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COLEGIADO DE PSICOLOGIA

“PSICOLOGIA DA FAMÍLIA – ABORDAGEM


PSICOTERÁPICA SISTÊMICA”
ALUNO TURMA
ANDRIELE JESUS DE ANDRADE 9º Período/CAL

FICHAMENTO

“O que é família”.

Critérios de Avaliação
Estrutura, formatação 1,5
Credenciais e referência da obra 0,5
Citações por capítulo ou parte 2,0
Parecer crítico 6,0
Resultado Final 10,0

Observações do professor:

PARIPIRANGA/2018-1
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1. CREDENCIAIS DO AUTOR E REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DA OBRA


FICHADA

PRADO. Danda. O que é Família. São Paulo: Brasiliense, 1985

Danda Prado é uma apoiante do movimento feminista, sua linha de pensamento em obras como
“o que é família” se dá pela reflexão e descrição do quanto o poder cultural exerce sobre os
grupos familiares, e de como se dá olhar sobre a estruturação familiar desde tempos passados até
dias atuais em uma perspectiva social. Foi para a França em 1970 e, preparando um doutorado,
aprofundou suas reflexões sobre os condicionamentos da mulher, de forma mais estruturada.
Defendeu sua tese sobre esse tema em 1977, na Universidade de Paris VII. Danda é filha de Filha
do historiador Caio Prado –militante do Partido Comunista nos anos 30 e Hermínia que foi uma
mulher rica, bonita e independente, que trocou São Paulo pelo Rio com os três filhos pequenos,
separada de Caio Prado. Hermínia de seu jeito também era feminista.

2. CITAÇÕES REPRESENTATIVAS DA OBRA


“[..]família não é um simples fenômeno natural. Ela é uma instituição social variando através da
História e apresentando até formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o
grupo social que esteja sendo observado”. (p.12)
“[...]a família, no entanto é "única" em seu papel determinante no desenvolvimento da sociabilidade,
da afetividade e do bem-estar físico dos indivíduos, sobretudo durante o período da infância e da
adolescência". (p.13)
Não se pode negar também as verdades estatisticamente comprovadas, em relação às
mulheres. Os índices de suicídio atingem as casadas com muito maior frequência do que as
celibatárias, fenômeno constatado desde o século XIX. A necessidade de consumo de
tranquilizantes, de antidepressivos e ansiolíticos é também maior entre elas. Isso reflete, sem
dúvida, uma passiva revolta contra sua não inserção social adequada. Ora, a família constitui
o objetivo prioritário da educação das mulheres para afirmar-se socialmente. (p.32)
“É através da própria família que a criança se integra no mundo adulto, é nesse meio que
aprende a canalizar seus afetos, a avaliar e selecionar suas relações. Ora, toda família visa,
primeiramente, reproduzir-se a si própria em todos os sentidos: seus hábitos, costumes e
valores que transmitirão por sua vez às novas gerações”. (p.40)
“Fala-se muito em "crise" da família, mas esquecemos que toda e qualquer mudança ou estado de
evolução permanente de qualquer fenômeno social implica transformação constante”. (p.61)
A pressão das religiões foi em geral a estratégia utilizada para impor uma nova e "verdadeira
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moral familiar", de que ela seria a portadora. Assim, os missionários católicos impuseram,
drasticamente muitas vezes, o fim da poligamia, do infanticídio, a exigência da virgindade, o
uso de roupas a fim de esconder as partes sexuais do corpo etc. (p.63)
“[...]diríamos que não se pode falar em HISTORIA da FAMÍLIA, mas sim em HISTORIA de cada
grupo familiar”. (p.71)
“O Código Civil Brasileiro dita as leis sobre a Família, sobre proibições de uniões matrimoniais entre
parentes; sobre os papéis do marido e da esposa na sociedade conjugal; sobre o sistema de filiação,
adoção etc., de herança e parentesco”. (p.79)
“Também entre os indígenas, os jovens são acusados pelos mais idosos de ser menos respeitosos,
hoje em dia, às tradições de seus pais. Obedecem menos, usufruem de maior liberdade, desrespeitam
a moral sexual tradicional, etc”. (p.83)
“É preciso reconhecer, no entanto, que a família parece-nos uma instituição bem mais estável do que
muitas outras. Não evolui no mesmo ritmo, a mudança é muito mais lenta em suas formas”.(p.91)

3. PARECER CRÍTICO DA OBRA


A obra “O que é família” discorre sobre o conceito de famílias em várias culturas em diferentes
épocas, retratando assim como um todo as diversas estruturas familiares que circulam pela
sociedade. O enfoque não se dá somente na tradicional família, a que é denominada como família
nuclear.
É visto que cada vez mais essa tradicional família vem perdendo espaço para a construção de
laços afetivos construídos de uma maneira mais livre, onde a escolha dos indivíduos cresce cada
vez mais, progredindo na reformulação das concepções de que família não se dá somente com
um genitor e uma genitora-homem e mulher. Enfatiza-se que a composição familiar varia de
acordo com a cultura, época e lugar. Não existe um único modelo em todas as esferas sociais, o
poder cultural de determinado meio é que exerce sobre as definições, a modelagem, as formas e
etc, por isso que se conceitua como uma instituição social, pois é instituída de modo como o
contexto em que ela está inserida. Como exemplo, temos a família poligâmica, que é aceitável
nos EUA e inaceitável em outras culturas, em outros países. “[..]família não é um simples
fenômeno natural. Ela é uma instituição social variando através da História e apresentando até
formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja
sendo observado”. (p.12)
A mudança ocorrida dentro do modelo nuclear se deram por mudanças que ocorreram e ainda
ocorre gradativamente em determinados lugares. Mudanças como a aceitação do casamento
homo afetivo, a adoção monoparental, a poligamia, a poliginia, a liberdade das mulheres e
crianças e outros. Portanto, essas transformações foram marcadas pelos contextos vivenciados na
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sociedade como as guerras frias, a revolução industrial, o movimento feminista e outros.


As funções distintas da mulher e do homem no âmbito se refletem até hoje. Ainda é existente a
concepção de que o pai tem o papel de proporcionar os bens, enquanto a esposa cuida da criação
dos filhos e do lar e se apoiando para a subsistência do lar. Esse modelo é passado de geração em
geração, sendo assim as filhas preparadas/educadas para o casamento, sendo uma forma de
inserção social. E é diante dessa dependência que é sabido a relação desta com a submissão da
mulher pelo homem em alguns contextos, que infelizmente ainda não estão erradicados da
sociedade universal, pois em muitos grupos culturais ainda é existente o poder autoritário, um
papel patriarcal na família. Isso muitas vezes já é visto mesmo antes do casamento, da formação
de uma família conjugal, é um poder reluzente que é transmitido de pais para filhos.
É trazido que o conteúdo familiar chega a se empobrecer, as relações podem se tornar fluídas, e
como uma das justificativas dessas aparências é a ausência de comunicação e de vivências. A
aproximação, o estar presente nas vivências do outro mesmo estando longe fisicamente não se
mantém com todos aqueles que formam o grupo familiar, o que consequentemente possibilita o
enfraquecimento da relação afetiva. Mantemos uma relação bem mais frequente muitas vezes
com pessoas de trabalhos e outros grupos. Ressalta-se que quando um componente do seio
familiar sai de dentro de uma estrutura para formar outra, também é possível que resulte nessa
atenuação.
Quando se fala que a família está passando por crise, é necessário considerar o que é colocado
como crise, se é a ligação com as transformações nas estruturas familiares. No entanto, é
imprescindível e difícil ainda enxergar que isso não é um reflexo que surgiu a pouco tempo, pois
o que unicamente é percebido é o hoje, só se julga exclusivamente a forma das famílias em um
único tempo: o atual. Não é levado em conta a evolução, o passado, as resoluções que foram tidas
bem ou mal não são vistas. E além disso existe outro aspecto que se deve considerar, as
diferenças entre as formas familiares em diversas zonas geográficas, pois não existe um modelo
fixo de família para todas as culturas. “Fala-se muito em “crise" da família, mas esquecemos que
toda e qualquer mudança ou estado de evolução permanente de qualquer fenômeno social implica
transformação constante”. (p.61) “[...]diríamos que não se pode falar em HISTORIA da
FAMÍLIA, mas sim em HISTORIA de cada grupo familiar”. (p.71)
No Brasil, é predominante a realidade de famílias nucleares, mas também as famílias homo
afetivas, adoção monoparental, famílias chefiadas por mulheres. O código civil Brasileiro é que
impõe as regras, as leis. Sendo que a realidade encontrada muitas vezes não se encontra diante do
que ele dita. No entanto, sua importância se dá pela regulação das relações existentes entre os
membros e as influências que exercem sobre as pessoas e bens. Como exemplo, temos o regime
de bens entre os cônjuges e um ganho significativo, a legislação companheira, que dá o direito de
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obter um novo casamento após um desquite. “O Código Civil Brasileiro dita as leis sobre a
Família, sobre proibições de uniões matrimoniais entre parentes; sobre os papéis do marido e da
esposa na sociedade conjugal; sobre o sistema de filiação, adoção etc., de herança e parentesco”.
(p.79)
Para a Psicologia se faz necessário o estudo da família, é de extrema importância compreender a
mistificação social do conceito de família. É preciso descontruir o olhar a cerca de somente uma
estrutura familiar: a nuclear. É apoiar-se na prevalência da desconstrução dos preconceitos sobre
os novos modelos existentes em cada cultura, tendo como olhar primário a equivalência do bem-
estar na relação afetiva para todos os membros que compõem a estrutura familiar.

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