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Bruna Borges – OBSTETRÍCIA / TURMA 97

ABORTAMENTO
 Quanto mais precoce a perda – maior a probabilidade de
ter sido por uma alteração cromossômica
 OVOPATIAS
CONCEITO  GINECOPATIAS: qualquer situação ginecológica
 DOENÇAS EM GERAIS: DM, HAS, hipotireoidismo, etc.
 Perda ou expulsão do concepto entre 20 e 22 semanas ou
 INFECÇÕES
menos de 500g.
 FATORES HORMONAIS: especialmente o hipotireoidismo,
mas também pela diminuição da progesterona
INCIDÊNCIA  EXERCÍCIOS FÍSICOS: mais intensos, por exemplo: boxe.
 VIAGENS: evitar nos 3 primeiros meses.
 15% das mulheres que engravidam podem abortar;
 TRABALHOS: carregando peso, usando produtos químicos.
 ¾ são precoces: < 12 semanas de gestação;
 TRAUMATISMOS FÍSICOS: quando importantes e graves.
 ¼ são tardios: acima disso.
 CIRURGIAS: apendicite, colecistectomia.
 Cerca de 75% dos ovos fertilizados são abortados; mais da
metade se interrompe antes da primeira falha menstrual.  EMOÇÕES E COITO: sustos, adrenalinas. O coito é liberado,
no entanto, deve ser mais tranquilo.
 INCOMPETÊNCIA ISTMO CERVICAL: ocorre quando a área
FATORES DE RISCO
entre o colo uterino e o istmo está incompetente, então não
 Os mais importantes segundo a ACOG, 2015. consegue sustentar o bebê. Geralmente ocorre mais
 História de abortamento anterior tardiamente, do 4° mês em diante.
 Idade avançada – quanto maior a idade, maior a possibilidade  Incidência: 200-1000
de perda  Etiologia:
 20-30 anos: 9-17%  Congênita. Ex: dietilbestrol na vida intrauterina
 35 anos: 20%  Adquirida: materiais instrumentais, curetagem não
 40 anos: 40% tão adequada.
 45 anos: 80%  Fisiológica

ETIOLOGIA MECANISMO DE ABORTAMENTO


 Alterações cromossomiais:  Dilatação do canal.
 Fertilização por gametas geneticamente anômalos
 Anomalias da fertilização INCOMPETÊNCIA ISTMO-CERVICAL
 Anormalidades na fertilização do embrião
 Frequência: 6-64% DIAGNÓSTICO:

 Anormalidades cromossomiais fetais (ACOG, 2015; 2016)  Clínico – passar vela de hegar número 8 para confirmar

 2/3 dos abortamentos ocultos incompetência

 45X (turner): é a mais comum  Histerosalpingografia (abertura anormal do OI): exame

 Trissomias – principalmente 16 muito incômodo

 Triploidia e tetraploidia  US: mostra dilatação


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Primeira US: entre 20-22 semanas. Consigo verificar grau de


dilatação e probabilidade de parto prematuro.
Se colo medindo 1-5mm eu tenho a probabilidade de 70% dela
ter um parto prematuro, ou seja, abaixo de 34 semanas. Consigo
AMEAÇA DE ABORTAMENTO
prever a probabilidade de um parto prematuro.  Hemorragia: sangramento, mas não é ainda hemorragia.
 Dor: tipo cólica

TRATAMENTO  Material eliminado


 Hipertermia: só em aborto infectado
CIRCLAGEM
 Tamanho do útero: o útero está no tamanho que deveria estar
 Eficácia da técnica cirúrgica:
 Características do colo: o colo geralmente está fechado
 O percentual de sucesso está situado entre 80-90%
 USG
principalmente quando realizada precocemente.
 Realizada entre 13-14 semanas – pode fazer antes da
TRATAMENTO
gestação, mas é melhor ser feita durante.
 Acompanhamento ambulatorial
 Fio inabsorvível n° 2 – colocar vela hegar n° 4 como
 Repouso relativo: repouso às vezes funciona mais que
referência para evitar retenção de secreção.
remédio.
 Paciente tem que avisar para equipe que o procedimento
 Abstinência sexual: suspende atividade física e sexual.
foi realizado para que a equipe possa cortar o fio durante
 USG: seriada, em intervalos dependentes da evolução do
o trabalho de parto.
 Na cirurgia vamos fazer uma bolsa rodeando todo colo quadro

uterino. Só faz antibioticoterapia se tiver fator de risco  HIOSCINA: antiespasmódico – 1 comprimido VO de 6/6h em

importante. caso de cólicas.

TRABALHO DE ABORTAMENTO
EVOLUI  ABORTO COMPLETO
 ABORTO INCOMPLETO
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ABORTAMENTO COMPLETO ABORTAMENTO INEVITÁVEL E ABORTAMENTO


 Hemorragia: Já não está sangrando mais INCOMPLETO
 Dor: Já não sente mais dor  Medidas Gerais:
 Material eliminado: Elimina o material  Internação da paciente.
 Hipertermia: geralmente não, só se infectado.  SSVV a cada 6h: temperatura axilar, pulso radial e
 Tamanho do útero: compatível pressão arterial.

 Característica do colo: o colo pode estar entreaberto  Hemograma completo para monitorizar a espoliação e

 USG: sempre peça para saber se tem restos ovulares (pode rastrear a infecção;

ocasionar infecção grave). Nunca ache que saiu tudo.  Tipagem sanguínea: pacientes Rh negativo e Coombs
indireto negativo devem ser medicadas com
Imunoglobulina anti-Rh para prevenção de possível
TRATAMENTO
aloimunização, no momento da administração do
 Só se tiver algum sintoma. Geralmente não queixa mais de
misoprostol.
cólica.
 Acesso venoso, com correção da volemia, se necessário
(sangue e solutos administrados em veia distinta daquela
ABORTAMENTO INCOMPLETO utilizada para perfusão de ocitócito).
 Hemorragia: pode ser sangramento forte
 Gestação de primeiro trimestre:
 Dor: chega com dor
 Misoprostol
 Material eliminado: tem parte de material eliminado
 AMIU ou dilatação do colo e curetagem uterina
 Hipertermia: não tem
 Gestação de segundo trimestre:
 Tamanho do útero: um pouco abaixo para IG
 Misoprostol
 Característica do colo: normalmente entreaberto
 Perfusão venosa de ocitocina em solução glicosada na
 USG: mostra restos ovulares
velocidade de 40mUI/min (20UI do fármaco em 500ml de
soro glicosado a 5% a 20 gotas/min).
TRATAMENTO  Esvaziamento da cavidade uterina. AMIU ou curetagem
 Complementar tratamento por técnica convencional, após expulsão do feto.
 Inibição da lactação: cabergolina 1mg (2 comprimidos)
Antes de 16 semanas:
VO em dose única. Não esquecer que se ela tiver no
 Aspiração a vácuo – Amiu ou curetagem uterina
segundo trimestre tem que inibir a lactação
 AMIU: aspiração manual intra útero. Vantagem que a paciente
pode ir para casa.
MÉTODOS
 AMIU: aspirador manual intrauterino
Após 16 semanas:
 Curetagem uterina: tem risco maior de complicação
 >16 semanas a gente tenta verificar se o útero consegue
(perfuração) do que AMIU
eliminar.
 Aspiração elétrica
 Ocitocina: 20U em 500ml de soro glicosado.
 Misoprostol: 100mcg a cada 12h e dose total de 200 mcg.
Fazer com paciente hospitalizada.
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ABORTAMENTO COMPLICADO TODO O MIOMÉTRIO, PARAMETRIO, ANEXOS


 Em geral são pacientes que provocaram o abortamento  Situação gravíssima com comprometimento de tudo.
 Se puder fazer cultura e antibiograma, faça e comece o
tratamento – não espera o resultado.
ABORTAMENTO INFECTADO
 Hemorragia: sangramento de pequeno a maior  Cocos anaeróbios (peptococos, peptoestreptococos), E.coli,

 Dor: variável dependendo do grau de infecção bacterioides, clostridium.

 Material eliminado: pode ter material eliminado


 Hipertermia: presente TRATAMENTO DO ABORTO INFECTADO
 Antibiótico
 Tamanho do útero: abaixo da IG, amolecido
 Clindamicina: 800-900mg IV 8/8h
 Características do colo: com ou sem sinais de dilatação
+
 USG: abcessos e restos ovulares
 Gentamicina: 240 mg/dia em 100ml de SF 0,9%, infusão
venosa em 30 minutos
TIPOS CLÍNICOS - Se não resolver em 24-48h, associar ampicilina 1g IV
 Infecção limitada ao útero: endo(mio)metrite 4/4h
 Infecção estende-se à pelve: pelveperitonite  Ocitocina: sempre fazer porque o útero está amolecido
 Infecção generalizada: peritonite/ choque séptico  Esvaziamento uterino: sempre deve ser feito
 Gestação de primeiro trimestre:
LIMITADA A CAVIDADE UTERINA, DECÍDUA,  AMIU ou dilatação do colo e curetagem uterina uma hora
MIOMÉTRIO
após o início da terapêutica com ocitócito e antibiótico
 Elevação da temperatura é pequena: (38°C)
 Gestação de segundo trimestre:
 BEG
 Só deve ser feito o esvaziamento uterino, após expulsão
 Dores discretas
do feto.
 Não há sinais de irritação peritoneal
 Misoprostol
 Palpação abdominal e toque bem tolerados
 Perfusão venosa de ocitocina em solução glicosada na
 Hemorragia escassa
velocidade de 40mUI/min (20UI do fármaco em 500ml de
soro glicosado a 5% a 20 gotas/min).
TODO O MIOMÉTRIO, PARAMETRIO, ANEXOS
 Esvaziamento da cavidade uterina uma hora após o início
 Hemorragia não muito intensa, com odor fétido
da terapêutica com ocitócito e antibiótico
 Temperatura acima de 39°C
 AMIU ou curetagem por técnica convencional após a
 Estado geral comprometido, taquicardia, desidratação,
expulsão do feto.
parestesia intestinal e anemia
 Inibição da lactação: cabergolina 1mg (2 comprimidos)
 Defesa abdominal
VO em dose única. Não esquecer que se ela tiver no
 Exame pélvico muito doloroso
segundo trimestre tem que inibir a lactação
 Útero amolecido, mobilidade reduzida
 Paramétrios comprometidos
 Colo entreaberto
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ABORTAMENTO RETIDO ABORTAMENTO HABITUAL


 Estava com enjoo e passou.  2 ou mais perdas consecutivas - livros mais antigos falavam de
 Sem queixa de dor e sangramento. 3 consecutivos, mas a partir de 2 já é considerado habitual.
 Sem material eliminado, sem hipertermia.  Frequência: 0,4 a 1%
 Colo normalmente fechado.  Diagnóstico: tudo pode causar, então tem que investigar o
 Faz USG que mostra o aborto retido. histórico completo da paciente e direcionar a investigação
 Tratamento: vai depender do que diagnosticamos
 Embrião sem atividade cardíaca (CNN) ≥ 7mm) CNN:  PREVENÇÃO DA ALOIMUNIZAÇÃO RH
comprimento cabeça nádega. (ACOG, 2015)  Mulher Rh negativa não sensibilizada 300ug da
 SG ≥ 25 mm sem embrião (ovo anembrionado) (ACOG, 2015) imunoglobulina Rh imediatamento após procedimento.
 O diagnóstico deve ser dado por 2 exames espaçados de 14  300ug da imunoglobulina Rh dentro de 72h do início
dias (ACOG, 2015) do tratamento médico ou expectante.

 Riscos: infecção e coagulopatia


 Tratamento: curetagem SITUAÇÕES PERMITIDAS POR LEI NO BRASIL
 Gestação implica risco de vida para mulher;
TRATAMENTO  Gestação decorrente de estupro (já previstos no código penal
 Aspiração uterina: doxiciclina profilática 200mg VO 1h antes
de 1940);
(ACOG, 2015)
 Nos casos de anencefalia (julgados pelo STF);
 Misoprostol
 Ler na próxima página as portarias.
 1° trimestre: 4 comprimidos 200 (800) ug na vagina,
se necessário repetir a dose (ACOG, 2015)
 2° trimestre: 1 comprimido 200ug, na vagina, 6/6h
(máximo 4) (MS, 2012)
 TTO: faz misoprostol e aguarda para ela ter início de dilatação
e proceder o esvaziamento dessa cavidade.
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