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Modelo para Diagnostico de Falhas
Modelo para Diagnostico de Falhas
Umidade (a quantidade de água presente no óleo) e a tipos, concentração e taxa de produção de gases gerados e
tendência à absorção de gases. [1] [4]. dissolvidos no óleo do transformador e também a
associação com as respectivas falhas insipientes presentes
Dentre as propriedades físicas do óleo isolante no mesmo. Estes métodos de diagnódiagnóstico baseados em
destacam-sese a Viscosidade e a Condutividade. A DGA são os mais estudados e aplicados em
Viscosidade indica
ndica a capacidade que o óleo tem de transformadores de potência. A utilização destes métodos
transferir calor do transformador para o meio ambiente. Os por décadas gerou uma grande base de conhecimento na
óleos utilizados para isolamento possuem a mais baixa caracterização do equilibro dos gases nno interior dos
viscosidade entre os fluidos e também um elevado grau de transformadores. [2]
condutividade, isto possibilita a utilização de volume
v
reduzido, tornando os transformadores mais compactos e Os gases dissolvidos no óleo são formados durante o
baratos. [5] envelhecimento natural dos transformadores, entretanto, sua
quantidade aumenta quando ocorrem descargas corona,
Uma vez em operação, ocorre um aumento significativo sobrecargas severas, arco elétrico, centelhamento de baixa
da temperatura interna devido às perdas no núcleo e no energia, sobreaquecimento no sistemaa de isolação e falhas
enrolamento, o que aumenta a taxa de envelhecimento do nos motores das bombas. Estas ocorrências decompõem os
óleo, reduzindo a vida
ida útil do sistema de isolação. Durante materiais isolantes e foram gases de diversos tipos. Se um
este processo de envelhecimento do óleo, ocorre a formação transformador apresentar uma falha e continu continuar em
de gases e estes são produzidos de forma mais acentuada operação, corre-se o risco de sérios danos ao equipamento.
quando ocorrem falhas nos transformadores. É possível Por isto, é de grande importância que as falhas sejam
avaliar a condição operacional do isolamento dos d detectadas em seu estágio inicial de desenvolvimento,
transformadores e detectar eventuais falhas através da permitindo tomadas de decisão a partir da evolução dos
análise dos gases dissolvidos no óleo isolante (Dissolved gases. [1]
Gas Analysis – DGA ou Análise Cromatográfica dos Gases
Dissolvidos). [6] Para cada tipo de falha que ocorre num transformador, é
liberada uma quantidade de energia qque decompõe o óleo
Este Artigo visa analisar os dados obtidos através da isolante. O modo como esta energia é liberada e sua
cromatografia gasosa e propor um modelo para diagnosticar intensidade relaciona-sese com os tipos e quantidades de
a condição de falha insipiente nos transformadores. gases gerados. Desta forma, existe uma relação entre os
tipos de falhas e gases gerados.
III. ANÁLISE DE CROMATOGRAFIA GASOSA
Os principais gases formados a partir da decomposição
A Cromatografia Gasosa é uma técnica para separação e do óleo isolante dos transformadores quando ocorrem
análise de misturas de substâncias voláteis. A amostra é falhas insipientes são: Hidrogênio
idrogênio (H2), Metano (CH4),
vaporizada e introduzida em um fluxo de um gás adequado Etano (C2H6), Etileno (C2H4) e Acetileno
cetileno (C2H2). Também
denominado de fase móvel ou gás de arraste. [7] são formados os gases Dióxido de Carbono (CO2) e
Monóxido de Carbono (CO).
operacional dos equipamentos, emitir sinais de advertência Tabela 3. Diagnóstico do Método em Função do Código
relativos às condições críticas e auxiliar no planejamento de CH4/H2 C2H6/CH4 C2H4/C2 H6 C2H2/C2 H4 Diagnóstico
utilizações futuras. Os métodos de interpretação dos dados 0 0 0 0 Deterioração Normal
5 0 0 0 Descargas Parciais
possibilitam a identificação de falhas incipientes através do 1/2 0 0 0 Sobreaquecimento – Abaixo de 150°C
monitoramento das razões entre as concentrações dos gases 1/2 1 0 0 Sobreaquecimento de 150°C – 200°C
O método proposto por Duval considera somente a Para o desenvolvimento de um modelo de análise dos
concentração percentual relativa dos gases Acetileno gases para diagnóstico de falhas, foram utilizadas 3 bases
(C2H2), Etileno (C2H4) e Metano (CH4). Este método pode de dados provenientes da literatura sobre o assunto,
identificar três falhas de origem elétrica e três falhas de conforme segue: [4]
origem térmica. O princípio de funcionamento é
visualizado através do Triângulo de Duval indicado na A. Base IEC TC10 – (Base 1)
Figura 3. [11] [12]
Composta de 52 amostras com diagnósticos
Cada código apresentado no triângulo representa uma determinados através de medições específicas e inspeções
condição de falha, como descrito abaixo: visuais feitas por especialistas. Possui 16 amostras com
diagnóstico de condição normal, 22 com diagnóstico de
PD: Descargas Parciais (corona) falha elétrica e 14 com diagnóstico de falha térmica.
T1: Falha Térmica com Temperatura T < 300ºC
B. Dados do CEPEL para Transformadores (Base 2)
T2: Falha Térmica com Temperatura: 300ºC < T < 700ºC
T3: Falha Térmica com Temperatura T > 700ºC Composta de 224 amostras com diagnósticos
D1: Descargas de Baixa Energia (centelhamento) determinados através de medições específicas e inspeções
D2: Descargas de Alta Energia (arco elétrico I > 20 In) visuais feitas por especialistas. Possui 83 amostras com
DT: Ocorrência Simultânea de Falta Térmica e Arco diagnóstico de condição normal, 61 com diagnóstico de
falha elétrica e 80 com diagnóstico de falha térmica.
Como este método não indica nenhuma condição de Uma vez identificado um padrão inicial de
envelhecimento natural, a sua aplicação resulta sempre em comportamento, o modelo proposto fará uma sequência
um diagnóstico de uma falha, elétrica ou térmica. Por isto, lógica de combinações comparativas de valores para cada
recomenda-se que, antes da aplicação deste método, seja razão identificada como um padrão e para cada tipo de
verificado se a evolução dos gases está dentro dos limites diagnóstico. No final desta sequência, os 3 diagnósticos
considerados normais pela empresa. [6] possíveis para o Transformador serão identificados.
5
Os Gráficos 1 e 2 indicam respectivamente as Razões A partir da identificação deste ponto inicial do modelo,
R1 a R5 para o diagnóstico de Falha Elétrica e a Razão R3 novas interações foram feitas em cada segmento do bloco.
de forma isolada. Primeiro foi definida a sequência lógica de comparação
para refinar os dados do diagnóstico de Falha Elétrica a
30,00
partir da R3 ≥ 1.
Após a conclusão desta aba do modelo relativa à Razão Tabela 8. Desempenho do Modelo Proposto com as Bases 1 e 2
R3, foi elaborada a outra parte do diagrama de blocos BASES DE DADOS 1 E 2
% de Diagnósticos Corretos
considerando R3 < 1. Método
Condição Normal Falha Elétrica Falha Térmica
Proposto
Nota 2: Para compor a lógica de comparação dentro dos 71,71% 81,92% 64,89%
blocos do modelo, quando os dados referentes a qualquer
Razão estavam em branco por falta da medição específica Observa-se que o modelo proposto possui um bom
na base de dados, foi considerado o valor de 0 (zero). Isto resultado para o diagnóstico das Bases 1 e 2, onde a média
foi feito, pois mesmo quando uma Razão estava com o valor de acerto geral foi de 72,46%.
em branco, as demais possuíam medições que foram
utilizadas nas outras etapas do modelo. Após esta avaliação, os dados da Base 3 foram
simulados no modelo e o resultado está indicado na Tabela
O processo matemático de realizar comparações a partir 9. Observa-se que o desempenho para a Condição Normal
das demais Razões de forma a maximizar o percentual de aumentou e que para os diagnósticos de falha diminuiu,
acerto do diagnóstico foi mantido. Este processo foi entretanto, a média geral de acerto para o modelo de todos
executado em novas camadas sucessivas de blocos de os diagnósticos da Base 3 foi de 82,32%.
comparação no modelo até atingirmos um diagnóstico
otimizado. Desta forma, com base nestas informações,
consideramos que o modelo proposto está validado para a
Foram criadas 3 novas camadas de blocos referentes às aplicação de diagnóstico de falhas insipiente em
Razões R9, R1 e R10 com diferentes valores de linhas de transformadores de potência.
corte. Desta forma, obtivemos critério matemático para
definição dos diagnósticos de Condição Normal e Falha Tabela 9. Desempenho do Modelo Proposto com a Base 3
Térmica, conforme o modelo final indicado na Figura 6. BASE DE DADOS 3 (Validação)
% de Diagnósticos Corretos
Método
Dados de Condição Normal Falha Elétrica Falha Térmica
Cromatografia Proposto
R3 90,05% 46,15% 46,42%
<1 ≥1
R9 R2
<2 ≥2 <1 ≥1
Fazendo uma comparação com o Método de Rogers,
observa-se um ganho do modelo proposto, principalmente
R1 R9 para o diagnóstico da Condição Normal. As Tabelas 10 e 11
<1 ≥1 <2 ≥2
indicam os resultados utilizando este método, onde está
R10 R1 identificando o percentual de acerto de cada tipo de
<0,5 ≥0,5 <1 ≥1
diagnóstico de acordo com a base de dados utilizada.
Tabela 13. Desempenho do Método de Doernenburg com a Base 3 Após a execução de uma simulação do modelo,
BASE DE DADOS – Dados Históricos utilizando bases de dados de cromatografia presentes na
% de Diagnósticos Corretos
Método de literatura sobre o assunto, o mesmo foi validado. Após esta
Condição Normal Falha Elétrica Falha Térmica
Doernenburg validação, foi feita uma análise crítica e também uma
95,00% ----- 36,36% comparação com diversos métodos clássicos de
Fonte: [4] diagnóstico, onde se verificou a viabilidade e eficiência do
modelo proposto.
Fazendo a comparação com o Método da NBR 7264, as
precisões no diagnóstico das condições de Falha Elétrica e Os resultados obtidos na utilização do modelo aplicado
Falha Térmica foram relativamente semelhantes. Para esta ao diagnóstico de falhas insipientes de transformadores
situação, a diferença foi maior para o diagnóstico de apresentaram um percentual elevado de diagnósticos
Condição Normal. As Tabelas 14 e 15 indicam os corretos. No entanto, os estudos continuam no que visa
resultados utilizando este método. aprimorar a aplicação das diversas técnicas que vem sendo
estudadas, inclusive utilizando Inteligência Computacional,
Tabela 14. Desemp. do Método da NBR 7264 com as Bases 1 e 2 visando mesclar as qualidades destas para obtenção de
BASE DE DADOS IEC BASE DE DADOS CEPEL
% de Diagnósticos Corretos % de Diagnósticos Corretos
resultados ainda melhores.
Método da Cond. Falha Falha Cond. Falha Falha
NBR 7264 Normal Elétrica Térm. Normal Elétrica Térm. VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
----- 86,36% 78,57% 10,84% 55,73% 61,25%
[1] S. L. Senna. Computação Evolucionária Aplicada ao Diagnóstico
Fonte: [4] de Falhas Incipientes em Tranformadores de Potência Utilizando
Dados de Cromatografia. Dissertação de Mestrado. Programa de
Tabela 15. Desempenho do Método da NBR 7264 com a Base 3 Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de
BASE DE DADOS – Dados Históricos Minas Gerais, Setembro, 2010.
% de Diagnósticos Corretos
Método da
[2] O. M. Almeida, S. E. U. Lima, L. L. N. Reis, J. C. Oliveira, G. C.
Condição Normal Falha Elétrica Falha Térmica Leite. Ferramenta Para o Diagnóstico de Falhas em
NBR 7264
transformadores de Potência Utilizando DGA.
12,22% 70,00% 45,45%
[3] A. L. Júnior. Manutenção Pré-corretiva em Transformadores de
Fonte: [4] Potência – Um Novo Conceito de Manutenção.
[4] D. R. Morais. Ferramenta Inteligente para Detecção de Falhas
Optamos por não estabelecer um critério de comparação Incipientes em Transformadores Baseada na Análise de Gases
com o Método de Duval, pois o mesmo utiliza somente a Dissolvidos no Óleo Isolante. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.
concentração percentual relativa dos gases Acetileno,
[5] T. C. B. N. Assunção. Contribuição à Modelagem e Análise do
Etileno e Metano, enquanto os demais métodos e o modelo Envelhecimento de Transformadores de Potência. Tese de
proposto utilizam as razões entre as concentrações de 5 Doutorado. Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica,
tipos de gases presentes na análise de cromatografia. Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.
[6] P. M. Cardoso. Adaptação de um Sistema de Medição de Gases
VII. CONCLUSÕES Dissolvidos em Óleo Mineral Isolante para Monitoração de
Múltiplos Transformadores de Potência. Dissertação de Mestrado.
Pós-Graduação em Metrologia Científica e Industrial,
Vários métodos de monitoramento e diagnóstico de Universidade Federal de Santa Catarina, Setembro, 2005.
falhas incipientes em transformadores, utilizando dados de [7] J. G. Arantes. Diagnóstico de Falhas em Transformadores de
cromatografia de gases dissolvidos no óleo isolante, Potência Pela Análise de Gases Dissolvidos em Óleo Isolante
obtiveram grande sucesso nos últimos anos. Entretanto, Através de Redes Neurais. Dissertação de Mestrado. Universidade
parte deste sucesso deve-se à experiência e conhecimento Federal de Itajubá, 2005.
agregados por alguns especialistas ao longo dos anos. É de [8] S. E. U. Lima. Diagnóstico Inteligente de Falhas Incipientes em
Transformadores de Potência Utilizando a Análise dos Gases
grande interesse por parte dos engenheiros na área de Dissolvidos em Óleo. Dissertação de Mestrado. Departamento de
manutenção que este conhecimento seja compilado de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Ceara, , 2005.
forma científica, organizado e representado na forma de [9] IEEE Std C 57.104-1991. IEEE Guide for the Interpretation of
lógica computacional. Por isso, tornou-se tema frequente de Gases Generated in Oil-Immersed Transformers.
diversas pesquisas ao redor do mundo a aplicação de [10] IEC 599 – Interpretation of the Analysis of Gases in Transformers
and other Oil-filled Electrical Equipment in Service, International
modelos matemáticos envolvendo recursos de Inteligência Electrotechnical Commission, Geneva, Switzerland, 1978.
Computacional para o diagnóstico de falhas. [11] M. Duval, A. dePablo. Interpretation of Gas-in-Oil Analysis Using
New IEC Publication 60599 and IEC TC 10 Databases. IEEE
Este Artigo apresentou uma revisão sobre as Electrical Insulation Magazine, Vol. 17, 2001.
características dos transformadores e seu isolamento e [12] M. Duval. A Review of Faults Detectable by Gas-in-Oil Analysis in
também sobre os métodos convencionais de diagnóstico de Transformers. IEEE Electrical Insulation Magazine, 2002.
falhas. Também foi discutida a análise cromatográfica dos
gases dissolvidos no óleo isolante, fazendo a relação dos
mesmos com as falhas insipientes em transformadores de
potência. Após esta revisão de conteúdo foi proposto um
novo modelo para análise e diagnóstico destas falhas.
Utilizou-se de forma otimizada uma série de blocos
comparativos das razões entre as concentrações dos gases
para chegarmos a um modelo final que gera os diagnósticos
de Condição Normal, Falha Elétrica e Falha Térmica.