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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTíFICA

ALUNA: Debora Dionisio


Data: 11/10/2020

ANÁLISE DE DESENHO

Atualmente devido à situação de pandemia e distanciamento social, não


estou em sala de aula, devido este ano estar atuando como professora
eventual, porém para auxiliar-me na atividade, solicitei à minha filha e esposo
para que desenhassem a figura do cientista.
A primeira imagem de desenho a ser analisada é de minha pequena de
11 anos. Logo que fiz a proposta, mais do que rapidamente pegou um papel 1
pôs-se a desenhar, inicialmente de cabeça, mas no final, para fazer os detalhes
pesquisou uma foto e qual foi a minha surpresa? Desenhou o Einstein. Bem,
dele não há muito o que descrevermos, mas fez questão de buscar ainda a
imagem ao qual está com a língua para fora. Esta foto, recentemente ela havia
feito uma pesquisa ao me questionar sobre quem ele havia sido e o que fez de
tão importante que o tornou tão famoso.
Quando questionada do porquê do Einstein em seu desenho, ela
explicou que buscou um “personagem” ao qual vê que representa todas as
áreas do conhecimento, como química, física, matemática e incluiu filosofia.
Acredita que as “ciências está em tudo o que tem vida e ao nosso redor”, “tudo
o que tem transformação, tem ciência”, foram suas explicações.
Achei bastante interessante sua definição e escolha. Por ter a tia doutora
em química e já ter visitado o laboratório da universidade onde ela trabalha,
acreditei que logo a representaria, porém optou por uma abordagem mais
ampla. Conversamos muito sobre o assunto em casa.
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Porém não sentiu-se satisfeita apenas com este desenho e optou fazer
outro, ao qual representou nossa família e o ambiente em que vivemos.
Quando a questionei, disse que como tudo o que está ao nosso redor é ciência,
nós também somos cientistas. Ainda não havia entendido e tornei a questioná-
la, mas nós somos cientistas? “Claro que somos, você quando cozinha faz
química, o papai quando trabalha com os remédios de ervas está fazendo
ciência biológica, e eu...hummm...sou cientista quando cuido dos animais, faço
bolo, pão, e outras coisas.”
Dentro dos textos lidos, observamos, neste caso, um grande avanço na
percepção da figura do cientista. Realmente, não esperava esta resposta.
Achei muito interessante e bastante amplo, já que conversamos muito sobre o
que fazemos faz parte das ciências. Ela não encarou o termo “cientista” como
uma profissão, e sim como o fato de estarmos o tempo inteiro transformando
as coisas, calculando e modificando o nosso ambiente, assim como quando
conversamos sobre a química e a matemática em nosso dia a dia.
Acredito ser muito importante esse tipo de olhar, afinal, para ela, não há
obstáculos impeçam uma pessoa de ser um cientista profissional.
Já o desenho de meu marido retrata uma realidade completamente
distante dos grandes laboratórios e nos revela um olhar para dentro de sua
cultura tradicional, onde a figura do pajé é considerada como um verdadeiro
cientista.
Novamente observamos um olhar diferenciado, onde saberes
tradicionais e ciências caminham juntos em comunidades indígenas. Sei que a
grande parte da academia científica não leva em consideração estes saberes
como sendo científicos, mas, mesmo em minha insignificância dentro da
academia, discordo. Estes saberes são antes dos laboratórios, os verdadeiros,
tantas vezes observados, utilizados e comprovados, assim sendo etnociências.
Boaventura nos aponta a importância da valorização dos mais diversos
conhecimentos culturais, descontruindo a ideia de que somente o
conhecimento tido como científico pela academia do Norte (como chama os
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conhecimentos do hemisfério Norte) o mais importante e verdadeiro. Hoje já


possuímos algumas raras universidades conceituadas, que reconhecem e
valorizam esses saberes, a exemplo da Universidade Federal de Minas Gerais,
que lançou um projeto de certificação de Notório Saber aos mais velhos, sábios
e lideranças indígenas que contribuem com a disseminação e prática destes
saberes, que em sua maioria a academia utiliza e assina como sendo inovação
de sua autoria.
Por fim observo que esta experiência aqui em casa teve um resultado
bastante diferente do comum, onde a figura do cientista, normalmente está
relacionada à labora tórios, jalecos brancos e números diversos.
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ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Desenho 1 – Ythaina Dionisio Gomes – 11 anos


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Desenho 2 – Ythainá Dionisio Gomes – 11 Anos

Desenho 3 – Ubiratã Gomes – 43 anos

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