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SEGURANÇA JURÍDICA
legislativo, em uma intensa disputa de opiniões, foi uma discussão que é tão Affonso Jr.: Inversão do ônus
antiga quanto a moderna ciência processual: a proposta de estender a coisa probatório deve ser medida
julgada sobre as questões prejudiciais resolvidas incidentalmente pelo juiz excepcional
na fundamentação da sentença. VOTAÇÃO DEFINITIVA
Marina Santos: Novo CPC deve
Após idas e vindas, o texto finalmente aprovado traz, nos parágrafos 1º e 2º
representar efetividade do processo
do artigo 514, a previsão de que também terá “força de lei” a resolução de
“questão prejudicial, decidida expressa e incidentalmente no processo”, se CONTRA O RELÓGIO
dessa resolução depender o julgamento do mérito; a seu respeito tiver Juízes querem que novo CPC dê mais
havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; e o tempo para proferir sentença
juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la
como questão principal. Esse efeito é afastado em procedimentos especiais CHANCELA DO CONTRADITÓRIO
nos quais haja “restrições probatórias ou limitações à cognição que Tribunais superiores devem ampliar
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial”[1]. debates ao formar precedentes
QUESTÃO DE ÉTICA
Mas enfim, qual a importância da coisa julgada, e por que tanta celeuma em
Entrevista: Marcus Vinicius Furtado
torno de sua delimitação? Colocando as polêmicas teóricas de lado, as
Coêlho, presidente da OAB
razões mais importantes são eminentemente práticas. Pois ao fim de todo
processo, é necessário que o cidadão que dele fez parte possa fazer um PROCESSO NOVO
balanço do quanto se ganhou e do quanto se perdeu. É a partir desse Novos conceitos de sentença e decisão
conhecimento que se fincarão as bases para que os sujeitos que litigaram interlocutória no novo CPC
decidam em que termos irão retomar suas relações comerciais,
administrativas e familiares, estabelecendo novas negociações e
entendimentos para que a vida possa seguir seu curso regular. Antes mesmo
disso, os cálculos que as partes projetam a partir do cenário de uma
demanda, ainda em curso, são determinantes para a decisão sobre
comporem ou não seus interesses de forma amigável.
Em linhas gerais, e sob a perspectiva ora analisada, é a essa necessidade de
estabilidade para planejar o futuro que os processualistas costumam Facebook Twitter
remeter quando utilizam a locução “segurança jurídica”. Assim, a clareza
dos limites da coisa julgada deve ser entendida como um instrumento de que RSS Feed
se vale a lei processual para atingir o objetivo de efetiva pacificação do
litígio. Ela opera por meio da estabilização das expectativas: ainda que
discordem das razões da sentença, a vedação a novas discussões acerca da
decisão tende a induzir as partes a aceitá-la. As incertezas nesse campo, em
contraste, trazem dentro de si a semente de novas disputas, e o risco de que
o conflito venha a renascer em um processo futuro.
Neste ponto, o anteprojeto se divorciou dessa receita ideal. E foi assim que a
versão original do Senado incorporou a proposta de incluir na coisa julgada
as prejudiciais resolvidas na fundamentação da sentença, ainda de maneira
inicialmente lacônica, sem que se tenha previsto maiores formalidades
destinadas a proporcionar certeza sobre os contornos de sua
indiscutibilidade futura. A insegurança gerada por essa extensão
indiscriminada foi percebida durante o processo legislativo, e a redação
aprovada pela Câmara incorporou algumas importantes emendas
voltadas ao propósito de mitigar o perigo da incerteza.
Mas, em que pesem esses esforços, com toda a vênia devida a nossos
representantes no Congresso Nacional e aos notáveis processualistas que,
com elevado espírito de civismo, vêm contribuindo para o aperfeiçoamento
da lei por meio do trabalho de assessoria técnica, o texto ainda pode ser
bastante aperfeiçoado nesse estágio final de sua tramitação. O maior
problema talvez seja o caráter excessivamente fluído das formalidades com
as quais o legislador cercou, até agora, a extensão da imutabilidade da
sentença.
[2] Os enunciados aprovados pelo Ceapro foram os seguintes: “1) Por não
haver clareza a respeito de quais questões prejudiciais serão alcançadas
pela coisa julgada, as incertezas sobre o que foi ou não decidido em
definitivo trazem insegurança que elimina as potenciais vantagens da
novidade trazida no art. 514, § 1º do Projeto ; e 2) Na hipótese do art. 514, §
1º do Projeto, deve o julgador enunciar expressamente no dispositivo quais
questões prejudiciais serão acobertadas pela coisa julgada material, até por
conta do disposto no inciso I do art. 515.”
COMENTÁRIOS DE LEITORES
2 comentários
Isso ocorre pois a grande maioria dos conflitos que se tornam lides tem a possibilidade
de ser resolvidos pelas próprias pessoas, sem a necessidade um estranho para decidir
suas vidas e ainda mais baseando-se em artigos de leis.
Com isso não quero dizer que o Direito é desimportante ou algo de segunda categoria.
Pelo contrário, o Direito é imprescindível para a vida harmônica em sociedade, só que
se as leis forem usadas de maneira impositiva, arbitrária e em excesso, geram
situações opostas, como inquietude social, insegurança jurídica e, finalmente,
descrença no Judiciário. Acredito que isso ocorre atualmente.
Assim, retornando ao artigo de lei, caso este não seja extremamente bem elaborado
(partindo do pressuposto que a versão apresentada não é final) e, mais importante, se
os juízes aplicadores da lei não forem bem treinados e cuidadosos em sua aplicação, a
jurisprudência se verá obrigada a criar remendos ou gambiarras para tornar a lei
exequível, dando origem a mais interpretações, mais ações, mais morosidade, mais
insegurança jurídica e mais descrença.
PACIFICAÇÃO SOCIAL PELA VEDAÇÃO AO JUDICIÁRIO
ABSipos (Advogado Autônomo)
14 de outubro de 2014, 9h11
Isso não significa que seja responsabilidade dos juízes, pois acredito que em sua
maioria, são bem intencionados e buscam a justiça em suas decisões. A falha é do
modelo com foco nas regras processuais em detrimento dos princípios constitucionais,
que em parte ocorre pelas metas impostas ao judiciário, que decorre de outros fatores
mais antigos e arraigados em nossa cultura. Não me estenderei nesse ponto, pois não
almejo descobrir a fonte de nossas mazelas, mas sim compartilhar minha opinião do
que pode ser feito daqui para frente.
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