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AOS
2. a EDIÇAo
Com um prefacio, biograpbias do Autor e o'manil'esto que
publlcou sobre a maioridade de D. Pedro Jl
I
OAPITULO II
Do Regimento intentO.
EScusado he demonstrar aqui a importancia dos
Regimentos Internos das Assembléas Legislativas:..
bastará lembrar, que á perfeição ou aos defeitos-
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Tambem o Senado adiou indefinitlamente a Lei,
.que aboli:;t a Ordinaria, do Escrivão tIo DezeplllaI:go
.do Paço.
E con,lO que certa de que aquella in,lportante Lei
não teria a approvação do Senado, passou a Cama.ra
dos Senhores Deputados a decretar outras, como a
do furo na ilha do l\laranhão para facilitar a commp-
,nicação do continente com a Citlade ele S. Luü; a.ela
estrada da grande SeITa de Paraty, e.a da estrada <!,e
de Santos par.a S. Paulo.
CÁPITULO x.
Dos Di?'eitos Politicos, e Divis.
Tendo- e de eleger nas Provincias da Bahia e
de Pernambuco alguns Senhores que sub titui:;sem
os Senadores falecidos, os Presid.entes dellas mano
darão proceder á novas Eleições Parochiaes, deela-
ramuo assim de nenhum vigor as que se havião feito
em virtude do Decreto de 26 de Março de 1824. Os
absolutistas aproveitando-se do desgosto, que princi-
piava ::I. manifestar-se de tão frequentes renniõe do
Povo, tratavão de augmental·o por meio de mil arti·
ficios e calumnias, e conseguirão afugentfll' muitos
Cidadãos probos dos Collegios Eleitoraes. Posto que
taes estratagemas não pode em illudÍl' hum Povo ião
illustrado, como o Bra~ileiro, comtudo a prudencia
dictava que se dessem providencias a evitar' qual-
quer alteração da publica tmnquilidade. Era de mais
certo, que tão frequentes reuniões erão pesadas ao
P,ovo, e nem mesmo erão ordenada pel(l.R r lIstruções
<il.e 26 de l\Iarç(J de 182·1. A Camara do Deputados se
dignou pois approvar a Resolução, que offereci, para
Cilue os Eleitores nomeados para a primeira eleição
fizessem em toda a dnração uaLegish-ltura as eleições
ordenadas pelos artigos 29, e 44 de Cou tituição (esta
E.esolução foi approvada ,pelo Senado, e sanccionadaj
he datada de 9 de Agosto de 1827).
A. propriedade no antigo governo de potico era
hum direito tão precario, como ,todos os ()'\1t1:0S di·
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reitos lio Cidadão Bra:ileil'oj sua exi tem'ia dependia
do arbitrio dos Empregados publicos, arbitrio então
ordinariamente desregrado, e exercido em prejuizo
do Povo. Ai do desgraçado, que nes es calaruito os
tempos ou ava levantar a sua voz e reclamar contra
a violação de seos direitos! ! proceilimentos tão iuno-
cente forão não poucas veze punido"', com') os mais
gra-ves crimes de Estado. Quantos Cidadãos probos
deportados, ou forçados ao tr'l balho nas obras pu-
blicas, porqul' hum não quiz dar gratuitawentp- o que
se lhe pedia da parte de hum Capitão General, ou
porque não cedeo ~1. Sultana favorita de qualquer
Mandão, o qne ellajulgava cOlnÍl' para seo recreio I!!
A Constituição declarou sagrado, iuviolavel o
direito de propriedade, exceptuando unjcamente o
caso, em que o bem publico legalmente verificado
exigisse o uso e emprego da propriedade do Cidadão,
e IDeSmo neste caso deve preceder a iudemni ação.
Sendo muito vaga a. expressão-bem publico legal-
mente verificado-não podia a A sembléa deixar de
explicar quaes são os casos, em qlle o bem publico
exige o uso, e emprego da propriedade do Cidadão,
e a maneira de ua avalllação, e he este o objecto
da Lei de 9 de Setembro de 1826.
Pode o Cidadão Brasileiro '-er coustraugido a
ceder sua propriedade, ou o u o della no casos de
nece idade, úu de utilidade, publica verificada pelo
Corpo Legislativo, precedendo sempre indrmnisação.
Os casos de necessida]e ão 1. defeza do E tado
2. segurança publica 3. soccorro publico em tempo
de fome, ou de outra extraordinaria calamidaue
4. salubridade publica. Os ca os de utilidade publica
são 1. Instituições de cnridac1e 2. fundações de Casas
de instrucção da mocidade 3. commodidade geral
4. decoração publica. O valor da propriedade deve
ser calculado não so pelo intrinseco da mesma pro-
priedade, como da sua localidade, e interesse, que
della percebe o proprietario.
Não era mais respeitada pelo governo despot.ico
a liberdade e segurança pessoal. O Cidadão era
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preso ou solto á arbitrio dos Mandões, e postoque as
Leis autigas so permittião a prisão antes de culpa
formada nos casas de morte natural ou civil, as pos-
teriore3 os multiplicarão de maueira que raro erão
os casos, em que qualquer Cidadão não pode e ser
pre o antes da formação de culpa. Pelo mais leve
delicto era o Cidadão arrancado do seio de sua
familia, privado da correspondencia com seos amigos,
suspenso no exercicio de sua industria, e arrojado
em immundos carceres, onde era conservado semanas,
mezes, e annos sem formação de culpa, ou em outra.
culpa, que a prepotencia ou a -tucia de hnm seo
inimigo. Quem conta,va ne,se tempo de passar talou
tal dia com sna familia e com os seos amigo !!!
A Constituição, que regenerou a gente Brasi-
leira, prohibia a prisão antes de cnlpa formada,
Bxcepto nos casos declarados na Lei. Eu já dice, que
as Lei' actuaes forão muito prodigas em marcar os
ca os de pri ão, devendo por conseguinte forlllar-se
nova Lei, em que, qU}l,nto pos ivel fosse, se harmo-
neasse a segurança publica com a Jiberdade e segu-
rauça individual. A Camara dos Senhores Deputado
approvou, e remetteo ao Senado hum Projecto de
Lei, em que declara ter lugar a pri ão ante de culpa
formada nos unicos casos de assassiuio, homicidio,
roubo feito com violencia, reb~l1ião, ou sedição, e
que nestes casos o Cidadão fo ::ie posto em lugar
seguro, e diverso, do em que estiverem os crimino-
sos. E Ge Projecto foi remeLtido no fim da Sessão do
corrente anno, e por i 'so aiuda não foi approvado
pelo Senado.
En não me demorarei com o Regimento dos Con·
celhüs geraes de Provi ncia, de que tantos beueficios
se esperão: bem sabei, Senhores, que tendo a
Camara dos Senhores Deputados condescendido com
o Senado approvando todo o Projecto, que eILe for-
mára, julgou comtudo que -devia declarar-se a irres-
ponsabilidade dos Concellieiros pelas opiniões pro-
feridas no exercicio de uas funcções. Esta. neces aria
declaração não foi approvada pelo Senado, e negan-
do-se elle aos repetidos convites da Camara dos
Senhores Deputados para em reunião de ambas as
Camaras se approvarem, ou regeitnrem esta, e outras-
emendas, eis o motivo, porque o Brasil tendo jurado
ha perto de quatro annos a Const,tuição da Monar-
quia, ainda não gosa de huma das principaes garan-
tias ue sua Liberdade, como felizmente o hão de ser-
os Ooncelhos geraes de Provincia.
CAPITULO XI.