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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CURSO DE DIREITO 4 - Características


DISCIPLINA: DIREITO PENAL I
DATA: 02/05/2016 a) é uma ciência: tem princípios e normas próprias;

b) é normativa: estuda a lei penal;


AULA 1
c) é valorativa: tem sua própria escala de valores;

DIREITO PENAL d) é finalista: se preocupa com a proteção de bens jurídicos fundamentais;

1 - Considerações iniciais e) é sancionador: não cria bens jurídicos, mas apenas protege bens jurídicos
disciplinados por outras áreas;
 Bitencourt: "Falar de Direito Penal é falar, de alguma forma, de violência."
f) é fragmentário: só tutela os interesses e valores mais importantes da sociedade.
 Durkhein: "as relações humanas são contaminadas pela violência,
necessitando de normas que as regulem."
5 - Relação do Direito Penal com outros ramos do Direito
 quando as infrações aos direitos e interesses do indivíduo assumem
determinadas proporções, e os demais meios de controle social mostram-se 5.1 - Com o Direito Processual Penal
insuficientes ou ineficazes para harmonizar o convívio social, surge o Direito Penal
com sua natureza peculiar de meio de controle social formalizado. É pelo processo penal que as leis penais se concretizam, pois o processo é o
instrumento adequado para o exercício da jurisdição penal.

2 - Conceito: 5.2 - com o Direito Constitucional

 conjunto de princípios e leis que tem por objeto a determinação de infrações de As regras e princípios constitucionais são os parâmetros de legitimidade das leis
natureza penal e de suas respectivas sanções (penas e medidas de segurança). penais.

O Direito Penal deve se harmonizar com as liberdades e as garantias presentes


3 - Denominação: Direito Penal x Direito Criminal na Constituição.

 Direito Penal induz à ideia de pena e Direito Criminal à ideia de crime;

 A denominação Direito Penal é mais utilizada no Direito Contemporâneo e nos


países ocidentais, enquanto a expressão Direito Criminal foi mais utilizada no 5.3 - com o Direito Administrativo
século passado, mas hoje se encontra em desuso;
Os arts. 312 a 359 do CP disciplinam os crimes contra a Administração da Justiça.
 Critica-se a expressão Direito Penal por não abranger a ideia de medida de
segurança; 5.4 - Com o Direito Civil

 O Código Penal e a CF adotaram a expressão Direito Penal;

1
Os crimes contra o patrimônio traduzem a íntima relação do Direito Penal com o 2) não haverá crime sem lei anterior;
Direito Civil, onde conceitos como propriedade, posse, detenção e coisa são
bastante utilizados.  veda-se a retroatividade maléfica

6 - Finalidade do Direito Penal 3) não há crime sem lei escrita

 Proteger os bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria  veda-se o costume incriminador
sobrevivência da sociedade (finalidade protetiva).

 Por isso, quando esta tutela não mais se faz necessária, deve afastar-se e 4) não há crime sem lei estrita
permitir que os demais ramos do Direito assumam, sem sua ajuda, esse encargo
de protegê-los.  veda-se a analogia incriminadora

 O Direito Penal visa produzir efeitos tanto sobre aquele que praticou a infração
penal quanto sobre a sociedade (finalidade preventiva). 5) não há crime sem lei certa

 exige-se clareza na criação de um tipo incriminador, que deve ser de fácil


7 - Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo compreensão (Princípio da Taxatividade)

Direito Penal Objetivo: conjunto de normas "postas" pelo Estado, definindo crimes 6) não há crime sem lei necessária
e contravenções, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de
sanção ou medida de segurança.  é um desdobramento lógico do Princípio da Intervenção Mínima
Direito Penal Subjetivo: é o próprio jus puniendi (direito de castigar).
9 - Fontes do Direito Penal
8 - Modelo garantista de Luigi Ferrajoli 9.1 - materiais, substanciais ou de produção (quem tem competência para editar
normas de direito penal):
garantismo: corresponde ao máximo de garantias e o mínimo de restrições (poder
punitivo x garantias) a) União (por excelência): Art. 22, I, CF

b) Estados (excepcionalmente): CF, Art. 22, parágrafo único (para tratar de


questões específicas de interesse local e desde que haja autorização da União
Máximas da teoria garantista de Ferrajoli: por meio de Lei Complementar);
1) não haverá pena sem crime anteriormente definido em lei;
9.2 - Formais (fontes de revelação ou de conhecimento):
 pode ser lei ordinária ou complementar;
 imediatas ou diretas: somente a LEI;
 medida provisória: não pode (CF, Art. 62, § 1º, I, b)

2
 Mediatas ou indiretas: doutrina, princípios gerais do Direito, direito
comparado, analogia, costumes e jurisprudência.

10 - A ciência do Direito Penal

 Dogmática penal: é a interpretação, sistematização e aplicação lógico-


racional do Direito Penal.

 Política Criminal: tem o objetivo de apresentar críticas e propostas para a


reforma do Direito Penal em vigor.

 Criminologia: é uma ciência que se ocupa do estudo do crime, da pessoa


do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo.

11 - Direito Penal Comum e Direito Penal Especial

11.1 - Direito Penal Comum:

 é aquele que se aplica indistintamente a todas as pessoas através da Justiça


Comum;

 leva em conta os órgãos que aplicarão a jurisdição penal;

Ex: Código Penal, Lei das Contravenções Penais, Lei de Drogas etc.

11.2 - Direito Penal Especial:

 aplica-se somente às pessoas que preencherem determinadas condições


legalmente exigidas;
 só pode ser aplicado por órgãos especiais previstos na Constituição Federal;

ex: Código Penal Militar, Decreto 201/67 (responsabilidade dos prefeitos e


vereadores); Direito Penal Eleitoral.

 Obs: essa classificação não deve ser confundida com a divisão entre legislação
penal comum (Código Penal) e legislação penal especial ou extravagante.

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