nacional das
Cinco Chagas, em San José, fica assombrado pela variedade de produtos ali expostos.
Esta loja que já tem mais de 40 anos de existência é bem demonstrativa do esforço, do
trabalho e do saber que António Furtado e esposa puseram neste seu negócio.
Podem contactar a Casa Furtado através da sua webpage: www.furtadoimports.com
Desde artigos religiosos - coroas do Divino Espírito Santo, crucifixos, estátuas dos
santos populares, objectos para o baptismo e primeira comunhão, biblias, rosários, na
joalharia podem-se apreciar os anéis, pulseiras, colares, e brincos. Têm uma vasta
Loiça regional da mais bonita
colecção de produtos para ofertas, desde relógios, porcelanas, cristais, canetas, tal-
heres, além de música de todo o mundo.
Também vendem as bandas usadas nos bodos de leite, e gravam anéis, salvas de prata,
troféus, etc.. É verdadeiramente uma loja a visitar.
Crucifixos de variados tamanhos e feitios Imagens dos nossos santos populares e de Nossa Senhora de Fátima
28 15 de Dezembro de 2008 COMUNIDADE Tribuna Portuguesa
Sara Rodrigues, esposa de Arnold, Adelaide e João Manuel Dias, Arnold Rodrigues, Joe
Resendes e filho Gary,
Vista parcial da Sala do Centro Comunitário de San Pablo, onde se realizou o almoço
Laary Soares , o novo CEO da Luso American Life Insurance Society. Reconhece-se Maria Odom, Manuel e Filomena Bettencourt, Tony e Patricia Costa, sua filha Angela
Manuel Minhoto, CEO cessante, e Frank e Cecelia Souza. Simões e Francisco Alves
“Velha Guarda” da Fundação. Reconhece-se Francisco Cabrita, Américo Pereira, Rod- Jovens partilham a sus experiência na Semana de Campo em UC Santa Barbara. Gary
rigo Alvernaz, Manuel Bem Barroca, Donalda Melo (de costas). Resendes, Steve Resendes, Sara Rodrigues e Antoniete Machado
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 29
Sextas-feiras às 11:30 pm
Sábados às 11:30 am e 6:30 pm Próximos programas: 20 de Dez e 3 Jan
Quarto
Tércio
… para todos aqueles que durante a temporada taurina encheram as nossas praças,
H
oje vou ti- quer de noite quer de dia, se entusiasmaram pela festa, aplaudiram artistas de valor e
rar a minha aplaudiram os nossos toiros, os nossos cavalos, os nossos forcados e os nossos artistas
boina a to-
dos os Gru- locais. São todos eles que fazem da nossa festa a mais bonita das Festas. A eles se de-
pos de Forcados da vem todo o empenhamento dos nosso ganaderos, das nossas coudelarias, dos nossos
California pelo seu tra- forcados e das nossas organizações que de ano para ano querem sempre fazer mel-
balho árduo durante a
temporada e que agora hor.
pela festa de Natal se
vão reunir e solidificar
cada vez mais as amizades já existentes.
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122 páginas sobre Toiros, Cavalos,
Corridas e Touradas à Corda
Resumo da Temporada de 2007 da Ter-
ceira, Graciosa, São Jorge e California.
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Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 31
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Um Feliz Natal
e
Próspero Ano Novo
32 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO Tribuna Portuguesa
Minha Língua
Minha Pátria
sas pois a inexperiência levava à do Conselho
abertura de galerias mal mina- apontando a
N
das, susceptíveis de desmorona- improbabili-
os anos da Segunda stancial da exploração do mentos. dade de uma
Guerra Mundial o volfrâmio, localizadas perto do Foi tal a proliferação destes pe- retaliação por
volfrâmio represen- Fundão, na Beira Baixa, estas quenos empreendimentos, quase parte da Ale-
tou um importante minas datam dos fins do século impossíveis de controlar por manha, posto
papel na economia portuguesa. XIX. Para além dos filões de repetidas rusgas da GNR, que já que este país se
O maior extractor da Europa, volframite, dos mais ricos do em Julho de 1942 o Governo encontrava
Portugal contava com a Ale- mundo, encontram-se aí outros começou a indeferir todos os numa desvan-
manha e a Grã-Bretanha como minérios, como os de estanho e requerimentos de instalação de tajosa situação
os seus dois melhores clientes. cobre. Com mais de 12 000 postos para tratamento do mi- militar e que
Dada a sua dureza, idêntica à do quilómetros de túneis abertos nério. portanto deix-
diamante, e o mais alto poder de pela mão do homem, tornaram- O súbito ascenso na escala ara de consti-
fusão de todos os metais, o se as maiores minas subterrâneas económica de numerosos cam- tuir uma
volfrâmio, também conhecido do mundo. poneses pobres, causado pela ameaça para a
como tungsténio (o termo Por outro lado a pesquisa e ex- valorização do minério, chegou a soberania portu-
provém de uma expressão sueca tracção da volframite, com fre- atrair gente de fora, inclu- guesa. nove dias depois. A Espanha,
que significa “pedra dura”), tem quência à margem da lei, por sivamente vinda de empregos A confrontação implicou uma país não beligerante, era também
sido utilizado em produtos tão pequenos agricultores do Norte e burocráticos. Muitos dos novos delicada decisão para o Governo poderosa exportadora do minério
variados como filamentos de Centro do país levou ao aban- ricos afluíam à capital e desper- de Salazar, que de facto receava e dadas as relativamente amisto-
lâmpadas eléctricas, brocas, dono dos seus cultivos, situação tavam atenções quando for- uma possível acção violenta por sas relações entre os governos de
lâminas de “bulldozers” e mate- potencialmente desastrosa, dada mavam grupos em frente dos parte do Governo de Hitler caso Franco e de Hitler, não seria
rial cirúrgico. Foi contudo na a escassez de alimentos então cafés do lado ocidental do Ros- as exportações fossem suspen- difícil imaginar qual teria sido o
indústria de guerra que o seu sentida por todo o território na- sio. Os lisboetas achavam-nos sas. Além disso, com o desen- destino final destas remessas.
emprego se revelou mais cional. risíveis ao observar os seus volvimento da indústria bélica A insistência britânica persistiu
notório. Em liga com o ferro Sem embargo, quinze ou vinte valiosos anéis e correntes de por parte tanto dos Aliados como pela primavera desse ano. Antes
empregou-se largamente na gramas de minério, que podia relógio, ou então as quatro ou do Eixo, os preços do minério inabalavelmente acreditando na
fabricação de projécteis anti- mesmo ser encontrado nos cinco canetas de tinta perma- subiam em flecha e representa- vitória alemã no conflito eu-
tanque, chapas de blindagem e muros de pedra que dividiam as nente assomando do bolso do vam uma valiosa entrada de divi- ropeu, Salazar começava a dar
maquinaria. courelas, rendiam mais do que colete, sabendo que muitos deles sas no país. indícios de uma opinião con-
A extracção e tratamento do um dia de trabalho de enxada na eram analfabetos. Salazar encontrava-se assim trária. Talvez concordando com
minério conhecido como volf- mão. De igual modo se achavam Por esses anos a exportação de entre dois fogos e, com a sua a argumentação de Churchill,
ramite intensificou-se a partir de restos de minério em poços e volfrâmio tornou-se um melin- habitual prudência, tentava en- deve ter concluído que era
meados de 1941, quando a Ale- trincheiras de explorações aban- droso ponto de negociação com contrar uma solução equitativa mínimo o perigo de uma inter-
manha nazista, após a invasão da donadas, assim como no leito de a Grã-Bretanha. Escasso noutros para o problema. Moral e legal- venção germânica.
Rússia, em Junho desse ano, ribeiros secos durante parte do países mas abundante em Portu- mente via-se comprometido com Reuniu-se o Conselho de Minis-
exigia enormes quantidades do ano, onde a erosão havia deposi- gal, este minério havia-se tor- a Grã-Bretanha mas sentia-se tros e acabou por se encontrar
metal para uso na sua indústria tado sedimentos. Nestes chega- nado imprescindível na indústria mais afim ao governo nazista. uma airosa saída, a de proibir, a
de armamento. vam a ganhar o seu dia raparigas de armamento dos países belig- Havia também de considerar que 1 de Junho de 1944, a exporta-
Em Portugal a exploração do munidas de pequenos sachos e erantes. O Governo de Sua Ma- parte das minas em território ção de volfrâmio para todos os
volfrâmio processou-se por estes um alguidar de zinco. jestade, alegando as cláusulas da português eram de propriedade países participantes no conflito.
anos a dois níveis, o das grandes A lavagem, durante o qual o velha aliança anglo-inglesa, in- alemã. E foi assim que um simples de-
empresas e a dos pequenos pes- minério, mais pesado, se sistia energicamente na cessação O Presidente do Conselho re- creto publicado no Diário do
quisadores, trabalhando indi- separava do cascalho. era feita à de fornecimentos aos seus inimi- sistiu enquanto possível por Governo pôs fim a um período
vidualmente ou em parceria. mão, geralmente por mulheres gos. O Primeiro-Ministro vários meios, um deles algo sub- que tanto havia marcado a vida
Quanto ao primeiro, há a desta- recolhendo dos detritos a volf- Britânico, Winston Churchill til. A 3 de Março de 1944 foram portuguesa.
car a gigantesca dimensão das ramite, negra e brilhante. Ex- chegou mesmo, em 24 de Março clandestinamente enviadas a
minas da Panasqueira. plorações artesanais de maior de 1944, a escrever nesse sentido Espanha 44 toneladas de
Provedoras de uma parte sub- vulto podiam revelar-se perigo- uma carta pessoal ao Presidente volfrâmio, seguidas de mais 41
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 33
Fale-nos um pouco de si. O meu curso de Mestrado foi em Mestrado em Gerência de com o trabalho, e porque dei
espanhol na SJSU porque na Engenharia (Engineering preferência em visitar o país que
Nasci em Moçambique e passei
altura -- em 2003 -- a situação Management) da SCU, tanto me formou--Portugal.
uns anos no Zimbabué num
económica não me permitia concedido em 2001. Todavia, com esta nova
tempo mais sossegado. Porém,
estudar português longe de San Quanto às humanidades, estudei esperança na África lusófona
foram os anos a partir de 1978
José, onde eu trabalhava e ainda na SJSU entre 2003 e 2007, e pretendo voltar à Beira dentro de
em Leiria, Portugal, que
trabalho a tempo completo. obtive o Mestrado de Artes poucos anos. O mais difícil será
completaram a minha agradável
Embora a minha especialização (Master of Arts) em Espanhol recordar os sítios por onde andei
infância. Em 1984, quando tinha
fosse em espanhol, frequentei em Maio de 2007. Este diploma quando apenas tinha 2 anos.
11 anos, vim com os pais e
todas as aulas avançadas de foi, ao fim e ao cabo, aquele que Quando for, será com os meus
irmão para a área de San José,
português na SJSU. Em 2006 mais valeu a pena pela primos de Leiria, que ainda têm
por onde ainda vivemos.
também tive o privilégio de tirar contribução imediata que faço à relações familiares com a Beira.
Dediquei-me ao estudos técnicos
um Curso de Férias avançado em diversa comunidade californiana.
e consegui um título de Como é que vê o futuro da
língua, cultura, história e
engenharia em 1995. A tempo Que conselhos daria aos jovens nosso língua? O que é que se
literatura na respeitada
completo sou gestor técnico de que querem seguir uma deveria fazer para "sustentá-
Universidade de Coimbra.
projectos em San José, mas há carreira de professor la" no futuro?
poucos anos vim a fazer o que Diga-nos o que é que faz e universitário?
apreciou? A nossa língua vai evoluindo aos
sempre quis desde criança: aonde
Os jovens têm de ter uma mente poucos e ver-se-á mais
ensinar línguas. Talvez esta Desde 2002, tenho voltado a
Depois de dez anos como aberta e aceitar que a sociedade influência pelo contacto com as
paixão tivesse vindo do pai Portugal Continental quase todos
engenheiro no campo de é diversa, cultural e socialmente. várias comunidades lusófonas e
português, que sempre falou os verões. Em Junho de 2008,
Internet, trabalho agora como Tento mostrar-lhes a importância com outras línguas importantes.
muitas línguas, ou da mãe estive por Leiria e ao norte do
gestor de projectos a tempo do ensino de línguas e cultura Por este motivo, vejo que o
chinesa, que foi professora em país com o meu pai para "matar
completo em San José. Na porque é o que nos faz mais português será sempre uma
Moçambique. Seja de onde for, as saudades"--para apreciar os
empresa, coordeno vários aptos e creativos, não só no língua muito falada e respeitada
a paixão pelo ensino e promoção sítios por onde passei e estar na
projectos técnicos e recursos que trabalho mas também na a nível global. Além disso,
do português e espanhol é o que boa companhia de família e
se dedicam ao serviço de apoio sociedade. Também lhes acon- agora surgem vários autores
mais aprecio na minha carreira. amigos. Quando visito Portugal,
ao cliente. Sempre vou apren- selho que sejam persistentes nos lusófonos de África que farão
aprecio também a boa comida e
Porque é que escolheu ser dendo mais na área 'high-tech', estudos, posto que a apren- destacar ainda mais a nossa
a bonita paisagem litoral. Além
Professor? mas a minha verdadeira paixão dizagem requer muita dedicação. língua no mundo.
de Leiria, os lugares de que mais
encontra-se no que faço 'part- Outro ponto importante é saber Todavia, no caso do português
Sempre quis ser professor desde gosto são Coimbra, Marinha
time'. que a recompensa de poder na Califórnia vejo que há muito
que andava na escola primária Grande, Figueira da Foz e o
Este semestre, ensino Espanhol I ensinar e inspirar as gerações por fazer. Poucos luso-descen-
em Leiria. Também gostava de Porto. Também gostaria um dia
'part-time' na SCU, um instituto futuras é mais valiosa que dentes mantêm a sua língua em
línguas, pois eu já falava de visitar novos lugares, como a
privado de grande renome em quaisquer incentivos monetários. casa, e os que querem aprender
português, inglês e um pouco de costa do Alentejo, assim como
Santa Clara. Também, devido à não têm fácil acesso a lições de
chinês e francês. Creio que estes Qual a vossa relação com a os Açores e a Madeira.
minha experiência técnica, português. Acho que se deve
interesses provêem da influência comunidade portuguesa?
ensino Espanhol 4A e 4B Já visitou a sua terra natal, promover a nossa língua na
positiva dos pais, do meu pai que
'online', dois cursos que Da minha infância em Portugal Moçambique, desde que de lá Califórnia através da influência
me ensinou língua e história, e
administro a través da Internet aprendi o valor e a importância saiu? O que é que acha do política, de melhor acesso a
da minha mãe que me ensinou a
da SJSU. Além de ensinar, da nossa cultura. Embora nos novo Moçambique? aulas de português e de pro-
ser bom aluno e atento instrutor.
gosto também de contribuir para anos 90 ocupava-me mais com a moções de eventos lingüísticos e
Foi desta paixão que decidi Acho que Moçambique tem
a comunidade lusófona, onde carreira e os estudos técnicos, culturais. Assim como as orga-
entrar noutra carreira enquanto sofrido muito, tendo ido da
participo em conferências de para o ano 2000 comecei a nizações culturais promovem a
ainda mantinha o trabalho como direita salazarista à esquerda
ensino de línguas, ajudo no establecer amizades com os música, os bailes e os costumes
engenheiro informático. soviética, deixando-lhe os
ensino de português em privado portugueses da área da baía de portugueses, também se deve dar
Completei o meu curso de escombros da guerra civil e a
e na Universidade de San José. San Francisco, assim como da ênfase ao ensino da língua em
Mestrado em Espanhol em fome após a independência em
Além disto, duas vezes por mês, área de Sacramento e do Vale casa, na escola e na comunidade.
quatro anos, e para 2007 já 1975. Só nos anos 90 com a
junto-me num café com um Central. Participo em conferên- Como outros professores e
estava a ensinar espanhol e a dar democracia é que Moçambique
grupo de 'luso-entusiastas', onde cias e eventos organizados para a entusiastas do português, quero
explicações de português. Acho se pôde estabelecer como um
praticamos o português e promoção da cultura ou língua. fazer parte deste esforço
que a melhor realização que se país livre e independente. Penso
discutimos a integridade da No festival do Dia De Portugal didáctico. A final, através da
obtem do ensino é poder que este país, embora pobre,
nossa cultura. em San José em Junho, ajudo a língua, poder-se-á abrir ainda
partilhar a sabedoria e visão do merece ter a tranquilidade e paz
promover o ensino da língua e mais portas à bela cultura que é a
mundo multi-cultural. Como Onde estudou? de que agora desfruta. Com a
sou voluntário no que puder. portuguesa.
cresci em Portugal e como o nova amizade que Portugal faz
O meu primeiro curso foi em Hoje em dia mantenho-me em
espanhol é muito usado, dedico- com Moçambique e outros
Engenharia Electrónica contacto com portugueses de
me às línguas principais da países africanos lusófonos, vejo
(Electrical Engineering) na vários institutos e organizações
Ibéria e da Ibero-América -- um melhor futuro para o povo
SJSU, em San José, onde que apoiam a cultura lusa.
português e espanhol. multi-cultural moçambicano.
completei o bacharel de ciências
Qual foi a última vez que Nunca voltei a Moçambique
(Bachelor of Science) em 1995.
Em que é que se especializou? visitou Portugal Continental desde que saímos em 1975
Também possuo um título de
Porquê? ou os Açores e o que mais porque tinha estado ocupado
15 de Fevereiro de 2001
Tribune DESPORTO
ACTUALIDADE 1 de 15
Março
de Abril
de 2001
de 2001
BENFICA 2008-2009
Esta fotografia é uma homenagem a todos os benfiquistas da California, que já há mais de três anos não viam a sua grande equipa em primeiro lugar no Campeonato da Liga.
Em pé: Quim, Angel de Maria, Nuno Gomes, Sidney, Luisão, Cardozo, Katsouranis. Ajoelhados: Reys, Maxi Pereira, Jorge Ribeiro, Ruben Amorim.
Tribuna Portuguesa COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2008 37
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Lagoas da Silva
N
aquele tempo era Inverno. que eu vim a saber que quem me punha o
O mês de Dezembro corria pacote de bolachas e mais tarde os vinte e
frio, muito frio. cinco tostões no sapatinho, era um
Nâo chovia, mas a geada acu- homem que vestia de vermelho, com
mulava-se nas valetas, razão do arrefeci- grandes e farfalhudas barbas, a quem
mento do orvalho. chamavam Pai Natal.
A meio da tarde daquele dia 24 eu pedi ao Nesse instante eu deixei que duas lágri-
meu avô que me levasse à praia, para que mas me rolassem pelo rosto, porque senti
eu pudesse ver o mar, porque naquele dia saudades do meu caminhar para a praia na
eu tinha saudades do mar. charrete do meu avô, daquele cavalo cas-
Ele fazia-me normalmente todas as von- tanho, enorme, do Pai Natal da minha
tades, mas naquele dia ele disse-me que aldeia, aquele que me dava o pacote de
não me podia levar à praia, porque era bolachas e os vinte e cinco tostões e da
Inverno, estava frio e sobretudo porque minha mãe, que sempre fora a melhor
estávamos na véspera do dia do nasci- mãe do mundo.
mento de Jesus. E triste fui eu continuando todos os Na-
No Verão, todos os fins-de-semana, o tais, por, Santo Deus, nunca ter tido um
meu avô levava-me a ver o mar, na Praia brinquedo, a não ser aquele cavalo alado,
de Mira. feito de madeira, que a minha mãe me
Viajávamos numa charrete puxada por comprou um certo dia numa das festas da
um cavalo castanho, enorme, meigo como galo. No ano seguinte, porque as bolachas de Padroeira.
um cachorro, possante como um touro. A Pela manhã, já era dia de Natal, e eu, mal baunilha não me largassem o pensar, eu E mesmo agora, pelo Natal, apesar
charrete era pintada de um verde-escuro, acordei, comi um naco de pão, bebi café pedi ao meu avô que me deixasse passar a daquele montão de alegria que eu cos-
as ferragens eram douradas e os raios com leite e corri para casa dos meus pais, Noite de Natal na casa de meus pais, tumo ver nos olhos dos meus netos, talvez
pintados de preto, um meio de transporte que moravam por ali, porque tinha sau- junto da minha mãe e dos meus irmãos. a principal razão do meu viver, eu fico
fino para a época. dades da minha mãe. Ele resmungou, mas acedeu e a partir triste, sobretudo porque o meu Pai Natal,
Mas naquela tarde, tudo porque Jesus Aos meus irmãos, que na véspera tinham daquele ano, todos os anos, alguém me que eu nunca conheci, aquele que me
estava prestes a nascer e por ser Inverno, colocado o sapatinho no borralho, por punha no sapatinho um pacote de bola- dava as bolachas e os vinte e cinco
ele não me quis levar à praia, naquela debaixo da chaminé, alguém lhe terá chas baunilha, que com o correr do tempo tostões, ainda nâo me trouxe aquilo que
charrete, puxada por aquele maravilhoso posto no sapato um pacote de bolachas de passou a vir acompanhado com uma eu sempre mais desejei…
cavalo. baunilha. moedinha de vinte e cinco tostões e da
Ao cair da noite, na minha meia dúzia de Ao acordarem, eles entraram em delírio, autorização para passar a hora da missa
anos, eu já cambaleava, enquanto o meu porque o Menino Jesus se lembrara deles, do galo, no meio do largo, a aquecer-me à portmundo@iol.pt
avô me contava histórias, porque sendo mas de mim, apesar do meu comporta- fogueira do Natal.
ele um bom católico me queria acordado mento, nem Ele nem ninguém se lem- E foi já crescido e bem longe da minha
à meia-noite, para ir com ele á missa do brara. mãe, da minha casa e da minha aldeia,
Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 39
Ao Cabo e Lufada de
ao Resto Ar Fresco
no mínimo irónico cado e padronizado, julgo que nossa melhor doçaria conven- Tempo de Agradecer
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Taxas dos Hotéis, trans-
ferências.
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9 Jantares - Entradas pagas -
Guias que falam Inglês.
Chame Maria Fagundes Bettis para
mais informações do itinerário diário.
2 Noites no Algarve
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10 - 2:00 pm
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ENGLISH SECTION 15 de Maio de 2001
Ideiafix
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com
UPEC Museum
A worldwide youth meeting took place in Ponta posed: 1) “Projecto Mostra Açores” will promote
Delgada in the Azores between August 2 and 5, the Azores with an internet portal containing vid-
2008. The result from this Azorean and Azorean eos, PowerPoint presentations, articles, etc.; 2)
descendent youth meeting was the Declaration of “Bolsa de Famílias de Acolhimento” will coordi-
Ponta Delgada to bring together the Azores with nate short-term (1-3 week) interchange with a host
the Azorean communities throughout the world. family where the youth will volunteer at a local
An informal team was created to
identify common needs in loco.
A few weeks ago, someone was proposing that people should not
The common needs were identified
display their Christmas ornaments and lights out of respect for as 1) increase communication and
those suffering from the downturn in the economy. interaction between the communi-
I beg to disagree. Now, more than ever, we need to be thankful for ties and associations in the Azorean
what we have — how much or how little —, for our families, for communities and in the Azores to
our friends, for our health, and for everything that the little baby promote the region as a modern,
boy who was born on December 25 over two millennia ago gave innovative space with a future; 2)
us. And for that, I’m thankful. the creation of an incentive program
It is now better than ever to spend time with our families, with our for the interchange of youth be-
friends, and make new friends with whom we can share this joy- tween the communities and the
ous celebration. Let’s take a short stroll around our blocks and say Azores; 3) the creation of an incen-
hello and wish Merry Christmas to our neighbors, admire the tive program for education in the
Christmas displays, smell the smoke from the fireplaces and the Azorean communities; and 4) the
cookies coming out of the ovens, hold hands with our loved ones, support for the Azorean communi-
and be more thankful than ever for ties. At UPEC
what we have. The work team met in California
And if someone in our families and hosted by Nelson Ponta-Garça and was composed community organization; and 3) “Bolsa de Horas”
neighborhood celebrates Hanukah, of the following representatives: Paulo Cabral from will work similar to a time bank where local pro-
Kwanza, or any other holiday this the Associação Norte Crescente of São Miguel, fessionals will post their availability for commu-
Paulo Teves from the Direcção Regional das nity volunteer hours on a database to be accessed
time of the year, let’s wish them well
Comunidades, Nuno Bettencourt from Casa dos by local community organizations.
as we are all brothers and sisters. Açores do Norte in Porto, Lucília Santos from The Portuguese Tribune will always support such
As the Portuguese Christmas song Carrefour Lusophone in Montreal, Canada, Terry creative initiatives. Congratulations to our colum-
goes, “É Natal! É Natal! Deus à terra Costa from Jovens de Vancouver of British nist Nelson Ponta-Garça for his leadership with
vem!” (It’s Christmas! It’s Christmas! Columbia, Canada, Rogério Sousa from the Asso- this team of young professionals.
God comes to earth!), may you and ciação Burra de Milho
yours have a Holy Christmas and may of Terceira, and Martin
the New Year bring happiness, health, Medeiros, a member of
and peace. the Portuguese Com-
munities Council, from
Toronto, Canada.
Feliz Natal! Próspero Ano Novo! At the close of the
three-day meeting in
Northern California, the
“New Generation”
group presented their
conclusions at Casa do
Benfica in San José on
December 7, 2008.
Aggressive, yet reach- From left to right: Paulo Cabral, Nelson Ponta-Garça, Paulo Teves, Nuno Betten-
able goals were pro- court, Lucília Santos, and Terry Costa; not shown: Rogério Sousa, Martin Medeiros
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Christmas in the Park in downtown San José, CA [MVA photos]
44 Dec 15th, 2008 ENGLISH SECTION Portuguese Tribune
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3561 Columbine Dr.- San José, CA 95127
CA Lic. # 757185
California
Chronicles
N
ostalgically, with Those artistic representations
each passing Christ- contributed to the perpetuity of
mas, I regress to my the Nativity Scene, introducing
native Azores Is- figures and fashions, attitudes
lands, where I first saw and ad- and costumes, scenery and
mired the beautiful display of flower arrangements, all preva-
my family’s Presépio, the tradi- lent in the 18th century.
tional Nativity Scene. It was The Presépio’s original simplic-
then that I also learned the ten- ity and meditative mood may
der story of the Infant Jesus, have changed in modern times.
resting in a manger, flanked by However, of the authentic Presé-
Mary and Joseph. pio of Bethlehem, centered on
Undoubtedly, the Presépio is the Infant Jesus in a manger of
one of the world’s most fascinat- hay, with Mary kneeling at his
ing narratives. First, we must go side, Joseph contemplating the
to Bethlehem, to the night when divine scene, the animals laying
Jesus was born, thus fulfilling nearby, the shepherds raptured in
the ancient prophecies of a Sav- adoration, the angels hovering
ior’s birth. on the site, and a star shining
On the night of that first Christ- above the presépio, cannot be
mas, a star signaled Jesus arrival ignored.
to shepberds on nearby hills. It As I ready myself to celebrate
was a star which also guided the Christmas once again, I look
Magi to reach the location of the nostalgically for a serene return
Holy Family. to the primitive format of the
Bethlehem was the site of the original Nativity Scene, the
original Presépio, the first ever first Christmas, they were asso- cis of Assisi (1181-1226) reen- originated from the “franciscan Presépio I learned to love and
in the entire world. From that ciated with Jesus as a mature acted the marvelous scene of the interpretation.” appreciate during my childhood
unique Presépio radiated the fellowman. Filled with divine evangelical story. Mass was In the 18th century, there were in the Azores Islands.
light, warmth and grace which inspiration, the Evangelists celebrated next to a grotto, adja- numerous little Nativity Scenes
later encircled all the other wrote the Gospels. Their ac- cent to a replica of the presépio. made by nuns and sculptors,
prespios. counts of Jesus nativity were Other phases of the presépio certainly influenced by the origi-
The second phase of the presé- depicted in early paintings narrative were later perpetuated nal idea of St. Francis. It was
pio narrative was described by throughout th Catacombs. on the frescoes of medieval their way of lending more mean-
the Evangelists. Although they The third phase of the presépio painters and artists, as well as in ing to their artwork and adding
were not eyewitnesses of the had its realization when St. Fran- artifacts, with strong imprints contemporary color and tradition.
Rádio Clube
Português
Director: João Vidal Cardadeiro
Produtor: José C. Rosa
Aos Sábados das 2:05 às 5 da tarde
Estação: KNRY - 1240 AM
www.knry.com
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Telefones: 408-259-2988 San José
Tribuna Portuguesa COMMUNITY 15 de Dezembro de 2008 47
Recent Accomplishments
Meeting and trophy room. The total social area of Sporting has 12.5K square feet (Bingo room has 9K square feet)
* Sporting Tournament Ranked #1 in North-
ern California by GotSoccer.com * 1 - Far-West Region IV SemiFinalist
* Santa Clara Sporting Club Ranked #3 in * 1 - 2006-07 CYSA District 2 Cup Cham-
Northern California and #10 Nationwide by pion
GotSoccer.com * 7 - 2006-07 CYSA District League Cham-
* 5 - 2007 CYSA District 2 Abronzino pions
League Champions * 4 - 2005 US Club Soccer Regional Cham-
* 2 - 2007 Cal-North State Cup Champions pions
* 2 - 2007 Cal-North State Cup Finalists * 1 - 2006 NorCal Cup Champion
* 36 CYSA ODP Athletes: 6 Cal-North State
ODP & 30 Cal-North District ODP Source - Santa Clara Sporting webpage
www.santaclarasporting.com
President - Sebastião Gonçalves (right in the picture); Vice-President José Agnelo Oliveira (left); Secretary - Shirley
Gonçalves; Treasurer - Fátima Fagundes; Bingo’s Section - Abel Azevedo, Marco Tulio Almeida; Accounting - Linda
Avila; Sports Section- Luís Azevedo, Teresa Azevedo, Carlos Brasil; Public Relations - Jorge Oliveira; Website Com-
Gift from the City of Angra do Heroismo to celebrate the 450th munications - Kevin Azevedo, James Pedreiro, Maria Miguel
Aniversary of its incorporation in 1534.
Sporting ‘92 (U15) - 2008 Cal-North State Cup Champions Sporting’95 Boys Win 2008 Santa Clara Sporting Invitational Tournament