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Artigo 5 - Comparativo Metodos - Reologia
Artigo 5 - Comparativo Metodos - Reologia
Silva, Rosiany P.(1); Barros, Mercia M.S.B.(2); Pileggi, Rafael G.(3) John, Vanderley
M.(4)
(1) Enga Civil, Mestranda do Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana -
Universidade de São Paulo na linha de pesquisa de Inovação Tecnológica na Construção de
Edifícios.
E-mail: rosiany.silva@poli.usp.br
(2) Enga Civil, Profa. Doutora do Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana -
Universidade de São Paulo. Cx. Postal 61548. São Paulo. CEP 05424-970.
E-mail: mercia.barros@poli.usp.br
(3) Eng. de Materiais, Doutor do Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana -
Universidade de São Paulo. Cx. Postal 61548. São Paulo. CEP 05424-970.
E-mail: rafael.pileggi@poli.usp.br
(4) Enga Civil, Profo. Doutor do Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana -
Universidade de São Paulo. Cx. Postal 61548. São Paulo. CEP 05424-970.
E-mail: vanderley.John@poli.usp.br
RESUMO
- 106 -
ABSTRACT
This paper presents an investigation over the characteristic of fresh mortar by using the
squeeze flow method and comparing the results obtained with the ones from flow table
and dropping ball tests with sights to identify the potential of job of the first one as a
test assessment the rheological behaviour of fresh mortar. The experimental programme
involved the use of two types of mortars: traditional mortar and industrialized mortar,
both reinforced with polypropylene. The behaviour of fresh mortar was investigated
every 15 minutes during a period of 45 minutes. The experimental techniques used, the
squeeze flow, was found to be the best method to assess the behaviour of mortars and it
allowed the differentiation between the behaviour of the traditional mortar and of the
industrialized one and between mortar with fibres and mortar without fibres.
1. INTRODUÇÃO
A diversidade de materiais disponíveis no mercado para a produção do revestimento de
argamassa é conseqüência da busca de soluções racionalizadas por projetistas e
construtores, objetivando sobretudo o aumento da produtividade e a melhoria da
qualidade do produto final. Por sua vez, os fabricantes de materiais, enxergando essa
realidade, têm criado novos produtos buscando aumentar seu mercado.
Nesse conjunto de materiais são incorporadas as argamassas tradicionalmente
produzidas em canteiro de obras em que a variabilidade dos agregados, da cal e do
próprio cimento empregados leva a diferentes produtos. Soma-se a isso, as argamassas
industrializadas que vêm sendo comercializadas como soluções para ganho de
produtividade e redução de custos, e a comercialização recente de fibras para serem
empregadas como reforço de argamassa.
Os compósitos à base de cimento reforçado com fibras constituem um novo e distinto
grupo de materiais de construção no mercado brasileiro. A utilização de fibras na
construção civil vem sendo aplicada mais intensamente como adições na produção de
concretos, mas o seu uso na produção de argamassa vem crescendo aceleradamente e,
segundo um dos fabricantes de fibras, isto tem sido atribuído ao “bom comportamento
mecânico” que estes materiais possuem e conferem ao compósito.
Além da grande diversidade de materiais, a produção da argamassa para o revestimento
também é uma etapa deficiente da construção que pode refletir no desempenho do
revestimento. O seu controle sistemático, em geral, ainda não é uma prática corrente na
construção civil brasileira. E mesmo assim, quando ocorre algum nível de controle,
percebe-se que avaliações de propriedades dessas argamassas são muito incipientes,
fazendo uso de procedimentos empíricos.
Diante dos itens abordados, percebe-se que o domínio da tecnologia de produção do
revestimento de argamassa tem se tornado complexo para a indústria da construção
civil. E um dos pontos essenciais para o domínio dessa tecnologia é o entendimento e a
sistematização de conhecimentos científicos relacionados às propriedades das
argamassas.
- 107 -
1.1 Comportamento da argamassa no estado fresco
O comportamento da argamassa no estado fresco e, por conseqüência, no estado
endurecido é facilmente alterado com a variação das proporções entre os materiais
constituintes e com a variação na sua qualidade. Esse comportamento tem, ainda,
grande influência na otimização de todas as propriedades do revestimento produzido
com essa argamassa, principalmente na sua capacidade de aderência.
De acordo com Sabbatini (1979), a aderência da argamassa endurecida ao substrato é
resultado da conjugação da resistência de aderência à tração, da resistência de aderência
ao cisalhamento e da extensão de aderência. E o mecanismo de aderência se desenvolve,
principalmente, pela ancoragem da pasta aglomerante nos poros da base e por efeito de
ancoragem mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da
superfície a ser revestida.
Em função da sua capacidade de fluir e de se deformar, quando submetida a uma
determinada tensão de cisalhamento, a argamassa poderá apresentar contato mais
extenso com o substrato, otimizando o mecanismo de aderência. John (2003) comenta
que uma argamassa necessita de um coeficiente de viscosidade plástica menor possível,
de forma a diminuir o trabalho de adensamento e espalhamento e, por outro lado, a
tensão de escoamento deve ser relativamente alta, pois uma vez aplicada na parede não
deve escorrer.
O estudo do comportamento da argamassa fresca é bastante complexo, compreendendo
desde o uso correto de terminologias para descrever esse comportamento até o uso
correto de método de ensaio para quantificá-lo. De acordo com Tattersall (1978)1 apud
Ceccato (1998), o termo trabalhabilidade pode ser empregado qualitativamente no
estudo do comportamento da argamassa, pois descreve de maneira geral a capacidade da
argamassa de ser manuseada, de ser distribuída facilmente ao ser assentada, de resistir à
segregação, de ter a superfície acabada.
Entretanto, a partir do momento que o comportamento da argamassa deve ser
mensurado é necessário fazer uso de termos quantitativos. Como referência as
definições contidas no Bristish Standard Glossary of Rheological Terms (BS 3235,
1975) o autor recolhe termos como viscosidade e plasticidade, tensão de escoamento e
taxa de cisalhamento para estudar quantitativamente o comportamento da argamassa.
Para utilizar estes termos a fim de quantificar o comportamento da argamassa fresca,
faz-se necessário estudá-lo reologicamente. Por definição, reologia é a ciência que
estuda o fluxo e a deformação dos materiais quando submetidos a uma determinada
tensão ou solicitação externa, sendo usualmente empregada na análise do
comportamento de fluidos homogêneo (STEIN, 19962, apud OLIVEIRA et al., 2000).
A argamassa é definida como o fluido homogêneo e, tanto na sua mistura como na sua
aplicação, tensões de cisalhamento ou solicitações externas são impostas.
De modo geral, o comportamento da argamassa no estado fresco é medido
indiretamente através de uma correlação com a consistência da argamassa. Esta
consistência é normalmente medida por meio dos ensaios de mesa de espalhamento
(flow table) e de penetração de uma esfera padrão (dropping ball), descritos na
seqüência.
1
TATTERSALL,G.H. The Workability of concrete. Viewpoint publications wexhan springs, Slough,
1978.
2
STEIN, H.N. Rheological behavior of suspensions. In: CHEREMISINOFF, N.P. (Ed.) Encyclopedia
of fluid mechanics: slurry flow techology. Houston: Gulf Publishing, 1986. v.5, p. 3-47.
- 108 -
Frente a este cenário, buscou-se identificar outros métodos que permitissem avaliar mais
adequadamente o comportamento de argamassas no estado fresco, tendo-se identificado
um com grande potencial – o “squeeze flow”, concebido inicialmente para avaliar a
reologia de materiais fluídos homogêneos.
1.2 Objetivo
Diante das duas realidades expostas acima – diversidade dos materiais e empirismo no
controle da produção de argamassas – este trabalho tem como objetivo fundamental
estudar o comportamento das argamassas no seu estado fresco, identificando e
quantificando os fenômenos reológicos existentes. As quatros argamassas analisadas são
argamassa tradicional e argamassa industrializada, ambas sem e com adição de fibra.
Para que se atinja este objetivo se faz necessário o uso de três métodos de ensaios: mesa
de espalhamento, dropping ball, e squeeze flow. Através desses métodos pretende-se
identificar qual deles tem um grande potencial de avaliar o comportamento reológico
das argamassas.
- 109 -
O ensaio, cujo equipamento é apresentado na
figura 1.2. consiste na liberação da esfera em
movimento de queda livre, sem rotação, em
uma amostra de argamassa com diâmetro de
100 mm e altura 25 mm, totalizando um
volume de 490,87 cm3.
O resultado do ensaio é apresentado por um
valor unitário em mm, denominado índice de
penetração, que é dado pela profundidade que a
esfera penetra na superfície da amostra de
argamassa, depois da sua queda livre de uma Figura 1.2 - Esquema e ilustração do
altura padrão. equipamento do dropping ball.
Muitos pesquisadores como Yoshida (1994), Candia (1995), Carasek (1996), Franco et
al. (1996) e Kuba (1998), concluíram em seus trabalhos que existe uma correlação entre
a facilidade da argamassa ser aplicada no substrato e o valor de 10±1 mm do índice de
penetração, indicado pela norma britânica como referência de uma adequada argamassa
para revestimento.
No entanto, este método não se mostrou adequado ao se avaliar argamassas que tinham
fibras adicionadas à sua matriz, pois uma “rede” de fibra é formada em toda a superfície
da amostra de argamassa, amortecendo o impacto da esfera e, por conseqüência,
alterando significativamente o resultado do índice de penetração.
Diante dessas limitações que os métodos citados proporcionam, recentemente tem-se
buscado outras formas para avaliar o comportamento da argamassa no estado fresco.
Uma das maneiras encontradas foi com a utilização do método Squeeze flow,
usualmente empregados pela indústria cimentícia para avaliação da consistência de
alimentos como requeijão, iogurtes e outros que tem na sua concepção os conceitos
reológicos.
O método do Squeeze Flow é um ensaio baseado na metodologia proposta por Ozhan et
al. (1999) e Polito (2003), que utiliza o aparato de equipamento ilustrado no esquema da
figura 1.3. para aplicar a deformação na argamassa.
(a) (b)
Figura 1.3 - Parâmetros para o ensaio de Squeeze flow: (a) esquema da geometria do ensaio;
(b) ilustração da geometria do ensaio.
- 110 -
A argamassa é deformada devido a aplicação de uma taxa de cisalhamento radial
constante decorrente da compressão imposta à massa pelo equipamento. Para tanto, foi
utilizada: amostra de argamassa de diâmetro 50 mm e altura 10 mm (volume de 19,64
cm3); taxa de cisalhamento constante de 0,1 mm/seg; e o equipamento INSTRON,
associado com duas placas de aço inox, para aplicar o deslocamento de compressão e
fazer a leitura de carga necessária para deformar a argamassa.3
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
2.1 Materiais
Os materiais utilizados compreendem:
- argamassa industrializada do tipo múltiplo uso, com a classificação fornecida pelo
fabricante de “classe II – alta c”. De acordo com a NBR 13 281 (ABNT, 1995), a
argamassa nessa classificação significa uma resistência à compressão entre 4 MPa e
8 MPa, capacidade de retenção de água maior que 90% e teor de ar incorporado
maior que 18%;
- argamassa produzida tradicionalmente de dosagem 1:1:6 (em volume úmido),
utilizando cimento do tipo CP II E-32, cal hidratada do tipo CH-I e agregado miúdo
do tipo areia quartzosa, de cor escura, com pouco material fino.
- fibra sintética do tipo polipropileno, multifilamentosa, com dimensão longitudinal de
6 mm, diâmetro de 18 µm, capacidade de 3,5 GPa de módulo de elasticidade e com
dosagem de 1% em função do volume de argamassa.
3
O desenvolvimento completo desse ensaio está sendo objeto de um projeto de doutorado de Fábio
Alonso Cardoso orientado pelo Prof. Dr. Vanderley Moacyr John, sendo que um artigo preliminar será
publicado no VI SBTA (Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassa).
- 111 -
utilizado por alguns pesquisadores. Isto porque pesquisadores como Yoshida (1994),
Candia (1998), Carasek (1996), concluíram em seus trabalhos que a argamassa com o
índice de penetração 10±1 mm era considerada pelos pedreiros adequada para ser
aplicada no substrato.
As misturas para produção das argamassas foram preparadas em argamassadeira de
mistura planetária vertical, em ambiente de laboratório, com capacidade de 5 litros. Para
a produção das argamassas reforçadas com fibras foi utilizado uma técnica de mistura
que consiste em etapas, como ilustra o fluxograma da figura 3.1, cuja ordem de
colocação dos componentes e o tempo de mistura são parâmetros essenciais na
otimização da argamassa.
Esta metodologia está fundamentada em duas necessidades de grande importância: a
argamassa industrializada requer um tempo curto de mistura, para que não incorpore
ar4; por sua vez o uso de fibra demanda um elevado tempo de mistura, para que ocorra a
sua dissipação, evitando o aparecimento dos chamados nódulos5.
4
O teor de ar incorporado elevado proveniente da forma de mistura e manuseio da argamassa, interfere de
maneira significativa no resultado do índice de consistência (YOSHIDA e BARROS, 1995), de
resistência à compressão (CASALI et al., 2001) e na resistência de aderência.
5
Os nódulos são fibras de polipropileno aglomeradas dentro da argamassa devido à má mistura. Sua
presença na argamassa, como comenta Figueiredo (2000), produzirá uma redução do teor de fibra
homogeneamente distribuída, como também um ponto fraco (poroso) na região em que estiver presente.
- 112 -
Qualitativamente a diminuição
de fluidez6 da argamassa fresca,
com o passar do tempo, é uma
ocorrência normal em todas as
argamassas, porque resulta do
enrijecimento gradual da pasta
de cimento Portland hidratada.
Em vista disso, foi proposta uma
metodologia de medida que
envolve etapas seqüenciais de
moldagem, realização do ensaio,
repouso e remistura da Figura 3.2 - Metodologia de medição para avaliar o
argamassa, figura 3.2. comportamento da argamassa por um período de
tempo.
4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Na tabela 4.1 são apresentadas algumas características das argamassas produzidas para
este estudo. O valor do índice de penetração é referente à medida realizada logo após a
produção da argamassa (tempo zero minuto). A medida do teor de ar incorporado foi
determinada pela realização do ensaio recomendado pela NBR 13280 (ABNT, 1995).
A figura 4.1 é resultado do índice de penetração das argamassas, medido pelo método
do dropping ball. A área do gráfico da figura 4.1 identificada, compreende o intervalo
10±1 mm o qual foi observada uma correlação com a “mistura ideal” produzida por um
operário experiente.
6
A perda de fluidez ocorre quando a água livre de uma mistura de argamassa é consumida pelas reações
de hidratação, por adsorção da superfície dos produtos de hidratação, e por evaporação. (MEHTA e
MONTEIRO, 1994).
- 113 -
Figura 4.1 - Medida do índice de penetração da esfera na argamassa pelo método do
dropping ball.
A figura 4.2. é resultado do espalhamento das argamassas, medido pelo método da mesa
de espalhamento. A área do gráfico identificada compreende o intervalo 255±1 mm cuja
argamassa é considerada como consistência-padrão, de acordo com a NBR 13276
(ABNT, 1995). Se o valor obtido no ensaio for superior a 265 mm, deve-se repetir o
ensaio, e se for inferior a 245 mm deve-se acrescentar uma pequena quantidade de água.
- 114 -
1000
100 arg.ind
Carga (N)
arg.ind.fibr
arg.trad
arg.trad.fibr
10
1
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de mistura (min)
7
BENTUR, A.; MINDESS, S. Fibre reinforced cementitious composites. United Kingdon. Barking,
Elsevier, 1990.
- 115 -
pasta-agregado visto por Mehta e Monteiro (1994), foi constatada para a interface fibra-
matriz. Esta zona é caracterizada por um filme de produtos hidratados com grande
quantidade de água adsorvida á superfície das fibras. Com a diminuição da quantidade
de água livre na mistura, a distância entre as diferentes partículas a argamassa é
reduzida, prejudicando, assim, sua fluidez.
O ar incorporado na argamassa pode ser em função da adição de aditivo incorporador de
ar como também pela adição de fibra na argamassa, principalmente na argamassa
produzida tradicionalmente. Em referências como Cortez (1999) e Silva et al. (2003),
foi observado nos seus resultados que a adição de fibra pode aumentar o ar incorporado
em argamassas de cimento, cal e areia no intervalo de 50% a 70%. O estudo aqui
proposto observou que a adição da fibra na argamassa tradicional proporcionou um
aumento de 6,2% para 11,7%. Este valor é pequeno quando comparado com o valor de
31% da argamassa industrializada, porém foi o suficiente para alterar comportamento da
argamassa, como será visto adiante.
Avaliando os métodos de ensaios para caracterizar o comportamento das argamassas
sem adição de fibra, observa-se que os resultados dos métodos dropping ball e squeeze
flow apresentaram conformidades. O mesmo não se pode dizer quando são verificados
os resultados da mesa de espalhamento.
Em termos qualitativos a argamassa industrializada demonstrou ter mais facilidade de
manuseio. Pelo método dropping ball (figura 4.1) esta característica foi registrada
através do maior valor do índice de penetração, enfatizando que houve pouca resistência
interna de arrastamento da argamassa frente à deformação aplicada pela queda da esfera
padronizada. Pelo método da mesa de espalhamento (figura 4.2), esta argamassa
apresentou a menor medida de espalhamento, ou seja, frente à deformação aplicada pelo
impacto da queda da mesa, a argamassa industrializada apresentou maior resistência
interna do que a argamassa tradicional da argamassa, o que não é verdade.
Pelo método do squeeze, além de detectar esta facilidade de manuseio ele quantifica a
carga necessária para que ocorra a deformação da argamassa. A carga na argamassa
industrializada foi 100 vezes menor do que na argamassa tradicional, ou seja, foi muito
mais fácil deformar a argamassa industrializada. O valor de carga reflete na viscosidade
do material, quando a argamassa apresenta maior valor de carga esta apresenta ser mais
viscosa, logo a argamassa tradicional é mais viscosa do que a argamassa industrializada.
Para os três métodos de ensaios, a argamassa tradicional ao longo do tempo apresentou
a queda natural da fluidez. Sendo que para o método do dropping ball este fato foi
observado na medida dos 15 minutos com a diminuição sutil do valor do índice de
penetração, para o método da mesa de espalhamento na medida dos 30 minutos com a
diminuição sutil da medida do espalhamento, e para o squeeze flow na medida dos 60
minutos com o aumento grandioso da carga (de 200N para 450N).
O comportamento da argamassa industrializada ao longo do tempo apresentou
semelhança nos métodos do dropping ball e mesa de espalhamento, divergindo no
método do squeeze flow. Para os dois primeiros métodos a argamassa não perdeu a
fluidez, aumentou sutilmente o valor do índice de penetração e da medida de
espalhamento. Enquanto para o squeeze flow a argamassa industrializada solicitou
gradualmente pequenas cargas, ou seja o seu manuseio estava sendo dificultado.
Até o momento as argamassas quando submetidas aos ensaios eram remisturadas
mecanicamente, conforme a metodologia do item 3.2. Verificando este comportamento
sutil da argamassa industrializada pelo método squeeze flow, achou-se interessante
realizar o seu estudo com influência no tipo de remistura.
Na figura 4.4, além de ilustrar o comportamento da argamassa remisturada
- 116 -
mecanicamente, ilustra também o comportamento da argamassa remisturada
manualmente. Percebe-se que a queda de fluidez é menor para argamassa remisturada
mecanicamente do que para aquela remisturada manualmente. A figura 4.4 indica que
no tempo de 60 minutos pós-produção, a argamassa remisturada maualmente solicitou
uma carga de 50% maior do que a argamassa remisturada mecanicamente.
20
18 arg.ind.man
16
14 arg.ind.mec
12
10
Carga (N)
8
6
4
2
0
0 15 30 45 60 75 90
Tempo de mistura (min)
- 117 -
seja a justificativa do comportamento visto.
A outra hipótese que poderia justificar o comportamento da argamassa tradicional com
fibra, está no aumento da quantidade de água na dosagem. Como mostra na tabela 4.1,
esse aumento na argamassa tradicional foi mais considerável (de 17,7% para 27,5%) do
que na argamassa industrializada (14,4% para 16,2%). Este fato pode proporcionar uma
grande mudança reológica da argamassa resultando, assim, no tal comportamento.
Contudo, ao verificar que a argamassa logo após 15 minutos da sua produção perde
rapidamente a fluidez, conseqüentemente a carga solicitante para sua deformação
aumenta, sugere que é o teor de ar incorporado que está governando o resultado do
ensaio e não a perda de água em 15 minutos.
6. CONCLUSÕES
Dos métodos estudados, o squeeze mostrou ser mais capaz de avaliar o comportamento
das argamassas. Isso porque as suas propriedades reológicas, como a viscosidade e a
tensão de escoamento, podem ser quantificadas e qualificadas. A metodologia de ensaio
do squeeze apresentou ser mais sensível para verificar que as argamassas distintas
apresentam comportamentos reológicos distintos. A adição de ar incorporado, fibras,
tipo de agregado, relação água/materiais secos são alguns dos fatores que contribuem
para esta diferenciação das argamassas.
O mesmo não se pode dizer para o dropping ball. Os valores de índice de penetração
encontrados indicam que as argamassas deveriam ser iguais e não são. Além disso, a
presença de fibra alterou o resultado do ensaio, pois ela pode bloquear a penetração da
esfera na argamassa. Estes fatos contribuem para enfatizar que a dosagem e controle da
argamassa no estado fresco através do ensaio de dropping ball, não são práticas
corretas, principalmente para argamassa reforçada com fibra.
O ensaio da mesa de espalhamento apresenta sérias limitações quanto à avaliação do
comportamento da argamassa fresca. Visto por outros pesquisadores e pelos resultados
encontrados neste estudo, as argamassas com alto teor de ar incorporado altera o
resultado do ensaio. Além disso, o resultado também foi alterado quando fibras são
adicionadas às argamassas.
As argamassas tradicionais pelo método do squeeze foram mais difíceis de ser
deformadas. Sua viscosidade e sua carga de deformação são elevadas quando
comparadas com as argamassas industrializadas. A adição de bolhas de ar incorporada
nas argamassas industrializadas pode ser o fator preponderante para a lubrificação das
partículas da matriz, facilitando a sua deformação.
A respeito do comportamento das argamassas ao longo do tempo, percebe-se que a
argamassa industrializada apresentou uma queda de fluidez mais rápida do que a
argamassa tradicional. E esta observação é mais evidenciada quando a argamassa
industrializada é remisturada manualmente a cada 15 minutos.
A adição de fibra nas argamassas teve uma influência significante no ponto de vista da
sua fluidez. A sua adição proporcionou incorporação de ar na argamassa tradicional,
podendo ser um motivo para facilitar a lubrificação das partículas existentes na matriz.
Enquanto na argamassa industrializada a fibra dificultou a sua fluidez. No requisito da
queda de fluidez ao longo do tempo, as argamassas com adição de fibras apresentaram
maiores quedas de fluidez do que nas argamassas sem adição de fibra.
- 118 -
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – Determinação do teor
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