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AULA 2

ANÁLISE DE CENÁRIOS
FINANCEIROS

Prof. Alexandre Francisco de Andrade


CONVERSA INICIAL

Um planejamento orçamentário e financeiro pode ajudar uma empresa a


ter sucesso financeiro no presente e no futuro, mas isso somente ocorrerá se os
dois andarem juntos, pois é importante conhecer determinados pontos decisivos
que ajudarão a empresa nesta etapa.
Portanto, esta aula tem como objetivo a percepção da importância na
realização de um planejamento financeiro com projeção a longo prazo, que
direcionará a elaboração de planos em curto prazo, pois estes são essenciais para
a organização. Em seguida, discutiremos sobre como a elaboração correta do
orçamento compõe uma das etapas de um planejamento empresarial, pois o
orçamento é um valioso instrumento de planejamento e controle das operações
da empresa, qualquer que seja seu ramo de atividade, natureza ou porte.
Os temas a serem abordados nesta aula de Planejamento Orçamentário e
Financeiro são:

 Tema 1 - Planejamento estratégico e orçamento empresarial


 Tema 2 - Estrutura e demonstração financeira
 Tema 3 - Organização e alinhamento do orçamento com a estratégia
 Tema 4 - Projeções financeiras e técnicas de análise
 Tema 5 - Ampliando seu conhecimento através do uso de simuladores

CONTEXTUALIZANDO

Vamos apresentar os pontos decisivos para auxiliar a empresa a distinguir


seus planos orçamentário e financeiro.
O primeiro ponto é saber o rumo que a empresa tomará e onde ela está
atualmente. Enquanto um plano orçamentário ajuda a mapear suas principais
despesas e a planejar as semanas e meses que virão, um plano financeiro
permitirá que a empresa defina um rumo para metas financeiras dentro de cinco,
dez ou vinte anos, pois um bom planejamento financeiro pode abordar suas
receitas/despesas, impostos, seguros, planejamento imobiliário etc.
O segundo ponto é a questão da estratégia e tática que a empresa moldará,
de modo que se faz necessário criar um plano financeiro que contemple uma
estratégia de longo prazo para chegar onde a empresa quer ir, e construir um
plano orçamentário que contemple a gestão do dinheiro no dia a dia dos negócios.
Tendo uma visão sobre quanto dinheiro é pago nas despesas da empresa, é

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possível saber o quanto de dinheiro pode ser estipulado para definir as metas no
planejamento financeiro.
O terceiro ponto é o horizonte de tempo a longo prazo e a curto prazo. Com
um planejamento financeiro, a empresa pode acompanhar o seu progresso numa
base trimestral ou semestral. Com um planejamento orçamentário, a empresa
consolida suas receitas e despesas numa base semanal ou mensal. Assim, no
curto prazo, a empresa acompanha seu orçamento aumentando as
responsabilidades nas atividades e terá mais progresso com seu plano financeiro.
A empresa deve pensar nos pontos importantes (metas) sobre o quer fazer e onde
quer estar em dez, vinte ou trinta anos, e quais medidas ela tomaria para alcançar
tais metas.

TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ORÇAMENTO EMPRESARIAL

Elaborar um orçamento não é apenas uma atividade dada pelo Diretor do


Financeiro aos seus gerentes para lhes fornecer mais trabalho, e sim um plano
financeiro mais abrangente para alcançar os objetivos financeiros e operacionais
de uma organização. Se usado corretamente, pode se tornar um quadro para
planejamento estratégico da empresa.
De acordo com Padoveze e Taranto (2009, p. 7), o mais importante é o
pensamento estratégico, pois os responsáveis pela organização (o presidente ou
a diretoria) têm o objetivo de manter a competitividade e a continuidade da
empresa, razão de ser da estratégia.
Há muitas vantagens derivadas na elaboração de um orçamento,
principalmente na coordenação de atividades entre departamentos. Alinhando
todas elas ao quadro estratégico da empresa, é possível afirmar que o orçamento
fornece atribuição de responsabilidades na tomada de decisão e aumenta a
responsabilidade gerencial, pois, com um planejamento sólido, todas as decisões
atenderão aos mesmos objetivos. Para Parsloe e Wright (2001, p. 11), os objetivos
na elaboração de um orçamento podem ser resumidos como:

 Controle: assegurar que as finanças da empresa sejam controladas


adequadamente, de modo que esta sobreviva, atinja suas metas
financeiras e prospere.
 Coordenação: assegurar que as despesas necessárias das diferentes
partes da empresa somem um total que esta possa pagar e que esses
recursos financeiros sejam alocados nos departamentos de maneira

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consistente, sem que um deles tenha precedência sobre os outros.
 Comunicação: assegurar que todas as divisões da empresa estejam
cientes de suas metas financeiras e dos recursos que podem utilizar para
atingir essas metas.
 Comparação: assegurar que os resultados reais sejam avaliados
regularmente, tendo em vista as metas orçamentárias, de modo que a
empresa tenha conhecimentos detalhados do progresso alcançado e de
quaisquer problemas que possam estar surgindo.

Notamos que, no planejamento orçamentário, as avaliações de


desempenho melhoram, proporcionando uma visão gerencial no cumprimento dos
objetivos, e incentiva a eficiência nas áreas dentro da empresa. Para que a criação
de um orçamento eficaz não se torne uma tarefa assustadora, é preciso contar
com a participação da equipe no processo orçamentário, pois ele é uma parte
importante da comunicação empresarial entre funcionários e gestores, mantendo
o foco do grupo nos objetivos do planejamento orçamentário.
Para Neto (2011, p. 13), as necessidades orçamentárias das unidades ou
dos departamentos se comprometem a respeitar os valores estabelecidos e
projetam seus limites para controlar seus desempenhos na execução
orçamentária.
No campo de ação do planejamento estratégico, verificam-se a viabilidade
dos objetivos e as ações no orçamento empresarial. Além disso, ao criar e
gerenciar um orçamento, restrições tecnológicas, administrativas, legais e
financeiras limitam as ações estratégicas e podem comprometer o alcance de
certos objetivos. (Neto, 2011, p. 9).
Podemos observar alguns pontos ao criar um orçamento mais eficaz:
 identificar quem são os tomadores de decisão na organização e envolvê-
los neste processo;
 usar a tecnologia para coordenar e consolidar com a equipe os esforços do
que colocar em orçamento;
 criar um orçamento que reflita o plano estratégico da organização;
 envolver a equipe na avaliação e comparação do que foi realmente orçado,
para destacar os pontos fortes e fracos;
 identificar as questões críticas e criar um plano de ação imediato;

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 lembrar que o processo orçamental é uma ferramenta com metas
estratégias da organização, que fornece oportunidades de trabalhar mais
perto da equipe, mantendo a organização no caminho certo.

TEMA 2 – ESTRUTURA E DEMONSTRAÇÃO FINANCEIRA

As Demonstrações Financeiras representam um registro formal das


atividades financeiras de uma entidade, pois são relatórios que quantificam a força
financeira, o desempenho e a liquidez de uma empresa, refletindo os efeitos
financeiros das transações e dos eventos comerciais de uma organização.
A Norma Internacional de Relatório Financeiro (IFRS), citada pelos autores
Morais e Lourenço (2013), define demonstrações financeiras, como:

[...] uma representação estruturada da posição financeira e do


desempenho financeiro de uma entidade que deverão ser elaboradas
com o objetivo de proporcionar informação sobre a posição financeira,
desempenho financeiro e fluxos de caixa da entidade que seja útil para
um vasto conjunto de utilizadores na tomada de decisões econômicas.
(Morais; Lourenço, 2013).
Requisitos para a classificação e mensuração de ativos e passivos
financeiros
Conforme conteúdo postado no Portal Dedução, a partir de janeiro de 2018,
as empresas financeiras e demais que adotam padrões contábeis internacionais
precisarão se adequar à estrutura do IFRS 9 (International Financial Reporting
Standards 9), que estabelece diferentes requisitos para a classificação e
mensuração de ativos e passivos financeiros. Buscando formas de orientar seus
clientes na implementação das novas normas, a Deloitte desenvolveu a pesquisa
“Sixth Global IFRS Banking Survey | No time like the present”. Com base em
depoimentos de 91 bancos da Europa, Oriente Médio, África, Ásia e Américas, o
relatório analisa, em perspectiva, como essas instituições estão respondendo ao
desafio de se adequar aos novos requisitos. [...]
O IFRS 9 favorece o entendimento das demonstrações financeiras por
parte de investidores, órgãos reguladores internacionais e agentes do mercado,
além de propor mudanças na forma de apresentação das informações. Por causa
dessas mudanças, a nova norma pode afetar de forma significativa as projeções
de resultados, pagamento de dividendos e a percepção das empresas já que
prevê, entre outras medidas, a substituição do modelo de apuração de perdas
incorridas por um modelo de perdas esperadas. A principal inovação deste
sistema refere-se à introdução de premissas ligadas a variáveis macroeconômicas

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e setoriais nos modelos de estimativas de inadimplência, que terá que ser
contabilizada antes mesmo do atraso nos pagamentos.
“Com a nova norma, a expectativa é que, uma vez que o banco tenha seu
modelo de estimativa de perda esperada ajustado, ele ganhe sustentabilidade ao
longo do tempo, ou seja, as instituições não poderão rever as premissas
constantemente, a fim de gerenciar o impacto no resultado financeiro”, afirma
Marcello de Francesco, sócio da área de serviços financeiros da Deloitte. “Espera-
se também que os juros cobrados nos empréstimos cresçam para preservar o
spread, mas a decisão de repassar ou não o aumento aos clientes é estratégica
e deverá ser analisada por cada uma das instituições financeiras”, finaliza
Gilberto.
O IFRS 9 teve origem na grande crise econômica internacional de 2007 e
2008. Na ocasião, o mercado financeiro observou que o modelo de perda incorrida
adiava demais a contabilização de perdas com empréstimos imobiliários de baixa
qualidade (conhecidos como subprime nos Estados Unidos), ainda que parte dos
dirigentes dos bancos e dos investidores tivessem consciência de que a
deterioração do cenário macroeconômico resultaria no crescimento da
inadimplência. [Portal Dedução/Gestão]

Fonte: Portal Dedução (2016).

De acordo com Blatt (2001), as demonstrações financeiras de uma


organização representam um cenário de sua situação econômica-financeira e
apresenta um conjunto que envolve:

 Relatório da Diretoria/Administração
 Balanço Patrimonial
 Demonstrativo de Resultados
 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
 Demonstração das origens e Aplicações de Recursos
 Notas Explicativas
 Parecer dos Auditores Independentes

Uma equipe financeira, um novo investidor ou sócio, pode tomar decisões


seguras por meio das demonstrações financeiras, pois elas possibilitam a
discriminação dos recursos disponíveis em caixa e das dívidas. Além disso,
aponta os gastos, o retorno sobre o investimento, os faturamentos previstos e a
saúde financeira. Assim, os tipos de demonstrações financeiras podem ser:

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1. Demonstração da Posição Financeira ou Balanço Patrimonial:
apresenta a posição financeira de uma entidade em determinada data e é
composto pelos seguintes elementos: ativos - algo que uma empresa possui ou
controla (por exemplo, caixa, estoque, instalações e máquinas etc.);
responsabilidades - algo que uma empresa deve a alguém (por exemplo,
credores, empréstimos bancários etc.); equidade - o que o negócio deve a seus
proprietários, pois representa o montante de capital que permanece no negócio
depois que seus ativos são usados para pagar suas obrigações pendentes; e o
patrimônio - representa, portanto, a diferença entre os ativos e passivos. “Trata-
se de uma demonstração estática da situação financeira de um patrimônio em
determinado momento e deve ser apresentado sempre em comparação com os
valores relativos ao exercício imediatamente anterior” (Luz, 2014, p. 3).
2. Demonstração de Resultados ou DRE: apresenta o desempenho
financeiro da empresa em termos de lucro líquido ou perda durante um período
especificado, e é composta pelos seguintes elementos: rendimento - o que a
empresa ganhou ao longo de um período (por exemplo, receita de vendas, renda
de dividendos etc.); despesa - o custo incorrido pela empresa durante um período
(por exemplo, salários e salários, depreciação, taxas de aluguel etc.). Para Luz
(2014, p. 11), o uso do DRE pode permitir análise de desempenho econômico e
financeiro de uma empresa:

Pela utilização da Demonstração do Resultado do Exercício, podem ser


efetuados estudos, análises e interpretações de variações ocorridas
entre um período e outro, analisadas a evolução econômica e financeira
do negócio, elaborados novos planos e objetivos. (Luz, 2014, p. 11).

3. Demonstração do fluxo de caixa: apresenta o movimento em dinheiro


e saldos bancários ao longo de um período, e a movimentação dos fluxos de caixa
é classificada nos seguintes segmentos: atividades operacionais - representam
o fluxo de caixa das atividades primárias de uma empresa; atividades de
investimento - representam o fluxo de caixa da compra e venda de ativos não
estoques (por exemplo, compra de uma fábrica); atividades de financiamento -
representam o fluxo de caixa gerado ou gasto na captação e reembolso de capital
e dívida, juntamente com os pagamentos de juros e dividendos. Conforme Luz
(2014, p. 18), a demonstração do fluxo de caixa incorre nos benefícios de acesso
a informações sobre mudanças na estrutura de ativos líquidos da entidade e sobre
sua capacidade de geração de caixa líquido.

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4. Demonstração das Alterações no Patrimônio Líquido ou
Demonstração de Lucros Acumulados: detalha o movimento no patrimônio
líquido dos proprietários ao longo de um período, que é derivado dos seguintes
componentes: lucro ou prejuízo líquido do período; capital emitido ou reembolsado
durante o período; pagamentos de dividendos; ganhos ou perdas reconhecidos
diretamente no patrimônio líquido (superávits de reavaliação); efeitos da alteração
política contábil ou correção do erro contábil.

TEMA 3 – ORGANIZAÇÃO E ALINHAMENTO DO ORÇAMENTO COM A


ESTRATÉGIA

É essencial alinhar seu orçamento com sua estratégia de negócio. Para


que a relação se organize melhor e sem problemas, é necessária a aplicação de
diretrizes específicas no que diz respeito às etapas para alcançar seus objetivos.
Ou seja, as empresas precisam ser capazes de gerenciar seus recursos
financeiros para lidarem com desafios imprevistos.
Caso não haja uma boa conexão entre o orçamento e a estratégia de
negócios, pode resultar em um orçamento insignificante e uma deficiente
estratégia, o que poderia representar um desastre para o negócio. A importância
do orçamento ajustado com a estratégia de negócios resultará num impacto de
maior eficácia, alocando melhor os gastos e investimentos.

Exemplo de um orçamento comprometido:


Sua empresa planeja estocar além do necessário, comprando muitos
produtos de uma linha nova de uma só vez, devido ao indicador de “perda da
venda pela falta de estoque”. Em determinado período, o mercado reage e o
pior acontece: Você acabou de adquirir um estoque excessivo. Tudo porque não
analisou a demanda em manter um estoque enxuto, e agora seu orçamento está
comprometido por gastos que eram evitáveis.

Conforme Mintzberg (2007, p. 152), “da mesma forma que se supõe que a
estratégia dirija o orçamento, o orçamento também restringe a estratégia”.
Para buscar um alinhamento do orçamento com a estratégia corretamente,
é preciso considerar alguns pontos:

1. Para obter o máximo de informações possíveis e ter uma estratégia


infalível, certifique-se de que todos os executivos tragam diversas ideias de
como a estratégia e a previsão financeira estão relacionadas com as

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políticas de negócios, pois o orçamento deve ser tratado como um
mecanismo para destinar recursos que ajudem a alcançar resultados
estratégicos.
2. Para ter uma visão de longo prazo com orçamentos anuais, deve-se levar
em consideração que várias iniciativas empresariais demoram mais tempo
até chegar ao ponto de equilíbrio. Neste cenário, você pode garantir que os
aspectos orçamentais se alinhem com os objetivos organizacionais para
ser uma parte significante no crescimento da estratégia global.
3. Para medir seus indicadores de desempenho e manter a saúde financeira
de sua organização, pesquise por softwares de contabilidade, pois eles
ajudam na gestão, no monitoramento do dinheiro, das transações, de
enviar e receber faturas. Além disso, conhecer os principais indicadores de
desempenho (KPI) é essencial para incluir parâmetros financeiros e não
financeiros. Esses parâmetros precisam ser bem definidos, mensuráveis e
distribuídos aos principais interessados. De acordo com Marques (2009, p.
97), o cálculo e o estudo dos indicadores de desempenho indicam a saúde
financeira da organização e sua análise apresenta as possibilidades de
sucesso do sistema financeiro.
4. Quando definir metas realistas, uma das decisões de negócios mais
importantes é se certificar de que seus objetivos são atingíveis. Faça
projeções considerando o ambiente econômico e competitivo, pois um
orçamento infalível é fator decisivo do posicionamento de sua organização
em relação aos seus concorrentes, e seja específico quanto ao modo como
você planeja usar os ativos da empresa e alocá-los de forma a garantir o
sucesso.
5. Para ajustar sua estratégia de “como” e “quando” exigir, certifique-se de
lidar com as situações dos seus planos a cada trimestre e modificá-los
conforme necessário, pois você será capaz de detectar seus erros e saber
como corrigi-los antes que um pequeno problema se torne uma grande
crise. A saúde financeira de sua organização de longo prazo pode contribuir
com o desenvolvimento da estratégia da companhia, bem como se
transformar em uma força principal na sua execução.

Na maioria das empresas, o orçamento não tem muita relação com a


estratégia, pois a gestão está concentrada em detalhes operacionais de curto
prazo. Para um excelente desempenho das operações, é necessário que a gestão

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dê importância à implementação da estratégia de longo prazo. (Kaplan; Norton,
2000, p. 287).

Dicas para controlar seu orçamento na palma da mão:


Muitas empresas disponibilizam softwares (aplicativos) para os
empreendedores que não querem perder tempo procurando em pilhas de
papéis as informações necessárias para o controle do orçamento empresarial.
Os apps para smartphones e tablets (além de terem extensões de programas
para desktops) são uma opção para o empreendedor saber de trás para frente
como está o orçamento do seu empreendimento. Confira no Portal da Exame,
PME, no artigo “12 erros que acabam com as contas do seu negócio”, de
Mariana Fonseca, ano 2015, onde a autora cita dez aplicativos necessários para
o empreendedor para o controle do orçamento. [Orçamento / Estratégia].

Fonte: Portal Exame (2015).

Uma empresa adiantada e focada em sua estratégia deve estar preparada


para o mercado e encarar suas dificuldades como um desafio a ser superado, pois
é importante que o empreendedor esteja focado nos objetivos para as contas da
empresa. Dessa forma, ferramentas necessárias e atualizadas nas tendências do
mercado podem ajudar você a ganhar oportunidades, por exemplo, num acordo
com o banco ou numa venda para um cliente exigente.

TEMA 4 – PROJEÇÕES FINANCEIRAS E TÉCNICAS DE ANÁLISE

Cada serviço para projeções financeiras é um modo de ver seu plano de


negócios em números, pois, ao criar tais projeções por meio de determinados
modelos, percebe-se certa facilidade de aplicação num nível de sofisticação
adequado a cada situação empresarial. Os modelos de projeções financeiras são
usados como ferramenta para entender o futuro financeiro de uma empresa, ou
seja, um bom planejamento auxilia o cálculo do dinheiro existente em caixa e abre
a possibilidade de rever estratégias de acordo com mudanças no cenário
macroeconômico. O processo de modelagem financeira refina a essência do
negócio empresarial em um número gerenciável fundamentado, a partir de
relações de causa e efeito para distinguir o que é ou não é importante.

Projeção financeira sólida

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No artigo escrito por Laura McCamy, no Portal da Quickbooks, “5 dicas
para elaborar uma projeção financeira sólida”, mostra que empreendedores
enfrentam muitas dificuldades antes de conseguir construir uma empresa de
sucesso. É exatamente por isso que o otimismo é uma característica positiva.
Porém, quando se trata de fazer projeções financeiras, uma dose saudável de
pessimismo vem a calhar. Previsões muito favoráveis podem levar você a tomar
decisões que comprometam seu negócio. Quer você faça projeções para o ano
seguinte ou para vários anos no futuro, projeções financeiras sólidas e com base
na realidade proporcionam um roteiro crucial para o crescimento de pequenas
empresas. Confira a seguir algumas dicas que podem ajudar você a avaliar seu
sucesso e a tomar decisões inteligentes nos seus negócios:
1 - Prepare-se para o pior cenário: Se por um lado seria ótimo que suas vendas
este ano fossem altíssimas, é mais provável que seu crescimento siga uma
curva mais lenta e previsível. Previsões de receita otimistas demais podem levar
a armadilhas como comprar muito estoque desnecessariamente ou contrair uma
dívida que sua empresa não conseguirá pagar facilmente.
2 - Use sua projeção de fluxo de caixa para prever problemas: A projeção do
fluxo de caixa é uma das etapas mais úteis para planejar um caminho mais
tranquilo do ponto de vista financeiro.
3 - Identifique o ritmo do seu ciclo financeiro: Se sua empresa já está no
mercado há algum tempo, estude seus demonstrativos de lucros e perdas dos
últimos anos para prever o que pode acontecer.
4 - Baseie as decisões no seu ponto de equilíbrio: A análise do ponto de
equilíbrio é um elemento crucial para as projeções financeiras de pequenas
empresas. Ponto de equilíbrio (em unidades) = Total das despesas fixas (em
R$) / Margem de lucro bruto por unidade (em R$) ou Ponto de equilíbrio (em
R$) = Total das despesas fixas (em R$) / Taxa de margem bruta (em %)
5 - Faça projeções, revise, repita: Monitore atentamente suas projeções
financeiras ao longo do ano para avaliar o desempenho dos seus negócios.
[Quickbooks/Planejamento financeiro e Projeção Financeira].

Fonte: Portal Quickbooks.

Os modelos de projeções financeiras mais detalhadas incluem:

 Principais premissas documentadas e organizadas por categorias, como:


crescimento de clientes, fontes de receita, preços, custos, condições de

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pagamento, despesas de capital e pessoal. Todas são colocadas em uma
única planilha codificada por cores, e toda empresa deve identificar e
quantificar os pressupostos e valores mais significativos para o tipo de
negócio.
 Todas as demonstrações financeiras padrão, incluindo a demonstração de
resultados (lucros e perdas), balanço e demonstração do fluxo de caixa.
 Fluxos de caixa independentes (a demonstração padrão de fluxos de caixa,
recebimentos e desembolsos de caixa, e fontes e usos de caixa), pois é
mais fácil observar os dados a partir de novas perspectivas, bem como
verificar possíveis erros.
 Todos os cálculos do fluxo de caixa mensalmente detalhados para garantir
que a empresa aumente capital suficiente para suportar picos de fluxo de
caixa, devido a fatores como reposição de estoques, ciclos menores de
contas a receber, altos pagamentos de impostos trimestrais, compras
importantes e outros eventos.
 Relatórios impressos trimestrais para os dois primeiros anos, e anuais para
os cinco anos seguintes. É um detalhe mais confortável para os
investidores e credores.
 Despesas operacionais agrupadas por departamentos. Isso é apropriado
para toda empresa, pois permite que se comparem as despesas do
departamento como uma porcentagem do total de despesas para comparar
com outras unidades.
 Índices-chave que permitem comparações das projeções com outras
empresas da sua indústria.
 Vários cenários de financiamento, para comparar os efeitos de diferentes
estratégias de financiamento.
 Análise de sensibilidade, que mostre o impacto da alteração de seus
principais pressupostos em quantidades iguais, em termos percentuais e
que permita aos interessados (investidores e credores) se concentrarem
nos pontos importantes.
 Resumo com uma tabela de gráficos coloridos que apresente uma projeção
para cinco anos.

Conceituando uma projeção financeira, podemos dizer que ela consiste em


uma previsão das receitas e das despesas futuras, que contabiliza dados internos
ou históricos e inclui a previsão de fatores externos do mercado. Uma projeção de

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curto prazo leva em consideração o primeiro ano da empresa (traçado mês a
mês), e uma projeção financeira de médio prazo contabiliza os próximos três anos
da empresa (traçado ano a ano).

Conceitos
Os principais elementos da sua projeção financeira:
No Portal da Quickbooks, o artigo “Projeções financeiras: saiba como
interpretar”, de Megan Sullivan, descreve três tipos de demonstrativos
financeiros incluídos nas projeções financeiras:
1 - Demonstração de resultado do exercício (DRE): uma demonstração de
resultado do exercício exibe suas receitas, despesas e lucro durante um período
específico. Se você estiver desenvolvendo essas projeções antes de abrir sua
empresa, é aqui que você fará a maior parte da previsão. As principais seções
de uma demonstração de resultado do exercício são: Receita (esse é o dinheiro
que você ganhará com os bens ou os serviços que oferece); Despesas
(certifique-se de contabilizar todas as despesas que terá, incluindo custos
diretos e custos gerais e administrativos); Lucro total (sua receita menos suas
despesas, antes dos impostos de renda); Imposto de renda; Lucro líquido
(seu lucro total menos os impostos de renda).
2 - Projeção de fluxo de caixa: uma projeção de fluxo de caixa demonstra a
um agente de empréstimos ou investidor que você dispõe de um bom risco de
crédito e conseguirá quitar o financiamento. A projeção de fluxo de caixa inclui
três seções: Receitas de caixa (visão geral das vendas estimadas para
determinado período de tempo), contabilize apenas as vendas cobradas (e não
feitas a prazo); Desembolsos de caixa (analise seu livro razão e liste todas as
despesas de caixa que você espera pagar no mês); Conciliação de receitas
de caixa e de desembolsos de caixa (esse é fácil, basta subtrair o valor dos
desembolsos da sua receita de caixa total). Se você tiver um saldo no mês
anterior, transfira esse valor e adicione-o à sua receita total de caixa. Nota: uma
das armadilhas mais comuns ao trabalhar com projeções de fluxo de caixa é
manter uma atitude otimista demais em relação à receita.
3 - Balanço patrimonial: essa visão geral apresenta um resumo do valor líquido
da sua empresa em determinado momento. É um resumo de todos os dados
financeiros da sua empresa em três categorias: ativos, passivos e patrimônio
líquido. Ativos (objetos tangíveis de valor financeiro que a empresa possui);
Passivos (débitos da empresa com um credor); Patrimônio líquido (a diferença

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líquida entre o total de passivos e o total de ativos da sua empresa). Nota:
certifique-se de que as informações contidas no balanço patrimonial são um
resumo das informações previamente apresentadas na demonstração de
resultado do exercício e na projeção de fluxo de caixa. Nessa etapa, faça uma
verificação final dos dados: Investidores e credores procurarão inconsistências,
e isso pode afetar (e muito) a disposição deles de estender a linha de crédito da
sua empresa. [Quickbooks / Projeção Financeira].

Fonte: Adaptado de Portal Quickbooks.

São exemplos de previsões financeiras mais detalhadas: Estratégia de


Formação de Capital (avaliar oportunidades de crescimento para o um plano de
negócios e desenvolver uma estratégia apropriada de formação de capital, como
análise das necessidades de capital, avaliação da estrutura de capital e
identificação das fontes de capital apropriadas); Avaliações (estimar o valor de
uma empresa para fins de investimento, venda, fusão ou aquisição); Análise e
Gestão de Riscos (identificar e quantificar riscos por meio de uma auditoria de
risco e do desenvolvimento de modelos de risco sofisticados); Auditoria de
Planilha (examinar falhas significativas, encontrar e corrigir tais problemas).
Uma dica importante para suas projeções financeiras está em fornecer uma
visão geral para uma análise rápida das informações a serem incluídas, e,
principalmente, ser o mais realista possível e pedir auxílio de um parceiro de
negócios de confiança para revisar suas projeções financeiras, não deixando de
aproveitar todos os recursos on-line disponíveis.

TEMA 5 – AMPLIANDO SEU CONHECIMENTO POR MEIO DE MÉTODOS DE


PROJEÇÕES

O objetivo principal da projeção financeira é fazer estimativas para o futuro.


Com uma boa projeção, você não perderá oportunidades, pois conseguirá alocar
todos os seus recursos nas áreas certas.
O método mais simples de demonstrações de resultados e balanços
patrimoniais financeiras projetados é o método das porcentagens de vendas,
que tem a vantagem de utilizar poucos dados ou variáveis para a sua projeção.
Para tanto, neste método, os muitos itens da demonstração de resultado
do exercício e do balanço patrimonial contêm relação com o nível de vendas, ou
seja, se o custo das mercadorias vendidas apresenta uma média de 71% das

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vendas nos anos anteriores, então acreditamos que se manterá no próximo ano.
Observe como ficaria:

 Vendas esperadas = R$ 20 milhões para o próximo ano.


 Projeção do custo das mercadorias = R$ 14,2 milhões (para nível de
vendas projetado e conhecido).

Existem outras técnicas de projeções mais sofisticadas, construídas em


planilhas do Excel, observe alguns exemplos:
Extrapolação de tendência linear: análise de projeção das vendas com
base no histórico de “vendas x anos”, para determinar se as vendas cresceram
em uma razão constante. (Fig. 1).

Figura 1 - Projeção linear das vendas para cinco anos

Análise de regressão: técnica de ajustamento para determinar a relação


entre variáveis e para projeção, para obter uma projeção melhor dos custos das
mercadorias vendidas para o próximo ano. (Fig. 2).

Figura 2 - Projeção de gastos com propaganda

FINALIZANDO

Resumindo, para obter sucesso no planejamento orçamentário e financeiro


da sua empresa, o planejamento financeiro precisa ser estrategicamente
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essencial. Vale lembrar que o orçamento é um instrumento muito valioso para o
planejamento financeiro e para o controle das operações da sua empresa. Todo
este processo leva ao conhecimento, pois o orçamento contribui na geração de
novos questionamentos a cada parte do negócio, e o financeiro terá um melhor
desempenho se as formas de implementação das atividades do negócio forem
repensadas.
E você? Já definiu um processo de planejamento orçamentário e financeiro
para mitigar possíveis riscos durante o ano para sua empresa?

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REFERÊNCIAS

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planejamento estratégico para o orçamento empresarial no alinhamento da
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Alegre: Bookman, 2007.

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