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Eletroforese de Proteínas

O plasma humano contém mais de 500 proteínas identificáveis. Entre essas, estão presentes proteínas
carreadoras, anticorpos, enzimas, inibidores enzimáticos, fatores da coagulação e proteínas com outras
funções. A avaliação das concentrações de proteínas séricas e as proporções das diferentes frações de proteína
têm considerável valor no diagnóstico em desordens agudas e crônicas.

A eletroforese de proteínas (EFP) no soro é uma técnica simples para separar as proteínas do soro. É o teste de
triagem mais utilizado para investigação de anormalidades das proteínas séricas. Em condições normais, são
separadas cinco bandas do soro: albumina, alfa-1, alfa-2, beta e gamaglobulinas. Eventualmente, pode ser
observada a presença da pré-albumina. O reconhecimento de paraproteínas, normalmente encontradas nas
gamopatias benignas ou malignas é o uso diagnóstico mais importante para a EFP. Quando alteradas, as
bandas apresentam-se com padrões conhecidos para importantes patologias.

A banda da albumina é relativamente homogênea, porém as demais são compostas por uma mistura de
diferentes proteínas.

Informações adicionais podem ser encontradas nos títulos referentes às diferentes proteínas que compõem as
bandas identificadas pela eletoforese como: albumina, alfa-1-antitripsina, alfa-1-glicoproteína ácida,
haptoglobina, ceruroplasmina, entre outras.

Pré-Albumina
Sintetizada pelo fígado, tem como função conhecida ser carreadora da tiroxina e desempenhar um papel
significativo no metabolismo da vitamina A. Forma um complexo com o retinol, que se liga posteriormente à
vitamina A. Devido à sua baixa concentração no soro, com freqüência deixa-se de observá-la na eletroforese de
proteínas séricas. Entretanto, consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica e pode também ser sintetizada
por células do plexo coróide, o que explica seu aparecimento freqüente na eletroforese do liquor
cefalorraquidiano.
Os níveis de pré-albumina estão significativamente diminuídos em diversas patologias hepáticas e aumentados
em pacientes em uso de esteróides, como também na falência renal e durante a gravidez.

Por apresentar uma meia-vida muito curta e ser bastante sensível às variações do aporte alimentar e ao estado
funcional hepático, é considerada um bom marcador do estado nutricional.

Albumina
É a proteína mais abundante no plasma, respondendo por cerca de 60% da concentração total de proteínas. É
sintetizada exclusivamente pelo fígado, aparecendo primeiro no citoplasma dos hepatócitos como um precursor
chamado pró-albumina. Possui um papel muito importante em diversas funções do organismo, como o
transporte de diferentes substâncias e em especial a manutenção da pressão oncótica.

Foram descritas mais de 20 variantes genéticas de albumina. O tipo mais comum é chamado albumina A. Essas
albuminas variantes podem resultar em uma faixa de albumina larga na eletroforese de proteína de soro ou
podem dar origem a duas faixas distintas (bisalbuminemia). Nenhuma dessas variantes foi ainda associada a
manifestações patológicas. Na rara síndrome de ausência congênita de albumina, os pacientes podem
apresentar edema moderado, mas podem poupar as conseqüências hemodinâmicas com a utilização de
mecanismos compensatórios, como o aumento das globulinas do plasma, que assumem algumas das funções
da albumina. O problema bioquímico principal nesses pa-cientes é uma alteração no metabolismo lipídico, com
aumento de colesterol, fosfolipídios e outras lipoproteínas.

Alfa-1-Globulinas
A alfa-1-antitripsina responde por cerca de 90% das proteínas que correm na faixa das alfa-1-globulinas. A
deficiência da alfa-1-antitripsina está associada ao enfisema pulmonar e à cirrose hepática. Só é detectável pela
eletroforese quando homozigótica; os estados heterozigóticos só podem ser identificados por técnicas
imunoenzimáticas que também são utilizadas para confirmação das deficiências homozigóticas.

É uma das proteínas de fase aguda e pode ser encontrada em outros fluidos orgânicos, como lágrimas, sêmen,
bile e líquido amniótico. Nos 10% restantes, estão a alfa-1-glicoproteína ácida, a alfafetoproteína e outras
proteínas. Os níveis se elevam nas doenças inflamatórias agudas e crônicas, neoplasias, após traumas ou
cirurgias e durante a gravidez ou estrogenioterapia. Nos hepatocarcinomas, a elevação pode acontecer pelo
aumento da alfafetoproteína.

Alfa-2-Globulinas
Incluem a haptoglobina, a alfa-2-macroglobulina e a ceruloplasmina. Raramente encontram-se alterações nessa
banda eletroforética, já que a diminuição de um componente é compensada pelos demais mesmo dentro da
faixa de referência.

Níveis elevados de alfa-2-macroglobulina associados à diminuição da albumina acontecem na síndrome


nefrótica.
Os níveis de haptoglobina e de ceruloplasmina podem apresentar-se elevados em numerosas situações que
levam à reação de fase aguda. Os níveis de haptoglobina apresentam-se diminuídos nas hepatopatias graves,
na anemia megaloblástica, nas situações de aumento da hemoglobina livre, como na hemólise de eritrócitos ou
na reabsorção de grandes hematomas e na terapia com estrogênios e corticóides. Os níveis de ceruloplasmina
aumen-tam na estrogenioterapia e se encontram diminuídos na doença de Wilson, na desnutrição, na síndrome
nefrótica e nas enteropatias com perda de proteína.

Betaglobulinas
Composta pelas beta-lipoproteínas (LDL), transferrina, C3 e outros componentes do complemento, beta-2-
microglobulina e antitrombina III. A redução dessa banda não é freqüente. A anemia por deficiência de ferro
leva ao aumento da transferrina. O hipotireoidismo, a cirrose biliar, as nefroses e alguns casos de diabetes
mellitus podem se evidenciar pelo aumento de colesterol e conseqüente aumento das beta-lipoproteínas (LDL).
A beta-globulina está freqüentemente elevada nos casos de icterícia obstrutiva e menos freqüentemente em
alguns casos de hepatite. Quase sempre, está elevada nos casos de cirrose hepática. Nesses casos, pode
aparecer junto com sobreposição ou fusão das bandas beta e gama pelo aumento de IgA, que ocorre nas
cirroses hepáticas, infecções de pele ou trato respiratório e na artrite reumatóide. Elevações causadas
provavelmente pelo aumento dos componentes do complemento podem ocorrer em hipertensão maligna,
doença de Cushing, poliarterite nodosa e carcinomas.

Gamaglobulinas
Composta pelas imunoglobulinas, predominantemente pela IgG. As imunoglobulinas A,M,D,E e proteína C
reativa encontram-se na área de junção beta-gama. A ausência ou a diminuição da banda gama indica
imunodeficiências congênitas ou adquiridas. O aumento dessa banda sugere o aumento policlonal das
gamaglobulinas associadas a doenças inflamatórias crônicas, reações imunes, doenças hepáticas ou neoplasias
disseminadas.

Bandas oligoclonais podem eventualmente ser observadas em infecções virais crônicas, em algumas infecções
bacterianas como as pneumonias por pneumococos e as hepatites crônicas ativas.

Tuberculose, sarcoidose, linfogranuloma venéreo e sífilis terciária são doenças crônicas que levam ao aumento
dessa banda. Artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico e outras colagenoses podem apresentar níveis
normais a acentuadamente aumentados, dependendo da fase de atividade da doença. Níveis aumentados
também são encontrados em linfomas malignos, doença de Hodgkin e leucemia linfocítica crônica. Tipicamente,
a macroglobulinemia de Waldenström e o mieloma múltiplo exibem um pico homogêneo, que pode ou não
resultar do aumento total da área gama.

As hepatopatias cursam freqüentemente com aumento da banda das gamaglobulinas. Na hepatite, verifica-se
um aumento das beta e gamaglobulinas com redução da albumina. Nas cirroses, o padrão mais sugestivo
consiste na elevação da gamaglobulina de base ampla, juntamente com a fusão da beta e da gamaglobulina,
sem a individualização dos picos da chamada ponte beta-gama. Apenas cerca de 20% dos cirróticos
apresentam a fusão completa, e cerca de 3% apresentam a fusão parcial.

Alguns Padrões Eletroforéticos Típicos


A diminuição das bandas da albumina, alfa-1, beta e gamaglobulinas com a elevação da
faixa alfa 2 é um padrão de perda seletiva de proteína, como a que ocorre na síndrome
nefrótica. Entretanto, cabe lembrar que é necessário uma diminuição de pelo menos um
terço na concentração da albumina para que seja possível a visualização na eletroforese.
A alteração característica das reações de fase aguda consiste no aumento da alfa-1 e
alfa-2-globulinas, quase sempre associado à diminuição da albumina.

O aumento isolado da banda alfa-1 pode ser observado nas hepatites crônicas, nas
reações de fase aguda acompanhadas de hemólise, na gravidez e durante
estrogenioterapia. O aumento predominante da banda alfa-2 pode ser observado em
patologias que cursam com vasculites como a artrite reumatóide ou nas doenças por
imunocomplexos.

Podem aparecer faixas normalmente não-visualizadas, como um pico que pode surgir
entre a albumina e a região alfa-1, como resultado de um aumento da alfafetoproteína.
Um grande aumento de proteína C reativa em uma reação de fase aguda severa pode
gerar uma leve faixa na região gama. O aumento de lisozimas observadas na leucemia
monocítica pode produzir uma faixa depois da região de gama.

O pico monoclonal se apresenta na região gama, menos freqüentemente na faixa beta e,


em raros casos, na região alfa-2. Consiste em um pico alto e relativamente delgado,
homogêneo e fusiforme, que normalmente está associado aos casos de mieloma ou são
conseqüência de patologias como macroglobulinemia de Waldeström, gamopatias
monoclonais secundárias e idiopáticas.

Em contraste com os aumentos policlonais, as gamopatias monoclonais produzem um


padrão muito específico.
As bandas monoclonais ocorrem pelo aumento de clones de imunoglobulinas distintas,
secretadas por uma proliferação monoclonal de células plasmáticas, acompanhada de
quantidades progressivamente menores das imunoglobulinas policlonais, à medida que
as células plasmáticas normais são substituídas pelos clones malignos.

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO HIPOCORTISOLISMO

Eletroforese da Urina
A eletroforese de proteínas da urina, assim como do soro, é uma técnica simples para separar as proteínas
presentes na urina. A indicação mais importante da realização da eletroforese de proteínas na urina é o
reconhecimento de paraproteínas nas gamopatias benignas ou malignas, especialmente no mieloma múltiplo.
Na presença de proteína de Bence Jones (cadeias leves), métodos específicos de identificação, como a análise
de cadeias kappa e lambda, podem ser realizados para um diagnóstico mais específico.

Eletroforese do Liquor
A realização da eletroforese do líquido cefalorraquidiano pode auxiliar na quantificação da proporção
albumina/globulinas. Sua maior utilidade está na identificação de bandas oligoclonais presentes em 70 a 90%
dos pacientes com esclerose múltipla. Entretanto, bandas oligoclonais de IgG também podem ser encontradas
em diferentes situações como pan-encefalite esclerosante subaguda, encefalite por caxumba, em pacientes com
infecção pelo HIV, meningite criptocócica, linfoma de Burkitt, neurossífilis, síndrome de Guillain-Barré,
carcinomatose meningiana, toxoplasmose e meningoencefalites virais e bacterianas. Em vigência de lesões
traumáticas do SNC, podem cursar nas fases iniciais com um aumento dos níveis de alfa-2-globulina.

Como as alterações das imunoglobulinas podem ser derivadas de alterações séricas, é importante a realização
concomitante da eletroforese do soro e do liquor. Os casos duvidosos devem ser confirmados por outras
técnicas, como a imunofixação.

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