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br/aurora
Abstract: This article aims to define and analyze the concept of development in the
interpretation of some authors about the said topic. Address some considerations about the
culture, heritage and cultural history of public policies to protect company property, in
addition to analyzing the relationship between the patrimonial culture as a contribution to
the development and the cultural place occupied by a society dominated by free market
forces.
Keywords: Development, culture, patrimonial, cultural heritage, cultural property.
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(2002), Berenstein Jacques (2008). E por fim, Harry Truman2, o então presidente dos Estados
será discutida a relação entre o mercado, Unidos, é criado o conceito de
consumo e o patrimônio, de acordo com desenvolvimento e de subdesenvolvimento. A
Veloso (2006) e Pereiro (2006). A fim de se partir desta data, este conceito é aplicado a
repensar o lugar dos bens culturais e como todas as sociedades. Diante do resultado do
estes são valorizados numa sociedade discurso, os Estados Unidos demarcaram a sua
comandada pelas forças do mercado. hegemonia diante do mundo.
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conhecimento sobre bens culturais, visando Segundo Berenstein Jacques (2008), nos
subsidiar a formulação de políticas patrimoniais. últimos vinte anos, acentuam-se as iniciativas de
Também é instituído o Registro de Bens patrimonialização e museificação, com a
Culturais de Natureza Imaterial e do Programa finalidade de utilizar a cultura para a
Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI), revitalização urbana. “(...) tão em voga hoje, parece
mediante o Decreto n° 3551, de 4 de agosto fazer parte de um processo bem mais vasto de utilização
desse mesmo ano. Institucionalizadas tais da cultura como instrumento de desenvolvimento
medidas, passa a existir uma maior preocupação econômico”. (p. 32).O meio para a realização da
e legitimação com a preservação dos bens revitalização cultural é valer-se da
culturais. patrimonialização. Esta, de acordo com Pereiro
Veloso (2006) coloca que a ampliação (2006), é um mecanismo de afirmação e
da ideia de patrimônio cultural deixou de legitimação da identidade de um grupo, com a
incorporar somente os bens materiais, atribuição de valores, sentidos, usos e
assimilando também as práticas culturais da significados, voltados para um processo de
diversidade cultural brasileira, representada ativação das memórias passíveis de caírem no
pelas manifestações históricas vindas dos esquecimento. Para o autor, o processo de
diferentes grupos sociais. Para esta autora pode- patrimonialização tem ligação com o turismo
se interpretar o patrimônio cultural como fato cultural, com o reforço da diversidade das
social total9, “pois é uma arena em que se descortinam identidades culturais, com a conservação e
diversas dimensões, como a simbólica, a política e a preservação de bens culturais. A
econômica.” (p.447). patrimonialização traz consigo estratégias de
Diante desses conceitos, fica claro que, sobrevivência, voltadas para a mercantilização
a partir do momento em que a comunidade do patrimônio cultural.
local começa a se identificar e a valorizar o seu Neste contexto, percebe-se uma
patrimônio local, ele passa a ser reconhecido, espetacularização, industrialização,
protegido, revitalizado e torna-se uma standardização dos bens culturais, a venda dos
ferramenta para o desenvolvimento local. bens culturais é reduzida a venda de uma
Assim, “A cultura saía de um longo ostracismo, pois mercadoria; dando-se maior importância ao
durante décadas havia sido considerada mais como um objeto a ser comercializado do que as
fator capaz de paralisar a mudança do que como um necessidades da coletividade produtora da
possível ponto de apoio do desenvolvimento.” mercadoria,10atribuindo-se aos bens culturais
(HERMET, 2002, p.85-86). Conforme Hermet um valor econômico. Como advoga Berthoud
(2002), ao se levar em conta a cultura e apud Sachs (2000), o mercado apresenta-se
diversidade cultural aboliu-se a dimensão como o único caminho para o desenvolvimento
hierárquica do desenvolvimento, regida pelo e ordenamento social norteador das ações
padrão ocidental da modernidade, dando-se voz humanas, onde tudo o que pode ser fabricado
à maioria dos habitantes do planeta que se também pode ser vendido. Entretanto, todo
situavam fora deste padrão. Logo, as sociedades cuidado é necessário ao se atribuir valor aos
tidas como “menos desenvolvidas”, no bens culturais, para que não se cometa o erro
desenvolvimento de suas atividades, mantém-se de se valorizar muito mais a mercadoria do que
a sua identidade, o orgulho e a coesão do o bem cultural produzido por uma coletividade.
grupo, o patrimônio coletivo corresponde ao
seu capital social.
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“Tanto a cultura quanto a cidade passaram a ser
9
“Os fatos que estudamos são todos, (...) fatos sociais consideradas como mercadorias, manipuladas como
totais (...) ou, gerais, (...). Todos esses fenômenos são imagem de marca. (...) O patrimônio cultural urbano
ao mesmo tempo jurídicos, econômicos, religiosos, e passa, assim a ser visto como uma reserva, um
mesmo estéticos, morfológicos etc.” (MAUSS, 2003, p. potencial de espetáculo a ser explorado.”
309). (BERENSTEIN JACQUES, 2008, p. 34).
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