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Evolução do Pensamento

Administrativo
Autor: Prof. José Benedito Regina
Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin
Prof. Fábio Gomes da Silva
Prof. Livaldo dos Santos
Professor conteudista: José Benedito Regina

É bacharel em Ciências Econômicas pela FEA/USP, especialista em Administração pela UNIP e mestre também em
Administração pela FEA/USP.

Possui experiência profissional técnica, administrativa e gerencial em várias áreas organizacionais. Atua fortemente
com processos de mudança organizacional e de facilitação e formação técnica e gerencial em empresas de grande
porte. É especialista em Qualidade Total, palestrante e consultor de organizações com destaque para as áreas de gestão
e desenvolvimento de RH.

Além disso, é assessor para editoras na tradução/revisão de textos para a área de administração, professor, líder
de disciplina e coordenador de cursos no Ensino Superior, em graduação e pós-graduação, em várias universidades
paulistanas, desde 1977.

Na UNIP, é professor conteudista, autor e ministrante de disciplinas relacionadas com Administração Geral e
Administração de Recursos Humanos, graduação e pós-graduação, no programa de EAD – Educação a Distância.

É também participante em bancas de avaliação, Coordenador e Orientador para trabalhos acadêmicos diversificados,
tanto para cursos de graduação como de pós-graduação.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S335e Regina, José Benedito

Evolução do pensamento administrativo / José Benedito Regina.


– São Paulo, 2020.

200 p. il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Pensamento administrativo. 2. Administração - evolução.


3. Conceitos gerais I. Título.

CDU 658.1

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Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Sueli Brianezi Carvalho
Sumário
Evolução do Pensamento Administrativo
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO..............................................................................................11
1.1 O que é administrar: as várias visões.............................................................................................11
1.2 As influências sobre a administração............................................................................................ 18
1.3 As variáveis básicas da administração.......................................................................................... 20
1.4 A organização......................................................................................................................................... 22
2 O PROFISSIONAL ADMINISTRADOR E PARADIGMAS........................................................................ 25
2.1 O administrador: competências e papéis.................................................................................... 25
2.2 Paradigmas............................................................................................................................................... 31
2.3 Os vários paradigmas da TGA........................................................................................................... 36
Unidade II
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA: ABORDAGENS ADMINISTRATIVASPRESCRITIVAS E
NORMATIVAS......................................................................................................................................................... 42
3.1 Abordagem Clássica da Administração........................................................................................ 42
3.2 A administração científica................................................................................................................. 43
3.3 A teoria clássica da administração................................................................................................. 46
4 OUTRAS ABORDAGENS PRESCRITIVAS E NORMATIVAS................................................................... 50
4.1 A abordagem humanística da administração: teoria das relações humanas............... 50
4.2 A abordagem neoclássica da administração.............................................................................. 55
4.3 A abordagem estruturalista da administração: o modelo burocrático........................... 63
Unidade III
5 EVOLUÇÃO HISTÓRICA: ABORDAGENS ADMINISTRATIVAS EXPLICATIVAS E
DESCRITIVAS.......................................................................................................................................................... 72
5.1 Abordagens explicativas e descritivas........................................................................................... 72
5.1.1 A abordagem estruturalista da administração: a teoria estruturalista............................. 72
5.2 A abordagem comportamental da administração................................................................... 76
5.2.1 Teoria comportamental......................................................................................................................... 76
5.2.2 Teria do Desenvolvimento Organizacional (DO).......................................................................... 81
6 OUTRAS ABORDAGENS EXPLICATIVAS E DESCRITIVAS..................................................................... 85
6.1 A abordagem sistêmica da administração.................................................................................. 85
6.1.1 Tecnologia da informação e administração.................................................................................. 86
6.1.2 Teoria matemática da administração.............................................................................................. 88
6.1.3 Teoria de sistemas................................................................................................................................... 90
6.2 Abordagem contingencial da administração............................................................................. 93
6.3 Novas abordagens para a administração.................................................................................... 96
Unidade IV
7 CONCEITOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO...........................................................................................121
7.1 O planejamento e a organização..................................................................................................123
7.1.1 Planejamento......................................................................................................................................... 123
7.1.2 Definição dos objetivos...................................................................................................................... 123
7.1.3 Elaboração dos planos........................................................................................................................ 127
7.2 Organização...........................................................................................................................................136
7.2.1 Criação da estrutura organizacional (ou departamentalização)....................................... 138
7.2.2 Estruturação dos cargos..................................................................................................................... 155
7.2.3 Provimento dos mecanismos de coordenação......................................................................... 160
8 A DIREÇÃO E O CONTROLE.........................................................................................................................164
8.1 Direção.....................................................................................................................................................164
8.1.1 Comunicação.......................................................................................................................................... 165
8.1.2 Liderança...................................................................................................................................................171
8.1.3 Motivação................................................................................................................................................ 177
8.2 Controle...................................................................................................................................................181
APRESENTAÇÃO

Após terminar sua participação nesta disciplina, espera-se que você tenha clareza dos conceitos gerais
da administração, entendendo: as diferentes percepções do que significa administrar; as influências
recebidas pela administração ao longo do tempo; as suas variáveis básicas (ou ênfases); o conceito
de organização; a importância da atuação do profissional administrador por meio de competências e
papéis dele esperados; o conceito de paradigmas e de sua relação com a evolução das várias teorias da
administração.

Ainda, que você possa identificar a existência das várias teorias (ou abordagens, ou escolas, ou
correntes de pensamento) que permitiram a evolução do pensamento administrativo e ajudaram a construir
esse magnífico edifício conceitual que hoje constitui a administração.

Também, que você consiga apontar as variáveis enfocadas pelas diversas teorias apresentadas, suas
visões e propostas, seus principais estudiosos e autores, e que tenha informação sobre o estágio atual
dessa ciência e sobre suas possibilidades futuras.

E, finalmente, que você compreenda o real significado de administrar, baseado no conceito do


processo administrativo (PA), composto do planejamento, da organização, da direção e do controle,
e que, por meio do detalhamento dessas quatro funções, tenha uma noção clara do que se espera do
profissional administrador no exercício de seu importantíssimo papel.

INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

queremos iniciar nosso contato propondo a você que tente responder a algumas questões
fundamentais, como as seguintes:

• O que significa administrar?


• Que conceitos essa magnífica atividade abrange?
• Como esses conceitos nasceram? Como se desenvolveram?
• No que realmente consistem as atividades de um administrador?

Pois bem, é sobre temas como esses que versa a nossa disciplina.

Conforme você terá oportunidade de ver, saber administrar é fundamental para qualquer profissional
de qualquer área de atividade.

O administrador competente, sendo um profissional específico para essa tarefa, é um elemento


indispensável a qualquer organização no mundo de hoje, já que nenhuma empresa consegue sobreviver
sem o seu trabalho.

7
Toda e qualquer ação resultante do esforço do profisional administrador é a aplicação, direta ou
indireta, de algum conceito ou da combinação de mais de um deles. Tais conceitos foram intuídos,
observados, pesquisados, estabelecidos, desenvolvidos e testados ao longo da existência dessa ciência
magnífica, complexa, encantadora e ao mesmo tempo indispensável que é a administração, pois
nenhuma organização pode existir sem ela.

Portanto, conhecer o que compõe a disciplina é adquirir conhecimentos, que – se devidamente


entendidos, internalizados e colocados em funcionamento – poderão ser o diferencial que tornará você
um profissional bem-sucedido.

Uma das coisas interessantes desse arcabouço de conhecimentos é que todos eles, mesmo sofrendo
críticas e restrições deste ou daquele estudioso, podem ser colocados em ação, pois não existe uma receita
única para se conseguir uma boa gestão. Como dizia Henri Fayol, o pai dos teóricos clássicos (HAMPTON,
1992, p. 3) “Não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração: tudo é
uma questão de proporção”.

Embora essa afirmação tenha sido feita no início do século passado, ela nunca esteve tão atual.
Isso acabou sendo ratificado pela própria teoria da administração, na abordagem contingencial, última
corrente teórica registrada. Esta teoria defende que tudo em administração depende de circunstâncias
que, na maioria das vezes, estão fora do controle do profissional administrativo. O que só demonstra a
genialidade de Fayol.

Do mesmo modo, outros teóricos, incluídos neste livro-texto, propuseram seus conceitos com
repercussão e utilidade similares. Tais autores também podem ser considerados geniais em suas colocações.

Logo, pretendemos apresentar a você o que é a administração e como ela evoluiu, desde os seus
primórdios até os dias atuais. É uma tarefa e tanto!

Muitos pesquisadores e estudiosos investiram suas vidas para conhecer e realizar descobertas para
a administração, propondo diferentes abordagens para ela. Montar um material que seja uma amostra
significativa de tudo o que já se escreveu nesta ciência é um grande exercício de escolha, uma vez que
sua literatura é vastíssima.

Assim, o nosso objetivo ao preparar este livro-texto não foi o de criar nenhuma teoria, mas sim o de
fazer um retrospecto interessante para você, sobre o que de mais importante existe no assunto.

De algum tempo para cá, qualquer estudante de administração tem à sua disposição inúmeras obras
de autores internacionais (principalmente norte-americanos) e também de brasileiros, as quais trazem não
apenas esse acervo conceitual de que falamos anteriormente, mas também incluem casos recentes que
explicam e validam a utilização desses conhecimentos. Todo esse material não existia e, portanto, os primeiros
pesquisadores dessa nossa ciência não tiveram a sorte de tê-los à mão. Por isso, tiveram que criar!

Então, nosso propósito, aqui, foi o de montar um pequeno painel, citando alguns desses autores (os
principais), de forma que você possa ter uma visão de parte do que já se publicou sobre o assunto.
8
Não pretendemos mostrar tudo o que já foi escrito na área, pelo simples fato de que isso seria um
trabalho hercúleo, senão impossível: você terá toda a sua vida profissional pela frente para ir descobrindo,
conhecendo, aplicando e reaplicando essas informações (não só o que já foi produzido, mas também
aquilo que o futuro nos reserva como realizações nessa área).

Por enquanto, você poderá perceber nas referências bibliográficas um volume interessante de títulos
que podem ser explorados.

Para facilitar o estudo dos alunos, a linha-mestra deste livro-texto considerou uma bibliografia
básica. Com a ajuda dessa bibliografia, a estrutura deste material foi assim concebido:

1. primeiramente apresentaremos os conceitos gerais da administração, seus antecedentes históricos


e os paradigmas que nortearam a evolução do pensamento administrativo e a relação das suas
diferentes abordagens;

2. a seguir, falaremos dos tópicos descritivos das abordagens administrativas chamadas de prescritivas
e normativas, que ocorreram historicamente;
3. depois, trataremos das abordagens explicativas e descritivas, complementadas por outras
contribuições emergentes, aqui denominadas como novas abordagens para a administração que,
embora não sendo consideradas teorias propriamente ditas, constituem em novas aplicações de
conceitos já anteriormente formulados; e
4. por fim, enfocaremos o processo administrativo, entendido como a essência do que faz o administrador.

Para que você possa aproveitar melhor os conteúdos apresentados, irá encontrar, ao longo do texto,
alguns destaques, tais como:

• Lembrete: trata-se de alguma informação que vai chamar sua atenção para entender melhor o
que estiver sendo apresentado no momento em que esse lembrete aparecer.
• Observação: trata de algum aspecto explicativo para auxiliar seu entendimento do que estiver
sendo apresentado nesta ocasião.
• Saiba mais: deve trazer para você alguma informação que vai informá-lo de outras fontes de
consulta complementares, relacionadas com o assunto em questão, com o objetivo de alargar e
enriquecer seus conhecimentos e sua visão.
• Resumo: vai aparecer no final de cada unidade, fazendo uma síntese para ajudar sua compreensão
e entendimento geral.

Por fim, alertamos que este material não dispensa sua consulta aos títulos citados nas referências.
Ao contrário, ele deve ser um estímulo à sua pesquisa.

Bons estudos!

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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Unidade I
1 CONCEITOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO

Os objetivos desta Unidade são esclarecer o que significa administrar, sabendo que existem várias
possíveis definições para essa tarefa. Mostrar que a administração, mesmo tendo existido sempre, foi
se transformando ao longo do tempo, e que o conceito de ciência que ela tem hoje não apareceu por
acaso, mas foi fruto da influência de diferentes atividades humanas. Apresentar e definir as ênfases
que as várias correntes teóricas estudaram e em torno das quais se estruturou a administração e o
que é organização, uma vez que nosso curso tem como função estudar a administração para uso nas
organizações. E, dentro desse contexto, mostrar alguns aspectos que caracterizam o administrador, bem
como os papéis que pode representar no cenário organizacional.

Além disso, apresentar e discutir o conceito de paradigmas, mostrando a importância de se ter


uma mente aberta para as possíveis diferenças e para as inevitáveis mudanças relacionadas com a
administração. Exemplificar, por meio das várias abordagens administrativas existentes e de sua
classificação histórica, que cada abordagem nova tem sido um paradigma novo, desde o nascimento da
administração como ciência até os dias de hoje.

Conceitos e contexto

Segundo Houaiss (2001, p. 817) o contexto é a “inter-relação de circunstâncias que acompanham


um fato ou uma situação”. Para a ação do administrador, o contexto é a organização, com todas as suas
inter-relações. Conceitos administrativos são seus meios para poder agir.

1.1 O que é administrar: as várias visões

Iniciemos nosso estudo com a seguinte pergunta: o que significa administrar?

Como resultado dos vários paradigmas que nortearam os estudos da administração, várias são as
maneiras como ela foi e é percebida.

Apenas como um estímulo a possíveis discussões vale a questão: a administração poderia ser definida
como uma ciência, como uma técnica ou como uma arte?

Com o propósito de enriquecer nossa visão, apresentamos, a seguir, algumas dessas definições.

Administrar é resolver problemas.

Sim, essa é uma das definições mais diretas do que seja administrar: é resolver problemas!
11
Unidade I

Uma vez exercendo sua profissão, o administrador sempre estará às voltas com problemas e buscando
as suas soluções. Isso é sinônimo de tomar decisões.

Em outras palavras, ele precisa desenvolver ao extremo a sua capacidade de tomar decisões, pois
esta é a habilidade mais exigida de um administrador.

E para que você tenha sucesso, isto é, para que suas decisões sejam adequadas ao momento em que
estiver atuando, você precisa estar bastante atento e com a mente aberta.

Ao longo de toda a história humana, todos aqueles que tiveram responsabilidades em suas
organizações precisaram decidir sobre o que e sobre como fazer as coisas.

Esse esforço, que corresponde ao processo decisório, será apresentado no capítulo correspondente
ao processo de planejamento. Mas, na verdade, é a aplicação de todo o processo administrativo.

Administrar é fazer as coisas por meio das pessoas.

O administrador, na verdade, não executa as tarefas para conseguir o que a organização espera dele:
quem faz isso é a sua equipe. Se agir assim, será um executor e não um gerente!

Dessa forma, cabe ao administrador conduzir sua equipe, da melhor maneira possível, para que esta
consiga os resultados que precisam ser atingidos.

Em outras palavras, este é o “problema” básico do administrador: definir bem os objetivos (o quê?),
a maneira de realizá-los (como?) e energizar a sua equipe para isso.

O verdadeiro administrador não faz, mas potencializa sua equipe para fazer (esta é a tradução do
conceito de empowerment, ou energização, vital para o gerenciamento de pessoas).

Essa é a principal tarefa do processo de direção, mas que, também, na verdade, é a aplicação de
todo o processo administrativo.

Administrar é ser eficaz com a maior eficiência possível.

Pode-se entender que toda organização, por meio de processos executados por suas pessoas, sempre
produz alguma coisa: ou algum bem, ou serviço ou uma combinação dos dois.

Para tanto, seus objetivos (o que ou aquilo que decidiu fazer) devem estar bem claramente definidos.
Estes objetivos, bem como alcançá-los, têm a ver com a eficácia organizacional.

Outro grande problema administrativo é estabelecer a maneira a ser utilizada para conseguir essa
eficácia, o como. Esta questão trata da eficiência.

Administrar é saber combinar adequadamente esses dois conceitos.


12
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Portanto, não basta apenas ser eficaz, mas também ter a maior eficiência possível.

Stoner e Freeman (1985) assim definem o desempenho do administrador e da organização:

Para uma organização ser bem-sucedida em alcançar seus objetivos,


satisfazer suas responsabilidades sociais, ou ambas as coisas, ela
depende dos administradores. Se os administradores fazem bem seu
trabalho, a organização provavelmente atingirá suas metas. E se as
grandes organizações de uma nação realizam seus objetivos, a nação
como um todo irá prosperar. O sucesso econômico do Japão é uma
evidência clara deste fato. A aplicação do trabalho dos administradores
(do desempenho gerencial) e do desempenho organizacional (o trabalho
das organizações) são tema de muitos debates, análises e confusão
nos Estados Unidos e em outros países. Assim, discutiremos muitos
critérios e concepções diferentes para avaliar os administradores e as
organizações. Servindo de base a muitas dessas discussões estão dois
conceitos sugeridos por Peter Drucker, um dos mais respeitados autores
que escrevem sobre administração: eficiência e eficácia. Ele define
eficiência como “fazer certo as coisas”, e eficácia como “fazer a coisa
certa” (STONER e FREEMAN, 1985, p. 5).

Assim, para estes autores, o “desempenho do administrador é a medida de quão eficiente e eficaz é
o administrador, e da competência com que ele determina e alcança os objetivos apropriados” (STONER
e FREEMAN, 1985, p. 5).

Para que entendamos essa definição, afirmam que:

A eficiência – a capacidade de fazer certo as coisas – é um conceito de


“insumo-produto”. Um administrador eficiente é aquele que obtém produtos,
ou resultados, à altura dos insumos (trabalho, materiais e tempo) usados
para alcançá-los. Os administradores que conseguem minimizar o custo
dos recursos necessários para se alcançar os objetivos estão agindo com
eficiência.

A eficácia, em contraste, implica escolher os objetivos certos. Um


administrador que seleciona um objetivo inadequado – digamos, produzindo
carros grandes quando cresce a demanda por carros pequenos – é um
administrador ineficaz, mesmo que os carros grandes sejam produzidos com
o máximo de eficiência. Nenhuma quantidade de eficiência pode substituir a
falta de eficácia. Na verdade, diz Drucker, a eficácia é a chave para o sucesso
de uma organização. Assim, antes de podermos focalizar a eficiência,
precisamos descobrir quais são as coisas certas a fazer (STONER e FREEMAN,
1985, p. 5).

13
Unidade I

Outro autor, Certo (2003), assim define esses mesmos conceitos:

Eficácia administrativa (...) Quanto mais próxima de alcançar


suas metas está uma empresa, mais eficazes são considerados seus
administradores. Portanto, a eficácia administrativa é uma atitude
contínua que vai da ineficácia à eficácia. Eficiência administrativa:
É a parte do total dos recursos de uma empresa que contribui para
a produtividade durante o processo de produção. Quanto maior essa
parte, mais eficiente é o administrador. Quanto mais recursos forem
desperdiçados ou não utilizados durante o processo de produção, mais
ineficiente é o administrador. Nesse caso, os recursos da empresa se
referem não apenas às matérias-primas utilizadas na fabricação de
produtos ou serviços, mas também aos esforços humanos relacionados
a esse processo. Assim como a eficácia administrativa, eficiência
administrativa é bem descrita como uma atitude contínua que varia
a ineficiência à eficiência. Ineficiência significa que uma parte muito
pequena do total de recursos contribui para a produtividade durante o
processo de fabricação, eficiência significa que uma grande parte desses
recursos contribui para a produtividade (CERTO, 2003, p. 8).

Este autor explica, no seguinte gráfico, como esses conceitos se relacionam:

Alcance das metas

Eficiente
Sem alcançar metas Alcançando metas
(a maioria dos
e sem desperdiçar sem desperdiçar
recursos contribui
Uso dos recursos

recursos. recursos.
para a produção)

Ineficiente
(poucos recursos Sem alcançar metas Alcançando metas
e desperdiçando e desperdiçando
contribuem para a recursos. recursos.
produção)

Ineficaz Eficaz
(pouco avanço em (avanço substancial
direção às metas da em direção às metas
empresa) da empresa)

Figura 1 - Várias combinações entre eficácia e eficiência administrativas

Administrar é realizar o Processo Administrativo (PA).

Realizar o Processo Administrativo e administrar são sinônimos, pois é isso que o administrador deve
fazer, em essência.

14
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Existem diferentes verbos, utilizados por autores diversos, que representam esses componentes do
Processo Administrativo.

Por exemplo, Chiavenato (2003), Griffin (2007) e Hampton (1992), entre outros, consideram o
Processo Administrativo como sendo composto pelas seguintes funções: planejar, organizar, dirigir
e controlar.

Outra forma de definir o Processo Administrativo é por meio dos substantivos (e não dos verbos): “É
a interação das funções planejamento, organização, direção e controle”.

Para Stoner e Freeman (1985), administrar é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o
trabalho dos membros da organização, e de usar todos os seus recursos disponíveis para conquistar os
objetivos estabelecidos.

Dessa maneira, substituem o verbo dirigir por liderar, conforme se poderá ver no gráfico a seguir.
Todas as funções mantêm relações mútuas com todas as outras, de forma que qualquer ação de uma
delas afeta as demais:

Ambiente externo

Organizar
Planejar Os administradores
Os administrativos usam organizam e distribuem
lógica e métodos para trabalho, autoridade e
pensar em objetivos e recursos para alcançar
ações. com eficiência os
objetivos de organização.

Controlar Liderar
Os administradores Os administradores
certificam-se de que dirigem, influenciam
a organização está e motivam os
seguindo no rumo de empregados a
seus objetivos. realizarem tarefas
essenciais.

Sequência ideal das atividades dos administradores


Realidade das atividades dos administradores

Figura 2

15
Unidade I

Griffin (2007) também considera a liderança no lugar da direção e descreve no que consiste cada
uma das quatro funções do Processo Administrativo:

O processo da administração

A administração envolve quatro atividades básicas:


planejamento e tomada de decisão, organização, liderança e
controle. Embora exista uma lógica básica para descrever tais
atividades nessa sequência (conforme indicado pelas setas
contínuas), a maior parte dos administradores se envolve em
mais de uma atividade por vez, movendo-se para frente e
para trás de maneiras imprevisíveis (como indicado pelas setas
tracejadas).

Planejamento
e tomada Organização
de decisão Determinação da
Estabelecimento dos melhor maneira de
objetivos da empresa e agrupar atividades e
da melhor maneira recursos.
de atingí-los.

Controle
Monitoração e Liderança
correção de atividades Motivar membros
em andamento para da organização para
facilitar a consecução trabalhar de acordo com
dos objetivos. os melhores interesses
da empresa.

Figura 3 - O processo de administração

Certo (2003), substitui o verbo dirigir da maioria dos autores (ou o liderar, de Stoner e Freeman)
por influenciar.

O estudo detalhado do Processo Administrativo e de suas funções aparece na Unidade IV desta


apostila.

Estas quatro definições, que acabamos de discutir,

• Administrar é resolver problemas;


• Administrar é fazer as coisas por meio das pessoas;
• Administrar é ser eficaz com a maior eficiência possível; e
• Administrar é realizar o Processo Administrativo
• Permitem-nos concluir a grande riqueza conceitual que envolve os vários aspectos da administração.

16
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Finalizando, apresentamos o que diz Certo (2003), quando discute sua definição de
administração:

Os estudantes de administração devem atentar para o fato de que esse


termo pode ser, e quase sempre é, empregado de diferentes maneiras. Pode
se referir, por exemplo, simplesmente ao processo que os gerentes executam
para alcançar os objetivos da empresa. Pode também fazer referência a um
conjunto de conhecimentos; nesse sentido, administração é um conjunto de
informações acumuladas que fornece noções de como administrar. O termo
administração pode também se referir às pessoas que lideram e dirigem
empresas ou a uma carreira dedicada à tarefa de liderar e dirigir empresas.
A compreensão das diversas utilizações e definições do termo o ajudará
a evitar problemas de comunicação durante discussões acerca de termos
relacionados à administração.

Na maioria das vezes em que aparece neste livro, administração é o processo


que permite alcançar as metas de uma empresa, fazendo uso do trabalho
com e por meio de pessoas e outros recursos da empresa. Uma comparação
entre essa definição e as definições fornecidas por vários pensadores
contemporâneos sobre administração mostra que existe um alto grau de
concorrência e que a administração possui as três principais características
relacionadas a seguir:

• É um processo ou uma série de atividades contínuas e relacionadas.


• Implica alcançar os objetivos da empresa e se concentra nisso.
• Alcança esses objetivos fazendo uso do trabalho com e por meio de
pessoas e outros recursos da empresa (CERTO, 2003, p. 5).

Embora com possíveis variações entre as visões dos autores sobre a administração, Certo (2003)
pode ser citado para encerrar este primeiro capítulo, quando fala da universalidade da administração:

Os princípios da administração são universais, isto é, aplicam-se a todos


os tipos de empresas (negócios, igrejas, associações, equipes de atletas,
hospitais e assim por diante) e níveis organizacionais. Naturalmente, as
funções dos gerentes variam um pouco de uma empresa para outra,
porque cada tipo de organização requer o emprego de conhecimentos
especializados, possui em um ambiente político de trabalho único e
utiliza diferentes tecnologias. Entretanto, há semelhanças de funções
em diferentes empresas, porque as atividades básicas da gerência –
planejamento, organização, influência e controle – são comuns a todas
as organizações (CERTO, 2003, p. 9).

17
Unidade I

1.2 As influências sobre a administração

O ato de administrar, como qualquer outra ação humana, é produto das influências que recebe do
meio em que acontece.

Ao longo da evolução histórica, a administração não teve comportamento diferente: mesmo antes
de ser estudada como uma ciência, a sua prática sempre foi resultado de como a humanidade percebeu
o mundo ao seu redor e de como aplicou essa percepção.

Chiavenato (2003) cita que a administração recebeu influências dos filósofos, da organização
eclesiástica, da organização militar, da Revolução Industrial, dos economistas liberais e dos pioneiros e
empreendedores.

A influência dos filósofos

Chiavenato relaciona os seguintes nomes que de algum modo mencionaram ou estudaram a


administração e as organizações: Sócrates, Platão, Aristóteles, Francis Bacon, René Descartes, Thomas
Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Friedrich Engels. Enfatiza que

A administração recebeu duas profundas e marcantes influências. Uma


delas veio da física tradicional de Isaac Newton: a tendência à exatidão e
ao determinismo matemático. A outra veio de René Descartes e seu método
cartesiano: a tendência à análise e divisão do trabalho. Essas duas influências
definiram os rumos da administração até a década de 1990 (CHIAVENATO,
2003, p. 31).

A influência da Igreja Católica

O autor apresenta dois aspectos: a unidade de propósitos e princípios, fundamentais tanto na


organização religiosa quanto na militar, e a estrutura da organização religiosa, na qual uma só pessoa –
o Papa – pode operar e comandar uma organização de porte mundial.

A influência da organização militar

Veio de fatores como o desenvolvimento da organização linear, de táticas e manobras, de estratégias,


da criação dos conceitos de staff como assessoria à centralização do comando e de linha, cuidando da
execução descentralizada. Além disso, o princípio de direção, que preceitua que todo soldado deve saber
perfeitamente o que se espera dele e o que ele deve fazer, assim como os princípios da disciplina e do
planejamento.

A influência da Revolução Industrial

A primeira Revolução Industrial ocorreu de 1780 a 1860, com base na revolução do ferro e do
carvão. Caracterizou-se por meio de quatro fases: 1) mecanização da indústria e da agricultura; 2)
18
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

aplicação da força motriz à indústria; 3) desenvolvimento do sistema fabril e 4) espetacular aceleração


dos transportes e das comunicações.

Em seguida, de 1860 a 1914, ocorre a segunda Revolução Industrial, baseada no aço e na eletricidade.
Para Chiavenato (2003),

A organização e a empresa moderna nasceram com a Revolução Industrial,


graças a vários fatores, tais como: 1) a ruptura das estruturas corporativas da
Idade Média; 2) o avanço tecnológico e a aplicação dos processos científicos
à produção, a descoberta de novas formas de energia e a enorme ampliação
de mercados, e 3) a substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de
produção (CHIAVENATO, 2003, p. 35-36).

O autor ainda afirma que

O início da história da administração foi predominantemente uma história


de cidades, de países, de governantes, exércitos e da Igreja. A Revolução
Industrial provocou o surgimento das fábricas e o aparecimento da empresa
industrial, e, com isso, provocou as seguintes mudanças de época:

• substituição do artesão pelo operário especializado;


• crescimento das cidades e aumento da necessidade de administração
pública;
• surgimento dos sindicatos como organização proletária a partir do início
do século XIX. Somente a partir de 1890 alguns deles foram legalizados;
• início do marxismo em função da exploração capitalista;
• doutrina social da Igreja para contrabalançar o conflito entre capital
e trabalho;
• primeiras experiências sobre administração de empresas;
• consolidação da administração como área de conhecimento; e,
• início da Era Industrial, que se prolongou até a última década do
século XX (CHIAVENATO, 2003, p. 35-36).

A influência dos economistas liberais

Os estudos econômicos, que desde o século XVII já vinham desenvolvendo teorias para explicar
os fenômenos empresariais, evoluíram, passando pelo liberalismo, pelo socialismo científico e pelo
materialismo histórico, que obrigaram a construção de vários conceitos dentro das organizações para
tratar do aperfeiçoamento dos métodos de produção (racionalização do trabalho) e da adequada
remuneração.

19
Unidade I

A influência dos pioneiros e empreendedores

O aparecimento de iniciativas pioneiras e empreendedoras, principalmente nos Estados Unidos,


foi fundamental para a criação das bases que permitiram o surgimento da teoria administrativa. A
necessidade de gerenciar os empreendimentos que surgiam obrigou a criação de técnicas e de processos
de planejamento, de organização, de direção e de controle que ainda são vistos na prática administrativa
atual.

Em resumo: a administração não é uma atividade isolada, mas sim mais uma das inúmeras atividades
humanas. Fica claro que ela tanto sofre influências como também influencia o ambiente em que é
praticada.

Portanto, a formação de um pensamento administrativo foi, é e continuará sendo resultado de como


a humanidade cria e aplica seus paradigmas, em todas as áreas de sua atuação.

Saiba mais

Leituras que podem ajudar a ampliar a visão sobre os antecedentes


históricos da administração:

HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar


Editores, 1981. Disponível em <http://forumeja.org.br/df/files/Leo%20
Huberman%20-%20Historia%20da%20Riqueza%20Do%20Homem.pdf>.
Acesso em: 20 out. 2011.

Sobre a Revolução Industrial, sua história, antecedentes e causas:


<http://www.suapesquisa.com/industrial/>. Acesso em: 20 out. 2011.

1.3 As variáveis básicas da administração

A Teoria Geral da Administração (TGA) foi construída, ao longo do tempo, por várias correntes
teóricas (ou correntes de pensamento, ou escolas, ou abordagens). Cada uma dessas teorias propôs a
sua visão baseada em estudos com foco (ou ênfase) em algum assunto ou tema.

Essas escolhas constituem as variáveis básicas das escolas administrativas e são as seguintes: tarefas,
estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia.

Chiavenato (2003) acrescenta uma sexta variável: a competitividade.

20
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Tais variáveis estão inter-relacionadas numa organização como se pode ver na figura a seguir,
retirada desse autor:

Competitividade

Tecnologia Pessoas

Organização

Estrutura Ambiente

Tarefas

Figura 4

Hoje, sabemos que não é possível imaginar uma organização na qual, por exemplo, as tarefas sejam
o mais importante e as demais variáveis sejam encaradas como inexistentes ou menos relevantes.

É praticamente intuitivo para qualquer estudante atual de administração que as tarefas são
importantes (sem elas não há produto nas empresas), mas só fazem sentido se pessoas as estiverem
desempenhando, num agrupamento (estrutura), utilizando alguma técnica, ferramenta ou conhecimento
(ou seja, tecnologia) e operando dentro de um ambiente que influencia o trabalho e é, reciprocamente,
influenciado por ele. Tudo isso buscando a competitividade da organização, pois nenhuma empresa
sobrevive se não for competitiva no mercado de hoje.

Porém, quando os vários teóricos foram construindo a ciência administrativa, não dispunham ainda
dessa visão sistêmica. Então, de acordo com os problemas que mais os incomodaram ou estimularam,
foram propondo teorias com base nesta ou naquela variável, relacionando-as (ou combinando-as),
tentando explicar como a administração funcionava.

Assim, propuseram vários paradigmas diferentes, que hoje você pode dominar de maneira completa.

A seguir, as principais abordagens da administração, a(s) variável(eis) enfatizada(s) e o ano em que


surgiram:

21
Unidade I

Quadro 1 – Principais abordagens da administração

Teorias/abordagens Variável(eis) considerada(s) Anos


Administração científica Tarefas 1903
Teoria da burocracia Estrutura 1909
Teoria clássica Estrutura 1916

Teoria das relações humanas Pessoas 1932

Teoria estruturalista Estrutura e ambiente 1947


Teoria dos sistemas Ambiente 1951
Abordagem sociotécnica Ambiente 1953
Teoria neoclássica Tarefas, pessoas e estrutura 1954
Teoria comportamental Pessoas e ambiente 1957

Desenvolvimento organizacional Pessoas e ambiente 1962

Tarefas, pessoas, estrutura,


Teoria da contingência 1972
tecnologia e ambiente
Novas abordagens Competitividade 1990

Fonte: adaptado de CHIAVENATO, 2007, p. 30.

1.4 A organização

Organização é conceito fundamental para a administração, uma vez que toda a aplicação
administrativa vai ocorrer numa organização e nas consequentes inter-relações dela com outras
organizações.

Comecemos com o entendimento do que é e do que faz uma organização.

Em primeiro lugar, uma diferenciação entre duas interpretações para essa palavra:

• a organização, como função administrativa, deriva do verbo organizar, e é a responsabilidade


gerencial, que pertence ao Processo Administrativo definido por Henri Fayol e que tem como
objetivo preparar a empresa para realizar a tarefa para a qual foi criada;
• a organização, como substantivo, é o produto desse esforço de preparação gerencial, que resulta
numa empresa. Assim, por extensão, a empresa também é chamada de organização.

Então, sempre que falarmos em organização neste texto, estaremos nos referindo a uma dessas
conotações, que você vai perceber no contexto em que ela estiver aplicada.

A seguir, algumas definições de organização estabelecidas por pesquisas e por estudiosos, todas
encontradas no PPQG/IPEG, 2007, p. 66.

22
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Organização: companhia, corporação, firma, órgão, instituição ou empresa,


ou uma unidade destas, pública ou privada, sociedade anônima, limitada ou
com outra forma estatutária, que tem funções e estruturas administrativas
próprias e autônomas, no setor público ou privado, com ou sem finalidade
de lucro, de porte pequeno, médio ou grande (PPQG/IPEG, 2007).

Unidade social, conscientemente coordenada, composta de duas ou mais


pessoas, que funciona de maneira relativamente contínua para atingir um
objetivo comum (ROBBINS, 2005).

Organizações são entidades sociais que são dirigidas por metas, são
desenhadas como sistemas de atividades deliberadamente estruturados e
coordenados e são ligadas ao ambiente externo (DAFT, 2002).

Uma organização é uma combinação intencional de pessoas e de tecnologia


para atingir um determinado objetivo (HAMPTON, 1992).

Duas ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para


alcançar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos (STONER e
FREEMAN, 1985).

Em todas essas definições, encontramos os seguintes elementos comuns: o envolvimento de pessoas


(quem), a existência de algum processo de trabalho (como), e a definição de um propósito (o que),
definidor de tudo o que deve ser executado.

Stoner e Freeman (1985) discutem os seguintes aspectos relacionados com as organizações:

As organizações servem à sociedade: As organizações são importantes


porque são instituições sociais que refletem alguns valores e necessidades
culturalmente aceitos. Elas permitem que vivamos juntos e de modo
civilizado, e que realizemos objetivos enquanto sociedade. Das delegacias
de polícia às grandes corporações multinacionais, as organizações servem
à sociedade, transformando o mundo num lugar melhor, mais seguro, mais
barato e mais agradável de viver. Sem elas, seríamos pouco mais do que
animais com cérebros superdesenvolvidos.

As organizações realizam objetivos: Considere por um instante quantas


organizações estiveram envolvidas em trazer-nos o papel no qual este
livro foi impresso: madeireiros, uma serraria, fabricantes de vários tipos
de equipamentos e suprimentos, caminhoneiros, uma fábrica de papel,
distribuidores, companhias de telefone e eletricidade, produtores de
combustível, correios, bancos e outras instituições financeiras e muito
mais. Mesmo que um indivíduo sozinho pudesse fazer tudo o que essas
organizações fizeram para produzir uma resma de papel (o que é difícil de
23
Unidade I

acreditar), ele jamais poderia fazê-lo tão bem ou tão rapidamente. Com isso,
torna-se claro que as organizações e as pessoas que as administram realizam
esta função essencial: coordenando os esforços de diferentes indivíduos,
as organizações nos permitem alcançar metas que, de outra forma, seriam
muito mais difíceis ou até mesmo impossíveis de serem atingidas.

As organizações preservam o conhecimento: Sabemos que, se o


conhecimento registrado é destruído em larga escala (como quando o
museu e biblioteca de Alexandria foram incendiados nos século III), grande
parte jamais é recuperada. Dependemos dos registros das realizações
passadas como uma base de conhecimento sobre a qual possamos construir
ou adquirir mais aprendizado e chegar a maiores resultados. Sem esses
registros, a ciência e outros campos do conhecimento ficariam imobilizados.
Organizações como universidades, museus e corporações são essenciais
porque guardam e protegem a maior parte do conhecimento que nossa
civilização juntou e registrou. Neste sentido, as organizações tornam esse
conhecimento uma ponte contínua entre gerações passadas, presentes
e futuras. Além disso, as próprias organizações fazem aumentar nossos
conhecimentos, ao desenvolver meios novos e mais eficientes de realizar
coisas.

As organizações proporcionam carreiras: Finalmente, as organizações


são importantes porque proporcionam a seus empregados uma fonte de
sobrevivência e, dependendo do estilo e da eficácia de seus administradores,
até mesmo satisfação e autorrealização pessoal. A maioria de nós tende a
associar oportunidades de carreira com corporações empresariais, mas na
verdade muitas organizações, como igrejas, repartições públicas, escolas e
hospitais também oferecem carreiras compensadoras (STONER e FREEMAN,
1985, p. 4-5).

A aceitação de uma definição para organização é uma declaração de qual paradigma nos dirige,
assim como todas as nossas ações relacionadas com a administração revelam o nível de pobreza ou
de competência paradigmática que conseguimos construir para nós mesmos, como pessoas ou como
profissionais, ao longo de nossas vidas.

Saiba mais

Leitura complementar da maior importância para entender as


organizações:

WREN, D. A. Ideias de administração: o pensamento clássico. São Paulo:


Ática, 2007.

24
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

2 O PROFISSIONAL ADMINISTRADOR E PARADIGMAS

2.1 O administrador: competências e papéis

O terreno de trabalho do administrador é a organização.

As organizações, no entanto, em função de seu tamanho e complexidade, precisam ser entendidas


como sistemas que são formados por partes menores (subsistemas), tanto em relação às suas áreas de
atuação administrativa (especializações) quanto em relação aos níveis de autoridade (hierarquia).

Assim, uma organização típica poderia ser representada por vários departamentos, em que cada um
representa uma das várias especializações da administração e, todos estes departamentos constituem‑se
por diferentes níveis administrativos (hierárquicos ou de autoridade), conforme ilustra a figura seguir:

Níveis de administração
Tipos de gerente por nível e área
Gerentes de
Em geral, as organizações têm três níveis de alto escalão
administração, representados pelos gerentes
de alto e médio escalão e pelos gerentes
Gerentes de
de linha de frente. Independentemente do médio escalão
nível que ocupam, os executivos costumam
ainda ser associados a uma área específica
da organização, como marketing, finanças, Gerentes de
operações, recursos humanos, administrativa linha de frente
ou qualquer outra.
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Áreas de administração

Figura 5

Assim, os administradores (ou gerentes ou gestores) se localizam dentro das organizações, de acordo
com sua especialização e seu nível de autoridade.

Stoner e Freeman (1985), considerando os níveis de administração, definem:

Gerentes de primeira linha (ou de primeiro nível): gerentes responsáveis


apenas pelo trabalho de empregados operacionais; não supervisionam
outros administradores; são o “primeiro” nível (ou o mais baixo) dos gerentes
na hierarquia organizacional.

25
Unidade I

Gerentes médios: gerentes em posição intermediária na hierarquia


organizacional; são responsáveis por outros gerentes e, algumas vezes, por
alguns empregados operacionais.

Administradores de topo: responsáveis pela administração global


da organização. Estabelecem políticas operacionais e conduzem a
interação da organização com o seu ambiente (STONER e FREEMAN,
1985, p. 8).

Stoner e Freeman (1985), considerando as várias especializações ou âmbito das atividades que esses
profissionais administram, definem:

Administrador ou gerente funcional: responsável por apenas uma


atividade da organização, como produção, marketing ou finanças. Um
administrador funcional comanda pessoas envolvidas em um mesmo
conjunto de atividades.

Administrador ou gerente geral: supervisiona uma unidade complexa,


como uma companhia, uma subsidiária ou uma divisão operacional
independente. Ele é responsável por todas as atividades da unidade,
como a produção, o marketing e as finanças. Uma pequena empresa pode
ter apenas um administrador-geral – seu presidente ou vice‑presidente
executivo –, mas uma grande organização pode ter vários, cada um
comandando uma divisão relativamente independente. Numa grande
empresa de alimentação, por exemplo, pode haver uma divisão de
mercearia, uma divisão de produtos refrigerados e uma divisão de
congelados, com um administrador-geral diferente responsável por
cada uma. Como o executivo-chefe de uma pequena empresa, cada um
desses chefes de divisão é responsável por todas as atividades da unidade
(STONER e FREEMAN, 1985, p. 8).

Os administradores, de modo geral, precisam desenvolver competências que lhes permitam exercitar
sua profissão.

Entende-se por competência o conjunto de três condições, representadas mnemonicamente pela


sigla C.H.A., e que significa:

C = conhecimentos (saber)

H = habilidades (saber fazer)

A = atitudes (querer fazer)

26
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Um administrador precisa operacionalizar sua competência por meio de suas habilidades (o saber
fazer), de forma que possa ser bem-sucedido profissionalmente. Podemos chamá-las de habilidades
administrativas básicas.

Assim como os autores Chiavenato (2003) e Stoner e Freeman (1985), o pesquisador Certo (2003)
apresenta da seguinte forma esse conjunto de habilidades administrativas:

Habilidades administrativas: nenhuma discussão acerca dos recursos


de uma empresa estaria completa sem a menção das habilidades
administrativas, que talvez sejam o determinante primário de quão
eficazes e eficientes serão os gerentes. De acordo com um artigo clássico
escrito por Robert L. Katz, o sucesso do gerente depende muito mais de seu
desempenho do que de seus traços de personalidade. Katz também afirma
que a capacidade de atuação dos gerentes é resultado de suas habilidades
administrativas. Um gerente que possua as habilidades administrativas
necessárias provavelmente terá um bom desempenho e será relativamente
bem-sucedido. Outro que não possua essas habilidades provavelmente
terá um desempenho fraco e será relativamente malsucedido (CERTO,
2003, p. 9).

Katz aponta três tipos de habilidades como importantes para um desempenho administrativo de
sucesso: habilidades técnicas, humanas e conceituais:

• habilidades técnicas são aquelas que consistem na utilização de conhecimento especializado


e precisão na execução de técnicas e procedimentos relativos ao trabalho. Exemplos dessas
habilidades são engenharia, programação de computadores e contabilidade. A maioria das
habilidades técnicas está relacionada ao trabalho com “coisas” – processos ou objetos;
• habilidades humanas são aquelas que geram cooperação em meio à equipe que está sendo
liderada. Consistem em atitudes e comunicação no trabalho, interesses pessoais e coletivos – em
suma, trabalhar com pessoas;
• habilidades conceituais são aquelas que consistem na capacidade de enxergar a empresa como
um todo. Um gerente que possua habilidades conceituais é capaz de compreender a maneira
como várias funções da empresa se complementam, o modo como a empresa se relaciona com o
meio em que se insere e como as mudanças em um setor afetam o resto da empresa.

À medida que um funcionário caminha de um nível mais inferior de gerência em direção à alta
gerência, as habilidades conceituais se tornam mais importantes e as habilidades técnicas menos
importantes (veja a figura a seguir). A explicação lógica é que, à medida que os gerentes avançam
na empresa, eles se tornam menos envolvidos com a atividade de produção propriamente dita
ou com áreas técnica e mais envolvidos com a direção da empresa como um todo. Entretanto, as
habilidades humanas são extremamente importantes para gerentes de todos os níveis (alto e médio
e também dos níveis de supervisão). As pessoas são, afinal, o denominador comum de todos os
níveis de gerência.

27
Unidade I

A figura, a seguir, retirada de Certo (2003), relaciona essas habilidades com os níveis gerenciais:
Níveis de gerência Habilidades necessárias

Habilidades
Alta Necessita conceituais
gerência

Média Necessita Habilidades


gerência humanas

Gerência de supervisão ou Necessita Habilidades


operações técnicas

Figura 6

À medida que um gerente caminha do nível de supervisão até o ponto mais alto da gerência,
habilidades conceituais se tornam mais importantes que habilidades técnicas, mas as habilidades
humanas permanecem com a mesma importância.

Stoner e Freeman (1985, p. 10) mostram, de outra maneira, as gradações dessas habilidades de
acordo com os níveis de administração organizacionais:

Gerência de Gerência Administração


primeira linha intermediária de topo
Conceitual
Conceitual
Conceitual
Humana
Humana
Humana
Técnica
Técnica
Técnica
Habilidades relativas necessárias para o desempenho
eficaz em diferentes níveis da administração.

Figura 7

Chiavenato (2003, p. 6) resume assim as competências pessoais do administrador: “o sucesso


profissional do administrador é resultado da aplicação de suas habilidades técnicas, humanas e
conceituais por meio de suas competências duráveis, ou seja, do seu conhecimento (saber), de sua
perspectiva (saber fazer) e de sua atitude (saber fazer acontecer)”.

Esse autor também relaciona as funções do Processo Administrativo (PA) com algumas competências
que o administrador deve possuir para executá-las:

Relacionadas ao planejamento:

• pró-atividade e visão antecipatória;

28
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

• foco em objetivos estratégicos;


• visão do futuro.

Para a organização, são necessárias:

• visão sistêmica e holística;


• convergência;
• networking.

Quanto à direção:

• missão e valores;
• comunicação;
• liderança.

Por sua vez, controle envolve as seguintes:

• eficiência e eficácia;
• desempenho;
• foco em resultados.

Em sua atuação administrativa, os gerentes desempenham diferentes papéis, de acordo com o


exigido pelas circunstâncias.

Chiavenato (2003) e Stoner e Freeman (1985) apresentam o modelo dos dez papéis administrativos,
desenvolvido por Mintzberg, no qual esse autor mostra como a atuação gerencial acontece nas organizações.

No quadro a seguir estão as três categorias de papéis que um administrador desempenha


(interpessoais, informacionais e decisórios) e o que ele faz em cada uma, segundo Mintzberg:

Quadro 2 - Papéis do administrador

Paéis interpessoais Papéis informacionais Papéis decisórios

Como administrador Com o administrador intercambia e Como o administrador utiliza a


interage: processa a informação: informação nas suas decisões:
* Empreendedor
* Representação * Monitoração * Solução de conflítos
* Liderança * Disseminação * Alocação de recursos
* Ligação * Porta-voz * Negociação

Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 7.

29
Unidade I

Neste outro quadro, um detalhamento dessas três categorias, por meio dos dez papéis do
administrador e das atividades, representam-nos:

Quadro 3 – 10 papéis do administrador

Categoria Papel Atividade (responsável por)


• deveres cerimoniais e simbólicos;
• representação da organização;
Representação
• acompanhar visitantes;
• assinar documentos legais.
Interpessoal • dirigir e motivar as pessoas;
Liderança • treinar e aconselhar;
• orientar e se comunicar com os subordinados.
• manter redes de comunicação dentro e fora da organização;
Ligação
• fazer uso de malotes, telefonemas e reuniões.
• manter contatos pessoais;
Monitoração • mandar e receber informações;
• ler revistas e relatórios.
Informacional • enviar as informações para membros de outras organizações;
Disseminação
• enviar memorandos e relatórios, telefonemas e relatórios.
• transmitir informações para pessoas de fora, por meio de relatórios, conversas e
Porta-voz memorandos.
• iniciar projetos;
• identificar novas ideias;
Empreendimento
• assumir riscos;
• delegar responsabilidades de ideias para outros.
• corrigir ou decidir disputas ou crises;
Resolução de conflitos • resolver conflitos entre subordinados;
Decisorial • adaptar o grupo a situações de crises e de mudanças;
• decidir quem receberá recursos;
Alocação de recursos
• programar, orçar e estabelecer prioridades.

representar os interesses da organização em negociações:


Negociação - com sindicatos;
- em vendas, compras e financiamentos.

Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 7.

Finalizando, é preciso dizer algumas palavras sobre os desafios que se apresentam ao administrador
no desempenho de seus papéis.

Stoner e Freeman (1985, p. 11-14) acrescentam que, atualmente, além da exigência da eficácia,
os administradores enfrentam mais alguns desafios especiais, entre os quais se destaca o desafio da
competição internacional. Isso tem levado as organizações a tentarem novas formas de abordagem para
30
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

os seus talentos, desenvolvendo novos meios para poderem aproveitar os recursos de cada empregado.
Para poder enfrentar esse desafio, os administradores precisam atender às seguintes necessidades:

• a necessidade de visão: além de utilizarem todos os modelos matemáticos para auxílio na


tomada de decisões, os administradores precisam estar atentos para enxergarem as mudanças,
terem abertura para ouvir as pessoas e desenvolverem flexibilidade para perceber a empresa como
um todo e todas as circunstâncias que a envolvem;
• a necessidade de ética: é imperioso que os administradores estejam preocupados com os benefícios
e prejuízos relacionados com a atuação de seu negócio e saibam como decidir eticamente nessas
situações. Houaiss (2001) define ética como “parte da filosofia, responsável pela investigação
dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano,
refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações
presentes em qualquer realidade social” e por extensão como “conjunto de regras e preceitos de
ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”;
• a necessidade de diversidade cultural: as organizações precisam reconhecer e aproveitar os
seus talentos, independentemente de diferenças raciais, culturais ou sexuais, em qualquer área da
organização ou situação de negócios. Saber trabalhar com essas diferenças, ou seja, incentivar a
diversidade pode ser o diferencial de sucesso para uma organização;
• a necessidade de treinamento: é preciso estudar e procurar colocar em prática todo o
conhecimento adquirido. Ninguém nasce pronto e o desenvolvimento acontece com muito
esforço e dedicação. Treinamento não é um ponto de chegada, mas uma viagem, incessante, na
vida de um administrador. Este curso que você está fazendo é um excelente exemplo disso.

Dessa forma, para o bom exercício de sua profissão, o administrador precisa dedicar-se ao máximo
para saber colocar-se bem onde for necessário e desempenhar os papéis que forem esperados dele
ou lhe forem designados da melhor maneira possível. Melhor ainda se souber e puder atuar bem em
situações imprevistas!

2.2 Paradigmas

Este tópico foi desenvolvido com base em Caravantes, Panno e Kloeckner (2006).

Abrir a mente talvez seja a grande tarefa de qualquer ser humano durante a sua existência. Mas,
para o administrador, mente aberta é um requisito indispensável para o exercício de sua profissão.

O curso de administração, embora tenha disciplinas muito práticas, é fundamentado em conceitos e


em bases históricas, sem os quais você não entenderá completamente certas situações em que estiver
operando e então... Poderá decidir de modo inadequado!

A disciplina Evolução do Pensamento Administrativo, dentro do curso de Administração, é


fundamental, pois é o que se pode chamar de matriz conceitual (= origem de tudo!).

31
Unidade I

Porém, como você verá, o estabelecimento de um conceito não é tarefa fácil, pois nem sempre o
meio “está preparado” para recebê-lo bem (isso não significa somente aceitar o conceito, mas poder
criticá-lo honestamente e usá-lo adequadamente). Por quê?

Porque, trabalhar com conceitos, sem dúvida, é trabalhar com preconceitos!

Estamos decididamente no terreno dos paradigmas.

O trabalho do administrador envolve aplicação de conceitos cientificamente aprovados, o uso de


teorias ainda não devidamente testadas, e, sem dúvida, dentro desse quadro, a sua própria interpretação
disso tudo!

Três importantes pensamentos de homens célebres, citados por Caravantes, Panno e Kloeckner (2005,
p. 8) nos inspiram a refletir com cuidado sobre este assunto:

“A imaginação é mais importante que o conhecimento” (Albert Einstein).

“Formular novas questões, novas possibilidades, examinar velhos problemas a partir de um novo
ângulo exigem imaginação criadora e assinalam real avanço na ciência” (Walter B. Wriston).

“Nós somos prisioneiros daquilo que sabemos” (Walter B. Wriston).

Por estas “amostras”, já podemos perceber a importância da situação exigida da mente de um


administrador.

Thomas S. Khun, pioneiro do conceito de paradigma, citado por Caravantes, Panno e Kloeckner
(2005), diz-nos:

Já vimos que uma comunidade científica, ao adquirir um paradigma,


adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, enquanto
o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados de uma
solução possível. Numa larga medida, esses são os únicos problemas que
a comunidade admitirá como científicos ou encorajará seus membros a
resolver. Outros problemas, mesmo muitos dos que eram anteriormente
aceitos, passam a ser rejeitados como metafísicos ou como sendo parte
de outra disciplina. Podem ainda ser rejeitados como demasiadamente
problemáticos para merecerem o dispêndio de tempo. Assim, um paradigma
pode até mesmo afastar uma comunidade daqueles problemas sociais
relevantes com os instrumentos e conceitos proporcionados pelo paradigma
(KHUN In: CARAVANTES, PANNO e KLOECKNER, 2005, p. 8).

Um “perigo” a enfrentar é a pobreza paradigmática, que significa possuir um repertório conceptual


limitado. Ela é um fator restritivo no desenvolvimento de carreira de executivos promissores.

32
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

A riqueza de repertório paradigmático talvez seja a única diferença claramente definida para
avaliarmos a habilidade de um administrador, principalmente quando tratarmos de analisar e solucionar
grande quantidade de problemas e problemas variados.

Um paradigma ou uma estrutura conceptual pode ser comparado a um software, usado para
programar computadores. O software de programação não traz “em si” todos os programas existentes
no mundo, mas traz a potencialidade de podermos criar, com ele, os programas que quisermos!

O que é então um paradigma?

Paradigma é um modelo, um padrão aceito que explica e justifica tudo o que alguém faz ou quer
fazer.

“Um exemplo que serve como modelo; padrão” (HOUAISS, 2001).

Para Grog, conforme Caravantes, Panno e Kloeckner (2005):

Um paradigma pode ser definido como uma constelação de crenças, valores


e técnicas compartilhadas por membros de uma determinada comunidade
científica. Alguns paradigmas são de uma natureza filosófica básica e são
muito gerais e abrangentes, outros governam o pensamento científico em
áreas de pesquisa muito específicas e circunscritas (GROF In: CARAVANTES,
PANNO e KLOECKNER, 2005, p. 8).

De acordo com T. S. Kuhn, os paradigmas não têm apenas uma função explicativa, mas também
uma função normativa, pois eles tendem a definir o que é e o que não é possível, juntamente com as
explicações aceitas e não aceitas sobre como o mundo é constituído e como ele funciona. Na verdade,
em um período de “ciência normal”, a comunidade científica tende a rejeitar e a suprimir, algumas vezes
a um custo considerável, todas as “novas” explicações, porque elas são vistas como subversivas a suas
crenças e a seus compromissos básicos.

Kuhn argumenta que o surgimento de um novo paradigma científico se qualifica como um evento
com implicações verdadeiramente revolucionárias, dizendo que

novas teorias não podem surgir sem mudanças destrutivas nas velhas crenças
sobre a natureza. Uma teoria realmente nova e radical nunca é somente uma
adição ou incremento ao conhecimento existente. Ela muda regras básicas,
requer revisão drástica e reformulação das hipóteses fundamentais da
teoria anterior e envolve uma reavaliação dos fatos e observações existentes
(KHUN In: CARAVANTES, PANNO e KLOECKNER, 2005, p. 9).

Algumas mudanças de paradigmas estão limitadas a campos de conhecimento específicos, enquanto


outras podem ter uma grande influência em muitas disciplinas.

33
Unidade I

A competência paradigmática parte do princípio de que podem existir, simultaneamente, múltiplos


paradigmas e que o fator limitador está na capacidade humana de entender e incorporar essa noção.

O estudo dos paradigmas é essencialmente importante porque os paradigmas dominantes que


aprendemos em nossa cultura, isto é, o complexo de suposições e valores que criam a “realidade” para
nós, está prejulgando e predeterminando toda a nossa percepção do que está acontecendo.

Assim, a leitura e discussão dos estudiosos da “verdade”, especialmente os filósofos, será para nós
muito útil, na medida em que nos vão descortinando um universo imensamente rico de possibilidades,
tanto no que diz respeito à percepção dos fatos de nosso universo quanto à fixação de conceitos
científicos e/ou na sua aplicação prática.

Portanto, é fundamental que o administrador desenvolva uma competência paradigmática, na


qual aprenda como mudar a sua perspectiva conceptual, para deixar que as faculdades intuitivas de
sua mente “vejam” os problemas de diferentes ângulos, aumentando assim sua capacidade de inventar
soluções novas e criativas.

Percebe-se, então, que a abordagem racional para a solução de problemas não é o único caminho
que poderemos usar na busca de solução para nossos problemas pessoais ou organizacionais.

Por exemplo, quando nos deparamos com a ambiguidade (situação dúbia, complexa, com várias
possibilidades de interpretações, sendo algumas delas contraditórias) e com os paradoxos (contradições
aos conceitos estabelecidos ou sentidos aparentemente lógicos, mas que não fazem sentido dentro do
nosso universo conceitual), estaremos em situações complicadas. Nesse caso, as faculdades da intuição
e do insight (iluminação, estalo, luz) são indispensáveis, pois a lógica e a racionalidade não resolverão
facilmente nem a ambiguidade, nem os paradoxos.

Isso inclui trabalharmos com outros conceitos de educação, ou seja, com outros paradigmas que,
na maioria das vezes, desconhecemos ou sobre os quais sabemos apenas alguma referência passageira.

No caso da administração, a “invasão” das técnicas orientais sensibilizou e mudou muito os padrões
de gestão até então praticados no ocidente.

Mas a grande diferença percebida nessas duas formas de gerir não se encontra simplesmente nas
definições das técnicas, mas na maneira de “ver o mundo” pelo gerente ocidental ou oriental.

O gerente ocidentalmente educado dentro de padrões lógico-racionais perguntaria: “Qual seria o


provável benefício de usar a mente de forma não racional, como fazem os gerentes orientais?”.

Uma possível resposta emerge de situações cotidianas que esse gerente ocidental frequentemente
encontra, e que envolvem dados insuficientes, resultados não previsíveis, fatores humanos imponderáveis,
mudanças políticas e mudanças de mercado desconhecidas ou não previsíveis no ambiente externo à
organização. Essa lista de desconhecimentos torna qualquer solução racional virtualmente impossível,
porém, apesar disso, as decisões precisam ser tomadas!
34
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Nesse momento é que entra em cena a experiência do gerente oriental, que sabe usar sua mente de
maneira “não racional”.

A abordagem oriental para esse tipo de problema ensina a tentar abarcar toda a realidade da
situação, aquietando a mente e tentando experienciar uma compreensão unificante de todas as
suas capacidades conscientes e inconscientes. Algumas das informações conscientemente disponíveis
podem ser processadas pela mente racional; mas, nas margens da consciência, a mente também
terá insights adicionais não conscientes sobre o problema. O administrador treinado para acessar
esses níveis adicionais não racionais da mente pode favorecer-se de uma compreensão criteriosa da
realidade ambígua com a qual ele está se deparando e de como os problemas podem ser criativamente
resolvidos.

As faculdades intuitivas da mente ajudam a fazer uso dos dados que “estão à margem da consciência”
e auxiliam a ter uma visão mais ampla de um problema, e podem ser aumentadas se nos permitirmos
uma visão de mundo mística, oriental. A meditação silenciosa é a técnica básica praticada no Oriente
para esse fim.

Os filósofos ocidentais muito discutiram a contemplação do que seja a “verdade” sobre as coisas, ora
afirmando que a verdade independe do observador, ora garantindo que a verdade pessoal de alguém
sempre está baseada na realidade.

No fundo, sobra para os gerentes a diferença de visão de mundo que nós, os ocidentais, temos e que
os orientais defendem.

Enquanto para o Ocidente o conhecimento verdadeiro está baseado na escolha de um universo


mecanicamente ordenado, hiperestável e relativamente imutável, para a cultura oriental o mundo é um
fluxo contínuo.

Isso parece fazer sentido, pois a maioria dos eventos que afetam a vida das pessoas parece não
obedecer a regras simples de causa e efeito. Ao contrário, eles estão além de nós, frustrando qualquer
compreensão ampla e controle individual.

Assim, o administrador moderno não pode simplesmente “não concordar” com situações que
desconheça ou não perceba. Precisa ter uma postura aberta diante do universo, para que lhe seja
facilitada a compreensão quanto à sua atuação. Deve esforçar-se para “abrir a mente”, permitindo-se
entrar em contato com outras realidades que não apenas as suas.

O que deve ficar claro é que o importante não é apenas o volume de conhecimentos que podemos
adquirir, mas a forma como os entendemos e como poderemos aplicá-los.

Finalizemos esta primeira parte da apostila retornando ao pensamento formulado por Fayol e
citado em nossa introdução: “Não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de
administração: tudo é uma questão de proporção”.

35
Unidade I

Apesar de todas as críticas dirigidas à sua teoria, Fayol revolucionou a maneira como as empresas
deveriam ser gerenciadas, pois seus princípios ainda estão de pé. Ao mesmo tempo em que propunha
formas para se trabalhar, mostrava que elas deveriam ser flexíveis. Fayol já antecipava que não era
possível administrar com pobreza paradigmática, muito antes de esse conceito ter sido apresentado à
ciência por T. S. Kuhn!

O administrador, por definição, é um profissional da mudança.

Sem abertura para novos paradigmas, sua atuação será impensável.

Saiba mais

Para enriquecer nossa discussão sobre paradigmas, leia:

KUHN, T. S. A Estrutura das revoluções científicas. 7 ed. São Paulo:


Perspectiva, 2003. p. 262.

E também:

MATHEUS, R. F. A Estrutura das revoluções científicas: resumo crítico


detalhado. ABR/2005. Disponível em: <http://www.rfmatheus.com.br/doc/
revolucaocientificav2.3.pdf>. Acesso em 20 out. 2011.

2.3 Os vários paradigmas da TGA

A Teoria Geral da Administração (TGA), que é o nome mais comum pelo qual nossa disciplina Evolução
do Pensamento Administrativo também é designada, é composta por diferentes propostas, sendo cada
uma delas baseada em um paradigma próprio, ora divergente, ora convergente, ora dissociado, ora
integrado com relação aos paradigmas das demais propostas.

Cada uma delas, que podemos chamar de teoria de abordagem, de corrente de pensamento, de
escola, entre outros nomes, foi construída por um ou mais estudiosos levando em conta o paradigma
imperante em sua época, como base a ser respeitada, ou outro a ser modificado.

O que não se nega é que, nessa jornada, o modo de pensar a administração evoluiu, chegando aos
nossos dias como um rico painel, do qual o administrador tenta tirar o melhor proveito.

Embora existam várias maneiras de se apresentar a evolução das teorias da administração,


optou‑se por seguir a classificação estabelecida por Chiavenato (2003), composta pelas seguintes
oito abordagens:

36
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Abordagens prescritivas e normativas

1. Abordagem clássica da administração

- A administração científica
- Teoria clássica da administração

2. Abordagem humanística da administração – teoria das relações humanas

3. Abordagem neoclássica da administração

4. Abordagem estruturalista da administração: o modelo burocrático

Abordagens explicativas e descritivas

5. Abordagem estruturalista da administração: a teoria estruturalista

6. Abordagem comportamental da administração

- Teoria comportamental
- Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO)

7. Abordagem sistêmica da administração

- Tecnologia da informação e administração


- Teoria matemática da administração
- Teoria de sistemas

8. Abordagem contingencial da administração

Além dessas oito abordagens, novos paradigmas estão surgindo, por meio das novas abordagens
para a administração.

Essa classificação de Chiavenato (2003) nesses dois grandes blocos, as abordagens


prescritivas e normativas e as abordagens explicativas e descritivas não são uma classificação
rigorosamente cronológica, mas baseada num outro critério: o das ênfases dessas escolas de
pensamento.

As teorias prescritivas e normativas apresentam duas características: suas propostas podem ser
entendidas, nesta classificação, como “leis” a serem seguidas sem discussão, ou seja, determinam “como
a administração deve ser”.

37
Unidade I

Noutra direção, as escolas explicativas e descritivas não são preocupadas em fazer você aceitar
as suas definições, deixando assim margem para novas interpretações, ou seja, tentam mostrar a
administração “como ela é”.

Porém, a explicação mais consistente para essa classificação está mesmo na ênfase em cada uma
das teorias: enquanto as escolas normativas e prescritivas, ao escolheram variáveis básicas (tarefas,
estrutura e pessoas) voltaram-se totalmente “para dentro” das organizações, as explicativas e descritivas
escolheram as suas variáveis (estrutura, pessoas e tecnologia), só que todas elas consideraram também
o ambiente, ou seja, além de enxergarem a organização “por dentro”, preocuparam-se em relacioná-la
com o que ocorria fora dela. Portanto, paradigmas notoriamente diferentes.

Esta nossa discussão tem como objetivos:

• caracterizar para você cada uma dessas abordagens, mostrando a essência de suas propostas, os
principais nomes de autores e conceitos nelas envolvidos;
• permitir que você tenha, por meio dessa sequência de apresentações, uma visão do desenvolvimento
do pensamento administrativo, que ocorreu historicamente.

A seguir, uma adaptação de Chiavenato (2003), mostrando as oito abordagens citadas.

Quadro 4 – 8 Abordagens para administração

Abordagens prescritivas e normativas Abordagens explicativas e descritivas


Teoria das
Aspectos Teoria Teoria Teoria da Teoria Teoria Teoria dos Teoria da
relações
principais clássica neoclássica burocracia estruturalista comportamental sistemas contingência
humanas
No ambiente e
No ecletismo: tecnologia, sem
Nas tarefas e Na estrutura Na estrutura e Nas pessoas e no No
tarefas, desprezar as
Ênfase na estrutura Nas pessoas organizacio- no ambiente ambiente ambiente
pessoas e nal tarefas, pessoas
organizacional estrutura e a estrutura
Variável,
Abordagem Organização Organização Organização
Organização Organização Organização Organização dependente do
da formal e formal e como
formal informal formal formal e informal ambiente e da
organização informal informal sistema tecnologia
Estrutura Sistema Sistema social
Sistema
formal como Sistema social social como intencional- Sistema social
Conceito de social como Sistema Sistema aberto
conjunto de com objetivos conjunto mente cooperativo e
organização conjunto de aberto e fechado
órgãos, cargos a alcançar de funções construído e racional
papéis
e tarefas oficializadas reconstruído
Homem
Concepção Homem Homem organizacional Homem orga- Homem Homem Homem Homem
do homem econômico social e nizacional organizacional administrativo funcional complexo
administrativo
Incentivos Incentivos
Incentivos Incentivos Incentivos
Sistema de mistos, tanto mistos, tanto Incentivos Incentivos
materiais e sociais e materiais e Incentivos mistos
incentivos materiais materiais como mistos mistos
salariais simbólicos salariais
como sociais sociais
Resultados Máxima Satisfação do Eficiência e Máxima Máxima Eficiência Máxima Eficiência e
almejados eficiência operário eficácia eficiência eficiência satisfatória eficiência eficácia

Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 622-623.

38
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

Resumo

Administrar é uma atividade que pode ser definida de diferentes


maneiras e não é possível de ser realizada sem a aplicação dos conceitos de
eficácia e de eficiência.

A administração recebeu influências históricas de várias fontes, desde


o pensamento filosófico até as práticas de grandes empreendedores e
se valeu de seis variáveis básicas (ênfases) sobre as quais construiu suas
diferentes teorias.

A prática da administração acontece no contexto das organizações,


que para existirem e funcionarem apresentam níveis hierárquicos
e especializações funcionais. Nelas, os administradores necessitam
desenvolver sua competência e três habilidades básicas para que possam
realizar suas tarefas.

Assim, espera-se do administrador o desempenho de dez diferentes


papéis classificados em três categorias e que ocorrem em qualquer
organização. Além disso, o administrador, para fazer frente às exigências
impostas pelos desafios internacionais, precisa atender às necessidades de
visão, de ética, de diversidade cultural e de treinamento.

Por fim, o conceito de paradigmas (modelos ou padrões que explicam


e justificam as ações humanas) está aqui relacionado com a administração
pela maneira como as várias teorias administrativas elaboraram suas
propostas.

Exercícios

Questão 1. Leia o trecho:

[...] administrar consiste em tomar decisões relativas ao estabelecimento de objetivos estratégicos,


táticos e operacionais, elaboração de estratégias de curto, médio e longo prazos e criação de sinergia
entre as partes organizacionais, visando à atingir os objetivos organizacionais [...]

porque...

Os gestores de primeira linha, denominados pelo termo inglês CEO (Chief Executive Officer),
também podendo ser chamados Presidente, Vice-Presidente, ao ocupar o cargo mais alto na pirâmide
organizacional, são responsáveis pelo direcionamento estratégico global da organização e por seus
recursos disponibilizados.
39
Unidade I

A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que

A) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.


B) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
C) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
D) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
E) As duas afirmações são falsas.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

Verifica-se que a afirmativa de que “...administrar consiste em tomar decisões relativas ao


estabelecimento de objetivos estratégicos, táticos e operacionais, elaboração de estratégias de curto,
médio e longo prazos e criação de sinergia entre as partes organizacionais, visando à atingir os objetivos
organizacionais...”, é verdadeira, pois, o administrador no exercício da sua profissão – e em função
dos diversos tipos de organização – definirá as estratégias, elaborará pareceres, relatórios, planos,
projetos, arbitragens e laudos em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas
de organização. Além destes procedimentos, realizará pesquisas, estudos, análises, interpretação,
planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral,
como: administração e seleção de pessoal, organização, análise, métodos e programas de trabalho,
orçamento, administração de material e financeira, administração mercadológica, administração de
produção, relações industriais, além de outros campos em que estes se desdobrem ou com os quais
sejam conexos, segundo a lei que instituiu a profissão.

Quanto à afirmativa “Os gestores de primeira linha, aqueles denominados pelo termo inglês CEO
(Chief Executive Officer), também podendo ser chamados Presidente, Vice-Presidente, ao ocupar o
cargo mais alto na pirâmide organizacional, são responsáveis pelo direcionamento estratégico global da
organização e por seus recursos disponibilizados”, é falsa.

Os gestores de primeira linha, segundo os estudos, até aqui desenvolvidos, situam-se no plano-
base da pirâmide organizacional, o nível mais baixo de gerência. Geralmente são identificados como
supervisores e gerenciam apenas trabalhadores operacionais, sendo os CEO, denominação das aos altos
executivos, que se apresentam como os altos gestores da organização. Assim, esta afirmativa é falsa.

Questão 2 (Adaptada de Enade 2006 – Economia). “... a certa altura da década de 1780, [...], foram
retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas.”

Hobsbawn (1977) se refere ao processo de transformação socioeconômica de grande profundidade


que eclode na Inglaterra, consagrado como revolução industrial, como primeiro caso de industrialização,
e em contraste com outros casos nacionais que se seguiram.

40
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

A partir desta data, eclodiu uma série de etapas da revolução, cada uma com características
específicas, entre as quais podem ser apontadas:

I. Mudanças tecnológicas de base científica, fazendo com que antigas estruturas fabris convivessem
com modernas técnicas produtivas.

II. Grande atuação da Administração Pública, na primeira revolução industrial, para equilibrar o
descompasso existente entre o capital e o trabalho.

III. Formação de novas organizações empresariais e sindicais, iniciando o modelo corporativo e a da


empresa industrial.

É (São) típica (s) a( s) característica (s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

Resolução desta questão na plataforma.

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