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MAIS UM LIBELO CONTRA 0 "PAI DOS POBRES"

■:

Como falou o jornalista Rubem Braga, durante a homenagem da Es­


i
querda Democrática aos correspondentes de guerra ;
Os Jornalistas Rubem Braga e Joel quina de compressão sindical, sua po- guarda que os deixe entrar oor baixo
i Silveira que. na qualidade de corres- llcla, aperfeiçoada c abundante, seu do pano. Só podem Julgá-los assim os
pondentotf de guerra, ábompanharam Tribunal de Segurança e seu DIP. b que não os conhecem bem, e nunca es- j
: a FEB na Europa, íoram. há dios, com ele marcham todos os artistas t 'tiveram ao lado deles nas hora» ruins. ;
; homenageados com um almoço pela amarra-cachorros do circo interminá­ Sem nunca ter Integrado suas fileiras, l
j Esquerda Democrática, á qual per­ vel de números de trapézio táo diver­ nem aceitado sem discutir as ordens !
tencem. tidos c pantomimas romanas táo san­ de seus capitães, nem Jurado obediên­
Pelos homenageantes fez-se ouvir o grentas. Continuam no elenco íabulo cia ã sua bandeira, eu Já trabuque!
professor Hermes Lima que, de im­ so os domadores de bicho, cuja peda­ no lado desses homens, com minha po­
proviso. traçou os rumos daquela gogia se baseia na fome, no chicote, bre carablna dcscallbradn de guerrilhei­
agremiação política e ressaltou as e no torrfto de açúcar. Estào parados, ro obscuro. Pode ser que haja no melo
qualidades de combatentes antl-fascls- no momento, os negoclos dos honra­ deles nmblclcsos e aventureiros: Isso
tas dos homenageados. dos comerciantes que exportavam cai- há cm toda parte; é uma ocorrência
Em agradecimento, falou o sr. Ru­ ne humana para os açougues da Ge.v banal cm qualquer ajuntamento hiíma-
bem Braga, cujo discurso publicamos tapo. A culpa náo é nossa, 6 da Gcs- no. Mas no selo do Partido Comunista
adiante: tipo, que faliu. Mas Deus é grande, existem, com uma frequencla ndmlravcl.
"Prezados companheiros da Esquerda 03 bons tempos hão de voltar. A cha­ homens a que poderemos chamar de
Democrática. ma do Ideal nfio se extíngulu de lodo exemplares. Esses homens são aliados
Quando chegou á Itallà o 2.® Esca- no mundo; ainda creplta aqui e ali, naturais de todos os que lutam por um
j láo da FEB. o correspondente aa na Argentina, na Espanha, no velho regime de vcrdadelva Justiça social.
j Agencia Nacional entrevistou, como era Portugal. Pouco a pouco os povos Podemos discordar de seus métodos e
i de uso. varlos oficiais e praças. Um voltarão a criar Juízo; e na Inglater­ processos, podemos náo aceitar algu­
dos soldados disse que tinha orgulho ra. na França, nos Estados Unidos ja mas de suas Idéias. Mas não podemos
I dc lutar porque Ia vingar os orasl- começam a se erguer os patriotas duvidar de sua sinceridade nem deixar
: lelros mortos pelos submarinos nazis­ dispostos a lutar contra o "barbarls de reconhecer como legitimo seu dese­
tas. A reportagem saiu dlrcltlnha nos mo das hordas mongóllcas”. Enquan­ jo de participar, em pó de igualdade
Jornais brasileiros. Mas com um pc- to isso, vamos consolando a tristeza com todas as demais correntes, da vida
Í queno acréscimo, feito aqui, no labo- dos lmperiallsmos de dentes partido» política nacional.
ratorlo de mentiras e boçalidades ao com pequenos caramelos, como esse “CONSTITUINTE COM GETU-
DIP: o prnclnha declarava que tinha aumento de passagens de bondes e LIO VARGAS SERIA UMA
orgulho também porque pertencia a barcas e dos frews ferroviários. PANTOMIMA AQUATICA”
geração nova de brasileiros, A geraçáo
d- Getullo Vargas. “O QUE TODOS QUEREM. AFINAL E' a eles. que me dirijo para dizer:
DE CONTAS. E* O DINHEIRO” lenho acompanhado ntentamente vossa
i “AQUELA CARA DE TRAÇOS MELAN-
j COLICAMENTE DUROS E FRIOS” Chegamos a couclusão melancólica campanha, e admirado a vossa energia
de que os marcos compensados, não e a vossa capacidade de organização.
i Ora, meus amigos, acontece que Joel compensam. Mas a verdade é que agi­ O premlo que vos desejo é este- a der­
: Silveira e eu também pertencemos, mos com prudência e nestes últimos rota dcsca campanha. Sim, eu também
! como profissionais de imprensa, a ge- 15 anos aumentamos de maneira es­ sou, e todos aqui somos pela Constl- ,
' ração de Getullo Vargas. Desde os l'i plêndida as concessões ao capital es­ lulnte. Queremos uma Constituinte li­
anos, e todo o tempo em que tenho trangeiro. sempre, porem, com o cui- vremente eleita, mas também queremos
l ganho a vida escrevendo para os Jor- dndo patriótico dc proteger os capi­ um presidente da República livremente
i nals. náo conhecí outro presidente aa talistas generosos, os que não rega­ eleito pelo povo. O que náo queremos,
República. Sob Getullo entrei nos teiam o Justo salario dos advogados porque Isto nos dá repugnância, é o
20, sob Getullo sal dos 30. Franca- administrativos, e dos diretores nacio­ queremlsmo. Constituinte com Getullo |
mente, eu confesso que não desejo nais testas-de-ferro. E' verdade, meus Vargas não seria um espetáculo novo. j
i phegar assim aos 40. Bem antes dls- senhores, que nestes últimos anos a porque JA tivemos Isso. Seria, na ver­
i só quero tomar um chopp ou comer produção dos gêneros essenciais ao dade, uma grandiosa pantomima aquá­
ura bife em um lugar honrado, sem povo estacionou, onde não caiu. Mas tica; e é possível que nesta pantomima,
ter de fitar, ao erguer os olhos dis­ que importa ? o dinheiro mullipllcou- em pleno êxtase da vitoria, corrésseis o
traídos, aquela cara de traços melnn- Be, e o que todos querem, minai de perigo de ser afogados.
i coiicamente duros e Trios. Aquela efígie contas, é o dinheiro. Marcha sua excelencla para a Demo­
Obrigatória, sob cuja falta de Inspi­ cracia. Marcha como Já marchou uma
Marcha sua excelencla para a demo­ vez ao rufo dos tnmbores silencioso».
ração este pais tem vivido seus tempos cracia. Lá vai ele — e Já vai tardei Ah, é bem íacll seguir a marcha dos
íe dlssenções mais tristes, de pusila- — A hora é crepirscular. moe seu ca­ automovels de placa branca que avan­
j nlmidades mais degradantes, de tor- minho é Iluminado pela palavra sem­ çam pela estrada real, com batedores
1 turas e arrancamento de unhas, ae pre tão clara e brilhante do bravo ge­ em motocicletas e carros atulhados de
mentiras, de furtos e de avacalha- neral Góis Monteiro. Aos nossos pra- tiras.
mento. cinhas que chegaram da Itjilla fez o
As llçóes que tenho colhido nessa ministro Jofio Alberto um oíereclmento Mas, repito; eu, por mim, prefiro
longa era getullana, eu ns sei de cor principesco: convidou-os a lr trabalhar ficar com meu modesto trabuco no ban­
Elas se repetiram com monotonia. Es­ no Brasil Central. Eles terão o mesmo do do brigadeiro. Aqui há multa gente
tão se repetindo ainda agora, o Pal destino feliz dos milhares de nordesti­ que pensa de maneira diversa: há con­
dos Pobres está outra vez representan­ nos que o SEMTA e o SAVA mandaram servadores o revolucionários. Mas es­
do o seu papel. Está marchnrtho para para a batalha da borracha, e que há tamos unidos, nesta campanha, em tor­
a Democracia. Desejo-lhe boa viagem; estáo hoje, docemente embalados na no de alguns princípios bem claros, e
a cie e a todos que o acompanhem. rede dos Discursos do Rio Amazonas, de um homem que acredita na liberdade
Mas. que me desculpem, eu fico por vestindo frases maravilhosas e comendo para cada um e na Justiça para todos;
aqui mesmo. Fico, meus amigos, e vocábulos de grande sustancla. Em últi­ um homem de alma pura, de vida lim­
onde sempre estive; onde hão ds ma mo caso, sempre teráo para roer as pa e de palavra firme.
encontrar amanhã, em horas melho­ raizes gregas a latinas; e pelo menos Em nome de Joel Silveira • no meu
res ou mais duras e torvas, os que farofa do adjetivos não lhes faltará proprlo, agradeço este almoço, que nos
nqul me encontraram ontem: lutando nunca. Rumo ao Oeste, praclnha» da ofereceis, companheiros da Esquerda
contra a opressão e a espoliação do geraçáo de Getullo Vargas; bem para o Democrática, e ergo o meu copo á sau­
povo, contra o» quo Iludem e rouoam Oeste, quanto mais longo melhor. Com de do brigadeiro Eduardo Gomes”.
o pobre, para aumentar o luxo Insen­ mais 15 anos de governo ampliaremos
sato e cada dia mais escandaloso do o mercado Interno. Nestes 15 anos Já
rico. fizemos, afinal, alguma coisa; pelo mo­
nos fundamos os mercadlnhos dos bair­
A FESTA DO CASAMENTO FOI UM ros cariocas, todos com nomes de san­
ESCANDALO NACIONAL tos o preços celestiais.
Uma professora pública me dizia na
pouco: "nunca vl as crianças das es­ “AS FLORES PRECIOSAS'
colas do Rio de Janeiro tão mal ves­ 1)0 QUKREMISMO”...
tidos e tão mal alimentadas; nunca Impedimos que a Caixa Econômica
essa gente pobre esteve tão pobre. A Federal do São Paulo executasse um
tuberculose dia a dia mata mais grande plano de construção do casas
gente”. para os pobres; e entregamos o dinhei­
Enquanto Isso, nós todos vimos na ro das Caixas e dos Institutos, esse dl-
pouco essa coisa tão simpática e táo nheirinho mludo que o pobro iria gas­
comovente em sl mesma, que é o ca tar bebendo cachaça, aos burgueses ln- i
6amcnto de dois Jovens que se amam, tellgentes que embelezam a cidade com
transformada, graças à ostentação rui­ arranha-céus, onde os quartinhos ds
dosa de íestanças, era um escândalo empregada são casas do cachorro em
nacional. cimento armado. E’ verdado quo nossos
Os jornais deram a lista dos pre­ morros ainda estáo cheios de favelas,
sentes. E não esqueceram sequer o o nossos cortiços entupidos de sujeira
\ presente que, afinal de contas, todos humana. Mns já podemos apresentar,
j nós demos ao pal da noiva: a multa para o ensinamento do pobre, os par­
I de 40 mil contos que o ministro da ques proletários táo bonitlnhos, ondo
Fazenda lhe perdoou. procuramos cultivar, em canteiros e es- ■
' 8eJ que, em outros países comc o tufas, as flOies-preciosas do quere-■
nosso cuidam os governos de- proteger mismo. |
n Industria. Mas no Brasil, quando Marcha sua excelencla para a Do- I
se trata de proteger, Industria não é o mocracla. E eu lho digo no espanhol ■
operário, cada dla mais pobre com do velho tango: Que le va» ? Que te ■
seu dinheiro dcsvalorlsado; nem tao taj/as bien : Mas fico oor aqui mesmo, ■
pouco Interessa o aperfeiçoamento tèo- traçando o meu choplnho de lntelec- ■
nlco, capaz dc permitir produtos mala tual pequeno-burgues Inconsequente, á ■
abundantes, mais baratos e melhores espera de que um dia, pelo movimento ■
paru o consumidor; proteger a Indus­ da terra ou pela desintegraçãc do Ato- ■
tria, aqui. 6 proteger os industriais, e mo, o retrato cala sozinho da parede. ■
não todos eles: só os mais rleoa & OS ACOMPANHANTES I
poderosos, bastante ricos e poderosos 1)0 CORTEJO ■
pata conseguir essa proteção.
E quanto ã lavoura, tenho ainda nos Mas olhemos com atenção o cortejo ■
ouvidos o quo mc dizia, alguns dias a cuja frente, n passos elásticos de ■
atrás, um sitiante que largou tudo 6 bailarino profissional, eua excelencla ■
velo com a família Inteira cavar a avança para a Democracia. Quem s&o ■
vida de qualquer Jeito no Rio de Ja­ aqueles que gritam com tanto entu- ■
neiro: "Não aguentei mais. O homem rlasmo ? Náo, aqueles náo são casacas- ■
hoje. na lavoura, que não for rico ae de-íerro, nem são artistas ou palhaços, ■
verdade, acaba comendo capim no nem também a clnque dos meninos pa- ■
pasto. E merece, porque é burro”. gos pelo nosso prezado dr. Boa Noite ■
Marcondes. Ali há caras que eu posltl- ■
OS 15 ANOS DO “PAI DOS POBRE8” vainente conheço. Onde vi, por exem- ■
Em 15 anoa o Pal dos Pobres nao pio, aquela cara ? Foi talvez num co- ■
teve um só gesto, por mínimo qu» mlclo anti-lntegrallsta da praça da Sé, ■
fosse, Já não digo para diminuir a ou numa prisão de Porto Alegre, ou ■
pobreza, mas para salvar da mlsoria numa saleta da rua da Rclaçáo; no ■
milhões de famílias brasileiras, a mas­ Brasil Novo do Recife, num sindicato ■
sa1 dos trabalhadores do campo. 8ua dc Cnchoeiro, num desfile de estudan- ■
demagogia para nos diretores escolhi­ tea da Bala ou numa reuniáo qualquer ■
dos a dedo dos sindicatos sem liber­ cm Belo Horizonte ? Náo conheço to- ■
dade sindical, capazes de organizar dos. porque eles sáo muitos; mas co- ■
paradas e fazer propaganda para au­ nheço alguns, e com segurança vos ■
mentar o fogo sagrado. digo: aqueles não são moleques aluga- ■
Marcha s. excla. para a Democra­ dos, eão pobres e honrados filhos do ■
cia. Marcha e leva na bagagem bem povo. Não estão all para ganhnr um ■
arrumada, Intacta, Inviolável, sua má- plrollto ou cavar a camaradagem do ■
í?c / o

Lembrança
$3

do Marechal Mascarenhas
Rubem llntjm
R.I., em Bombiana. A chegada e a A essa altura nossa tropa estava
T> edem - me para dar um de- recebendo cigarro americano e co­
polmento pessoal sobre o Ma­ saída foram debaixo de fogo, e o
capitão Fêlix nos explicou que os meçava a desprezar os que vi­
rechal Mascarenhas de Moraes, o nham do Brasil. Muita gente de­
comandante da FEB, neste ano soldados brasileiros lutavam co­
mo parte de uma ‘‘task force” a- testava o “Liberty” porque era
que marca o centenário de seu forte; pior do que ele só o “Yolan-
nascimento. Ponderei que minhas merlcana que tentara Inutilmente
relações com ele foram estri­ tomar Monte Castelo. da”, cujo maço tinha a figura de
tamente formais; era trinta anos uma mulher loura, que os Itali­
Agora o objetivo era o mesmo. anos chamavam de Bionda Catti-
mais velho do que eu, e já o conhe­ O fato de haverem convocado na
cí general. Homem reservado e véspera os correspondentes indi­ va, loura ruim.
sisudo, de pouco falar, dava a im­ cava que os homens do Estado-Ma­ Por volta do meio-dia o gene-, ^
pressão de ser um militar compe­ ior brasileiro esperavam vencer, e ral já me havia íllado^Volto cigar- ;
tente e rigoroso. Sobre seus om­ seria uma vitória de comando bra­ ros, que, aliás,ele mal fumava.
bros caiu uma tarefa delicada e sileiro. Iam ser empregados .dois Estava nervoso, de cara fechada.
dificílima, que aceitou sem hesi­ batalhões, o lízeda do Io R. I . e o Dois dias antes leu soube isso de­
tar, e cumpriu bem. Cândido, do 11°, ambos debutantes pois) ele tivera uma áspera dis­
Recordarei um dia em que esti­ e (diziam - me francamente, ali cussão com o general Crittenberg,
vemos lado a lado durante algu­ mesmo, os seus homens) mal trei­ comandante do IV Grupo, a que
mas horas, e foi o de 29 de no­ nados e multo cansados. pertencia a nossa divisão, sobre
vembro de 1944. Na véspera o co­ os combates dos dias 24 e 25 da tal
Apesar disto comecei a ficar “task force”; agora, porém, a
mando da FEB convocara os cor­ otimista quando a batalha co­ responsabilidade era toda nossa.
respondentes de guerra para uma meçou e fui para o posto de ob­ Os soldados, em sua grande ma­
reunião no QG Avançado, em Por- servação do general Masca­ ioria, portaram - se multo bem, e
reta Terme. Era a primeira vez renhas. Era uma trincheira bem recuaram em ordem para suas
que fazia isso, e havia um certo ar cavada. Nete^se-que-não-estava posições, mas as baixas eram pe­
de solenidade. Foi - nos dito então edl $comandOjMqq!Ç cabia ao gene­ sadas: 24 mortos e 153 feridos.
que a FEB ia desfechar um ata­ ral Zenóbio, comandante da Infan­ Descreví a batalha em vinte e
que no dia seguinte. O chefe da 3' taria. O telefone e o rádio funcio­ uma páginas à máquina, batidas
Secção (Operações), Cel. Castelo navam. “Leblon 5” — chamava - penosamente em cinco vias na mi­
Branco, o que um dia seria presi­ se a todo momento em código;
dente, mostrou - nos. no mapa, o nha portátil, noite adentro, à luz
Leblon era o bairro em que eu de uma vela, os dedos duros de
plano de ataque. O comando per­ morava no Rio e, Deus sabe por
guntava quantos correspondentes frio; soube que meu relato foi apro­
quê, essa coincidência me fez vado com pequenos cortes pela
queriam assistir ao cortibate e bem. O general Mascarenhas ti­
quantos preferiam ficar no QG. censura militar, mas não chegou
nha à máo uma carta militar; ao jornal: um daqueles debtlôídes
Todos, menos eu. optaram por fi­ com um binóculo ele Identificava
car no QG, onde tinham meios de da censura do DIP nâo gostou, e
as posições: “Aquela casinha bran­ Jogou tudo fora.
transmitir prontamente as notíci­ ca ê Vitelino, a outra lá em cima.
as que lá chegassem. Eu era o Nâo sei bem o tempo que passei
logo à esquerda, já no Monte Cas­ ao lado do general, enquanto gra­
único sem franquia telegráfica. telo, éFornelo”.
Segui para a linha de frente nadas rebentavam junto ao nosso
O Monte Castelo! Nada que cha­ P. O. que o inimigo, evidentemen­
aquela noite mesmo. Foi uma vi­ masse atenção, entre aquelas te, Já localizara. Foram mais de
agem penosa, feita naturalmente eminências do Belvedere, Gorgo- três horas de tensão. Ouvi seus
na escuridão a subir sem cessar lesco, La Torrada; uma lombada diálogos com o coronel Castelo
uma estrada cheia de lama. Os ho­ que parecia suave, e por Isso mes­ Branco e outros oficiais, pedindo
mens que deviam atacar no dia mo, porque podia servir de chave Informações ou dando ordens; ele
seguinte iam a pé, silenciosos e a outros avanços, o Inimigo forti­ falava com firmeza, mas em lin­
lentos, atolando as botas na lama ficara bem e defendia com unhas guagem estritamente funcional.
e escorregando de vez em quando. e dentes; para os brasileiros, em A derrota seguinte, a 12 de de­
Era tão penoso que muitos gasta­ breve, uma obsessão sinistra. zembro, (quando os corresponden­
ram 7 horas para fazer 17 km, e tes foram proibidos, nâo sei por
chegaram exaustos às bases de A principio tudo parecia bem, e
onde deveríam partir para o ata­ o fato de haver um pelotão de quê, de Ir à frente), abalou - o de
que logo pela manhã. carros de combate americano jun­ tal modo que pensou em deixar o
to ao Batalhão Uzeda era ani­ comando e voltar para o Brasil;
Lembro - me de ter dormido, eu mador. Por algum motivo eles foi dissuadido pelo general Cor­
próprio cansadíssimo e faminto, nâo avançaram mais de cem me­ deiro de Farias.
no chão, numa sala onde a noite tros, e o batalhão teve muitas E foi bom que ficasse. Com o
inteira chegavam e saíam homens baixas. Um capitão foi ferido na Estado-Maior dividido, os inevitá­
de botas enlameadas. Con­ cabeça ^outro^negou—se-arata- veis desentendimentos (ou dlficels
versando com eles pela manhã eu ç&t um tenente teve crise ner/o- entendimentos) com o Comando
soube que era a primeira vez que sa. O batalhão do major Cànd do Aliado, a displicência com que o
iam entrar em combate. Confesso conquistou vários pontos,' mas te­ Elo atendia aos pedidos da FEB,
que senti um aperto no coração e ve de recuar para não ficar com o os ciúmes e prevenções da reta­
um mau pressentimento. flanco esquerdo desguarnecido. guarda e as durezas da guerra, só
Poucos dias antes — a 25 de no­ Creio que foi por volta das 10 um homem da respeitabilidade,
vembro — eu andara por ali com horas que o general me pediu um da energia e da paciência do gene­
alguns colegas. Fomos levar um cigarro. Dei - lhe um “Liberty ral Mascarenhas — um homem
correspondente Inglês, Buckley, a Ovais”; ele perguntou se eu íáo com sua autoridade — podería le­
conhecer a frente. Estivemos no tinha outro, e acabou fumando var a campanha até o fim, como
P. O. do Batalhão Silvlno, do 6o aquele rçiesmo. ele o fez, com êxito.
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CARTA AO PRESIDENTE GRONCHI \.

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residente Giovanni Gronchi, quem lhe fala é um cro­ nosso carro de ooos. E' o que aquela pobre gente tem para

P nista, anteprojeto de artista, seu grande admirador.


Não lhe falo em nome de ninguém, mas talvez o que
nos dar — e quer dar alguma coisa. Uma velhinha traz mais
uma grande cesta de ovos. Recuso delicadamente. Mas a /
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eu digo seja aceito por alguns milhares de brasileiros — uns velha chora e banha os ovos com suas lágrimas, implorando /
25 mil — que foram ao seu belo país há (14 anos atrás. que aceitemos. Começamos a rir; outra mulher aparece com
A Itália não estava feliz; era aquela ",serva Itália, di do- mais ooos e ainda outra, que traz uma garrafa de lambrusco
lore ostello, nave sanza nocchiere in gran tempesta", e ela — e ovos. Outra ainda traz uma garrafa de conhaque, um
nos,pareceu "somigliante a quella inferma, che non può tro­ pedaço de queijo reggiano grana dolce — e ovos, ovos, ovos ’ A
var posa in su le piume, ma con dar volta suo dolore scher- Velhas e jovens choram, riem, beijam-nos a cara, as mãos. I <
ma", se me dá licença para citar um poeta que honra a sua — Liberatoril
Toscana e a nossa Humanidade. Foi éle, Dante Alighieri, Explico que não somos libertadores de ninguém, e de /i
um bom companheiro e guia naqueles tempos melancólicos modo algum. Somos repórteres, homens desarmados, e tudo ll
que fomos passar em sua terra, onde ficaram, e lá estão ainda, o que sabemos o fazemos é tomar notas. Não somos solda*J*®
sob a planura verde de Pistóia, uns quinhentos camaradas dos... E' inútil. Para tôda essa gente somos heróis perfeitos
'
nossos. e acabados. O lambrusco jorra nos copos, obrigam-nos a
Dividida pelo ódio, pisada pelas botas dè soldados de beber, todos querem beber em honra do 'Brasil. Se formos
tôda parte do mundo, a sua Itália, presidente Giovanni topar todos os brindes, nós, heróis, acabaremos bêbados. Esta­
Gronchi, sofria tôda a sordidez moral e material da guerra. mos em serviço, precisamos tocar o jipe.
Mas na praça já se formou uma verdadeira multidão.
Vimos acontecer o que acontece em todo país arruinado e
vencido. Mas guardamos, todos nós, algumas imagens me­
lhores; eu guardo muitas.
Nosso jipe é cercado outra vez. No'meio dos vivas e dos bei­
jos um homem me faz uma consulta grave. E' o chefe'local
1
do Comitê de Libertação Nacional. Quer saber'se pode assu-
mir provisoriamente o governo da cidade. Explicamos que
Contarei um caso que aconteceu a mim e a outro repór­ nada temos a ver com isso, mas o homem insiste, a multidão
ter, Raul Brandão, e ao nosso "chauffeur", o gaúcho Machado, o aclama. Insisto em dizer que somos apenas repórteres; a
em S. Ilário D’Enza — mais ou menos igual aos que aconte­ tropa não tarda; alguns tanques americanos já estão em Mon-
ceram em outras aldeias, quando resolvemos, no fim da tecchio.
guerra, deixar a tropa para trás e avançar alegremente — três A notícia desperta vivas aos Estados Unidos e ao Brasil.
homens desarmados — no rastro de alemão que fugia. Faz-se um silêncio. O homem pode ou não pode assumir
Chegamos às primeiras casas. Mando parar o jipe e faço o governo local?
algumas perguntas. Um pequeno grupo de pessoas nos olha Brandão abstém-se. Eu não resisto: de pé, dentro do jipe,
com hostilidade e o homem que é o único a dizer alguma nomeio solenemente o sindaco de S. Ilário D'Enza. Eu, que
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coisa responde evasivamente a tudo o que pergunto. Afinal, nunca nomeei ninguém para lugar algum. Com uma única
repara que somos aliados — e começa, ali também, a gritaria autoridade, presidente Giovanni Gronchi, a mesma que o
alegre. As mulheres saem correndo para suas casas e voltam senhor exerce neste momento sôbre milhões de brásileiros: a
com vinho e ovos. Já atrás ganháramos ovos. Agora enchem autoridade do coração.
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RUBEM BRAGA

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OS CORRESPONDENTES •
Algumas lembranças do
Rubem Braga e Joel Silveira,
correspondentes
brasileiros na II* Guerra:

caJtefc'©© tnsa Btáiia


Por Rubom Draga, especial para o JT.

Qual o papel dos brasileiros na IIa Gran­ mes de inverno levados do Brasil revela­
i de Guerra? Como se portaram eles na Italia? vam-se pouco menos que imprestáveis;
C' Para responder a primeira pergunta sabia-se de discussões de chefes brasileiros
e bom lembrar que os Aliados mobilizaram entre si c com os americanos, c muitos ofi­
na guerra cerca de 40 milhões de homens, ciais não escondiam criticas aos comandos.
$ i c que a Força Expedicionária Brasileira Havia até sambas de protesto.
somara 25.334 homens. Quando chegaram noticias da poderosa
Vj contra-ofensiva dos alemães nas Ardenas,
Quanto a segunda pergunta, direi que
.-3 I os brasileiros se portaram tão bem quanto correu o boato de que eles iriam atacar tam­
- possível, e melhor do que seria licito esperar. bém na Itália. Era verdade. Eles atacaram.
* Não o fizeram no setor onde estávamos, mas í!
3 E acrescentarei que. na minha opinião, ti-
urram sorte. sim- naquele cm que estivéramos, na Gar-
fagnana: puseram em debandada a 92° Di­
<3 Estou' pensando na segunda quinzena visão Americana (negros), retomaram Barga,
de dezembro de 1944. Hitler havia sido balido e por um momento fizeram temer pela sorte-
! ^ duramente a leste e a oeste, e já havia perdi­ de Pisa c Livomo; foram detidos pelos india­
do ate a Bélgica e Alsácia quando lança uma nos da 8o Divisão; afinal, não era um ataque
contra-ofensiva nas Ardenas. desbaratando, em força.
logo de saida. três divisões de Infantaria,
e uma divisão blindada dos americanos. A
Que teria acontecido se os alemães es-
colhessem para o ataque a frente sob nossa
•0
essa altura na frente italiana o 5o e o S° responsabilidade? Seria impossível impedi-los
Exércitos aliados estavam imobilizados, de­ de scccionar a frente cm algum ponto da
i pois de vários ataques imiteis contra os ale­ estrada 64, c também ameaçar gravemente
mães. e diante de um inverno rigoroso. nossa linha de suprimentos. Uma parte de
I A FEB fazia parte do 5o Exército ame­ nossa tropa correria o risco de ficar aprisio­
ricano. e unha suas forças dispostas ao longo nada, e a outra teria de bater em retirada
I de 15 quilômetros, na estrada 64. no vale célere na direção de Pistoia: um desastre.
íu Nunca tive acesso aos documentos secretos
j | do rio Reno (um Reno italiano) em posições
Cl > quase sempre devassadas pelo inimigo encas­ do Estado Maior, mas sei que o seu plano •
Qc telado nas alturas dos Alpeninos. Nossos de defesa, na previsão de um ataque, não
homens sofriam o efeito 'psicológico de cinco contemplava nada muito melhor do que isso.
TC revezes Io) o duro contra-ataque alemão
nú frente de Barga. no vale do rio Sercchio.
0 que quero dizer é que foi uma impru­
dência um pais do tamanho do Brasil entrar
K a 31 de outubro, pondo um fim triste a rápida em uma guerra com uma pequena força
e feliz campanha do Destacamento comanda­ tática, sujeita a todas as contigéncias, se
\) do pelo general Zenóbio; 2oi o insucesso considerarmos que o Alto Comando não po­
do primeiro ataque contra Monte Castelo, dería prejudicar sua estratégia, se fosse
em 24 e 25 de novembro, feito jtcla Task o caso, liara não ferir o orgulho nacional
Force 45. americana, com o reforço de um de um aliado tão parcamente representado.
batalhão do 6° RI e do Io Esquadrão de Re­ É por isso que acho que tivemos sorte —
conhecimento: 3o) o malogro do novo ataque a sorte que os portugueses não tiveram na
a Monte Castelo, em 29 de novembro, reali­ Ia Grande Guerra.
QL zado pelas nossas tropas: 4ui a retração, com Fora disso, digo com franqueza: levando
, pânico, de um batalhão do 11° RI, nu noite em conta a .má seleção fisica c mental e o
• de 1 para 2 de dezembro, logo depois de mau preparo técnico c psicológico da tropa,
entrar em linha; 5°) fracasso, com muitas e a sabotagem que partia do próprio Ministé­
perdas, de nosso ataque de 12 de dezembro, rio da Guerra, acho que, em sua maioria,
unida contra o Castelo. os nossos homens — os profissionais e ri
C/s hospitais estavam cheios de feri­ massa d os .>rarinhas — se comportaram
dos, doentes e acidentados; os unifor- bem, ás 'V.r.s nulag rosam ente bem.
> Brasil, Quarta-Feira, 7-4-65, Cad. B — 7 ]‘ Sim, abrindo caminho nó peque­ i
no grupo, e, com um ar de louca, i ;
pergunta se eu sou mesmo aliado,
“vero, vero?”. Seus olhos estão
cheios de luz e empoçados de
RUBEM água. Ela ergue os dois braços,
BRAGA põe devagar as mãos nos meus
ombros, e suas mãos tremem,
quer falar, e soluça”.
O VETERANO Cheios de ovos, queijos, vi­
nhos, abraços e beijos, là vamos
BRANDÃO nós a dar a boa nova de aldeia
em aldeia até que, em uma curva
de estrada esbarramos. • • com
Lá se foi o Brandão.
Raul de Castro Brandão fun­ um destacamento alemão. Se na­
cionou na Europa, em 1917, como quele dia de abril me dissessem
correspondente de g u e r r a do que Raul Brandão só iria morrer i
Correio da Manhã. Quando veio em um outro abril 20 anos de­
a outra Grande Guerra êle era - pois, eu acharia incrível. Diante i
Secretário do jornal, e não pas-
da coluna alemã nosso motoris­
sou a nenhum repórter a missão
de ir à Itália acompanhando a ta, Machado, a uma ordem de
FEB: foi êle mesmo em 1944. Já Brandão, saiu pela estrada e dis­
era, a essa altura, um homem de parou para a direita, entre árvo­
! cinqüenta e tantos anos, gordo, e res. Um pouco mais adiante,
com uma tendência a pegar qual­ vendo uma vala de irrigação, teve
quer gripe num raio de meia lé­ i
gua; pois enfrentou os desconfor- ' ! de frear. O jipe caiu com Macha­
tos e as peripécias da guerra com do e Brandão, que ia na boléia,
o mesmo ânimo que nós — Egídio enquanto eu e um guerrilheiro,
Squeff, de O Globo, Joel Silveira, Nartiro, que íamos atrás, éramos
dos Associados, e eu, do Diário Ca­ lançados alguns metros além da
rioca, então ainda, de certo mo­
do, três alegres rapazes da im­ vala, em um campo de trigo.
prensa. .. “Tre americani kayut!” foi a in­
Claro que volta e meia pro- formação que os alemães deram
curávamos aborrecer um pouco o a nosso respeito, depois de dispa­
Veterano (pseudônimo que êle rarem algumas rajadas de me­
usava em seu jornal), zombando tralhadoras, a uns camponeses
de sua benévola rabugice. Inven-

L
távamos ordens absurdas do Co­ italianos que acorreram. Eu tam­
mando em relação aos correspon­ bém, quando voltei de meu des­
dentes, só para ouvi-lo dizer: “co­ maio, e não vi Brandão em parte
migo não, eu não estou mais em alguma, embora chamasse por
idade dessas coisas, não vim aqui êle logo que vi a coluna alemã se
para isso...” Na verdade topava
qualquer coisa, e na primavera afastar, não tive dúvida. Disse
de 45, quando os alemães fugiam aos camponeses que fôssem lá em
ao longo da Via Emília, topou co­ baixo na vala “tirar o corpo de
migo uma aventura de rapazo- um homem”. Estava certo de que
las: deixar para trás nossas tro­ Brandão morrera. Conto em meu
pas e meter os peitos. O resulta­
do foi que entramos pelas fluidas livro:
linhas inimigas, e tivemos de re­ “Entramos na casa dos italia­
troceder para não cair prisionei­ nos e arrumamos uma mesa para
i ros. Nosso jipe meteu-se por pe­
quenas estradas e caminhos, pas­ colocar Brandão. Êle chegou car­
í
sando por aldeolas de campone- regado, e também com a cara
ses. cheia de sangue — metera a tes­
A gente chegava, e tudo pa­ ta no pára-brisa e sentia terrível
recia deserto. Depois aparecia ti­ dor em uma perna. Gemia um
midamente uma velha qualquer pouco, mas estava calmo e lú­
que, ao ver que éramos aliados, cido.” i
começava a gritar de alegria, e K Calmo e lúcido, me contam,
surgia , gente de todo lado. êle morreu agora, em um dia de
Conto em meu livro: .“são fa­ abril tão belo como. aquêle de
ces rosadas que avançam para nossa aventura na Itália há 20
nós, trêmulas de emoção, rindo anos, o bom veterano Raul de
entre lágrimas, vozes estrangula­ Castro Brandão.

{
das de prazer. Uma jovem de
tranças alouradas se aproxima de
Quinta-feira, 8-5-75 —OESTADODESJjÁÜtC^
8-JORNAL DA TARDE

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27/1/43: ChurchSííítoosevelt discut
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em a ofensiva.
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[Roosevelt encontra-se com Vargas, no Brasil]


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Churchill com chefesmlíM'
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8/43:Patton, Eisenhower e Montgomery^naSicília.
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^recu^mST^.

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OS CORRESPONDENTES A ALEMANHA
Algumas lembranças de HAVIA PERDIDO MUITO.
Rubem Braga e Joel Silveira,
correspondentes : m ERA O COMEÇO.
brasileiros na IIa Guerra:
0
;!Í I^T: A Alemanha perdeu a guerra de 14/18
6 pelo Tratado de Versalhes perdeu uma

Por Rubem B
ü na Itália
ra9a/ especial para o JT.

I
j

n
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V:
----- -
oitava parte do território . tinha antes,
que
----Ia Guerra Mundial. Mais de seis milhões
da
de sua população viram sua nacionalidade
Qual o tmpel dos brasileiros na IIa Gran­
de Guerra? Como se portaram eles na Itália?
y Para responder a primeira pergunta
mes de inverno levados do Brasil revela­
vam-se pouco menos que imprestáveis; A a àmm* modificada de um dia para outro. A perda
desse terruorio
território significou ~a privação de

1
X importantes recursos (carvão, ferro e outros) i
e bom lembrar que os Aliados mobilizaram sabia-se de discussões de chefes brasileiros
na guerra cerca de 40 milhões de homens, entre si e com os americanos, e muitos ofi­ e fontes de abastecimento (principalmente
e que a Força Expedicionária Brasileira ciais não escondiam críticas aos comandos. —
-mi MM' com a perda das colônias). 0 Tratado impôs
somava 25.334 homens. Havia até sambas de protesto. '• A ainda pesadas retribuições de guerra, proibiu
Quanto a segunda pergunta, direi Quando chegaram notícias da poderosa o rearmamento da Alemanha, criou uma
os brasileiros se portaram tão bem que contra-ofensiva dos alemães nas Ardenas, permanente zona desmilitarizada nas duas
possível, e melhor do quanto correu o boato de que eles iriam atacar tam­ mi margens do Reno e instalou pelo período
E acrescentarei que seria licito esperar
que. na minha opinião, ti-
bém na Itália. Era verdade. Eles atacaram.
Não o fizeram no setor onde estávamos, mas m m de 15 anos um exército de ocupação em solo
veram sorte.

li*
èi
sim naquele em que estivéramos, na Gar- alemão.
Estoii
_ iiensando
, na segunda, qumrena fagnana:
„isáo Americana
puseram,negrosK
em debandada
retomaram
a 920
Barga.
Di- f
de dezembro de 1944. Htller havia sido bando e ,(m momento fizeram lemer ela so” c. Em 1939 a situação política e econômica

i f
< ■

fraco
duramente a leste ca oeste, e ja havia perdi-
do ate a Bélgica e Alsacia guando lança uma
de Pisa c Uvonw: foram detidos pelos índia■
„os da go Divisão; afjnal não era Um ataque do país era grave: havia um governo
A Alemanha,
e muito descontentamento,
contra-ofensiva nas Ardenas. desbaratando, em força i mesmo reconhecendo a perda da Alsácia-
logo de saída, três divisões de Infantarig Que teria acontecido se os alemães es- V
Lorena como definitiva, não queria deixar
e uma dwtsao blindada dos americanos. A colhessem para o ataque a frente sob nossa F.
essa altura na frente italiana o 5 e o 8 responsabilidade? Seria impossível impedi-los
por mais tempo sua fronteira ocidental prati­
Exércitos afiados estavam imobilizados. de- de seccio„ar a frenle em algum /30ní0 da •r" i-
Í « camente indefesa. O retorno às fronteiras
;>o_/s de yanos ataques imiteis contra os ale• estrada 64. e também ameaçar gravemente * de antes de 1919 — recuperar Dantizg, reunir
maes. e diante de um inverno rigoroso. nossa linha de suprimentos. Uma parte de Silésia e desfazer o Corredor polonês —
atornou-se
vvi rapidamente o objetivo da política
A FEB fazia parte do 5o Exército ame- nossa tro\>a correría o risco de ficar aprisio-
"5 ■x exterior de Hitler, como primeiro passo para
ricano. e linha suas forças dispostas ao longo
de 15 quilômetros, na estrada 64, no vale
nada, e a outra teria de bater em retirada
célere na direção de Pistoia: um desastre, VI! &n uma expansão maior. “Um hábil conquistador
do rio Reno (um Reno italiano) em posições Nunca tive acesso aos documentos secretos 0 imporá sempre que possível as suas exi- |
quase sempre devassadas pelo inimigo encas- do Estado Maior, mas sei que o seu plano
d. 1 gèncias ao conquistado por meio de fatos \
telado nas alturas dos Alpeninos. Nossos de defesa, na previsão de um ataque, não consumados” — explica Hitler no seu livro
homens sofriam o efeito psicológico de cinco contemplava nada muito melhor do que isso. autobiográfico “Mein Kampf”. Foi assim que, j i
revezes:
na frente Io) o duro contra-ataque alemão 0 que quero dizer é que foi uma impru- ■r».
em março de 1936, rompendo o Tratado de
de Barga, no vale do rio Sercchio. dência um país do tamanho do Brasil entrar
a 31 de outubro, pondo um fim triste a rápida em uma guerra com uma pequena força Locarno, invadiu a zona desmilitarizada da
e feliz campanha do Destacamento comanda- tática, sujeita a todas as contigências, se Renània. No ano seguinte a Itália aderiu :
do pelo general Zenóbio; 2°i o insucesso
do primeiro ataque contra Monte Castelo,
considerarmos que o Alto Comando não po­
deria prejudicar sua estratégia, se fosse m
m..8
ao pacto “anti-komintern” assinado entre
o Japão e a Alemanha. Em 1938 Hitler anexa
em 24 e 25 de novembro, feito pela Task
Force 45, americana, com o reforço de um
batalhão do 6o RI e do Io Esquadrão de Re-
conhecimento: 3o) o malogro do novo ataque
a Monte Castelo, em 29 de novembro, reali
o caso, para não ferir o orgulho nacional
de um aliado tão parcamente representado,
E por isso que acho que tivemos sorte —
a sorte que os portugueses não tiveram na
Ia Grande Guerra.
m Áustria, e a intervenção alemã na Espanha
atoma proporções cada vez maiores. Pelo
Acordo de Munique de setembro de 1938,
a Alemanha toma posse dos quatro distritos
zado pelas nossas tropas: 4°) a retração, com Fora disso, digo com franqueza: levando dos Sudetos, que pertenciam à Checoslo-
pânico, de um batalhão do 11° RI, na noite em conta a má seleção física e mental e o váquia. Torna-se assim o mais poderoso pais
de 1 para 2 de dezembro, logo depois de mau preparo técnico e psicológico da tropa, da Europa, derrubando todo o sistema de
entrar em linha; 5o) fracasso, com muitas e a sabotagem que partia do próprio Ministè-
perdas, de nosso ataque de 12 de dezembro. rio da Guerra, acho que, em segurança européia baseado no equilíbrio
ainda contra o Castelo. os nossos homens — das potências, o respeito às minorias e às
Qs hospitais estavam cheios de feri•
sua maioria, f :v nacionalidades, e aos tratados e sistemas
massa dos >racinhas os profissionais e a
\ aos, doentes e acidentados; os unifor- bem. às — se comportaram
• e:es m lagrosamente bem. m regionais de auto-proteção assinados à som­
bra da Sociedade das Nações como o Tratado
de Locarno, a Pequena Entente e o Pacto

s s A guerra dos pracMias ' -J:


mi
balcânico.
Em 1935 a Alemanha de Hitler abando- I
Por Joel Silveira, especial para o JT.
A guerra da FEB foi a guerra de uma I lista Walter Bellisi assina uma outra matéria. •- K à nava todos os tratados e acordos que fizera
•>
, .
Divisão —, a guerra de pouco mais de vinte igualmente longa, sobre os acontecimentos I
•mil Uomevs. E lfíoje já reconhece <iijo a frente j que, tiveram lugar entre4 14 e 15 de abril I
m com as outras nações; em 1936, denunciando
o Tratado, de Locarno de outubro de 1925, _
(fe (Ufa que os tTl***•---- k M Iíih ■ -------------------- ^
Ol regionais de auto-proteção assinados a som­
bra da Sociedade das Nações como o Tratado
>'
A guerra dos pracinhas Por Joèl Silveira, especial para o JT.
de Locar no, a Pequena Entente e o Pacto
balcânico.
Em 1935 a Alemanha de Hitler abando-
acordos que Pixera
Divisão'—, a iy?<erraEd<’J?,L?™ucrr(l ,dt’ “ma lisla w«ltcr Bellisi assina uma outra matéria. com als outras na^es? em 1936, Denunciando
'QWl '/* l£],?lV)Zrite lor°a* sobre os -acontecimentos o Tratado de Locarno de outubro de *925,
*Z ^ osUokludos bmsnoiT&ZiZro'v \ :Xr S<£7,nn\h'Pnr ,ov,rti l4 * 15 do abril
ocupou a zona desmilitarizada da Renama, .
: ......... "■ *™ aumentando a tensão internacional que sofria
Entre as repercussões da guerra sino-japonesa.
Vo 3^1: ssr.fi
V tare fas n l n FEB .cumi‘rm lodas <w lesadas Monuse esta Celestino Manni. antiqo “•,arti
9 «no da resistência antifascista italiana
em
larejas que lhe coube, sem pedir ajuda a n?n
al,TnA reSrH°- é °',orl'">° transcrever Zi Tn!,en,m C que trinta «JSr
vnt di guia aos soldados brasileiros na
ser-
, sua
Ciqiu o que diz: o coronel Rudolf Bohmler
naCHnlmfJf',inedrta alcmã° quc c°mbaten aç«o na zona de Montese. “Enquanto — conta
na Holanda, em Creia, na Sicilia. em Monte manni — um batalhão brasileiro passou
L assino e. fmalmente. nos Apeninos em ao ataque na linha Riva di Biscia - Montese.
seu livro Monte Cassino, sobre o valor dos Monte lio. outros dois batalhões eram empre­
combatentes da FEB. Escreve ele (“Monte gados na defesa das localidades de Montefor-
Cassino . pag. 309, Editora Flamboyant. São te e Monte Nuvolaia. A reação inimiga foi
Paulo): duríssima, em particular em Creda. Pos-
sess/one e Paravento. O ataque definitivo
‘Durante o inverno' rigoroso nos Afie- a cidade de Montese leve inicio às 13.30
ninos etruscos. os soldados brasileiros, oriun­ horas (do dia 14 de abril), e foi precedido
FOTOS
dos de um clima tropical, não tiveram condi­ de um intenso fogo de artilharia. Três ba­ Três cenas da !
ções fáceis a enfrentar. Neve e gelo, chuvas talhões convergiam para Montese: um. se- guerra: o encontro de
e tempestades, forçavam-nos a duras missões. guindo a linha Casone — Cimilero, o outro Hitler eMussolini
!
Assim mesmo resistiram. Notável, nesse es- na Itália, em março de
na direção de Possessione-Cá Bortolino, e 1940: os homens da
paço de tempo, foi o ataque da Ia. Divisão o último na direção Moteurigola-Montese- i
dc Infantaria Expedicionária, em meados tropa especial alemã
Doccia. 0 exercito brasileiro acusou as jiri- na África, sob o comando i
de fevereiro de 1945. Na região de Vergato. meiras perdas daquele dia em Creda e Mon- por Rommel; e
a Divisão brasileira avançou, lado a lado teurigola. O avanço prosseguia. Numa casa. a libertação i
com a famosa 10a. de Montanha, contra as na entrada de Montese, drapejava uma ban­ de Roma pelos Aliados.
posições da 23a. Divisão alemã de Granadei- deira branca e na porta agrupavam-se alguns
ros, arrebatando-lhe o tenazmente defendido soldados alemães com os braços levantados.
Monte Castelo. Uma patrulha brasileira aproximou-se. Tra­
A 1? Divisão Brasileira fez-se notar, tava-se de uma armadilha: os tedescos escon­
mais uma vez, quando as forças do 5° Exérci­ diam nas mãos granadas que lançaram sobre
to flanquearam Bologna. Em fins de abril os infelizes soldados, dos quais cinco ou seis
de 1945. quando a Ia Divisão Blindada e morreram ah no mesmo instante”.
a 34a Divisão de Infantaria americana efetua­ A leitura dos jornais de Bolonha, Mo­
ram um avanço a oeste de Bologna. em forma dena e Reggio-Emilia. onde pela primeira
de leque, através do vale do Pó. em direção vez. creio, aparece em letra de forma e escri­
a Milão e Turim, a Ia Divisão brasileira.’ to por italianos um depoimento correto e
responsável pelo flanco sul, alcançou, em documentado da decisiva ação dos pracinhas
lioucos dias, a distante cidade de Alessandria. brasileiros na região dos Apeninos toscanos
(Nesta ocasião, a Divisão brasileira aprisio­
nou toda a 148a Divisão de Infantaria alemã,
e emilianos — me traz à memória aquela
manhã do dia 15 de abril de 1945. quando
ERA O FIM,
'
na região de Fomovo di Taro). Esse avanço eu. Egydio Squeff (correspondenle de “O
Globo”) e Tliássilo Mitke (da Agência Nacio­
E O MUNDO HAVIA
errojado. colhendo o comando alemão inteira-
mente de surpresa, contribuiu para o rápido nal) entramos em Montese. tomada minutos PERDIDO MUITO.
aniquilamento das forças italo-alemãs da Li- antes pelos soldados do 11° Regimento de
gúria e. efetivamente, para a rendição incon­ Infantaria. Montese quando la chegamos, A' guerra terminou seis anos e um dia
dicional do Grupo de Exército C alemão.” não era mais a Montese que víamos nos dias depois que a Alemanha atravessou a frontei­ !
Na Itália de hoje. (como pude verificar anteriores com a ajuda dos potentes binócu­ ra da Polônia. Com o silêncio dos canhões,
|i
pessoalmente em janeiro último. quando esti­ los de campanha: graciosa na sua arrumação o mundo pôs-se a contar perdas e danos:
ve revendo a região onde os brasileiros lu­ montanhesa e cuja torre heráldica e ime­ todas as nações do globo sentiram, de uma
taram. trinta anos atrás) a lembrança da morial dominava duma pontuda elevação, forma ou de outra, as consequências da luta.
bravura e do comportamento dos “pracinhas” a Rocca Monumentale. todo o vale do Frigna- Nos países em guerra, toda a economia e
ainda se mantem vivas. Agora mesmo, envia­ no. Naquela manhã do dia 15 Montese não a energia do povo foram canalizadas em
das por um amigo que mora em M ilão. recebo era mais (pie um monte de escombros. Na uma única direção.
pelo correio edições de 26 de março e de verdade, naquela manhã a luta ainda não Cerca de cem milhões de homens e
13. 14 e 15 de abril de jornais de Bolonha. havia cessado de todo. pois os alemães conti­ mulheres foram mobilizados para as forças
Modena, Pádua e Reggio-Emilia. e em todos nuavam a varrer a cidade com seus morteiros armadas. Outros milhões ficaram sem casa
eles vem lembrado, com destaque, o 3(x e caiihòes. Foi afiroveitando uma trégua ou recursos. Trinta e seis milhões de pessoas
aniversário da conquista de Montese pelos nesse canhoneio que nós três, Squeff, Mitke morreram e outras vinte, deslocadas pela
soldados da FEB. Na “Gazetta di Modena” e eu. entramos no nosso jipe (dirigido pelo guerra, tentavam voltar a seus países de
do dia 15 o feito é evocado em longa matéria inventivo Sargento Machado — que é Jeito origem, em triste migração através da Euro­
que sob o titulo “Há trinta anos os brasilei­ dele?) em Montese. E mal desembarcavamos pa. Pelos cálculos da época, os Estados Uni­
ros libertavam Montese”, começa na primeira na destroçada rua principal — a Augusto dos, Alemanha e Grã-Bretanha teriam gasto
página e se estende por duas colunas corridas Righi — ipiando os alemães voltaram no­ cerca de um milhão de dólares em despesas
da segunda. “II Popolo” de Bolonha, da mes­ vamente a atirar. Alguém — creio que o reais de guerra. Neste cálculo-não entraram
ma data. estampa numa de suas paginas Tenente Iporan Nunes, que foi quem primei­ nem as perdas com a indústria paralizada,
nobres (com chamada na primeira) uma ro entrou na cidade à frente do seu pelotão agricultura desorganizada, população de­ 5
longa reportagem assinada por Franco Mou- — gritou fiara que nos abrigássemos e depois sorientada, nem as reservas esgotadas ou I
tovi “A Batalha de Montese quebrou a Linha escutamos inna outra voz <pie bradava — as estruturas administrativas desaparecidas,
Gótica", e o seu título, e um dos sub-titulos “Para a adega!”, eiufiianto um soldado me as cidades bombardeadas. Contemplando este
diz que “somente agora se faz luz sobre esse puxava pela manga. Sei que desci aos pulos quadro as nações vitoriosas não conseguiram
í episódio do ultimo conflito mundial”. “Após uma escada de pedra, adivinhando na escu­ — ontem e hoje — avaliar a real significação >
o canhoneio — escreve o jornalista bolonhês ridão onde eram os degraus p que, depois, da vitória. Todos se mostravam de acordo
me vi num espaço largo e úmfào, de fiaredes sobre a conveniência de uma ordem mundial j
_deu-se o assalto, confiado a três batalhões
sul-americanos, ou. mais precisamente, aos de pedra, contra as quais se apoiavam estan­ nova ,e estável, mas nenhum concordava
soldados brasileiros. A batalha de Montese tes pesadas de garrafas de vinho, o saboroso quanto aos meios de conseguí-la. Esta diver­
foi uma das mais importantes e decisivas Barbera, que alguns soldados que lá também gência fúndamental influenciou diretamente
de toda a fase da guerra, pois a queda da haviam se refugiado, já provavam. todas as condições estipuladas nos tratados
cidade dos Apeninos bolonheses determinou O canhoneio alemão chegava até nossos de paz que redesenharam o mapa da Europa, w
a tomada de Bolonha e o desmoronamento ouvidos, encerrados ali naquela caverna, co­ Na I Guerra Mundial morreram 8.700.000 '
de toda a resistência militar alemã no vale mo o barulho cavo de trovões distantes. E civis e militares. Na II Guerra morreram I
do Frignano”. Lembra o jopialista que. na de vez em quando, quando o silêncio se fazia mais de 36 milhões. A Alemanha perdeu
cpoca. correspondentes americanos cha­ mais espaçado, um de nós ia até lá fora para cerca de 6 milhões de pessoas, a Bélgica í
maram Montese de “a segunda Cassino”, ver como iam as coisas... 88 mil, o Canadá 40 mil, os Estados Unidos
isto pelo fato de a conquista daquele baluarte Já se passarain trinta an,os, mas ainda 400 mil, a França 570 mil, a Grã-Bretanha
da Linha Gótica, na região entre a Toscana sinto um frio na espinha quando* recordo 400 mil, a Grécia cerca de 600 mil, a Hungria
<• a Emilia. ter custado pesadas perdas liu- aifiiela manhã de abril de luminosa pri­ 430 mil, a Itália 450 mil, o Japão 2 milhões,
manas, não só da parte dos alemães, mas mavera que a bnilalidade da guerra ferira os Países Baixos 210 mil, a Polônia quase i
também dos brasileiros. de forma tão brutal. E o estrondear que 6 milhões, a Romênia 460 mil, a União So­ ’
No “Resto dei Carlino". também de chegava até mim. agachado ali naquela adega viética 17 milhões e a Iugoslávia cerca de i
Bolonha, edição do dia 26 de março, o joma- úmida, ainda lateja e dói nos meus ouvidos 2 milhões.
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Eram 25 334 homens os integrantes da Força Expedicionária
Brasileira que, em 1944, combateram na Itália contra o nazi-
fascismo. Nas diferentes fases da campanha, tiveram pela fren­
te treze divisões inimigas. Fizeram 20 573 prisioneiros, 3 173
pracinhas foram feridos, 451 morreram. Testemunhando os
principais momentos da luta estava o correspondente de guer­
ra Rubem Braga. Agora, 25 anos depois, êle voltou à Itália,
como enviado especial de REALIDADE, percorrendo nova­
mente os campos de batalha e os lugares por onde a FEB pas­
sou e onde ainda é lembrada com carinho pela gente que aju­
dou a libertar. Nas páginas que se seguem está a crônica dessa
] jornada ao passado, aos tempos de sofrimento e coragem dos

BRASILEIROS
NA GUERRA RUBEM BRAGA
Fotos de Luigi Mamprin

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