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Perguntas e Respostas Frequentes

Patentes

Após a publicação do pedido, a contar da solicitação de análise da patente ao INPI, qual o prazo que
o INPI tem para emitir a decisão (deferimento/indeferimento)?

Não existe prazo estabelecido pela legislação para o INPI decidir. Entretanto, de acordo com o
parágrafo único do Art 40 da LPI, o prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a Patente
de Invenção e a 7 (sete) anos para a Patente de Modelo de Utilidade, a contar da data de concessão,
ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por
pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior. Ou seja, um pedido que foi
depositado em 1997, e que somente foi deferido pelo INPI em 2009, a patente terá validade até
2019, ou seja, o titular terá 22 anos de proteção, não sendo prejudicado pelo atraso do INPI.

"O EPO foi criado pela Convenção sobre Patentes Europeias, cujo Artigo 2(1) prevê que as patentes
concedidas em virtude dessa convenção sejam denominadas patentes europeias. Nos termos do
Artigo 2.2, “em cada um dos Estados contratantes para os quais é concedida, a patente europeia
tem os mesmos efeitos e é submetida ao mesmo regime que uma patente nacional concedida nesse
Estado, a menos que de outro modo previsto pela presente Convenção." Podemos, então, somente
pagar as taxas do EPO e o produto patenteado ficar protegido em todos os países? Ou deve-se
entrar com o pedido em cada escritório e pagar as taxas de todos os países (ex. Alemanha, França,
Itália, Inglaterra...) onde se deseja a proteção?

Não. Após a patente concedida, o titular deve entrar na fase regional em cada país, porém, no caso
do EPO, este é somente um trâmite simples administrativo e as taxas são mais baratas.

Sobre o desenvolvimento dos jogos eletrônicos (os videogames e os velhos fliperamas), creio que
sejam produtos passíveis serem patenteados por se tratarem de software embarcado para
entretenimento. Em relação aos jogos educativos não eletrônicos destinados a facilitar a
compreensão sobre determinada matéria, como matemática, química, física ou biologia – como, por
exemplo, um jogo de tabuleiro do tipo “Banco Imobiliário”, para ensinar sobre economia - seria
possível o patenteamento?

Segundo o Artigo 10 VII da Lei 9279/1996(LPI), regras de jogo não são consideradas Patentes de
Invenção ou Modelo de Utilidade. O tabuleiro e as peças do jogo são passíveis de patenteamento,
mas devem ter novidade e atividade inventiva.

Depois de expirada a proteção, a patente passa a ser “segredo industrial” ou passa a ser de
“domínio público”?

A partir do momento em que o inventor deposita um pedido de patente, ele está divulgando a
invenção, portanto não existe mais segredo industrial. Se o inventor quiser manter segredo sobre
sua invenção ou modelo de utilidade, ele não deve depositar um pedido de patente. O segredo
industrial é totalmente o oposto à ideia e ao objetivo de uma patente. O pedido de patente é
publicado 18 meses após o seu depósito, e mesmo que o depositante desista do pedido de patente,
o pedido é publicado. Após o término da vigência da patente, a tecnologia, até então protegida,
entra em domínio publico, porém ela já foi divulgada muito tempo antes (20 anos menos 18 meses
= 18 anos e 6 meses atrás). Portanto, não existe a possibilidade do conteúdo passar a ser segredo
industrial, após a patente entrar em domínio publico. O sistema patentário se baseia na premissa da
divulgação completa e suficiente da invenção para a sociedade e, como contrapartida, o governo
concede ao inventor, após o exame de mérito, 20 anos de exclusividade.

De acordo com a Instrução normativa, como o requerente deveria enviar um documento que
necessitasse de correção na numeração das páginas? Quando são acrescentadas novas páginas ao
documento, acrescenta-se letras após a numeração da página, como 3/3a, 3/3b, etc.?

Excepcionalmente, nos caso onde uma modificação no relatório descritivo seja necessária e tal
alteração implicar em substancial rearranjo das demais folhas que o compõem, poderão ser aceitas
folhas de substituição com numeração híbrida, isto é, formada por algarismos arábicos e letras
devidamente vinculadas com a folha precedente e com a posterior, devendo haver clara indicação
da seqüência, em todas as folhas com numeração híbrida e na imediatamente anterior, por meio de
uma nota no rodapé destas folhas, nos seguintes termos: (na folha 4) - "segue-se folha 4a", (na folha
4a) - "segue-se folha 4b", (na folha 4b) - "segue-se folha 5". Porém, você também poderia
renumerar todas as folhas e submetê-las ao INPI.

Para eu desenvolver um alimento, devo partir de um patrimônio genético - animal, vegetal ou


fungo, por exemplo. Logo, para eu requerer uma patente de um produto desses, devo apresentar
autorização do CGEN, correto? E se eu quiser desenvolver um novo alimento, partindo, por
exemplo, de uma carne, ou de um grão, que tenha sido obtido do comércio, mesmo assim será
obrigatória a apresentação de autorização?

O único órgão que poderá responder se é necessário pedir esta autorização, dos exemplos citados
por você, é o CGEN. Não cabe ao INPI a interpretação de quais tecnologias necessitam de
autorização do CGEN, cabe ao CGEN essa interpretação. Hoje, por orientação do MDIC, MRE e do
CGEN, o INPI faz a exigência (código 6.6) da apresentação da autorização do CGEN para TODOS os
pedidos da área de alimentos, cabendo ao depositante responder negativamente, se não tiver
acessado recurso genético, ou positivamente, apresentando o número da autorização. Portanto, a
única orientação que o INPI pode fornecer é: solicite ao CGEN a autorização, e caso o CGEN, única e
exclusivamente, considere que não é necessário autorização, você apresentará essa resposta ao
INPI, quando do depósito do pedido de patente.

Nas ultimas RPI's, muitos pedidos de patentes têm sofrido exigência formal por falta de Acesso ao
Patrimônio Genético. Provavelmente, para muitos desses pedidos, os pesquisadores ou inventores
independentes não fizeram a regulamentação do acesso durante ou depois da pesquisa concluída,
junto ao órgão competente, o CGEN. Este, sabemos que possui um backlog, assim como as patentes
do INPI, e que um pedido urgente de aprovação ao acesso ao patrimônio genético não sairia a
tempo dos 60 dias para entrada da justificativa ao parecer. Provavelmente, em muitas das patentes
que sofreram tal exigência, não tiveram pedido de acesso ao Patrimônio Genético por tal legislação
não ser clara em relação a quando se faz e em que casos se faz tal pedido. Minhas perguntas são:
tais patentes que caíram nessa exigência estão perdidas? A apresentação do número provisório
fornecido pelo CGEM para o acesso ao Patrimônio Genético é aceito como justificativa no INPI?

A apresentação do número provisório é aceita pelo INPI, devendo o Depositante apresentar o


número definitivo em aditamento, quando disponível. Os pedidos de patente que não acessaram o
Patrimônio Genético deverão responder com a Petição Negativa. Os pedidos que acessaram, mas
não têm ainda a autorização, deverão responder com a Petição Positiva, informando que a
autorização está em trâmite no CGEN, devendo, em aditamento, apresentar a autorização assim que
for obtida. Caso o pedido de patente tenha acessado o Patrimônio Genético e o depositante não
tenha solicitado autorização ao CGEN, ele deverá solicitar essa autorização, mesmo que o pedido já
tenha sido depositado, pois hoje o INPI está aceitando Autorizações que foram concedidas pelo
CGEN após o depósito do pedido de patente. O que não deve ser feito: 1) Não responder a
exigência de 6.6, pois acarretará no arquivamento do pedido de patente; 2) Responder
negativamente a exigência 6.6 quando ocorreu acesso ao Patrimônio Genético. Se o depositante
ainda não tem tal autorização do CGEN, ele deve responder positivamente ao 6.6, informando que a
autorização está em análise no CGEN, e em aditamento, apresentar a autorização quando for
aprovada pelo CGEN.

Em relação a Questão 1 das Questões Finais: “Os ferros elétricos utilizados para passar roupas não
possuíam cabo anatômico, ranhura próximo à base para proteger os botões (poupa botões que
impede a queima destes pelo calor da base do ferro) e termostato com regulagem, que permite
adaptar a temperatura do ferro ao tecido a ser passado. Se você tivesse que indicar um tipo de
proteção para estas modificações, quais seriam estas proteções, respectivamente, para o cabo,
protetor de botões e termostato?”; seria a proteção do cabo anatômico uma proteção por Desenho
Industrial ou por Patente de Modelo de Utilidade?

Digamos que você faça uma proposta de mudança para os elementos citados. Se suas mudanças
provocassem uma melhoria técnico-funcional neles você poderia protegê-las (as mudanças) por
Patente de Modelo de Utilidade. Se a sua proposta se basear somente na forma ornamental desses
elementos, você protegeria por Desenho Industrial. Se as mudanças gerarem um avanço
tecnológico, você protegeria por Patente de Invenção.
No caso, o cabo anatômico tem uma funcionalidade importante, ele facilita segurar e usar o ferro;
evita problemas com a formação de calos nos dedos, escorregar a mão, tendinites, especialmente,
em pessoas que o utilizam por horas seguidas. Então, este cabo tem uma funcionalidade e deve ser
protegido por Patente de Modelo de Utilidade. Mas, se você criar uma estética nova para ele, cores,
linhas, desenhos, então você também poderia pedir proteção por DI para este novo desenho.

Caso um inventor tenha depositado um pedido de patente via PCT/OMPI, após 12 meses do
depósito do pedido internacional é possível que este inventor, ou outra pessoa, possa fazer um
depósito do mesmo pedido no Brasil?

Passados 12 meses, o pedido que foi depositado via PCT pode ser usado como estado da técnica
para o outro pedido depositado no Brasil. Por outro lado, se o depósito no Brasil acontecer dentro
dos 12 meses após o depósito via PCT, o depositante pode reivindicar a prioridade.
Não esqueça que, com este depósito internacional, o inventor poderá entrar na fase nacional em
todos os países signatários do PCT, inclusive o Brasil, em até 30 meses.

Se você inventasse um produto ou um processo, você iria protegê-lo através da patente ou do


segredo comercial?

Isto depende muito de onde o inventor trabalha. Se ele trabalhasse na Coca-Cola, com certeza a
empresa optaria por segredo comercial. Entretanto, se ele fosse inventor de uma indústria
farmacêutica, com certeza o laboratório optaria por patente para ter direito ao monopólio. Para
inventores isolados, acredito que seria mais prudente proteger através de patente.
Um ponto que sempre me chamou a atenção acerca de patentes é a quebra de patenteamento em
caso de determinados medicamentos. Parece-me que o Brasil possui uma política bem definida
quanto à adoção desta prática, sendo um dos principais países no mundo na utilização do vulgo
"genérico", entretanto isto gera uma crescente insegurança por parte dos laboratórios, que muitas
vezes não investem da mesma forma nos mercados brasileiros, devido a esta política pública. Como
isto ocorre? Há alguma legislação que defina quais são os parâmetros para a sua aplicabilidade?

Não existe "quebra de patentes", o Brasil nunca quebrou a patente de ninguém, o termo é
totalmente errado. O que existe é a Licença Compulsória de Patentes, que é prevista na LPI nos
artigos 68 a 74. Ocorreu a Licença Compulsória por interesse público do Efavirenz que foi decretada
pelo Governo Federal. Vide o DECRETO Nº 6.108, DE 4 DE MAIO DE 2007. A leitura do decreto é
bastante auto-explicativa. Verifica-se claramente que as Patentes do Efavirenz ainda estão valendo,
não foram extintas ou anuladas. A Licença Compulsória, como foi visto (páginas 36 e 37 do módulo
7), é prevista na Lei de Patentes do Brasil, além de ser prevista no Trips. A Declaração de Doha
reafirmou a licença compulsória de medicamentos para fins de saúde pública
(http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/dohaexplained_e.htm#top).. O Brasil utilizou
somente uma vez, da forma correta, e, por isso, nunca foi retaliado na OMC. Não existe genérico
derivado de licença compulsória.

Estudando o Módulo de Patentes, foi informado no Áudio 5 que "se você tiver patentes em dez
países, você terá que pagar taxas de manutenção em cada um desses dez países. Caso você não
pague em um deles, sua patente se extingue perdendo a proteção naquele país". Levando-se em
consideração o PCT para realizar um depósito de pedido de patente, e partindo da hipótese que um
depósito de patente realizado no Brasil foi extinto por qualquer uma das hipóteses previstas (falta
de pagamento das taxas de manutenção, expiração do prazo de vigência, pela renúncia do titular,
pela caducidade e pela falta de um procurador no caso de pessoa domiciliada no exterior), gostaria
de saber se os demais pedidos feitos no exterior, com base no PCT, também serão.

Lembre-se de que tanto o CUP quanto TRIPS utilizam os princípios da independência das patentes e
da territorialidade. Ou seja, cada país é livre para conceder ou não uma patente, de acordo com
critérios gerais estabelecidos nos acordos e com critérios internos de cada país.
O mesmo ocorre com a extinção de uma patente. O requerente pode deixar de pagar as anuidades
em um país e ela ser extinta lá, e continuar pagando nos demais países de forma que sua validade se
manterá neles durante a vigência estabelecida para ela. Também pode ocorrer um processo judicial
de anulação da patente em um dos países e não nos outros, ou seja, o que vai ocorrer em cada país
poderá ser diferente do que vai ocorrer nos outros e dependerá do requerente, dos concorrentes,
dos infratores e da legislação interna de cada país.
Cabe lembrar ainda que, na fase internacional do PCT um único depósito do pedido de patente é
realizado. Depois que o pedido entra nas fases nacionais, eles seguem independentemente. Assim, o
depositante, após a entrada na fase nacional, será obrigado a acompanhar os seus pedidos em cada
país designado. Se ele desistir de algum país, os demais prosseguem em análise.

A defesa pública de tese contendo parte da atividade inventiva relacionada ao possível objeto de
patente é considerada divulgação que pode prejudicar a avaliação da novidade e atividade
inventiva?
A Lei 9279/96 prevê o prazo de até 12 meses após a publicação para o depósito do pedido de
patente, sem prejuízo, chama-se período de graça. Isto é, se a defesa pública ocorrer até 12 meses
antes do depósito do pedido de patente, esta defesa não poderá ser considerada na análise do
pedido. Entretanto cabe lembrar que muitos países do exterior tem apenas 6 meses de período de
graça ou nenhum prazo, portanto não é recomendável que se publique/divulgue a invenção antes
de se fazer o depósito.
A única forma de uma defesa de tese não ser pública é a sua realização ser fechada. Neste caso,
todos os presentes devem assinar um termo de confidencialidade. Porém, obviamente, em algum
momento ela será disponibilizada na biblioteca, aí ela passa a ser pública. Nunca se esqueça que
divulgação pública também é divulgação oral.
Complementando, o Tratado PCT não prevê o período de graça. Então, muitos depositantes têm
suas divulgações citadas como impeditivas à avaliação de novidade e atividade inventiva,
acreditando que estas divulgações fariam parte do período de graça. Se este pedido depositado via
PCT entrar na fase nacional brasileira, ok, a nossa lei prevê o período de graça. No entanto, as outras
fases nacionais podem não ter o mesmo tratamento, e ainda, terão conhecimento de documentos
anteriores e impeditivos. O melhor é depositar primeiro e divulgar depois.

Para que uma patente de um autor diferente conste como estado da técnica de uma patente
depositada, leva-se em consideração a data de depósito ou de publicação daquela? Por exemplo:
realizei um depósito no dia 23.10.2012 e uma patente, sobre o mesmo assunto, foi depositada em
abril de 2010 e publicada em janeiro de 2012,esta patente faz parte do estado da técnica?

O estado da técnica para efeitos de avaliação de novidade e atividade inventiva de uma invenção é
definido como tudo colocado à disposição do público em qualquer parte do mundo por meio da
divulgação oral ou escrita (incluindo os desenhos e outras ilustrações) antes da data do depósito ou
da prioridade, se houver. Para a determinação do estado da técnica, não devem existir quaisquer
restrições quanto ao lugar geográfico, ou língua ou forma (incluindo a divulgação escrita publicada
na Internet ou em base de dados on-line). Também não existem restrições quanto à idade do
documento do estado da técnica, desde que o documento tenha sido colocado à disposição do
público antes da data de depósito ou da prioridade, se houver.
Sobre o seu exemplo, em outubro de 2012, quando você fez o depósito do seu pedido de patente,
você já tinha o conhecimento do documento publicado em janeiro do mesmo ano. Portanto, este
documento faz parte do estado da técnica para o seu pedido.
Porém, complementando sua pergunta, se em outubro de 2012, quando você fez o depósito do seu
pedido de patente, outro pedido houvesse sido depositado em abril do mesmo ano, então, este
pedido não faria parte do estado da técnica, pois ele se encontraria em sigilo. Na lei brasileira, existe
o Art.11, parágrafo 2o, que prevê que um documento divulgado entre as datas de depósito e da
prioridade, pode ser considerado como anterioridade impeditiva apenas para avaliação da
novidade, e não para a avaliação da atividade inventiva.

Em 2007, uma pessoa desenvolveu um invento e fez o depósito do pedido no INPI dando início ao
processo para obtenção da carta patente. Porém, após a publicação não apresentou a petição de
pedido de exame ao INPI. No início de 2012, o pedido foi definitivamente arquivado. O citado
invento vem sendo utilizado por companhias telefônicas a algum tempo. Apesar do inventor não ter
a patente, pois o pedido dele foi arquivado, existe alguma forma dele obter o reconhecimento da
invenção e a patente da mesma, impedindo as empresas de utilizarem ou de a utilizarem somente
com a autorização do inventor? A invenção já estaria em domínio público pelo fato da publicação e
arquivamento do processo no INPI? Há, porventura, alguma outra forma de proteção ao seu
invento?
Quando ocorre o arquivamento definitivo, a tecnologia entra em domínio público. Nada mais pode
ser feito. Esse caso é muito comum, pois os inventores depositam seus pedidos de patente e
esquecem deles.

Não ficou claro para mim o que seria prioridade interna (art. 17 da LPI).

A prioridade interna funciona assim: Um inventor depositou um pedido de patente no Brasil. Até 12
meses ele pode reivindicar este pedido inicial como uma prioridade para o depósito de um segundo
pedido de patente no Brasil. Então, o primeiro será a sua prioridade interna. Mas, é obrigatório que
seja sobre a mesma matéria. De acordo com o módulo 7 do nosso curso, você poderá ler: “A
prioridade interna (Art. 17 da LPI), assegura ao pedido de patente, depositado originalmente no
Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, o direito de prioridade ao pedido posterior
sobre mesma matéria, desde que, depositado no Brasil, não se estendendo à matéria nova
introduzida. Só poderá ser requerida pelo mesmo depositante ou sucessores e terá prazo de 1 ano a
partir da data de depósito, sendo o pedido anterior definitivamente arquivado.” O Art. 17 da LPI diz
que “Art. 17 - O pedido de Patente de Invenção ou de Modelo de Utilidade depositado
originalmente no Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, assegurará o direito de
prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil pelo mesmo requerente
ou sucessores, dentro do prazo de 1 (um) ano”.

No caso da prioridade, significa que se pode renovar o pedido de patente no prazo de 12 meses para
a mesma invenção, prorrogando o prazo da publicação do seu conteúdo? Existe um limite de
solicitações?

Não existe renovação. O que existe é o uso de um pedido de patente anterior como prioridade de
um depósito subsequente, dentro do período de 12 meses. Após 18 meses da data da prioridade,
haverá a publicação do seu pedido, quando, então, ele se tornará público. Por exemplo: o inventor
depositou no INPI um pedido em 01/01/2000. Passou o tempo, ele corrigiu alguns erros
datilográficos no pedido, citou mais algum documento como estado da técnica, e resolveu depositar
de novo no INPI. Como é a mesma matéria, sem acréscimo de matéria nova, ele pode depositar esse
pedido até 01/01/2001 (12 meses depois) e reivindicar a prioridade do pedido depositado
inicialmente. Em 01/07/2001 o pedido será publicado.

Não sei se é do conhecimento de todos, mas há alguns anos atrás os alemães patentearam a nossa
Rapadura. Isso gerou um desgaste muito grande a nível internacional. Depois de aproximadamente
cinco anos lutando, o Brasil derrubou a patente. Similar a este caso, foi a tentativa dos chineses em
patentear um chocolate extraído das sementes do cupuaçu. Por que a rapadura e o chocolate do
cupuaçu podem ser patenteados? O que garantiria o direito de proteção desses produtos seria
necessariamente uma patente?

Os produtos, tais como encontrados na natureza, não podem ser patenteados no Brasil (artigo 10
(VII) da Lei 9279/1996 - LPI), por exemplo, extratos de plantas. Porém, os produtos derivados dos
produtos naturais, quando sofrem algum processo industrial, poderão ser patenteados. O cupulate
(chocolate de cupuaçu) que é um produto produzido a partir do cupuaçu - pode sim ser patenteado,
tanto é que a Embrapa o havia patenteado em 1990. Neste caso, citado por você, a empresa
japonesa desejava patentear uma composição formada por cupulate + lecitina, e os pesquisadores
da Embrapa afirmavam que esta composição é óbvia para um técnico no assunto e não apresenta
nenhum efeito técnico novo, ou seja, não apresenta atividade inventiva (requisito de
patenteabilidade). Em outras palavras, a modificação é muito simples, a composição formada é
semelhante a anterior e não apresenta nenhum efeito surpreendente. RESUMINDO: O chocolate de
cupuaçu poderia ser patenteado se fosse novo e inventivo. 2) Esse caso da rapadura que você
enviou não tem relação com patentes, mas com o registro de marcas. A empresa alemã registrou a
marca Rapadura e produtores brasileiros só poderiam exportar o doce típico com essa marca para
os dois países, se pagassem direitos de comercialização à empresa.

Gostaria de saber qual é o tratamento dado para o desenvolvimento de aplicações em


nanotecnologia. É possível patentear produtos e processos baseados na manipulação de átomos e
moléculas em escala nano? Trata-se de um setor prioritário em vários países desenvolvidos, com
investimentos estimados em mais de US$ 1 trilhão nos próximos anos.

Na lei brasileira (Lei 9.279/96 - LPI), os Artigos 10 e 18 tratam das matérias que estão excluídas ou
são consideradas exceções a patenteabilidade. Entende-se que, como a nanotecnologia não está
contida em nenhuma das exclusões/exceções, então, não há nenhum impedimento para depositar
um pedido com este assunto. Entretanto, não se esqueça dos requisitos e condições de
patenteabilidade. Você pode ler mais sobre as exclusões/exceções no módulo 7 a partir da página
24.

No que se refere a patente ter de ser concedida em cada país, não ficaria desprotegida sua
utilização em outros países?

Sim, se a proteção foi obtida em apenas um país, nos demais não haverá proteção. Este é o princípio
da territorialidade da proteção patentária prevista na CUP de 1883. A proteção da invenção por
patente está associada à intenção de exploração daquele invento no país. A não exploração da
patente pode levar a sua extinção. Portanto, o inventor/depositante deve proteger sua invenção nos
países onde há a pretensão de explorá-la.

Gostaria de saber se a informação de que os EUA aderiram, após assinatura do presidente Obama,
ao sistema de 'primeiro a depositar' procede.

Sim, procede. Você encontra informações atualizadas sobre as mudanças nos EUA no link
http://www.uspto.gov/aia_implementation/faqs_first_inventor.jsp A matéria do link informa que o
sistema “primeiro a depositar” passou a vigorar em 16 de março de 2013 e que novas regras foram
criadas para a implementação do sistema, como um ano de período de graça, etc.

Como se deve proceder no caso de pedido de patente de interesse da defesa nacional (Art. 75 da Lei
nº 9.279/96 e sua regulamentação pelo Decreto nº 2.553/98)?

O módulo 7 fala sobre os pedidos de patente de interesse da defesa nacional. Na página 48, está
escrito que um pedido de patente desta natureza não terá sua publicação notificada na RPI, pois
será processado em sigilo. Quanto aos demais trâmites, seguem da mesma maneira como para
todos os pedidos de patente.

COMO SE DEVE PROCEDER NO CASO DE PEDIDO DE PATENTE DE INTERESSE DA DEFESA NACIONAL


(ART 75 da Lei nº 9.279/96 e sua regulamentação pelo Decreto nº 2.553/98)?

O capítulo 7 fala sobre os pedidos de patente de interesse da defesa nacional. Na página 48, está
escrito que um pedido de patente desta natureza não terá sua publicação notificada na RPI, pois
será processado em sigilo. Quanto aos demais trâmites, todos os pareceres e exigências emitidas
pelo INPI serão comunicados diretamente ao Depositante ou ao seu Procurador habilitado, não
ocorrendo nenhuma publicação na RPI.

Como a regulação do acesso e da repartição de benefícios, juntamente com a promoção do uso


Sustentável da biodiversidade, podem representar ações estratégicas para a conservação da
biodiversidade?

Um bom inicio para o entendimento do assunto é a leitura das discussões que ocorrem na WIPO no
IGC. http://www.wipo.int/tk/en/igc/index.html. Adicionalmente, as normativas relacionadas com a
matéria, no Brasil, são encontras no site do CGEN (http://www.mma.gov.br/patrimonio-
genetico/acesso-ao-patrimonio-genetico-e-aos-conhecimentos-tradicionais-associados) Porém,
somente com a regulação não burocratizada do acesso aos recursos genéticos, poderão ser evitados
abusos.

O parágrafo único do art. 7 da LPI afirma que: "A retirada de depósito anterior sem produção de
qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior." Quais são os efeitos aos
quais esse parágrafo se refere?

Suponho que os efeitos citados no texto legislativo em apreço refiram-se à repercussão da Invenção
ou Modelo de Utilidade - objeto do depósito retirado - no estado da técnica.
Conforme estudamos nesse módulo, "estado da técnica é tudo que foi revelado sobre determinada
matéria ou assunto antes do depósito do pedido de patente em questão". Se o primeiro depósito da
Invenção ou Modelo de Utilidade tiver seu mérito examinado, já terá produzido efeito em relação a
todo depósito que lhe seja posterior, pois terá interferido no estado da técnica e, assim, arruinado a
novidade da mesma Invenção ou Modelo de Utilidade. A retirada do depósito deve, então, preceder
a produção de efeitos que repercutam no estado da técnica. Se for objeto de exame de mérito,
tornar-se-á um documento pertencente ao estado da técnica para fins de análise da novidade e
atividade inventiva do depósito imediatamente posterior, e também dos subsequentes.

Na página 33 está escrito que a Convenção de Paris prevê o direito de prioridade, num período de
12 meses, em qualquer um dos Estados signatários. Em seguida, está escrito que solicitações
posteriores serão consideradas, para efeito de novidade, como se tivessem sido depositadas no
mesmo dia da primeira solicitação. Essas novas solicitações são depositadas após esses 12 meses?
Eu não entendi muito bem

A CUP (1883) provê o ‘direito de prioridade’. Esse direito estabelece que, baseado numa primeira
solicitação depositada em um dos Estados signatários, o solicitante pode, num período de 12 meses,
solicitar a proteção em quaisquer um dos outros Estados signatários.
As solicitações posteriores serão, então, consideradas, para efeito de novidade, como se tivessem
sido depositadas no mesmo dia da primeira solicitação. Em outras palavras, estas solicitações
posteriores terão prioridade sobre as solicitações que possam ter sido depositadas durante o
mesmo período de tempo por outras pessoas, para a mesma invenção.
Se uma requerente depositar um pedido de patente da invenção X no país W (signatário da CUP),
ela terá até 12 meses para realizar um depósito da invenção X nos país U, V, P, M, etc (também
signatários da CUP). Os depósitos posteriores utilizarão o pedido no país W como prioridade e a data
de depósito no país W (anterior) valerão para todos os depósitos posteriores.
Entre as situações que a lei brasileira também prevê (Art. 43 da LPI) que os direitos exclusivos do
titular de uma patente poderão ser utilizados sem sua autorização está: "para o produto fabricado
de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido colocado no mercado interno
diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;" Não entendi. Alguém poderia
exemplificar?

Considera-se que este parágrafo do artigo 43 seja apenas para reforçar que os produtos gerados a
partir de uma patente pelo titular da patente ou por um terceiro, com seu consentimento, poderão
se colocados no mercado interno por eles sem problemas.

Gostaria de saber se existe a possibilidade de um requerente depositar um mesmo "invento" em


duas modalidades de patente (Patente de Invenção e Modelo de Utilidade), simultaneamente, uma
vez que este tenha dúvidas quanto a qual classe de patente seu "invento" pertenceria?

A requerente não poderá pedir duas patentes para uma mesma invenção. O ideal é que quando haja
dúvida quanto à natureza da invenção, a requerente deposite como um pedido de Patente de
Invenção (pois o pedido de PI requer uma estrutura mais "elaborada", com mais detalhes), porque o
durante o exame técnico, é possível a alteração de categoria, sem nenhum prejuízo para o
depositante. Caso a requerente deposite dois pedidos de patente para uma única invenção, ela terá
que escolher uma das duas para ser examinada.

Quais os casos nos quais o INPI estaria impedido de proceder ao exame de mérito de um pedido de
patente? Esta situação é ressalvada no finalzinho do áudio 4 do módulo de patentes.

O Brasil adota 20 e 15 anos, respectivamente, como prazos de vigência para a proteção das Patentes
de Invenção e de Modelo de Utilidade (Art. 40 da LPI), contados a partir da data do depósito do
pedido da patente. Este prazo de vigência da patente não poderá ser inferior a 10 anos para
Patentes de Invenção e de 7 anos para Modelos de Utilidade, a contar da concessão, ressalvado o
caso do INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido. Os casos seriam de força
maior, como no caso de uma calamidade pública.

"Após a apresentação do pedido, ele será submetido ao exame formal preliminar (Art. 20 da LPI)
para verificar se está devidamente instruído. Então, será protocolado e a data do depósito será
considerada como a data da apresentação. O pedido de patente será, então, mantido em sigilo por
18 (dezoito) meses (Art. 30 da LPI), contados da data do depósito ou da prioridade mais antiga.
Findo este prazo, o pedido será publicado e a notificação de sua publicação ocorrerá na RPI (Revista
da Propriedade Industrial, semanal, publicada na página do INPI), à exceção da patente de interesse
da defesa nacional (Art. 75 da LPI), que será processada em sigilo. Essa publicação pode ser
antecipada a requerimento do depositante, entretanto, isso não acelera o exame técnico."

Meu entendimento foi o seguinte: o período de sigilo é um direito do depositante, não uma
necessidade. Mas por que o inventor estaria interessado em manter o pedido em sigilo por 18
meses? Bom, é uma forma de evitar que a invenção seja divulgada aos concorrentes logo após ter
sido depositada.
Então, é permitido a inserção de matéria nova no pedido durante o período de sigilo? Ao ler o Art.
32 da LPI entendi que somente era possível efetuar alterações para melhor explicar o pedido,
limitando-se à matéria reivindicada. "Art. 32. Para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente,
o depositante poderá efetuar alterações até o requerimento do exame, desde que estas se limitem
à matéria inicialmente revelada no pedido."
Você está correto quando diz que não podemos acrescentar matéria a um pedido de patente após
sua publicação. Algumas modificações podem ocorrer, mas de caráter corretivo e restritivo. Nunca
de aumento de matéria!!! O que pode acontecer, durante a fase de sigilo, é utilizar o primeiro
depósito como prioridade interna de um segundo depósito de patentes, (neste caso o primeiro
pedido seria arquivado). Mas para isso o primeiro pedido não pode ter mais de 12 meses! Podemos
sim ajustar o quadro reivindicatório até a data de pedido de exame (que ocorre em até 36 meses do
depósito).

Fiquei em duvida sobre Patentes de Modelo de Utilidade, essa patente pode ser solicitada para
alguma alteração em um objeto protegido por patente, ainda no período de vigência? Ou seria
aplicado apenas em objetos que já caíram em domínio publico? O depositante do pedido de MU é o
mesmo detentor da patente do objeto original ?

As Patentes de Invenção visam à proteção das criações de caráter técnico para solucionar problemas
em uma área tecnológica específica. Ex: Objetos (produtos), sistemas, processos, procedimentos ou
métodos. As Patentes de Modelo de Utilidade visam à proteção das criações de caráter técnico-
funcional relacionadas à forma ou à disposição introduzida em objeto de uso prático, ou parte
deste, conferindo ao objeto melhoria funcional no seu uso ou fabricação. Ex: Melhorias funcionais
no uso ou na fabricação de objetos de uso prático, ou parte destes, tais como: instrumentos,
utensílios e ferramentas. Assim Patente de Invenção refere-se a uma nova tecnologia (avanço
tecnológico) e as Patentes de Modelo de Utilidade referem-se a modificações em um objeto de
forma que este apresente melhoria funcional (no objeto em si ou no processo de fabricação). Vamos
a suas dúvidas:
1) Essa patente (Modelo de Utilidade) pode ser solicitada para alguma alteração em um objeto
protegido por patente, ainda no período de vigência? Sim. Desde que represente uma melhoria
funcional deste objeto.
2) Ou seria aplicado apenas em objetos que já caíram em domínio publico ou o depositante do
pedido de MU é o mesmo detentor da patente do objeto original?
Não, não seria. Mas ressalta-se que uma coisa é ser detentor da patente, outra é poder
comercializar e produzir o objeto da patente sem infringir o direito de terceiros.
Caso os detentores da patente em vigência e do MU forem empresas/pessoas diferentes, elas
deverão fazer um acordo (licença ou cessão) para que o MU possa ser produzido e comercializado.
Caso contrário, o detentor do MU terá que esperar a patente em vigência cair em domínio público.

Lendo o material sobre tratados internacionais não ficou clara a diferença entre Pesquisa
Internacional e Exame Preliminar Internacional. O que é feito mais especificamente em cada etapa?
O que é analisado em uma Patente ou MU?

Quando um pedido de patente é depositado via PCT (depósito internacional) a requerente deve
indicar um escritório que seja Autoridade de Busca Internacional (ISA) para realizar uma Busca
Preliminar sobre a matéria do pedido. O INPI-Brasil, desde 2009, é uma autoridade de Busca
Internacional. Nesta Busca, o examinador de patentes deve encontrar o máximo de anterioridades
pertinentes em relação à novidade e atividade inventiva da "invenção" e da matéria reivindicada no
pedido. Após a Busca, o examinador de patentes faz uma comparação entre a matéria revelada nos
documentos do estado da técnica (anterioridades) encontrados na busca e aquela que a requerente
deseja proteger no seu pedido. Por fim, o examinador redige um relatório (report) no qual coloca
sua opinião sobre os requisitos (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial) e as condições
(suficiência descritiva e clareza) de patenteabilidade. Este relatório recebe o nome de ISR
(International Search Report).
Caso a requerente queira modificar algo no seu pedido (sem acrescentar matéria), poderá fazê-lo
(por exemplo, modificar o quadro retirando o que o examinador considerou sem novidade), e
poderá pedir um relatório de exame preliminar internacional (IPER). No IPER, o examinador fará um
exame preliminar em cima do novo quadro modificado.

O parágrafo único do art. 7 da LPI afirma que: "A retirada de depósito anterior sem produção de
qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior." Quais são os efeitos aos
quais esse parágrafo se refere?

Suponho que os efeitos citados no texto legislativo em apreço refiram-se à repercussão da Invenção
ou Modelo de Utilidade - objeto do depósito retirado - no estado da técnica. Veja se estou
equivocado: conforme estudamos nesse módulo, "estado da técnica é tudo que foi revelado sobre
determinada matéria ou assunto antes do depósito do pedido de patente em questão". Se o
primeiro depósito da Invenção ou Modelo de Utilidade tiver seu mérito examinado, já terá
produzido efeito em relação a todo depósito que lhe seja posterior, pois terá interferido no estado
da técnica e, assim, arruinado a novidade da mesma Invenção ou Modelo de Utilidade. A retirada do
depósito deve, então, preceder a produção de efeitos que repercutam no estado da técnica. Se for
objeto de exame de mérito, tornar-se-á um documento pertencente ao estado da técnica para fins
de análise da novidade e atividade inventiva do depósito imediatamente posterior, e também dos
subsequentes.

Por que existe o período de sigilo contado a partir da data do depósito ou da prioridade mais antiga,
quando houver?

Este período tem por intenção dar uma vantagem de 18 meses para o depositante/inventor manter
o sigilo de sua criação frente aos seus concorrentes, contados da data de depósito ou da prioridade
mais antiga, quando houver, após o que será publicado, salvo no caso de patente de interesse da
defesa nacional. Cabe lembrar que este período de sigilo é uma faculdade do requerente, pois a
publicação do pedido poderá ser antecipada a seu requerimento.

Admita a ocorrência de uma Licença Compulsória por motivos de emergência nacional para atender
um esforço de guerra, no seu décimo ano de proteção. A guerra termina em dois anos e, portanto,
as razões pré-existentes não mais existem. Existe alguma possibilidade do titular do direito
recuperar os anos de proteção perdidos?

Um esforço de guerra poderia sim ser considerado um caso de emergência nacional e poderia ser
solicitada a licença compulsória de uma patente.
Neste caso, o governo estabelece um preço e um prazo, ambos justos. Assim,o detentor da patente
receberia do governo uma quantia pela utilização da invenção patenteada. O Artigo 71 da LPI diz
que “Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo
Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser
concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente,
sem prejuízo dos direitos do respectivo titular. Parágrafo único. O ato de concessão da licença
estabelecerá seu prazo de vigência e a possibilidade de prorrogação.”
De acordo com o material, a lei estabelece que, quando o material biológico não puder ser descrito
de forma discursiva, e não estiver acessível ao público, deve haver depósito do material em
instituição autorizada pelo INPI. Como proceder se o Brasil não tem ainda um centro depositário ?

O Brasil não tem centro depositário ainda, porém o Depósito de Material Biológico é obrigatório
quando não for possível a completa descrição deste. A única maneira de fazer o depósito é utilizar
um dos centros depositários cadastrado pelo Tratado de Budapeste ligado a OMPI. Não é possível
ou aceitável pelo INPI que o depósito microbiológico seja feito em qualquer outro local diferente
daqueles cadastrados pela OMPI. Ressalta-se que o depósito microbiológico em qualquer outro
banco ou então em uma universidade brasileira não é aceito, e acarretaria em indeferimento do
pedido de patente por falta de suficiência descritiva. Através do link a seguir é possível conhecer a
lista dos únicos centros depositários possíveis:
http://www.wipo.int/export/sites/www/treaties/en/registration/budapest/pdf/idalist.pdf
Maiores informações: http://www.wipo.int/treaties/en/registration/budapest

Uma patente pode ser solicitada por terceiro, uma vez que o inventor tenha falecido? E a quem
cabe os direitos de uso do invento ou modelo de utilidade?

O artigo 6º da LPI trata da titularidade da patente, e diz que: “Art. 6º - Ao autor de invenção ou
modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas
condições estabelecidas nesta lei. Parágrafo 2º.- A patente poderá ser requerida em nome próprio,
pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato
de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.
Assim, a patente poderá ser requerida pelos herdeiros ou sucessores do autor, e assim, os direitos
de uso serão do requerente/depositante, que se presume legitimado para o obter a patente, salvo
prova em contrário.

No Art. 43 da LPI cita sobre situações em que os direitos exclusivos do titular poderão ser utilizados
sem sua autorização, sendo que uma delas é: “II - com finalidade experimental, relacionados a
estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas”. Supõe-se que uma universidade inicie uma
pesquisa científica a partir do conhecimento descrito em uma patente de invenção sobre um
processo farmacêutico. Neste caso, o titular da patente não deveria ser consultado sobre a
exposição do processo farmacêutico?

De acordo com o Artigo 43 da LPI, não há problema na universidade pesquisar um processo


farmacêutico sobre proteção. Por outro lado, o quê não seria permitido é a exploração comercial
deste processo. No exemplo citado, o processo farmacêutico está protegido por patente de
invenção que obviamente resulta em um produto farmacêutico. Ressalta-se que a matéria protegida
é o processo, e não o produto e, assim, como o produto, neste caso, não está sob a proteção
patentária, sua produção e comercialização é permitida sem nenhuma infração, porém, não poderá
ser produzido pelo processo protegido, a menos que hajam acordos ou licenças.

Porque a tesoura elétrica é considerada como uma patente de invenção e não um modelo de
utilidade? A tesoura elétrica não seria uma melhoria funcional da tesoura comum?

Uma tesoura elétrica implica em uma nova tecnologia, que pode ser protegida por patente de
invenção. Uma invenção pode ser definida como uma nova solução para um problema técnico
específico, dentro de um determinado campo tecnológico. Um modelo de utilidade pode ser
definido como uma nova forma ou disposição em objeto de uso prático ou parte deste, visando
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. A inserção de um dispositivo elétrico em uma
tesoura é uma melhoria tecnológica, e não uma melhoria funcional no seu uso, como seria uma
nova forma ergonômica para manusear a tesoura.
Complementando o exemplo, seria o mesmo caso do ferro de passar roupa, que antigamente
funcionava por meio do calor fornecido pelo carvão. Quando foi inventado o ferro de passar com
circuito elétrico, este foi considerado como uma Patente de Invenção, tendo em vista que, apesar de
possuir a mesma finalidade (passar roupa), era um objeto totalmente novo. Por outro lado, quando
a base do ferro de passar roupa foi modificada da forma retangular para a forma afunilada na ponta,
facilitando passar a roupa entre os botões, tratava-se de um modelo de utilidade.

Usando como exemplo o liquidificador (mas poderia ser qualquer produto existente no mercado),
alguém inventou e teve direito exclusivo nesse produto inovador e criativo. Sendo assim, por que
existem várias marcas diferentes de liquidificador no mercado para o mesmo produto (FAET, ARNO,
Britania...), se alguém inventou e teve o seu direito exclusivo de comercialização e exploração?
Como impedir que outras pessoas utilizem comercialmente a sua invenção patenteada?

Para responder esta pergunta é preciso considerar vários aspectos. Primeiro, é possível que a
patente inicial do liquidificador já está em domínio público, ou seja, o liquidificador deve existir há
mais de 20 anos. Assim, qualquer um poderia construir e vender os liquidificadores como
originalmente protegidos. Segundo, um liquidificador pode conter várias soluções técnicas ou várias
modificações de forma ou disposição que contribuam para o aprimoramento do produto. Por
exemplo, podem ser desenvolvidos: novos desenhos de pás que contribuam para uma melhor
eficiência no processo de picar os materiais; um filtro que inserido dentro do aparelho permita a
separação entre líquidos e sólidos; um copo com projeto especial que aumente a
turbulência/mistura dos ingredientes; um sistema de pulsar acionado por botão que permite evitar
a compactação dos materiais mais secos; um motor mais eficiente e menor; e assim por diante.
Cada uma destas modificações poderia resultar em uma patente, se os requisitos de
patenteabilidade forem atendidos, e cada uma delas poderia ter um inventor. O equipamento pode
ser simples e já conhecido há muito tempo, mas sempre há quem o melhore ou crie novas funções a
serem realizadas por ele.

O que é uma patente residente e uma não-residente?

Dizemos que a patente (ou pedido de patente) é de um residente brasileiro quando ela é depositada
por pessoas físicas ou jurídicas residentes no Brasil. Uma patente de um não-residente geralmente é
primeiro depositada em outro país e depois entra no Brasil através da CUP ou PCT. O número de
patentes de não residentes normalmente indica o interesse que um determinado país representa
para empresas de outros países. No caso do Brasil, os EUA possuem o maior número de patentes
entre os não residentes.

O primeiro controle remoto criado para uma TV, por exemplo, geraria uma patente?

Sem dúvida que tal produto, quando da sua criação, geraria perfeitamente uma patente de
Invenção. Pois, além de, na época, ser considerado como um produto novo (preencher o requisito
de novidade), ainda houve uma solução ao inconveniente de ter que manualmente selecionar o
canal, volume, etc, que também configura uma atividade inventiva. Também há aplicação industrial.
Desta forma, sendo os três requisitos de patenteabilidade preenchidos, o produto pode, com
certeza, gerar uma patente de invenção.

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