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06/07/2021 Serviços ambientais – Wikipédia, a enciclopédia livre

Serviços ambientais
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Serviços ambientais, ecossistêmicos ou naturais são os


serviços que a natureza fornece ao homem e que são
indispensáveis à sua sobrevivência, estando associados à
qualidade de vida e bem estar da sociedade.

Os exemplos incluem proteção contra desastres naturais,


controle da erosão, polinização, fertilização do solo pelas fezes de
animais, decomposição de animais e plantas por
microrganismos. As florestas fornecem madeira, alimentos,
substâncias medicinais e fibras, purificam a água, regulam o
clima e produzem recursos genéticos. Os sistemas fluviais
disponibilizam água doce, energia e recreio. As zonas úmidas Abelha polinizando a flor de
costeiras filtram os resíduos, mitigam as cheias e servem de abacate. A polinização é apenas um
viveiro para a pesca comercial. Esses são alguns dos exemplos tipo de serviço ambiental.
dos serviços que os ecossistemas fornecem.[1][2]

Índice
Categorias
Histórico
Pagamentos por serviços ambientais
Ver também
Referências

Categorias
Os serviços podem ser classificados da seguinte forma:[1][3]

Serviços de Provisão: São aqueles serviços relacionados com a capacidade dos ecossistemas
em prover bens, sendo eles, alimentos (frutos, raízes, mel), matéria-prima para produção de
energia (carvão, lenha), recursos bioquímicos e genéticos, água e plantas ornamentais.
Serviços de Regulação: Benefícios obtidos da regulação de processos ecossistêmicos, como
controle do clima, purificação do ar, purificação e regulação dos ciclos das águas, controle de
erosão e enchentes, controle de pragas e doenças.
Serviços Culturais: Estão relacionados com a importância dos ecossistemas em oferecer
benefícios recreacionais, educacionais, estéticos, espirituais.
Serviços de Suporte: Serviços necessários para a produção de todos os outros serviços
ecossistêmicos, como ciclagem de nutrientes, formação do solo, produção primária, polinização
e dispersão de sementes.

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Histórico
O conceito de serviços ambientais apareceu no momento em que a sociedade se deu conta de que
alguns bens imprescindíveis para a vida no planeta começavam a apresentar sinais de escassez ou
risco de desaparecimento, com efeitos sobre a qualidade de vida humana que, levados ao extremo,
podem comprometer sua existência. Dados de pesquisas diversas indicaram que bens como água
doce e qualidade do ar corriam sérios riscos de alcançar um nível de disponibilidade e qualidade
incompatível com a demanda da sociedade. No Brasil, esses bens ambientais foram alvo de inúmeras
discussões a partir do início da década de 80 do século passado, sendo bandeira de luta inserida nas
pautas de reivindicações de muitos movimentos ecológicos e sociais, os quais exigiam que as
atividades humanas e, em especial, os empreendimentos econômicos, precisavam ser
regulamentados e normatizados, com o objetivo de preservação da qualidade ambiental (Mendonça &
Fernandes 2010).[4]

Programas de conservação do solo e água no mundo têm um caso emblemático nos Estados Unidos
da América e Canadá na década de 1930, período de severas tempestades de poeira conhecidas como
Dust Bowl, que causaram enormes prejuízos agrícolas e ambientais nas terras de pradaria. Causadas
pelo mau uso da terra, em décadas de produção extensiva e sem técnicas preventivas de erosão,
milhões de hectares de terra tornaram-se improdutivas e centenas de milhares de pessoas foram
forçados a migrar em direção ao Oeste, principalmente os sem terras (arrendatários) (Joy, 1995).[5]

Em 1933, uma das primeiras medidas do Presidente americano na época, Franklin Roosevelt foi criar
o Serviço de Conservação do Solo, hoje ampliado para Serviço de Conservação de Recursos
Naturais.[5]

Segundo Shiki (2008), o Brasil recebeu fortes influências desta experiência americana, que difundiu
práticas mecânicas de conservação do solo, como curvas de nível, terraços e rotação de culturas,
sobretudo a por meio do Programa Usaid de Cooperação Técnica e os Ministérios da Agricultura e da
Educação. Comissões temáticas foram criadas para dar origem, ainda na década de 1950 ao sistema
ACAR (Associação de Crédito e Assistência rural) e a Comissão de Solos do Departamento Nacional
de Pesquisa Agropecuária (DNPA). O próprio sistema de classificação de solos utiliza o modelo
americano, resultante desta cooperação.[5]

Pagamentos por serviços ambientais


De acordo com Tornquist & Bayer (2009), ao se admitir a existência destes serviços da Natureza,
muitos dos quais são de necessidade imediata para a humanidade, abre-se o caminho para a
compensação por estes serviços a quem os mantém, usualmente proprietários rurais, o que vem
sendo chamado de pagamento pelo serviço ambiental (PSA). Nesta lógica inserem-se um indivíduo
ou grupo que provê, proporciona ou cuida do serviço ambiental (“vendedor”) e os beneficiários que
pagam ou compensam pela disponibilidade e qualidade destes serviços (“compradores”). O PSA
pressupõe que os vendedores, provedores de serviços ambientais, realizem ações claras, efetivas e
duradouras nos ecossistemas envolvidos, sendo que estas ações devem ser monitoradas de forma
independente, de forma a garantir a credibilidade da negociação e proporcionar ganho ambiental
inequívoco.[6]

Os pagamentos pelos serviços podem ocorrer de diversas formas: a) transferências diretas de valores
monetários; b) favorecimento na obtenção de créditos; c) isenção de taxas e impostos (renúncia
fiscal); d) fornecimento preferencial de serviços públicos; e) disponibilização de tecnologia e
capacitação técnica; f) subsídios na aquisição de produtos e insumos (UNEP et al. 2008). Por outro
lado, alguns aspectos do conceito de PSA, especialmente quando este envolve pagamentos diretos em
dinheiro ou créditos, têm sido alvo de críticas. Existem dificuldades em garantir que a implementação
de PSA em uma área não leve a transferência das ameaças ou danos ambientais para outras áreas fora
do projeto. Também os recursos advindos dos PSA podem ser mal aproveitados ou mal gerenciados
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pelos beneficiários, resultando em conflitos na hora da repartição dos valores. Em algumas regiões e
culturas, os PSAs podem ser vistos como “suborno” ou ameaça à soberania local (Ferraro & Kiss
2002).[6]

Atualmente, na Costa Rica existe um programa oficial de PSA, o Programa de Pago por Servicios
Ambientales (PPSA), pelo qual proprietários de terras recebem pagamento direto pelos serviços
ambientais advindos de suas terras, desde que adotem usos e práticas de manejo das terras que
minimizem o impacto ecológico e mantenham a qualidade de vida.[6]

Já nos Estados Unidos, o USDA administra uma série de programas voluntários de incentivo e apoio
à conservação das terras, da biodiversidade e das paisagens rurais. Dentre esses programas, tem-se o
CRP (Conservation Reserve Program): que é um programa voluntário para a agricultura, estabelecido
há 20 anos. Ao aderir ao CRP – por períodos que variam de 10 a 15 anos – os produtores recebem
pagamentos anuais para implementar práticas conservacionistas, que vão desde práticas de controle
da erosão, adoção do plantio direto, até mesmo a retirada de áreas marginais da agricultura para
restauração de vegetação natural (especialmente pastagens). Este “aluguel” anual pago pelo Estado é
calculado pela média da renda obtida em lavouras ou pastagens da região. A participação é
competitiva e depende do levantamento de uma série de indicadores ambientais que configuram o
“valor ecológico” e risco de degradação das áreas inscritas. O programa tem seu principal foco nas
lavouras e pastagens em zonas ripárias, e na restauração de banhados e outras áreas úmidas que
possam contribuir para a manutenção da qualidade da água. Atualmente existem mais de 13 milhões
de hectares neste programa, que paga mais de US$ 1 bilhão em aluguéis por ano.[6]

No Brasil, o Programa Nacional de Florestas (PNF), reconhece a importância das florestas na


proteção dos mananciais hídricos de abastecimento público e propõe a aplicação de parte da tarifa de
água na recuperação de áreas de preservação permanente de bacias hidrográficas (MMA, 2000).[7]

Em São Paulo, um movimento pioneiro no âmbito da bacia do rio Corumbataí gerou uma iniciativa
exemplar pelo poder público, apoiada pela sociedade civil organizada. O município de Piracicaba
decidiu investir, através da sua companhia de águas e esgotos – SEMAE, em ações de conservação e
recuperação florestal, para garantir o suprimento de água em qualidade e quantidade, necessárias à
sua população de quase meio milhão de habitantes. Para isso, a SEMAE recolhe R$ 0,01 por cada m3
de água captada, possibilitando a execução de projetos de sementeiras, reflorestamento e educação
ambiental. Os recursos arrecadados propiciaram a elaboração de um Plano Diretor Florestal para a
Bacia do Rio Corumbataí (IPEF, 2002).

Apesar das iniciativas supracitadas, o reconhecimento dos serviços gerados pela cobertura florestal
ainda é incipiente e está longe de ser concretizado. De acordo com a economia ambiental, a
degradação dos recursos naturais ocorre pela ausência de regras claras a serem aplicadas sobre o
meio ambiente, ficando este fora do mercado (MAN YU, 2004). Segundo o mesmo autor, caso a
economia ambiental consiga atribuir o verdadeiro valor aos bens e serviços ambientais, estes poderão
ser manejados como qualquer recurso econômico escasso.

Ver também
Avaliação Ecossistêmica do Milênio

Referências
2. World Resources Institute. "What Are
1. Secretariado da Convenção sobre Ecosystem Services?" (http://www.wri.org/proj
Diversidade Biológica. Panorama da
ect/mainstreaming-ecosystem-services/about)
Biodiversidade Global 3 (http://www.cbd.int/gb
https://pt.wikipedia.org/wiki/Serviços_ambientais 3 Di B li Dí S d & M Gl 3/4
06/07/2021 Serviços ambientais – Wikipédia, a enciclopédia livre
( p g
o3/), 2010, p. 23 3. Dias, Braulio; Díaz, Sandra & McGlone,
Matthew (leading authors). "Biodiversity and

Linkages to Climate Change". In: Technical das Mudanças Ambientais. 1. ed. Rio de
Expert Group on Biological Diversity and Janeiro: Embrapa Solos, 2010
Climate Change. Interlinkages between 5. Shiki, Shigeo. Uso de mecanismos de
Biological Diversity and Climate Change: pagamentos por serviços ambientais na
Advice on the integration of biodiversity conservação do solo e água. 2008]
considerations into the implementation of the 6. Pillar, Valério De Patta; et al. Campos Sulinos
United Nations Framework Convention on
conservação e uso sustentável da
Climate Change and its Kyoto Protocol.
biodiversidade. 2. ed. Brasília: MMA, 2009.
Secretariat of the Convention on Biological
Diversity, 2003, p. 20 7. Guedes, Fátima Becker e Seehusen, Susan
Edda (Orgs). Pagamentos por Serviços
4. Calegari, Ademir; et al. Manejo e
Ambientais na Mata Atlântica: lições
Conservação do Solo e da Água no Contexto aprendidas e desafios. Brasília: MMA, 2011]

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