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AULA 1

ANÁLISE DE CENÁRIOS
FINANCEIROS

Prof. Alexandre Francisco de Andrade


CONVERSA INICIAL

Um bom planejamento estratégico é fundamental para aproveitar as


oportunidades que o cenário político e econômico favorecerão. Isso porque ele
possibilita que a organização direcione seus recursos para onde realmente são
necessários, projete resultados futuros com maior precisão, neutralize riscos e
falhas operacionais, aproveitando melhor as oportunidades e desenvolvendo uma
vantagem competitiva forte.
Esta aula mostra-nos como objetivo a importância de ver e simplificar um
futuro complexo, dando a oportunidade de questionar sobre o que fazer e prever
como responder a um determinado evento que pode acontecer.
Os temas a serem abordados nesta aula de Planejamento Estratégico e
Análise de Cenários são:

 Tema 1: A importância do planejamento estratégico organizacional

 Tema 2: Tomada de decisões empresarias na visão estratégica

 Tema 3: Estabelecimento de objetivos empresariais

 Tema 4: A importância da análise de cenários nos processos decisórios

 Tema 5: Ampliando seu conhecimento por meio do uso de planilhas do


Excel

CONTEXTUALIZANDO

Este tema mostra-nos a importância do planejamento estratégico e


análise de cenários para as empresas. No mundo do planejamento estratégico, a
análise de cenários é uma forma de ver e simplificar um futuro complexo, dando
a oportunidade de questionar sobre o que fazer e prever como responder a um
determinado evento que pode acontecer. Nas organizações, a análise de
cenários fornece uma oportunidade de ter uma discussão estratégica em torno
dos principais fatores e incertezas.
Os cenários são uma ferramenta de gestão para melhorar a qualidade da
tomada de decisões organizacionais. Muitos gestores nunca trabalham o tempo
necessário para fazer análise de cenários, mas é considerável fazer um esforço
para elevar os limites da visão estratégica, principalmente no estabelecimento
dos objetivos empresariais. A importância da análise de cenários no
planejamento estratégico está ligada aos processos nas seguintes situações:

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quando a alta administração e seus gestores principais necessitam elevar o
planejamento num horizonte além das suas perspectivas; quando a empresa
inicia a atualização do planejamento e necessita rever a visão estratégica,
especialmente num futuro incerto e de riscos; quando a empresa está
começando do zero e quer garantir uma direção estratégica que incorpora todas
as projeções financeiras; quando a empresa está tentando fazer com que seus
gestores pensem de forma livre das amarras convencionais; e quando a
empresa deseja desenvolver planos de ação para os riscos de curto prazo.
Com o planejamento estratégico e análise de cenários, cria-se uma
variedade de possibilidades futuras, e a grande oportunidade num determinado
mercado dependerá de como a empresa está preparada para ameaças
inesperadas.

TEMA 1 – A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO


ORGANIZACIONAL

O planejamento auxilia uma organização a traçar uma direção para a


realização de seus objetivos. O início deste processo consiste em rever todas as
operações atuais da organização e identificar as necessidades de melhorias
operacionais. Todo planejamento por meio das informações apresenta uma
previsão dos resultados que a organização quer alcançar, além de especificar o
que é necessário para chegar ao que foi planejado, podendo ser algo medido em
termos financeiros ou objetivos específicos que a organização necessite atender
de imediato na satisfação do cliente.
Para Chiavenato e Sapiro (2003, p. 311), somente existirá um
planejamento se houver acesso a determinadas informações:

Não há processo de planejamento estratégico sem acesso às


informações do ambiente externo e interno da organização. Assim,
usando o máximo de informação e conhecimento do presente e
passado, procura-se pela inteligência organizacional minimizar as
incertezas e os riscos nas decisões tomadas na elaboração de
estratégias.

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Figura 1 - Planejamento estratégico

De acordo com Nogueira (2014, p. 5), o planejamento envolve objetivos


organizacionais para criar planos a serem alcançados, pois o planejamento deve
ter uma orientação para a direção que a empresa deve seguir.
Como os recursos são limitados, o processo de planejamento de uma
organização deve ter na gestão uma direção precisa, com informações eficazes
para uma tomada de decisão. O uso correto dos recursos permite à organização
atingir seus objetivos, e com o aumento da produtividade, os recursos não serão
desperdiçados em projetos com pouca chance de sucesso.
Para Drucker (2006, p. 89), os recursos devem estar alocados com os
resultados previstos e necessário conhecimento em:

• Como os recursos estão alocados no momento

• Como os recursos devem ser alocados no futuro para sustentar as


atividades que geram as melhores oportunidades

• Quais etapas são necessárias para que o cenário atual se transforme no


que deve ser

Observando os resultados previstos, as etapas que estabelecem metas


na organização para melhorar o desempenho são aspectos-chave do processo
de planejamento, pois os objetivos estratégicos devem ser agressivos e realistas
para que as organizações não estejam propensas a perder terreno para os
concorrentes. Neste processo de objetivos, observa-se uma importância para os
gestores no entendimento do ambiente externo e interno, assim como a fixação
de metas na previsão de resultados que devem ser comparados com os
resultados reais.
Analisar desvios significativos nos resultados previstos e tomar medidas
para corrigir situações em que as receitas foram inferiores ou de gastos
elevados no plano são fatores-chave para permitir a sobrevivência das
organizações.
A falta de análise ou correção das situações de riscos na gestão pode
impactar no sucesso de uma organização, pois nem mesmo as maiores
corporações podem controlar o ambiente econômico e competitivo em torno
deles. Sabemos que muitos eventos são imprevisíveis e têm que ser tratados
rapidamente, para não haver um grande impacto financeiro negativo e grave na
organização. Então, o planejamento incentiva o desenvolvimento de cenários

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nos quais os gestores preveem os possíveis fatores de risco, desenvolvendo
planos de contingência.
As organizações devem ser capazes de ajustar rapidamente suas
estratégias conforme o ritmo acelerado das mudanças nos negócios.
Devido a incertezas nas mudanças nos negócios, a construção de equipes
especialistas e colaborativas deve ser promovida pelo planejamento, pois todo
plano concluído e comunicado aos membros da organização fortalece as
responsabilidades de todos, principalmente na assistência de outras áreas
competentes da organização para completar as tarefas já atribuídas.
Conforme Monteiro e Braga (2005, p. 181), as equipes obtêm melhores
resultados se forem compostas por profissionais com características mais
administrativas, organizadas e sistematizadas, com outros profissionais criativos,
empreendedores e proativos.
Para Mintzberg (2004, p. 225), “toda mudança estratégica envolve alguma
experiência nova, um passo no desconhecido, uma dose de risco”. O que
podemos dizer é que nenhuma organização sabe se uma competência
estabelecida será uma força ou fraqueza.
O planejamento auxilia competitivamente as organizações a ter uma visão
realista de suas fraquezas em relação aos atuais concorrentes. Uma equipe de
gestão preparada pode procurar áreas específicas em que os concorrentes
podem estar vulneráveis, e então as estratégias de marketing podem aproveitar
estas fraquezas.
Veja o seguinte exemplo, citado por Nogueira (2014, p. 48): “Uma empresa
tem a fraqueza de estar com pouca quantidade de recursos para investimentos. E
a crescente abertura para o mercado internacional faz com que um novo
concorrente, poderoso, com fortes disponibilidades de investimentos, se insira no
mercado em que nossa empresa atua” (Nogueira, 2014).
As ações dos concorrentes também podem ajudar as organizações a
identificar as oportunidades, tais como mercados internacionais emergentes ou
oportunidades de mercado de produtos para grupos de clientes completamente
diferentes. “As decisões em resposta às oportunidades surgem quando gestores
respondem às formas de melhorar o desempenho das organizações” (Maçães,
2014).

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TEMA 2 – TOMADA DE DECISÕES EMPRESARIAIS NA VISÃO ESTRATÉGICA

Neste ponto, observamos que a organização pode ter planejado seu


negócio até os detalhes mais minuciosos, mas é importante ressaltar que os
processos de suprimento, gestão de pessoas, a produção, os canais de
distribuição e as funções de apoio não somam um negócio de sucesso sem uma
visão estratégica, pois este é um conjunto de tarefas e ações que orienta as
decisões empresariais.
Para tanto, formar uma visão estratégica, voltada às tarefas empresariais
essenciais, significa agregar um valor inestimável à organização.
A visão estratégica abrange o foco holístico, sistêmico e no longo prazo,
que permite uma enorme e profunda capacidade de diagnosticar situações e
com uma incrível capacidade proativa e intuitiva (Chiavenato, Matos, 2009).
A visão estratégica de uma organização deve estar fixada a sua visão no
que deve fazer para obter o sucesso, pois rever a visão é começar a pensar nas
ações que precisará tomar.
Para Chiavenato e Matos (2009, p. 25), o fator de sucesso da
organização dependerá da educação empresarial na renovação contínua através
de uma liderança renovadora (Figura 1).

Figura 2 - Por que as organizações têm sucesso ou fracassam? Fonte:


Chiavenato e Matos (2009)

A liderança deve começar a formular sua visão estratégica pelo fim das
ações de seus processos, pois a organização precisa saber o que vai fazer

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especificamente quando o resultado das suas ações estiver totalmente
amadurecido no mercado. Por exemplo, sua organização pode imaginar
distribuir seus produtos para todos os países industrializados ou operar com
diversas lojas nestes países. Note que isto são apenas declarações de ação,
pois focar no que sua organização está fazendo é o resultado para um sucesso
ser alcançado.
A organização pode imaginar todas as estratégias necessárias, mas deve
evitar assumir mais do que pode controlar. Vamos pensar assim: “Seria bom
criar uma visão estratégica da organização que lidará com toda a sua gestão de
distribuição, mas se ela não sabe ou tem expertise em gerenciar canais de
distribuição, é melhor alterar sua visão estratégica, para que a organização
busque terceirizar as áreas que estão fora de suas competências essenciais”.
Então, a organização deve ter em sua visão estratégica projetos-chave
para que o planejamento cumpra através de determinadas ações e chegue ao
sucesso. Por exemplo, se a visão da organização afirma que abrangerá uma
maior quota de mercado em determinada região, os projetos-chave ajudam a
organização a conseguir isso, pois estes podem incluir a introdução de novos
produtos, criando um branding ou estrategicamente abrindo filiais em
determinada cidade.
O planejamento é o processo que envolve a tomada de decisões em
cenários prováveis, visando definir um plano para atingir uma situação futura,
com base nas informações de determinadas variáveis (Mosimann; Fisch, 1999,
p. 44).
Conforme Mintzberg (2004, p. 24), a “decisão significa comprometimento
com a ação, e toda decisão considera o futuro por meio de uma promessa de
agir, seja ela para comercializar um produto em dez anos ou despachar um em
dez minutos”.

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TEMA 3 – ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS EMPRESARIAIS

Para estabelecer seus próprios objetivos empresariais, primeiro devemos


entender a natureza e a finalidade destes objetivos. Muitas empresas confundem
seus objetivos com uma declaração sobre seu negócio, permitindo que outros
saibam o que a empresa tem a oferecer, mas isso não é um objetivo empresarial
verdadeiro.
Um objetivo empresarial é uma declaração de metas para sua empresa,
em vez de uma declaração do que você faz no seu negócio ou produtos que
oferece, pois um objetivo empresarial está direcionado num ponto futuro dos
negócios a que a empresa quer chegar.
Você define metas para ter algum sentido no porquê de tomar decisões
sobre os negócios.
Saiba mais
Kellogg acorda com P&G comprar marca Pringles por US$ 2,7 bi
Com sede em Battle Creek (Michigan), a operação representará que a
Kellogg avance em seus objetivos empresariais globais tanto no setor de
aperitivos quanto no de cereais, no qual já é um dos líderes. A empresa iniciou a
expansão nesse setor com a aquisição há mais de uma década da Keebler, que
agora reforça com a nova compra as marcas de aperitivos como Cheez-it e
Special K Cracker. “Nos Estados Unidos, o negócio representa uma nova fonte
de crescimento para a companhia, ao reforçar sua presença nessa categoria”,
indicou Kellogg, que ressaltou que internacionalmente a “Pringles é uma marca
forte e integra uma plataforma” com condições de continuar crescendo.
Conforme o diretor-executivo, John Bryant, o acordo indica ainda a possibilidade
de ampliar o negócio nos países da América Latina. [Exame/Negócios]
Fonte: Portal Exame, 2012.

Um objetivo certo para o negócio da organização indica exatamente o que


precisa ser feito hoje, para que no futuro o sucesso seja alcançado. Por isso, os
objetivos têm grande importância, pois um plano de negócio empresarial pode
ter sucesso ou ser um fracasso, e a organização deve ter algum tempo para
pensar nos melhores objetivos para o seu negócio, e estes devem ser tão
precisos quanto detalhados. Para Chiavenato (2009, p. 35), os objetivos são
importantes por várias razões:

• Definem previamente um alvo ou meta a atingir

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• Funcionam como guias para a ação coletiva

• Servem como padrão de referência para avaliar o resultado


alcançado

• Proporcionam a todos uma ideia sobre aonde se pretende chegar

• Permitem integração e coordenação para a união de esforços


conjuntos

• Servem para monitorar o progresso em relação ao alvo ou meta

Ao estabelecer os objetivos empresariais, deve-se ter uma compreensão


clara de como será a sua empresa diante do mercado que a espera, e saber:
 Quem são os seus concorrentes?
 Onde você imagina que a empresa vai estar daqui a um ano?
Daqui a cinco anos? Daqui a dez anos?
 Em que nível na escala de sucesso sua organização quer estar?
Após compreender essas questões, a organização deve certificar-se de
que seus objetivos são muito específicos, pois é preciso saber exatamente para
onde está apontando, para não apontar para algo indeterminado. Coloque um
prazo específico para alcançar estes objetivos, pois isto manterá o foco e dará
um sentido de urgência para permanecer o cronograma. Tenha objetivos de
longo prazo e trace vários objetivos de curto prazo, pois esta constituirá a base
do seu plano de negócios que levará você passo a passo em direção ao
sucesso.
Um objetivo mais realista pode ser alcançado dentro de seu tempo
estimado.
Saiba mais
Orçamento: um instrumento de gestão para o alcance dos objetivos
empresariais
O orçamento é um enfoque sistemático e formal na tentativa de organizar
e quantificar o futuro, estimando as despesas e receitas monetariamente com
base no planejamento da organização, atribuindo responsabilidades e permitindo
controle, durante certo período de tempo. Segundo Welsch (1996, p. 63, citado
por Souza; Borinelli, 2012, p. 36), “o orçamento deve ser um instrumento de
gestão para viabilização do controle que assegure o alcance dos objetivos
empresariais”.
Fonte: Souza; Borinelli, 2012.

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Uma organização não pode desenhar seu objetivo em torno de uma
suposição. O objetivo deve ser algo real de atingir, como os objetivos financeiros
da organização; caso contrário, estará destinado ao fracasso.
Para Álvares; et al. (2008, p. 208), através da definição de objetivos
financeiros são alinhadas as metas esperadas aos resultados corporativos que
justificam a continuidade dos esforços empresariais.
Quando colocar seus objetivos em prática, eles devem atender ao prazo
estipulado, ser realistas com o mercado, ter o foco em curto prazo e ser
passíveis de ajustes necessários. Lembro que não será fácil chegar ao objetivo
pretendido.
Quando alguém procura ajuda de um planejador financeiro, qual seu
objetivo? De acordo com o artigo da Sophia Camargo, normalmente, um ou
vários itens da lista a seguir, segundo os educadores e planejadores financeiros
Everton Vieira de Lima, da DSOP, Jailon Giacomelli, do Instituto Brasileiro de
Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) e Mauro Calil, da Academia do
Dinheiro.
Os dez maiores sonhos financeiros são: comprar ou trocar a casa própria;
comprar ou trocar o carro; comprar uma casa para lazer ou investimento;
conseguir se organizar financeiramente; estudar fora do país; fazer uma viagem;
guardar dinheiro; libertar-se das dívidas; ser independente financeiramente; ter
dinheiro para casar.
Saiba mais
Dez desejos se resumem a dois objetivos principais. Essas dez
demandas podem ser resumidas em duas principais, segundo o planejador
financeiro Mauro Calil, da Academia do Dinheiro, que tem mais de 20 anos de
experiência no mercado financeiro e é autor de livros como "Separe uma verba
para ser feliz" e o recém-lançado "A Receita do Bolo: os ingredientes
necessários para o seu primeiro milhão". Número 1: sou descontrolado
financeiramente e preciso de disciplina. Número 2: minhas aplicações
financeiras não estão rendendo nada e quero alguém que me ensine onde
aplicar para que o dinheiro renda mais. "Em ambos os casos, o que ocorre é que
as pessoas têm uma expectativa muito alta e acham que uma planilha vai
resolver tudo, ou que uma aplicação vai render tanto quanto na época da
inflação de 30% ao mês, o que não acontece." [Portal UOL/Finanças Pessoais].
Fonte: Portal UOL

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TEMA 4 – A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE CENÁRIOS NOS PROCESSOS
DECISÓRIOS

Vamos imaginar que a organização está enfrentando uma decisão


realmente significativa, lançar um novo produto ou colocar em prática uma
alternativa que poderia mudar a projeção de suas vendas atuais, o que poderia
afetar profundamente o futuro de seus negócios. Melhor, vamos fazer um
paralelo com sua vida, que você esteja pensando em planejar melhor suas
finanças para comprar uma casa maior. Você pensa no novo lugar, nas pessoas
que estarão com você e em como seria sua vida nesta nova casa. Agora você
notou que, ao analisar as variáveis e alternativas que favorecem tudo isto, você
acabou de fazer uma análise de cenários.
Mas algo ainda perturba: mesmo com todos os números levantados,
ainda existe o risco do que poderia dar errado, e qualquer projeção de um
cenário futuro é claramente vulnerável às mudanças através de uma série de
fatores diferentes.
De acordo com Damodaran (2004, p. 228), há uma incerteza considerável
que depende de fatores externos, que a empresa não pode controlar e pode
decidir considerar diferentes cenários e receitas brutas e despesas do projeto
em cada cenário.

Figura 3 - Análise de demonstrativos para tomada de decisão

Por isso que a análise de cenários ajuda a organização a entender


determinados eventos (ver mapa mental - fig. 3) e a ter um quadro nítido para
explorar a ocorrência destes fatores como base para a tomada de decisão.

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Segundo Pereira, et al. (2012, p. 415), o primeiro passo em uma análise
de cenário é identificar certos eventos: [...] cuidadosamente escolhidos que
possam afetar a empresa. O último passo da análise é gerar uma previsão
separada para cada cenário. O resultado é um número limitado de projeções
detalhadas que descrevem as contingências com que a empresa se depara.
(Pereira et al., 2012, p. 415).
Saiba mais
Planejamento de cenários
A projeção de cenários para diferentes setores de atuação de pequenas
empresas pode ser uma estratégia para sua sobrevivência e competitividade no
mercado. Para os autores Faller e Almeida (2014), no artigo “Planejamento por
cenários: preparando pequenas empresas do varejo de móveis planejados para
um futuro competitivo”, é por meio da análise contínua das interações entre as
empresas e o seu ambiente que serão alcançados os objetivos adequados para
aproveitar todos os seus recursos. No artigo apresentado pelos autores, um
modelo de construção de cenários atende pequenas empresas do setor de
móveis planejados, e que pode ser aplicado a outras empresas, pois o modelo
proposto foi construído a partir das ideias e teorias existentes acerca da
construção de cenários como ferramentas para a formulação de estratégias
empresariais. [Planejamento por Cenários].
Fonte: Faller; Almeida (2012).

Com a análise de cenário, a organização pode tomar decisões no


contexto dos diferentes futuros que podem vir a acontecer, forçando a
organização a enfrentar todas as suposições ao moldar planos de ações e
decisões com base nos cenários mais prováveis, garantindo uma certeza na
tomada de decisões, mesmo se ocorrerem novas mudanças.
Saiba mais
Conceito
A análise de cenário é um método de previsão de valores futuros de
investimentos de portfólio com base em eventos potenciais, ou seja, a gestão
procura executar análise de cenários para o processo de tomada de decisão nos
negócios e determinar a melhor ação a se tomar para a organização maximizar
os lucros.
A pior solução possível, como um cenário negativo, que antecipa as
potenciais perdas ou problemas operacionais, também é observado pela gestão,

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ou seja, gerentes de finanças e analistas usam a análise de cenários para
estimar o valor esperado, assumindo mudanças nas taxas de juros ou recessões
na economia.
Saiba mais
Exemplo de cenários
Cenário 1: Jaqueline quer planejar um plano financeiro que compreende a
previsão de receitas e despesas futuras para a sua administração, mas não tem
certeza de sua renda. Usando a análise de cenário, ela será capaz de
determinar diferentes valores de renda possível e, em seguida, realizar a análise
de probabilidade. O pior cenário para Jaqueline é uma renda bruta de R$
80.000,00 e um custo de mercadorias vendidas no valor de R$ 45.500,00. Isso
deixa a Jaqueline com um lucro bruto de R$ 34.500,00. O melhor cenário para
Jaqueline é uma renda bruta de R$ 100.000,00 e um custo de mercadorias
vendidas no valor de R$ 20.000,00. Isso deixaria Jaqueline com um lucro bruto
de R$ 80.000,00. Para comparar os dois cenários, Jaqueline cria um relatório
destes cenários com o resumo das duas opções.
Cenário 2: vamos ver um exemplo de investimento. Sabrina é uma
analista financeira em uma grande empresa de investimentos. Ela utiliza a
análise de cenários para determinar as diferentes taxas de reinvestimento dos
retornos esperados da carteira de investimentos, considerando o pior e o melhor
cenário. O pior cenário seria que as taxas de juros caíssem 5 pontos
percentuais, e o melhor cenário seria que as taxas subissem 2 pontos
percentuais. Então, ela terá uma probabilidade para cada resultado e ver o risco
com o spread em investimento. Com base no risco que está disposta a aceitar,
Sabrina pode tomar suas decisões de investimento.

Para Higgins (2014, p. 104), a análise de cenário permite que todas as


variáveis incertas de entrada variem ao mesmo tempo, e a desvantagem é que
os resultados são de difícil interpretação pelos executivos que não estão
habituados a pensar em acontecimentos em termos de probabilidades.

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TEMA 5 – AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO ATRAVÉS DO USO DE
PLANILHAS DO EXCEL

Um cenário é um conjunto de valores que pode ser operacionalizado


através de uma planilha do Excel, pois esta é uma ferramenta que substitui
automaticamente os números disponíveis numa planilha, além de possibilitar
fazer a análise para determinadas variáveis de resposta e premissas de um
dado modelo. (Pereira et al., 2012, p. 415)
Exemplo
Exemplo com base no recurso do Gerenciador de Cenários do Excel
Confira no Blog LUZ– Planilhas Empresariais, no Post “Aprenda a criar
cenários no Excel”, de Rafael Ávila, como é possível salvar grupos de valores
diferentes, tendo por objetivo alternar entre os cenários ou através da análise
obter um resumo numa tabela do financeiro da empresa para tomada de
decisões, já que estes conjuntos são imprescindíveis para operações de
gerenciamento. [Blog LUZ / Cenários no Excel].
Fonte: Blog LUZ
Por meio destas planilhas, podemos criar novos cenários (atual, otimista e
pessimista) e aplicá-las, com o objetivo de tomar decisões no presente baseados
em previsões futuras. Vamos imaginar que você esteja numa reunião sobre
vendas e vai criar no Excel os cenários atual, pessimista e otimista:
Passo 1 – Crie tabelas manuais junto com sua equipe e use os valores de
quantidades de produtos, preço por unidade, receita, despesas (considerar 70%)
e lucro. Este processo é baseado em hipóteses e possibilidades. (Figura 4).

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Figura 4 - Tabelas manuais dos cenários atual, otimista e pessimista

Passo 2 – Selecione o intervalo de valores que será analisado (variáveis


como quantidade de produtos e preço), e depois, na opção Teste de Hipóteses,
clique na opção Gerenciador de Cenários. (Figura 5).

Figura 5 - Automatizando seus cenários

Passo 3 – Após repetir as operações para cada cenário, você poderá, na


opção Resumir, apresentar em tabela suas previsões baseada na variável lucro.
(Figura 6).

Figura 6 - Resumo dos cenários

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Observamos neste exemplo que os cenários construídos apresentam
conjuntos de valores que o Excel salva e pode automaticamente substituir. Por
meio de diferentes grupos com suas variáveis de cada cenário apresentado,
você pode alternar entre esses cenários e exibir os diferentes resultados.
É importante salientar que, se na empresa diversas pessoas tiverem
informações específicas, você terá que coletar todas as informações em
diferentes planilhas separadas para depois mesclar os cenários em uma única
planilha de trabalho. Só assim você poderá criar um relatório de resumo de
cenários com as informações necessárias para todos os cenários apresentados.

FINALIZANDO

Resumindo, para obter sucesso no planejamento estratégico na sua


empresa, utilize ferramentas necessárias para auxiliar, monitorar e acompanhar
sua visão estratégica inicial, através da missão da empresa, conhecimento do
mercado e concorrentes, com o desenvolvimento dos seus produtos e serviços e
estabeleça uma visão de futuro através da análise de cenários, traçando a
importância nos seus processos decisórios.
E você? Já fez o planejamento estratégico da sua empresa para este ano?

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REFERÊNCIAS

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