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PROCESSO Nº : 30.

296-1/2019 (AUTOS DIGITAIS)


ASSUNTO : CONSULTA – REEXAME DE TESE
UNIDADE : TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MATO GROSSO
RELATOR : CONSELHEIRO INTERINO ISAIAS LOPES DA CUNHA

PARECER Nº 5.484/2019

CONSULTA. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE


MATO GROSSO. PROPOSTA DE REEXAME DE TESE
PREJULGADA NAS RESOLUÇÕES DE CONSULTAS Nº
30/2009, 32/2009, 11/2016 e 16/2016. REVISÃO
GERAL ANUAL. MANIFESTA PELO CONHECIMENTO DA
PRESENTE PROPOSTA DE REEXAME DE TESE E, NO
MÉRITO, PELA REVOGAÇÃO DOS ITENS SUGERIDOS E
APROVAÇÃO DA EMENTA DE RESOLUÇÃO DE
CONSULTA APRESENTADA PELA CONSULTORIA
TÉCNICA, COM ACRÉSCIMO REFERENTE AO ITEM 5.

1. RELATÓRIO

1. Trata-se de proposta de reexame de tese prejulgada1 por este


Tribunal de Contas, apresentada pela Conselheira Interina Jaqueline Jacobsen
Marques, na condição de Presidente da Comissão Permanente de Uniformização de
jurisprudência – CPUJ, visando alterar as Resoluções de Consulta nº 30/2009,
32/2009, 11/2016 e 16/2016, a fim de atualizar seu conteúdo à luz da tendência
jurisprudencial no país, bem como em razão da determinação exarada no Acórdão
nº 291/2019 – TP deste Tribunal de Contas.

2. As Resoluções de Consulta nº 30/2009, 32/2009, 11/2016 e 16/2016


tratam, em síntese, da revisão geral anual e seus reflexos, veja:

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 30/2009


Pessoal. Remuneração. Revisão Geral Anual. Índice do Poder Executivo
extensivo a todos os servidores públicos.
1) Para fixação da Revisão Geral Anual, os demais Poderes devem
utilizar o mesmo o índice utilizado pelo Poder Executivo, contudo, é

1 Doc. Digital nº 243244/2019.

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discricionário o arbítrio da data base a ser aplicada no corrente ano.
2) Em situações em que é concedida Revisão Anual, e também
aumento salarial, o normativo concessivo deve indicar,
separadamente, o indexador utilizado para a Revisão Geral Anual e o
percentual utilizado no aumento salarial.
3) A Revisão Geral Anual é um direito garantido pelo artigo 37, inciso
X, da Constituição Federal, a todos os servidores públicos, ocupantes
de cargos, emprego público e função.

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 32/2009


Pessoal. Remuneração. Poder Legislativo. Revisão Geral Anual. Vedação
à concessão de índices diferenciados do Poder Executivo.
1) Os índices de Revisão Geral Anual dos servidores públicos
municipais do Legislativo devem ser os mesmos aplicados aos dos
servidores públicos municipais do Executivo. A implementação da
Revisão Geral Anual aos servidores públicos requer Lei específica de
iniciativa do chefe do Poder Executivo, podendo ser ressalvada,
apenas, a concessão dos índices definidos pelo Poder Executivo em
datas diferentes, desde que dentro do mesmo exercício e observados
os dispositivos estabelecidos na Constituição Federal/88, artigo 29,
inciso VI, e artigo 29-A, bem como outras legislações que
regulamentam a matéria, tais como a LRF, a Lei nº 4320/64, a Lei
Orgânica Municipal e o Regimento Interno.
2) No caso de inércia por parte do Poder Executivo em iniciar a
proposta de Lei que fixará o índice da Revisão Geral, o Poder
Legislativo deverá exigir do chefe do Poder Executivo o cumprimento
do imperativo constitucional e a elaboração do referido projeto de lei
que é de sua competência privativa.

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 11/2016


Pessoal. Subsídio. Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI.
Absorção da VPNI. Revisão geral anual. Índice de recomposição
inflacionária.
1) A Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada – VPNI tem
natureza remuneratória e sobre ela incide a revisão geral anual
prevista no inciso X do artigo 37 da Constituição da República.
2) O índice de recomposição inflacionária utilizado para a concessão
de revisão geral anual deve ser o mesmo tanto para os subsídios
quanto para as parcelas enquadradas como Vantagem Pessoal
Nominalmente Identificada – VPNI, de acordo com os termos insertos
no inciso X do artigo 37 da Constituição Federal.
3) No âmbito do ente federado Estado de Mato Grosso, o índice de
recomposição inflacionária adotado para aplicação da revisão geral
anual é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, conforme
estabelece a Lei Estadual nº 8.278/2004.
4) A absorção de Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI
poderá ocorrer não só pela superveniência de reajustes futuros
(aumentos reais) na estrutura remuneratória da carreira, mas
também por acréscimos remuneratórios decorrentes da progressão do
servidor na carreira, conforme dispuser a legislação de regência.

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RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 16/2016
Pessoal. Despesa com pessoal. Revisão Geral Anual (RGA). Limites da
LRF. Regulamentação da RGA no Poder Executivo de Mato Grosso.
1) A concessão de revisão geral anual (RGA) impacta diretamente no
aumento das despesas totais com pessoal (DTP) do Poder ou órgão
autônomo, para fins de cálculo da apuração dos limites estabelecidos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.
2) Constatado o extrapolamento dos limites máximos das despesas
com pessoal, previstos no art. 20, da LRF, a concessão de RGA implica
em excesso adicional aos limites já extrapolados, não podendo o
respectivo impacto financeiro dessa revisão deles ser desconsiderado.
3) No âmbito do Poder Executivo do Estado de Mato Grosso, a
concessão de Revisão Geral Anual (RGA) encontra-se disciplinada pela
Lei Estadual nº 8.278/2004, que condiciona a concessão da revisão ao
atendimento dos limites de despesas com pessoal insertos na LRF e
às condições estampadas no § 1º, do artigo 169, da CF/88.

3. A Consultoria Técnica2 entendeu presentes os requisitos


autorizadores regimentais para estudo e emissão de parecer, concluindo pela
necessidade de adequar os conteúdos normativos das Resoluções de Consulta nº
30/2009, 32/2009, 11/2016 e 16/2016, da seguinte forma:

1) seja revogado o conteúdo normativo ementado nos itens “1” e “3”


da Resolução de Consulta nº 30/2009;
2) seja revogada a Resolução de Consulta nº 32/2009;
3) seja revogado o conteúdo normativo ementado no item “3” da
Resolução de Consulta nº 11/2016;
4) seja revogado o conteúdo normativo ementado no item “2” da
Resolução de Consulta nº 16/2016;

4. Sugere, outrossim, que seja aprovada uma nova Resolução de


Consulta com o seguinte conteúdo normativo:

Resolução de Consulta nº ___/2019.


Pessoal. Remuneração. Revisão geral anual. Norma constitucional de
eficácia limitada. Necessidade de lei regulamentadora. Fixação anual
por lei de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Idênticos
índice e data-base. Não indexação a índice federal de inflação.
Observância à capacidade financeira e ao limite de despesa total com
pessoal do ente.
1) O dispositivo constitucional sobre Revisão Geral Anual (art. 37, X) é
norma de eficácia limitada e deve ser regulamentado por lei de cada

2 Doc. Digital nº 243245/2019.

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ente, na qual devem ser estabelecidos os critérios para sua
concessão.
2) A lei que fixa a Revisão Geral Anual é de iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo e deve definir mesmo índice e data-base
para os servidores públicos de todos os poderes e órgãos autônomos.
3) A Revisão Geral Anual não pode ser indexada, de forma
automática, a índice federal de correção monetária, visto que isso
afeta de forma grave a autonomia e a capacidade financeira dos
entes públicos.
4) A RGA tem sua concessão condicionada à existência de capacidade
financeira do ente público, não se obriga à reposição integral da
perda inflacionária do período e impõe ao Chefe do Poder Executivo o
dever de se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões
pelas quais não a propôs.
5) A RGA está sujeita à observância ao limite de despesa total com
pessoal do ente, sendo vedada a sua concessão quando este houver
alcançado ou ultrapassado o limite máximo estabelecido pela LRF.

5. Vieram os autos para análise e manifestação ministerial.

6. É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1. Admissibilidade

7. A consulta é valioso instrumento de atuação do Tribunal de Contas,


uma vez que permite o exercício das funções de informação e orientação quanto
aos temas abrangidos por sua competência, em importante complementariedade à
fiscalização, propriamente dita, levada a efeito pela Corte de Contas.

8. Encontra-se disciplinada nos arts. 48 a 50 da LOTCE/MT e nos arts.


232 e seguintes do RITCE/MT. Outrossim, ao tempo em que possibilita a
uniformização da interpretação de lei ou questão formulada em tese, garante maior
segurança jurídica aos gestores e aos jurisdicionados em geral.

9. No caso em exame, tem-se a previsão do art. 237 do RITCE/MT, que


autoriza o Conselheiro deste Tribunal de Contas a requisitar o reexame de teses
prejulgadas, nos seguintes termos:

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Art. 237. Por iniciativa fundamentada do Presidente, de Conselheiro,
de Conselheiro Substituto, do representante do Ministério Público de
Contas ou a requerimento de interessado, o Tribunal Pleno poderá
reexaminar tese prejulgada.

10. Atendidos na íntegra os requisitos previstos no art. 237 do RITCE/MT,


o Ministério Público de Contas, preambularmente, manifesta-se pelo conhecimento
da proposta de reexame.

2.2. Mérito

11. A presente proposta de reexame da tese prejulgada tem por fito


revogar o conteúdo normativo ementado nos itens “1” e “3” da Resolução de
Consulta nº 30/2009, revogar a Resolução de Consulta nº 32/2009, revogar o
conteúdo normativo ementado no item “3” da Resolução de Consulta nº 11/2016 e
revogar o conteúdo normativo ementado no item “2” da Resolução de Consulta nº
16/2016.

12. A Consultoria Técnica realizou estudo acerca do tema, analisando a


Constituição da República e a jurisprudência, concluindo que a regra da revisão
geral anual:

1) possui eficácia limitada, dependendo de norma regulamentadora


de cada ente da federação visando estabelecer os critérios para sua
concessão;
2) quando concedida, será por meio de lei específica, de iniciativa
privativa do Chefe do Poder Executivo, não havendo possibilidade
dessa iniciativa ser suprida por iniciativa legislativa de outro poder ou
por meio de ação proposta perante o Poder Judiciário, aplicando-se
mesmo índice de reajuste e data-base a todos os servidores dos
poderes e órgãos autônomos; e
3) não pode se vincular automaticamente a índice federal de correção
monetária, visto que isso afeta de forma grave a autonomia e a
capacidade financeira dos entes públicos;
4) o índice de reajuste não está vinculado à reposição da perda
inflacionária ocorrida no período, de modo que o poder público, no
âmbito da estrita análise de sua capacidade financeira, deve avaliar o
índice de reajuste adequado a sua realidade e possibilidade.
5) extrapolado o limite máximo de despesa com pessoal prevista na
LRF, não cabe ao ente conceder a revisão geral anual.

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13. Feita a contextualização e exposição geral acerca dos
questionamentos, passa-se a analisar o tema sob reexame e a análise da
consultoria técnica.

2.2.1. Da Revisão Geral Anual

14. A revisão geral anual encontra-se prevista no art. 37, X, da


Constituição Federal (com redação dada pela EC 19/1998) sendo assegurada
sempre na mesma data e sem distinção de índices, veja:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o
§ 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

15. Note-se que o preceito constitucional, ao dizer “alterado por lei


específica” quer dizer “aumentado (ou reajustado) por lei específica”, tendo em
vista que a própria Constituição Federal estabelece a irredutibilidade de subsídios.

16. Perceba, portanto, a clara distinção feita pelo próprio dispositivo


constitucional entre a alteração (reajuste) da remuneração ou subsídio e a revisão
geral anual.

17. Aquela, por definição, representa um aumento da


remuneração/subsídio do servidor, um acréscimo patrimonial de fato. A revisão, por
outro lado, consiste em uma mera atualização da contraprestação pecuniária do
servidor, a fim de haver manutenção do seu poder de compra, diante da corrosão
provocado pela inflação.

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18. Trata-se, portanto, de direito dos servidores públicos amparado
constitucionalmente e que, a partir da Emenda Constitucional nº 19/1998 (Reforma
Administrativa) passou a ser devida em periodicidade anual.

19. Diante da alteração operada pela Emenda Constitucional nº


19/1998, iniciou-se uma discussão da doutrina sobre a autoaplicabilidade ou não
deste dispositivo.

20. Em julgamento recente do Recurso Extraordinárionº 565089, no qual


se discutia a responsabilidade do Estado de São Paulo por não ter concedido revisão
geral anual aos servidores, após a abertura de divergência pelo Ministro Luís
Roberto Barroso, o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese em repercussão
geral:

O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos


vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso 10 do artigo 37
da Constituição Federal de 1988, não gera direito subjetivo a
indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de
forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a
revisão.
(RE 565089) – destacamos.

21. No mesmo sentido já havia se manifestado este Tribunal de Contas,


no julgamento do Processo nº 183482/2018, entendeu que a revisão geral anual é
norma de eficácia limitada, se submetendo à teoria da reserva do possível,
condicionada à existência de capacidade financeira do ente político. Veja a ementa
publicada no Boletim de Jurisprudência do TCE/MT:

13.97) Pessoal. Remuneração. Revisão Geral Anual. Norma de eficácia


limitada. Lei regulamentadora. Teoria da reserva do possível.
1. A disposição constitucional sobre a Revisão Geral Anual (art. 37, X)
é norma programática de eficácia limitada, de modo que sua
efetivação depende de lei integrativa. Dessa forma, a Revisão Geral
Anual
não consiste em norma de aplicabilidade imediata, dependendo de lei
posterior que regulamente o dispositivo constitucional.
2. A efetivação de normas programáticas se submete à teoria da

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reserva do possível, estando, portanto, condicionada à existência de
capacidade financeira do ente público, sendo o direito decorrente
dessas normas levado a efeito caso a exigência seja razoável e
suscetível de ser atendida pelo orçamento.
(Boletim de Jurisprudência, Edição Consolidada, fevereiro de 2014 a
junho de 2019 - Representação de Natureza Interna. Relator:
Conselheiro Substituto Isaías Lopes da Cunha. Acórdão nº 539/2018-
TP. Julgado em 26/11/2018. Publicado no DOC/ TCE-MT em
03/12/2018. Processo nº 18.348-2/2018).

22. Portanto, de acordo com o entendimento mais recente deste Tribunal


de Contas, bem como do Supremo Tribunal Federal, não existe direito subjetivo à
revisão geral anual, estando condicionada ao cumprimento da responsabilidade
fiscal, cabendo ao Poder Executivo se pronunciar acerca das razões para não
proposição da revisão.

2.2.2. Da iniciativa da revisão geral anual

23. Conforme exposto, a Constituição Federal determina que a


concessão da revisão geral anual, prevista no art. 37, X, seja efetivada mediante lei
formal. Esta lei, entretanto, no entendimento do Supremo Tribunal Federal, é de
iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo de cada ente federado, tendo em
vista o disposto no art. 61, §1º, II, a, da CF/88.

24. Neste sentido concluiu o STF, ao julgar a ADI 3.599, diferenciando a


situação de aumento de remuneração de servidores da concessão de revisão geral
anual, veja o teor do Informativo 468 que publicou o tema:

O Tribunal conheceu em parte de ação direta ajuizada pelo Presidente


da República e, na parte conhecida, julgou improcedente o pedido
nela formulado de declaração de inconstitucionalidade das Leis
11.169/2005 e 11.170/2005, de iniciativa, respectivamente, da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que alteraram a
remuneração dos servidores dessas Casas Legislativas, majorando-a
em 15%. Afastou-se a alegação de ofensa ao art. 61, § 1º, II, a, da CF,
haja vista não se tratar de normas que pretenderam revisão geral
anual de remuneração dos servidores públicos, mas de normas
específicas (CF, art. 37, X), daquelas Casas Legislativas, que
concederam majoração de remuneração a seus servidores, com base
no art. 51, IV e no art. 52, XIII, ambos da CF, não havendo, assim, que

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se falar, também, em violação ao princípio da separação de poderes.
Da mesma forma, não se acolheu o argumento de afronta ao art. 5º,
caput, da CF, asseverando-se que, do confronto estabelecido entre a
possibilidade de concessão de aumentos diferenciados e o princípio
da isonomia, há de se privilegiar o entendimento que, harmonizando
o conceito de majorações remuneratórias específicas para
determinados segmentos e carreiras - respeitados os limites das
respectivas autonomias administrativo-financeiras -, com a revisão
geral anual do funcionalismo público, é constitucional a norma que
concede aumentos para determinados grupos, desde que tais
reajustes sejam devidamente compensados, em caso de eventual
revisão geral anual.
(Informativo 468 do STF - ADI 3599/DF, rel. Min. Gilmar Mendes,
21.5.2007.)

25. Neste sentido, também, é o entendimento expresso consolidado


tanto no Supremo Tribunal Federal, quanto no Superior Tribunal de Justiça, conforme
se denota das ementas abaixo transcritas:

AGRAVO INTERNO NOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. LEI QUE


PROMOVE A REVISÃO GERAL ANUAL DOS AGENTES E SERVIDORES
PÚBLICOS. INICIATIVA. PODER EXECUTIVO. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
1. Tem-se, na origem, ação direta de inconstitucionalidade proposta
em face da Lei Municipal nº 2.770/2011, do Município de Guararema,
‘que autoriza o reajuste da remuneração de todos os servidores do
Município de Guararema, inclusive proventos de inatividade e dá
outras providências’.
2. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo reputou
inconstitucional a norma, por vício de iniciativa, na parte em que
concedeu a revisão geral anual dos subsídios dos Secretários
Municipais, dos Secretários Municipais Adjuntos, do Procurador-Geral
e do Procurador Adjunto, à consideração de que compete ao Poder
Legislativo propor a lei que dispõe sobre a remuneração desses
agentes públicos.
3. A iniciativa para a lei que concede a revisão geral anual de que trata
o art. 37, X, da Constituição é do Chefe do Poder Executivo.
4. Tal diretriz vale mesmo para os agentes e servidores públicos cujo
reajuste remuneratório não é proposto pelo Chefe do Executivo, como
os Secretários Municipais.
5. Agravo Interno a que se nega provimento.
(RE 731221 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira
Turma, julgado em 28/05/2019, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-122
DIVULG 06-06-2019 PUBLIC 07-06-2019) – destacamos.

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO


Nº 3/STJ. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. REVISÃO GERAL ANUAL DE
VENCIMENTOS. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER
EXECUTIVO.

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1. "A iniciativa para desencadear o procedimento legislativo para a
concessão da revisão geral anual aos servidores públicos é ato
discricionário de Chefe do Poder Executivo, não cabendo ao Judiciário
suprir sua omissão". Precedentes.
2. Agravo interno não provido.
(STJ - AgInt no RMS: 53406 SP 2017/0040637-0, Relator: Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 06/06/2017, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/06/2017) – destacamos.

26. Assim, diferentemente do que ocorre em caso de aumento de


remuneração, no qual a inciativa privativa dependerá de qual estrutura o cargo a
que a lei se refira pertence, no caso da revisão geral anual, a iniciativa é privativa
do Chefe do Poder Executivo de cada ente federativo, não cabendo interferência
dos outros Poderes nesse exercício.

2.2.3. Do índice a ser aplicado

27. Do ponto de vista teórico, a revisão geral anual possui como objetivo
recompor o poder de compra da remuneração do servidor público, o qual é corroído
pela inflação com o passar do tempo.

28. Neste ponto, muito se discutiu acerca do índice a ser utilizado na


concessão da revisão geral anual. Parte dos estudiosos defendiam a adoção de um
índice igual ou superior à inflação, tendo em vista que um índice inferior não
cumpriria o objetivo de recompor o poder de compra corroído. Defendia-se, assim,
uma indexação, ou seja, uma vinculação da revisão geral anual ao índice da
inflação.

29. Para o Ministro Teori Zavascki, em voto-vista apresentado no


supracitado RE 565089, ao acompanhar divergência inaugurada pelo Ministro
Roberto Barroso, afirmou não existir na Constituição disposição indicando qualquer
índice mínimo que garantisse a reposição anual dos índices inflacionários, conforme
demonstra o Informativo nº 761 do STF:

O Plenário retomou julgamento de recurso extraordinário em que se


discute eventual direito de indenização por danos patrimoniais

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decorrentes de omissão do Poder Executivo estadual pelo não envio
de projeto de lei destinado a viabilizar o reajuste geral e anual dos
vencimentos de servidores públicos da respectiva unidade federativa,
consoante previsto no inciso X do art. 37 da CF (“X - A remuneração
dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39
somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”) — v.
Informativos 630 e 741. Em voto-vista, o Ministro Teori Zavascki, ao
acompanhar divergência inaugurada pelo Ministro Roberto Barroso,
negou provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos Ministros
Rosa Weber e Gilmar Mendes. Afirmou, inicialmente, que o inciso X do
art. 37 da CF, na redação dada pela EC 19/1998, estabeleceria o
direito dos servidores públicos à revisão anual de sua remuneração e,
em contrapartida, o dever da Administração Pública de encaminhar,
aprovar e cumprir lei específica sobre a matéria. Asseverou que a
Constituição, entretanto, não fixaria critérios ou índices a serem
observados na revisão. Determinaria, apenas, que ela fosse efetuada
sem distinção de índices entre os beneficiados. Por isso, assentou não
haver a possibilidade de se extrair do texto constitucional qualquer
indicação de índice mínimo, ainda que para efetuar a manutenção real
do poder aquisitivo dos servidores públicos. Concluiu, portanto, não
existir na Constituição nenhuma disposição que garantisse a reposição
anual dos índices inflacionários. Consignou, ademais, que não caberia,
no caso, invocar o princípio constitucional da irredutibilidade de
vencimentos, visto que a jurisprudência do STF seria no sentido de
que sua eventual ofensa ocorreria quando houvesse redução do valor
nominal dos vencimentos, mas não quando se deixasse de reajustá-
los para repor seu poder de compra. Assinalou — após reafirmar a
jurisprudência da Corte quanto à inviabilidade de implementação
judicial de aumento de vencimentos de servidores públicos — que a
pretensão deduzida no recurso extraordinário em comento acabaria
por transferir a ausência de lei específica de revisão de vencimentos
para o domínio da responsabilidade civil do Estado. Anotou, então,
que, em razão da ausência de previsão constitucional relativa a índices
mínimos de revisão anual dos vencimentos, suprir essa falta por
sentença equivaleria a legislar. O Ministro Luiz Fux acompanhou os
Ministros Marco Aurélio (relator) e Cármen Lúcia, e, em consequência,
deu provimento ao recurso. Registrou que a norma constitucional em
questão — que não precisaria da intermediação do legislador —,
estabeleceria um direito subjetivo público do servidor, qual seja, a
revisão geral e anual de seus vencimentos. Em seguida, pediu vista
dos autos o Ministro Dias Toffoli.
Informativo nº 761 do STF - RE 565089/SP, rel. Min. Marco Aurélio,
2.10.2014. - destacamos.

30. Assim, com a conclusão do julgamento do RE 565089, Supremo


Tribunal Federal entendeu que a interpretação do art. 37, X, CF/88, deve ser
condicionada às circunstâncias econômicas de cada momento, merecendo uma

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avaliação de cada ente com relação à concessão e ao índice a ser utilizado.

31. Com relação ao índice a ser aplicado na revisão geral anual, este
Tribunal de Contas, em julgados mais recentes, vem entendendo pela
impossibilidade de vinculação ao índice federal de correção monetária, tendo em
vista que tal obrigatoriedade afetaria de forma grave a autonomia e a capacidade
desses entes federativos de se auto-organizarem, além de afrontar o princípio da
autonomia orçamentária e financeira, conforme demonstra a ementa apresentada
no parecer da consultoria técnica, a qual será novamente transcrita em razão da
importância:

13.98) Pessoal. Remuneração. Revisão Geral Anual. Vinculação a índice


federal de correção monetária. Requisitos para concessão.
1. O índice de Revisão Geral Anual adotado pelo Estado e municípios
não pode se vincular a índice federal de correção monetária, o que
afeta de forma grave a autonomia e a capacidade desses entes
federativos de se auto-organizarem, além de afrontar o princípio da
autonomia orçamentária e financeira.
2. A fixação do índice de Revisão Geral Anual deve levar em conta,
entre outros fatores, o incremento da receita corrente líquida em
relação ao exercício anterior e a real capacidade financeira do ente
federativo de cumprir com suas obrigações constitucionais, legais e
contratuais.
(Representação de Natureza Interna. Relator: Conselheiro Substituto
Isaías Lopes da Cunha. Acórdão nº 539/2018-TP. Julgado em
26/11/2018. Publicado no DOC/TCE-MT em 03/12/2018. Processo nº
18.348-2/2018).

32. Logo, de acordo com a nova jurisprudência, além de não existir


obrigatoriedade na concessão da revisão geral anual, não há nenhum dispositivo da
Constituição Federal que determine seu índice mínimo, o qual deve ser avaliado de
acordo com as condições de cada ente federativo.

2.2.4. Do limite de despesas com pessoal e a revisão geral anual

33. Outro ponto de discussão envolvendo a revisão geral anual se refere


a sua concessão e a inclusão no limite de despesas com pessoal previsto na Lei de
Responsabilidade Fiscal (art. 59, §1º, II; art. 22, parágrafo único; e arts. 19 e 20,

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todos da LC 101/2000).

34. Quanto ao limite prudencial, que ocorre quando a despesa de


pessoal ultrapassa 95% do limite legal, o art. 22, I, da LRF, é expresso em ressalvar
a revisão geral anual prevista no inciso X do art. 37 da Constituição. Assim, o
atingimento de 95% do limite com despesa de pessoal não impede a concessão da
revisão geral anual.

35. Contudo, uma vez extrapolado o limite máximo previsto na LRF, não
há regra que excepcione a revisão geral anual, assim, esta não poderá ser concedida.

36. Com relação à necessidade de se observar outros fatores para a


concessão da revisão geral anual, o Ministro Dias Toffoli, acompanhando a
divergência no RE 565089, apontou que o Chefe do Poder Executivo deve levar em
conta fatores como a responsabilidade fiscal 3.

37. Nesse mesmo sentido se posicionou o Tribunal de Contas do Estado


do Espírito Santo, o qual entendeu que a concessão da Revisão Geral Anual é devida
mesmo que o ente tenha ultrapassado o limite prudencial. Entretanto, caso o ente
alcance o limite total (máximo) deverá aguardar o restabelecimento do limite.
(Processo 07121/2018-7 – Consulta – julgado em 28/05/2019).

38. Acrescenta-se, ademais, a previsão contida no §3º do art. 109 do


ADCT, incluído pela EC 95/2016, a qual proíbe a concessão de revisão geral anual no
caso de descumprimento dos limites individualizados para as despesas primárias do
Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Ministério Público da
União e do Conselho Nacional do Ministério Público e da Defensoria Pública da
União, nos seguintes termos:

Art. 109 do ADCT


(...)

3 “Revisão anual de vencimentos não é obrigatória, mas Executivo deve justificar”. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=424571.

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§ 3º No caso de descumprimento de qualquer dos limites
individualizados de que trata o caput do art. 107 deste Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, fica vedada a concessão da
revisão geral prevista no inciso X do caput do art. 37 da Constituição
Federal. (Incluído pela EC 95/2016)

39. Vê-se, portanto, a importância do cumprimento dos limites de


responsabilidade fiscal para a concessão da revisão geral anual.s

2.2.5. Da necessidade de revisão das Resoluções de Consulta nº 30/2009, nº 32/2009,


nº 11/2016 e nº 16/2016

40. Os itens 1 e 3 da Resolução de Consulta nº 30/2009, assim dispõem:

Resolução de Consulta nº 30/2009


1) Para fixação da Revisão Geral Anual, os demais Poderes devem
utilizar o mesmo o índice utilizado pelo Poder Executivo, contudo, é
discricionário o arbítrio da data base a ser aplicada no corrente ano.
(...)
3) A Revisão Geral Anual é um direito garantido pelo artigo 37, inciso
X, da Constituição Federal, a todos os servidores públicos, ocupantes
de cargos, emprego público e função.

41. A Resolução de Consulta nº 30/2009 possui o seguinte teor:

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 32/2009


Pessoal. Remuneração. Poder Legislativo. Revisão Geral Anual. Vedação
à concessão de índices diferenciados do Poder Executivo.
1) Os índices de Revisão Geral Anual dos servidores públicos
municipais do Legislativo devem ser os mesmos aplicados aos dos
servidores públicos municipais do Executivo. A implementação da
Revisão Geral Anual aos servidores públicos requer Lei específica de
iniciativa do chefe do Poder Executivo, podendo ser ressalvada,
apenas, a concessão dos índices definidos pelo Poder Executivo em
datas diferentes, desde que dentro do mesmo exercício e observados
os dispositivos estabelecidos na Constituição Federal/88, artigo 29,
inciso VI, e artigo 29-A, bem como outras legislações que
regulamentam a matéria, tais como a LRF, a Lei nº 4320/64, a Lei
Orgânica Municipal e o Regimento Interno.
2) No caso de inércia por parte do Poder Executivo em iniciar a
proposta de Lei que fixará o índice da Revisão Geral, o Poder
Legislativo deverá exigir do chefe do Poder Executivo o cumprimento
do imperativo constitucional e a elaboração do referido projeto de lei
que é de sua competência privativa.

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42. O item 3 da Resolução de Consulta nº 11/2016 assim prevê:

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 11/2016


Pessoal. Subsídio. Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI.
Absorção da VPNI. Revisão geral anual. Índice de recomposição
inflacionária.
(...)
3) No âmbito do ente federado Estado de Mato Grosso, o índice de
recomposição inflacionária adotado para aplicação da revisão geral
anual é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, conforme
estabelece a Lei Estadual nº 8.278/2004.

RESOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 16/2016


Pessoal. Despesa com pessoal. Revisão Geral Anual (RGA). Limites da
LRF. Regulamentação da RGA no Poder Executivo de Mato Grosso.
(...)
2) Constatado o extrapolamento dos limites máximos das despesas
com pessoal, previstos no art. 20, da LRF, a concessão de RGA implica
em excesso adicional aos limites já extrapolados, não podendo o
respectivo impacto financeiro dessa revisão deles ser desconsiderado.

43. Considerando (1) que a revisão geral anual é de iniciativa privativa


do Chefe do Poder Executivo, sempre na mesma data e sem distinção de índices,
independentemente dos cargos a que se referem; (2) a ausência de direito subjetivo
para a sua concessão, (3) ausência de índice mínimo previsto na Constituição
Federal, (4) a necessidade de observância de fatores de responsabilidade fiscal, não
sendo exceção ao limite máximo de despesa com pessoal, devem ser revogados os
itens 1 e 3 da Resolução de Consulta nº 30/2009, a Resolução de Consulta nº
32/2009, o item 3 da Resolução de Consulta nº 11/2016 e item 2 da Resolução de
Consulta nº 16/2016.

2.2.6. Da proposta de nova Resolução de Consulta sobre o tema

44. Após a análise do tema, a Consultoria Técnica propõe a aprovação


de nova Resolução de Consulta com o seguinte teor:

Resolução de Consulta nº ___/2019.


Pessoal. Remuneração. Revisão geral anual. Norma constitucional de

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eficácia limitada. Necessidade de lei regulamentadora. Fixação anual
por lei de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Idênticos
índice e data-base. Não indexação a índice federal de inflação.
Observância à capacidade financeira e ao limite de despesa total com
pessoal do ente.
1) O dispositivo constitucional sobre Revisão Geral Anual (art. 37, X) é
norma de eficácia limitada e deve ser regulamentado por lei de cada
ente, na qual devem ser estabelecidos os critérios para sua
concessão.
2) A lei que fixa a Revisão Geral Anual é de iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo e deve definir mesmo índice e data-base
para os servidores públicos de todos os poderes e órgãos autônomos.
3) A Revisão Geral Anual não pode ser indexada, de forma
automática, a índice federal de correção monetária, visto que isso
afeta de forma grave a autonomia e a capacidade financeira dos
entes públicos.
4) A RGA tem sua concessão condicionada à existência de capacidade
financeira do ente público, não se obriga à reposição integral da
perda inflacionária do período e impõe ao Chefe do Poder Executivo o
dever de se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões
pelas quais não a propôs.
5) A RGA está sujeita à observância ao limite de despesa total com
pessoal do ente, sendo vedada a sua concessão quando este houver
alcançado ou ultrapassado o limite máximo estabelecido pela LRF.

45. Considerando a jurisprudência apresentada ao longo deste parecer,


em consonância com o entendimento exposto pela Consultoria Técnica no parecer
técnico, o Ministério Público de Contas concorda com a necessidade de aprovação
de nova Resolução de Consulta consolidando as conclusões aqui apresentadas,
constituindo-se prejulgado de tese e vinculando-se o exame de feitos sobre o
mesmo tema.

3. CONCLUSÃO

46. Pelo exposto, o Ministério Público de Contas, no uso de suas


atribuições institucionais, em consonância com o art. 1º, XVII e art. 48 da Lei
Complementar nº 269/07 c/c art. 236 do RITCE/MT, manifesta:

a) pelo conhecimento da proposta de reexame de tese prejulgada,


haja vista que restam preenchidos os pressupostos subjetivos e objetivos de
admissibilidade, nos termos do artigo 237 do Regimento Interno do TCE/MT;

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b) pela revogação dos itens 1 e 3 da Resolução de Consulta nº
30/2009; da íntegra da Resolução de Consulta nº 32/2009; do item 3 da Resolução de
Consulta nº 11/2016; e do item 2 da Resolução de Consulta nº 16/2016;

c) pela aprovação da proposta de Resolução de Consulta, nos


seguintes termos:

Resolução de Consulta nº ___/2019.


Pessoal. Remuneração. Revisão geral anual. Norma constitucional de
eficácia limitada. Necessidade de lei regulamentadora. Fixação anual
por lei de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Idênticos
índice e data-base. Não indexação a índice federal de inflação.
Observância à capacidade financeira e ao limite de despesa total com
pessoal do ente.
1) O dispositivo constitucional sobre Revisão Geral Anual (art. 37, X) é
norma de eficácia limitada e deve ser regulamentado por lei de cada
ente, na qual devem ser estabelecidos os critérios para sua
concessão.
2) A lei que fixa a Revisão Geral Anual é de iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo e deve definir mesmo índice e data-base
para os servidores públicos de todos os poderes e órgãos autônomos.
3) A Revisão Geral Anual não pode ser indexada, de forma
automática, a índice federal de correção monetária, visto que isso
afeta de forma grave a autonomia e a capacidade financeira dos
entes públicos.
4) A RGA tem sua concessão condicionada à existência de capacidade
financeira do ente público, não se obriga à reposição integral da
perda inflacionária do período e impõe ao Chefe do Poder Executivo o
dever de se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões
pelas quais não a propôs.
5) A RGA está sujeita à observância ao limite de despesa total com
pessoal do ente, sendo vedada a sua concessão quando este houver
alcançado ou ultrapassado o limite máximo estabelecido pela LRF.

É o Parecer.

Ministério Público de Contas, Cuiabá, 3 de dezembro de 2019.

(assinatura digital4)
ALISSON CARVALHO DE ALENCAR
Procurador-geral de Contas
4 Documento assinado por assinatura digital baseada em certificado digital emitido por autoridade certificadora credenciada, nos
termos da Lei Federal nº 11419/2006.

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