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AULA 5

ANÁLISE DE CENÁRIOS
FINANCEIROS

Prof. Alexandre Francisco de Andrade


CONVERSA INICIAL

Uma análise no planejamento e no controle de projetos precisa de


informações necessárias para sua aprovação. Após a apresentação dos motivos
que levaram a iniciar um novo projeto (demanda de mercado, necessidade de
negócio, solicitação de um cliente, avanço tecnológico, requisito legal e
necessidade social), deve ser incluída uma análise financeira para calcular os
indicadores de desempenho financeiro do projeto. A análise financeira é realizada
para: avaliar a rentabilidade do projeto consolidado; avaliar a rentabilidade do
projeto para o dono do projeto e para partes interessadas; verificar a
sustentabilidade financeira do projeto – condição de viabilidade fundamental para
qualquer tipologia de projeto; e descrever os fluxos de caixa que sustentam o
cálculo dos custos e benefícios socioeconômicos.
Portanto, esta aula tem como objetivo destacar a importância da definição
(objetivos do projeto) da análise de viabilidade (como alcançar um dos objetivos),
da análise econômico-financeira (qual será o impacto e quanto dinheiro é
necessário), e da análise de risco (resultados econômicos e financeiros) em
projetos de investimentos para avaliar uma proposta de investimento em si e fazer
escolhas convenientes e razoáveis entre as alternativas apresentadas.
Os temas a serem abordados nesta aula de análise no planejamento e
controle em projetos de investimento, são:

 Tema 1 – Processo de análise e tomada de decisões financeiras em


projetos
 Tema 2 – Análise de cenários das variáveis críticas no processo de projeto
 Tema 3 – Método de ensaios estatísticos para variáveis aleatórias
 Tema 4 – Decisões sequenciais na análise em projetos de investimentos
 Tema 5 – Payback como indicador de risco em projetos de investimentos

CONTEXTUALIZANDO

Um projeto não pode ser implementado antes da compreensão de seu


desempenho financeiro e das perspectivas econômicas, pois fatores importantes
podem afetar o desempenho de qualquer projeto. Alguns projetos têm
desempenho financeiro ruim e, portanto, podem não ser financiados, de modo que
os investidores avaliam projetos por meio de avaliações financeiras padrão que
se concentram em retornos financeiros. A avaliação econômica, por sua vez, tem

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uma visão mais ampla, e inclui outros benefícios e custos para a sociedade,
considerando todos os recursos utilizados pelo projeto, sejam humanos,
tecnológicos ou naturais, e mede o valor que o projeto gera para todos os
stakeholders.
Neste ponto, a análise do planejamento e do controle em projeto de
investimentos pode ser vista como sinônimo de sustentabilidade, coesão e
crescimento em muitos aspectos, pois um projeto economicamente viável gera
produtos ou serviços valorizados e que podem contribuir para melhorar a
produtividade e o crescimento da economia. Qualquer emprego gerado por um
projeto economicamente sólido torna estes fatores mais sustentáveis a longo
prazo, pois contabiliza os custos, traz benefícios ambientais e, ao mesmo tempo,
dá todo o crédito aos benefícios de tecnologias mais eficientes.
Em mercados competitivos, as receitas geradas por um projeto de
investimento medem o valor que o desempenho do projeto gera para seus
usuários, em contraponto, e os custos monetários do projeto medem o valor (ou o
custo unitário) de recursos utilizados no planejamento do projeto, pois os preços
de insumos e produtos são medidas válidas de valor e escassez.
Juntamente com o business case (documento com informações de
negócios necessárias para justificar ou não o investimento) e a declaração do
trabalho do projeto (requisitos contemplados no contrato futuro), determinados
indicadores (Relação Custo/Benefício – RCB; Valor Presente Líquido – VPL;
Tempo de retorno do investimento – Payback e Taxa Interna de Retorno – TIR)
são necessários para uma avaliação de viabilidade financeira.

TEMA 1 – PROCESSO DE ANÁLISE E TOMADA DE DECISÕES FINANCEIRAS


EM PROJETOS

Sempre há uma incerteza em relação aos fluxos financeiros gerados


associados a um investimento, pois analisar um projeto de investimento constitui
uma das tarefas principais do gestor financeiro, e se trata de decisões estratégicas
do futuro da empresa condicionado num determinado período. (Lopes, 2014, p.
48).
Estas decisões estratégicas empresariais são baseadas num conjunto de
informações qualitativas e quantitativas (por exemplo, relatórios que demonstram
a situação financeira da empresa), ou seja, o levantamento e o acompanhamento
de resultados devem ser confrontados com as metas estabelecidas para

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alinhamento na tomada de decisão por meio das seguintes decisões: decisão de
investimento (distribuição dos recursos da empresa entre os projetos de
investimento propostos); decisão de financiamento (recursos para utilizar na
realização dos projetos); e decisão de distribuição de resultados (proporção entre
dividendos aos acionistas e recursos reinvestidos no negócio).
Para Bordeaux-Rêgo (2013), uma empresa deve competir investindo em
inovação, novos equipamentos, processos e tecnologias, expansão de novos
empreendimentos, visando à geração sustentável de valor para os acionistas.
Assim, os gerentes e donos de empresas devem pesar as considerações
financeiras com cada decisão importante a ser tomada para a sua empresa. Se a
decisão envolve a expansão do capital, a cobertura de ativos, a aquisição de
equipamentos importantes ou a fusão com outra empresa, então uma análise
financeira sólida fornecerá a garantia para uma tomada de decisão com a melhor
informação disponível. No entanto, é preciso considerar seis fatores:
1. Oportunidade: uma análise financeira começa com uma descrição
completa do projeto em andamento, para tanto, há uma narrativa que inclui o
histórico do projeto, o status atual e a pretensão para concluir o projeto. Se, por
exemplo, você está planejando expandir seu negócio por meio da construção de
uma nova instalação, é preciso explicar a necessidade de expandir o seu local
atual, de que modo a sua proposta resolverá o problema e quanto tempo vai
demorar a tornar-se operacional.
2. Considerações Contábeis: sua análise incluirá balanços,
demonstrações de resultados e fluxo de caixa projetado (com e sem a expansão).
Isso será necessário para convencer os investidores que você pensou em tais
detalhes e pode justificar a despesa do projeto ao ser realizado.
3. Considerações Financeiras: incluem os detalhes sobre o custo do
projeto, o capital de giro necessário e as fontes de quaisquer fundos que você
ainda não controla. Se você planeja emprestar fundos, então avalie o custo e os
termos de cada potencial credor (capitalista de risco, banco ou investidor privado).
Determine a garantia necessária, os termos e condições especiais.
4. Fatores de risco: esta avaliação é essencial, pois muitos riscos não
podem ser evitados. Incêndios, acidentes de trabalho, interrupções de negócios e
o não desempenho de um empreiteiro são exemplos de riscos que você pode
encontrar, alguns exigem seguro e outros você mesmo pode segurar. Dessa
forma, é preciso avaliar as probabilidades, apresentar alternativas aos riscos de

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mercado e aos riscos operacionais que não são seguráveis, e também considerar,
na sua análise de risco, se há impacto ambiental.
5. Previsão de ROI: aqui você precisa abordar o retorno sobre o
investimento, apresentando os melhores cenários (os prováveis e o pior). É
impossível projetar as condições de negócios com certeza absoluta, mas oferecer
uma série de previsões pode fornecer aos investidores a garantia de que, mesmo
com o pior caso, o projeto terá um retorno aceitável.
6. Questões legais: para qualquer projeto contemplado haverá
considerações legais, por exemplo, uma expansão física da empresa levará a
questões ambientais e a compra de equipamentos importantes exigirá acordos
contratuais. Existem regulamentos federais, estaduais e locais que devem ser
seguidos, da mesma forma que é fundamental dispor das considerações fiscais
que devem ser cumpridas em todos os níveis.

Guia para elaboração de projeto de investimento: como obter recursos


financeiros sem maximizar os riscos do negócio!
Para que um projeto de investimento seja aprovado, a empresa precisa dispor
de um conjunto de informações, onde a necessidade de investimento seja
apresentada de forma atraente, segura e viável para o banco, que justifique a
sua participação:
1. A empresa precisa ter as condições para pleitear o financiamento na
instituição financeira no que diz respeito:

 Ao cadastro da empresa e dos sócios, sem registro em órgãos de


proteção ao crédito;
 À experiência administrativa dos empreendedores para gerir do negócio;
 Aos demonstrativos contábeis e financeiros;
 Às certidões dos órgãos municipais, estaduais e federais;
 Aos aspectos ambientais, quando houver necessidade;
 A apresentar garantia suficiente para cobrir o percentual exigido pelo
banco, com o valor de mercado de cada imóvel;
 À situação patrimonial dos sócios e da empresa;
 À possibilidade de o grupo econômico apresentar o relacionamento
contábil, fiscal, societário e patrimonial entre as empresas formadoras do
grupo.

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2. O objeto do investimento deve ser enquadrado nas linhas de crédito de longo
prazo oferecidas no mercado, como: BNDES, FCO, FNE, FNO, FINEP,
Financiamento Habitacional, Progetur, Proger, Progeren e outros;
3. A empresa tomadora deve apresentar o recurso próprio referente à sua
contrapartida no investimento, e de acordo com os percentuais determinados
pelo porte de cada empresa. Em alguns casos, deve formalizar o aporte em
forma de aumento de capital social;
4. A empresa tomadora deve fornecer todos dados e informações para
construção do projeto. Sem dados e informações, o projetista não tem
condições de trabalho;
5. Apresentar o instrumento para captação dos recursos dentro do roteiro da
instituição, neste caso, o projeto de investimento deve contemplar, no mínimo,
os seguintes pontos:

 A empresa e suas interligações;


 Análise mercadológica, incluindo os efeitos da macroeconomia;
 Quadro de usos e fontes;
 Projeção econômica e financeira decorrente do resultado dos exercícios
anteriores, extraindo a taxa real de crescimento;
 Projeção baseada na metodologia do OBZ, considerando o cenário
econômico para determinado período;
 Projeção do fluxo de caixa para o período do projeto, não se esquecendo
de considerar as dívidas existentes e suas respectivas amortizações;
 Fazer estudo de cenários, Pessimista, Realista e Otimista, e os
respectivos índices de análise de viabilidade;
 Baseando-se nos resultados das projeções, deve extrair os índices de
análise de viabilidade: TIR, TMR, VPL, PBS, PBD, VUL, FUL, B/C,
Sensibilidade B/C e outros;
 E a recomendação final do responsável técnico pelo projeto.

6. Em se tratando de financiamento que tenha aplicação de recursos em


construção civil, devem ser apresentados todos os documentos que comprovem
a regularidade da edificação no imóvel, seguem alguns:

 Projeto arquitetônico, Estrutural, Hidráulico, Elétrico e outros, se houver;


 Memorial descritivo da construção;
 Cronograma físico-financeiro;

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 Declaração de idoneidade da empresa construtora, preferencialmente
com apresentação de acervo técnico;
 Alvará de licença e funcionamento do empreendimento. [Projeto de
Investimento / Dinheiro].

Fonte: Portal Administradores (2010).

De acordo com Bordeaux-Rêgo (2013), os projetos de investimentos


podem ser classificados em:

 Expansão: aquisição de ativos imobilizados para aumentar a produção, a


participação no mercado ou a área geográfica (equipamentos ou veículos).
 Substituição: renovação ou substituição de ativos obsoletos ou
desgastados por sua vida útil (reposição ou atualização tecnológica).
 Modernização: reconstrução, recondicionamento ou adaptação de
máquinas e/ou instalações para melhorar a eficiência.
 Intangíveis: gastos com propaganda, pesquisa e desenvolvimento,
treinamento, e serviços de consultoria.

A tomada de decisões financeiras sobre um investimento precisa de


análises técnicas que simulem um investimento com base em todas as variáveis
críticas para ter agilidade no desenvolvimento do processo e no resultado
desejado.

TEMA 2 – ANÁLISE DE CENÁRIOS DAS VARIÁVEIS CRÍTICAS NO PROCESSO


DE PROJETO

Sabemos que projetos de investimentos são alocações de fundos de longo


prazo (com ou sem recurso ao patrocinador do projeto) para levar uma ideia de
investimento até sua fase de geração de renda estável, pois um projeto de
investimento viável visa alcançar um retorno rentável que assegure: o pagamento
pontual de juros, o retorno atraente sobre o capital investido e os fluxos de caixa
positivos e consistentes. Ou seja, um projeto de investimento envolve um amplo
estudo sobre critérios econômico-financeiros, além de critérios imponderáveis.
(Ryba et al., 2016, p. 92).
A análise financeira em projetos de investimento é uma obrigação, de modo
que devemos considerar três classes de critérios, conforme aponta Ryba et al.
(2016, p. 93):

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1. Critérios Econômicos: avaliam a rentabilidade do investimento pelos
métodos de análise de rentabilidade (método da taxa mínima de
atratividade; método do valor anual; método do valor presente; método da
taxa interna de retorno; método de tempo de retorno ou recuperação -
Payback).
2. Critérios Financeiros: avaliam a disponibilidade de recursos.
3. Critérios Imponderáveis: critérios não mensuráveis que podem ser
decisivos na execução do projeto de financiamento.

Para Rebelatto (2004, p. 210), existem técnicas de análise de alternativas


de investimentos que visam dar subsídios aceitáveis para decisões em investir em
projetos viáveis. Para Ryba (2016, p. 94), qualquer investimento deve ter
rendimento superior ao da poupança, caso contrário, terá de se preocupar com
riscos desnecessários, por isso que alguns critérios devem ser analisados, como:
rentabilidade; grau de risco e segurança da aplicação; liquidez; política de
expansão da empresa; cenário do local (país ou estado) do investimento; e
inflação.
O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve conseguir
nos projetos em que investe para manter o valor de mercado de sua empresa,
pois projetos com retornos superiores ao custo de capital aumentarão o valor da
empresa; e projetos com retornos inferiores ao custo de capital reduzirão o valor
da empresa (Leone, 2007, p. 105).
Análise pelo custo de capital
Suponha que uma empresa tenha acesso ilimitado ao financiamento (crédito),
a uma taxa de juros de 15% a.a. Assim, o custo de captação da empresa será
de 15% a.a. e ela não aceitará qualquer projeto que tenha uma taxa de retorno
de capital inferior ao custo do capital financiado. Dessa forma, a empresa terá
condições de liquidar o financiamento realizado e ainda obter lucros.

Fonte: Adaptado de Rebelatto (2004).

Por exemplo, determinada empresa decide investir em novas lojas,


dispondo de um montante reservado para construir dez novas unidades para o
próximo ano. O projeto é arriscado no setor em que a empresa atua e oferece uma
taxa de retorno esperada de 10%. Na análise dos gestores, se as novas unidades
oferecerem uma taxa de retorno superior (20%), a empresa retém o montante e
investe no projeto; agora, se as novas unidades oferecerem apenas 5% de
retorno, os investidores seguram o dinheiro e rejeitam o projeto de investimento.
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Dessa forma, a taxa de retorno mínima de 10% é aceitável para aprovar o
projeto. Para Brealey et al. (2013, p. 8), esta taxa mínima de retorno “é
efetivamente um custo de oportunidade do capital, pois depende das
oportunidades de investimento disponíveis aos investidores nos mercados
financeiros”.

Análise pelo custo de oportunidade de capital


Suponha que uma empresa tenha acesso limitado ao financiamento (crédito), a
uma taxa de juros de 15% a.a., e dois projetos X e Y para serem avaliados. Se
o projeto X for escolhido, o projeto Y (com rentabilidade de 30% a.a.) não seria
implementado, pois os recursos financeiros disponíveis seriam absorvidos pelo
projeto selecionado. Mesmo sendo de 15% a.a. o custo do capital, o custo de
oportunidade para empreender o projeto X em detrimento ao projeto Y será de
30% a.a., e o projeto escolhido apresentará uma taxa de retorno de investimento
igual ou superior à do projeto não escolhido.

Fonte: Adaptado de Rebelatto (2004).

Por meio da técnica de análise de investimentos baseada em parâmetros


de comparabilidade, Camargo (2007, p. 25) define Taxa Mínima de Atratividade
(TMA) como sendo uma taxa de desvalorização imposta a qualquer ganho futuro
pelo fato de não estar disponível no momento.
Para Rebelatto (2004, p. 212), “a taxa mínima de atratividade é o parâmetro
de comparação para a taxa interna de retorno (TIR) e é a taxa para o desconto
dos fluxos de caixa ao se usar o método do valor atual líquido (VAL)”.
Como não há fórmulas para este método, consideramos o TMA com base
no cálculo de três componentes:

 O custo de oportunidade (remunerações descartadas para a realização do


investimento, como caderneta de poupança, títulos do tesouro etc.).
 O risco do negócio (é imprescindível compreender que quanto maior o
risco, maior o retorno financeiro esperado).
 A liquidez (velocidade de conversão do investimento em caixa).

Na relação da taxa mínima de atratividade com o custo de capital, é


possível afirmar que um projeto de investimento será viável se agregar valor à
empresa, e que o custo de capital investido no projeto é a TMA apropriada para
análise de viabilidade.

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TEMA 3 – MÉTODO DE ENSAIOS ESTATÍSTICOS PARA VARIÁVEIS
ALEATÓRIAS

Quatro décadas atrás, os métodos dominantes para avaliar projetos de


investimento eram os chamados métodos estáticos (período de retorno, taxa de
retorno contábil, ponto de equilíbrio). Depois, reconheceram-se os métodos
dinâmicos (valor presente líquido, taxa interna de retorno, índice de lucratividade,
período de retorno de desconto), marcados pelas necessidades de avaliação de
projetos como um todo. A experiência das últimas décadas na aplicação de
métodos dinâmicos apontou certas deficiências do sistema, e a principal fraqueza
encontrada é de que esses métodos são todos baseados em projeções de fluxo
de caixa fixa, o que significa que sua implementação assume ou afirma que o
futuro é certo.
Para eliminar tais fraquezas, novos métodos de avaliação financeira de
projetos surgiram nos últimos dez anos, liderados pelo método de opções reais,
simulação de Monte Carlo, árvore de decisão e métodos de otimização.
Estes métodos surgiram como uma resposta à inadequação dos métodos
tradicionais de avaliação dos projetos em termos de incerteza, e a base para sua
implementação está na criação de diversos cenários e simulações de efeitos
futuros que incluem o valor do projeto como um todo. A principal vantagem dos
novos métodos de avaliação dos projetos é a redução significativa de espaço para
erros na projeção de insumos essenciais e na tomada de decisão final de
investimento.
Assim, sempre que possível, avalie adequadamente a questão dos riscos
em investimento com métodos analíticos. No entanto, sabemos que existem
muitas situações de investimento que não podem ser resolvidas usando apenas
métodos analíticos, como: a distribuição do valor presente líquido (VPL); valor
anual equivalente, taxa interna de retorno; e métodos de simulação Monte Carlo.
De acordo com Samanez (2009, p. 142), “para conseguir uma análise
econômica de investimentos de capital robusta, deve-se examinar o impacto das
diversas fontes de risco sobre o VPL do projeto”. Aplicando técnicas, como:

 Análise de Sensibilidade: permite identificar as variáveis críticas no


processo de projeção e a determinação dos fluxos de caixa, de modo que
seja possível avaliar o projeto considerando diversas hipóteses sobre o
comportamento de tais variáveis.

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 Análise de Cenários: permite, em vez da variação de apenas um
parâmetro por vez, a variação de um conjunto de parâmetros que forma
cada cenário, e são atribuídos determinados valores consistentes que
determinam como resultado o sucesso ou o insucesso do projeto.
 Simulação de Monte Carlo: permite simular caminhos para a evolução do
fenômeno até encontrar uma aproximação satisfatória que o explique.
 Árvores de decisão: permitem mostrar a anatomia de uma decisão de
investimento, assim como a interação entre decisão presente, eventos
possíveis, atitudes de competidores e possíveis decisões futuras e suas
consequências.

Figura 1 - Exemplo de árvore de decisão para construção de uma fábrica

Fonte: Samanez (2009).

Na figura 1, observamos os pontos “quadrados” de decisão de investimento


(nós de decisão) e os pontos “círculos” de inclusão da incerteza (nós de chance).
Conforme o exemplo, Samanez (2009, p. 158) apresenta um problema de
decisão em dois estágios: decidir se deve ou não ser feito um investimento de $
1.000 em determinado projeto. Primeiro, é realizado um investimento de $ 125
numa planta-piloto (teste de mercado para reduzir a incerteza sobre o projeto),
com a probabilidade de 50% nos dois cenários, sucesso e insucesso.

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1º Cenário: investimento de $ 1.000. Temos uma receita líquida anual
perpétua de $ 250 e um VPL positivo de $ 1.500, ou seja, alta demanda pelo
produto.
2º Cenário: investimento de $ 1.000. Temos uma receita líquida anual
perpétua de $ 50 e um VPL negativo de $ 500, ou seja, baixa demanda pelo
produto.
Por meio do cálculo do VPL esperado, decidimos se vale ou não a pena
investir $ 125 na planta-piloto, logo:
[(𝟎, 𝟓𝒙$𝟏𝟓𝟎𝟎) + (𝟎, 𝟓𝒙$𝟎)]
𝑽𝑷𝑳 = −$𝟏𝟐𝟓 + = +$𝟓𝟓𝟕 > 𝟎
𝟏, 𝟏
Com este resultado, o investimento será realizado. Caso a empresa não
faça o teste-piloto e decida pela fabricação do produto em larga escala, o cenário
será pior, pois, além de arriscar a perda de $ 500, a empresa perceberá um VPL
menor sem o teste:
𝑽𝑷𝑳𝒔𝒆𝒎 𝒐 𝒕𝒆𝒔𝒕𝒆 = (𝟎, 𝟓𝒙$𝟏𝟓𝟎𝟎) + [𝟎, 𝟓𝒙(−$𝟓𝟎𝟎)] = $𝟓𝟎𝟎 < $𝟓𝟓𝟕
Por meio deste exemplo simplificado, podemos considerar vários cenários
e uma distribuição de probabilidade contínua por simulação. O processo decisório
se torna mais complexo, mas a árvore de decisão tem a vantagem de auxiliar os
gestores desenvolvendo intuições de negócios com uma visão mais real e
operacionalmente mais flexível.

TEMA 4 – DECISÕES SEQUENCIAIS NA ANÁLISE EM PROJETOS DE


INVESTIMENTOS

A análise em projetos de investimentos é usada para auxiliar os gestores


de diversas áreas para tomada de decisões financeiras. Vale lembrar que os
objetivos de investimento devem sempre ser considerados na análise em projetos
de investimento, pois os aspectos estratégicos diante dos limitados recursos
disponíveis para aplicação, o mantimento do valor da organização e a alocação
dos recursos devem ser dados de forma racional, contemplando as oportunidades
de investimento.
Para decidir por um investimento em detrimento de outro, utilizamos
ferramentas de métodos financeiros tradicionais de análise de projetos, como:
Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). No entanto,
devido à qualidade da informação, alguns pontos, como a falta da incerteza sobre

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o futuro e a falta de especificidades dos investimentos, podem levar ao adiamento
da decisão de investir ou a erros irreversíveis.
1. O Valor Presente Líquido (VPL) é um cálculo que compara o valor
investido hoje com o valor presente dos recebimentos de caixa futuros do
investimento. Ou seja, o montante investido é comparado com os valores de caixa
futuros depois que eles são descontados por uma taxa de retorno especificada. O
VPL “é o valor atual das entradas de caixa (retornos de capital esperados),
incluindo o valor residual (se houver) menos o valor atual das saídas de caixa”.
(Rebelatto, 2004, p. 214).

Figura 2 – Fluxo de caixa

Fonte: Adaptado de Rebelatto (2004).

A obtenção do VPL se dá pela subtração do investimento inicial (𝐹𝐶0 ) do


valor atual das entradas de caixa (𝐹𝐶𝑛 ), com desconto da taxa igual ao custo do
capital investimento (i), conforme observado na Figura 2.

Por exemplo, um investimento de $ 500.000 hoje é esperado para retornar


em $ 100.000 por ano durante 10 anos. Os $ 500.000 que estão sendo gastos
hoje já é um valor presente, assim, nenhum desconto é necessário para esta
quantidade, mas os recebimentos futuros de $ 100.000 por 10 anos precisam ser
descontados para seu valor presente. Vamos supor que os recibos são
descontados em 14% (o retorno exigido da empresa). Isso significará que o valor
presente desses recebimentos futuros será de aproximadamente $ 522.000.
Então, comparados aos $ 500.000 do valor atual, o resultado será um valor
presente líquido de $ 21.611,56.
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 Investimentos com valor presente líquido positivo são aceitáveis.
 Investimentos com valor presente líquido negativo são inaceitáveis.

2. A Taxa Interna De Retorno (TIR) é a taxa de juros na qual o valor


presente líquido de todos os fluxos de caixa (positivos e negativos) de um projeto
ou investimento é igual a zero.

A taxa interna de retorno é usada para avaliar a atratividade de um projeto


ou investimento. Se a TIR de um novo projeto exceder a taxa de retorno de uma
empresa exigida, esse projeto é desejável. Se a TIR cair abaixo da taxa de retorno
exigida, o projeto deve ser rejeitado. Para Rebelatto (2004, p. 216), o critério para
aceitação ou não de um projeto está configurado da seguinte forma:

 TIR >= TMA → aceita-se o projeto;


 TIR < TMA → rejeita-se o projeto.

Por exemplo: uma empresa deve decidir sobre a compra de um


equipamento para sua fábrica por $ 300.000. O equipamento duraria somente três
anos, mas espera-se gerar $ 150.000 de lucro anual adicional durante estes três
anos. A empresa também acha que pode vender o equipamento para sucata
depois por cerca de $ 10.000. Usando TIR, a empresa pode determinar se a
compra do equipamento será um bom uso do seu dinheiro comparado às outras
opções de investimento, que retornariam cerca de 10%. Pela equação da TIR, o
cenário ficaria:
$150.000 $150.000 $150.000
𝑧𝑒𝑟𝑜 = − $300.000 + + +
(1 + 0,2431) (1 + 0,2431)2 (1 + 0,2431)3
$10.000
+
(1 + 0,2431)4
A TIR do investimento é de 24,31%, taxa que torna o valor presente dos
fluxos de caixa do investimento igual a zero. Do ponto de vista puramente
financeiro, a empresa deve comprar o equipamento, pois isso gera um retorno de
24,31% para a empresa, ou seja, muito maior do que o retorno de 10% disponível
em outros investimentos.
Uma regra geral é que o valor da TIR não pode ser derivado analiticamente,
ela deve ser encontrada usando o método matemático de tentativa e erro para
derivar a taxa apropriada. A TIR permite que os gerentes classifiquem os projetos

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por suas taxas de retorno gerais em vez de seus valores atuais líquidos, e o
investimento com a TIR mais alta geralmente é preferido.

TEMA 5 – PAYBACK COMO INDICADOR DE RISCO EM PROJETOS DE


INVESTIMENTOS

Com a tendência das mudanças contínuas na economia, as empresas não


podem esperar muito para recuperar o capital que foi investido. Então, o período
de recuperação do investimento, ou Payback, assume importância no processo
de decisões de investimentos. Ou seja, é o período de tempo necessário para
recuperar o custo de um investimento, já que os períodos de retorno mais longos
não são normalmente desejáveis para as posições de investimento.
Um dos conceitos mais importantes que cada analista financeiro
corporativo deve aprender é como avaliar diferentes investimentos ou projetos
operacionais, pois o analista deve descobrir uma maneira confiável para
determinar o projeto mais rentável ou o investimento a realizar.
Para Ferreira (2017, p. 63), o payback “é um indicador de ponto de
equilíbrio para os investimentos”, e se apresenta em dois tipos, o simples e o
descontado. As características entre os dois tipos de indicador de payback, de
acordo com Ferreira (2017, p. 81), são:

 Simples: é uma análise menos complexa, os custos de capital não são


parte integrante, seus valores são nominais (sem atualização do dinheiro
ao longo do tempo), o que torna a análise rápida e imprecisa.
 Descontado: são os custos de capital, os valores analisados são reais
(com atualização do dinheiro ao longo do tempo), por isso requer mais
cálculos e é mais preciso.

De acordo com Macedo et al. (2014, p. 72), “para encontrar o payback é


preciso somar os valores dos fluxos de caixa positivos até que estes atinjam o
valor total dos fluxos negativos, resultando assim numa diferença nula”.
Por exemplo:
Cenário 1: suponha que uma empresa investe $ 1 milhão em um projeto
que vai lhe economizar $ 250.000 a cada ano. O período de retorno é calculado
dividindo $ 1 milhão por $ 250.000, que é quatro. Em outras palavras, levará
quatro anos para pagar o investimento.

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Cenário 2: há um projeto que custa $ 200.000 e não vai economizar dinheiro
da empresa, mas vai trazer para a empresa um aumento de $ 100.000 por ano
para os próximos 20 anos, que é de $ 2 milhões.
Claramente, o segundo projeto pode trazer para a empresa duas vezes
mais dinheiro, mas quanto tempo vai demorar a pagar o investimento de volta? A
resposta é $ 200.000 dividido por $ 100.000, ou 2 anos. Não só o segundo projeto
leva menos tempo para pagar, como deixa a empresa com mais dinheiro, e com
base apenas no método de retorno, o segundo projeto é o melhor.

FINALIZANDO

Resumindo, para atender às necessidades de tecnologia e inovação e


alcançar uma visão abrangente e sistêmica das análises de projeto, os
empresários devem obter vantagens competitivas na busca por recursos de
financiamentos em seus projetos. Assim, as instituições financeiras exigem
planejamento e controle em projetos de investimentos por meio dos métodos de
análises existentes, para a verificação da sua viabilidade.
Vale lembrar que um projeto bem elaborado faz com que a tomada de
decisão seja a de menor risco.
E você? Já determinou os indicadores de viabilidade do seu projeto de
investimento? Já determinou o melhor método como ferramenta de planejamento
para atestar a viabilidade econômico-financeira do seu empreendimento?

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REFERÊNCIAS

CAMARGO, C. Análise de investimentos e demonstrativos financeiros.


Curitiba, PR: Ibpex, 2007.

BORDEAUX-RÊGO, R. Viabilidade econômico-financeira de projetos. 4. ed.


Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

BREALEY, R. A. et al. Princípios de finanças corporativas. 10. ed. Porto Alegre,


RS: Bookman, 2013.

FERREIRA, M. Engenharia econômica descomplicada. Curitiba, PR:


Intersaberes, 2017.

LEONE, G. S. G. Os 12 mandamentos da gestão de custos. Rio de Janeiro:


Editora FGV, 2007.

LOPES, M. D. S. Elaboração e análise de projetos de investimento. Porto:


FEUP Edições, 2014.

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