Você está na página 1de 4

Jake e Baltur se sentiam aliviados de seus amigos terem voltado com

vida de um desafio que parecia ter subjado os mesmos. Mais aliviados ainda
ficaram ao ouvir os desfechos de sua aventura, afinal, agora sentiam que não
escutariam falar sobre a Garra por um bom tempo. A preocupação de um
ataque do grupo, havia solado os pensamentos dos dois até o dia do tratado
de Balakar. O evento para o selamento do tratado, havia sido planejado por
semanas e ambo sabiam que muito estava em jogo naquele momento.
Mesmo com os preparativos da segurança, Jake fez questão de reforçar
o convite a seus salvadores ao vivo quando os visitou na taverna Suino
Alado. Que apesar de breve, foi reconfortante. O encontro foi interrompido
por um de seus soldados, avisando que os plebeus já haviam começado a
formar multidões perto do local.
A entrada havia sido tão desconfortável quanto imaginava. Aos nobres
que os tratavam, rosas e clamor; Enquanto que para os líderes dos clãs ao sul
eram recebidos como criminosos, com vaias e estercos. Jake ficou aliviado
quando todos entraram e apesar de suas diferenças, poucos ainda
conversavam entre sim, tentando chegar a um consenso do que deveria ser
feito, mas logo pareceu ter um mal estar ao ver Pietro se aproximando.
- Ora, ora, capitão Jake. Será que devo me preocupar com a segurança
do evento sendo você o responsável?
- Ou será que eu não preciso me preocupar vossa senhoria, Pietro?
Afinal, foi um tremendo susto que tomamos ontem
- Por conta de seu desleixo! Obviamente fui sabotado! Era para estar
na mesa com o príncipe Marques e Baltur! Mas alguém deve ter tentando me
envenenar ontem para que eu não pudesse participar deste momento e isto
não teria acontecido se você tivesse feito seu trabalho direito! Quase como...
se vocês deixassem ter acontecido. Tome cuidado, capitão. Quem sabe sobre
o futuro da cidade? Não sabemos se o seu queridinho Baltur vai estar aqui
para sempre. – Virou de costas ao soldado e se afastou rapidamente.
Apesar da acusação, o pensamento de todos foi interrompido por
cornetas. “Está na hora”, Jake pensou consigo mesmo, ao ver as portas se
abrindo para um garoto escoltado por um pequeno exército particular. Não
apenas a guarda real o acompanhava, mas também o Major Gullard Castelo
Vermelho, um dos nomes mais temidos do exército real; e Roberto Romera,
um mago que esbanjava extravagância com seus trajes azulados e cetro
ornado à ossos. O garoto não poderia ser ninguém menos do que Príncipe
Marques Terceiro, o primeiro em ascensão ao trono.
Sua chegada foi uma comoção à todos presentes, e uma grande
reverência aconteceu por todos nobres do reino e alguns bárbaros tentando
mostrar respeito à autoridade local. De relance, Jake imaginou ter ver algum
movimento entre os heróis que o salvaram, mas logo Baltur o chamou para
os preparativos do grande final, a assinatura do tratado. “Melhor acabar com
isso logo, já chega de aguentar esses palhaços”, pensava com si quase todos
ali presentes.
Assim que abriu a porta, Azefa apareceu um tanto quanto nervosa,
prestando auxílio.
- Está tudo de acordo? Precisa de uma segurança extra, capitão Jake?
Apesar de uma recente amizade surgir entre os dois, desconfiava de
sua benevolência – Não, muito obrigado, Azefa. Temos segurança o
suficiente.
- Devo fazer uma varredura mágica, capitão?. – Disse Roberto
Romera, mas antes que, envergonhado por não ter feito tal inspeção, Azefa
respondeu rapidamente.
- Não será necessário, senhor. Eu mesma verifiquei o perímetro há
pouco. – Jake sorri aliviado ao ter sido salvo por sua amiga.
- Ótimo, querida. – Dizia olhando ao redor desconfiado. – Então não
vamos mais nos prolongar. Que se inicie a reunião particular.
Havia poucas pessoas dentro da sala. Apenas alguns de grande
confiança de Alakar, o líder dos clãs do Sul, como Arsarsis; Lorde Baltur
com seu fiel soldado Jake; E um último grupo, composto do príncipe e seus
dois companheiros, Roberto e Gullard. Todos sentiam a tensão do ar, foi
quando Baltur fez questão de se levantar da mesa com a intenção de acalmar
os ânimos.
- Há muito esperamos por esse momento. É o fim de um derramamento
de sangue sem motivos. Ficarei feliz em conceder um pedaço das terras para
que vocês não passem mais fomes nas terras mais ao sul. Claro, concedendo
uma taxação ao reino.
- Pode não ser o ideal para nós dois, mas sem dúvida será a solução
menos danosa para todos. – Respondeu o líder dos clãs.
Lorde Baltur se aproximou ao Alakar na ponta da enorme sala,
levando o contrato. Alakar, respirou fundo, absorvendo seu orgulho e tendo
a certeza que estava fazendo o melhor para todos, e assinou para o alívio de
todos. O momento histórico é selado por um aperto de mão. – Tudo o que
falta agora, é o príncipe assinar. – Baltur olhava com alegria uma alegria
imensurável de estar fazendo o correto.
- Não tenho certeza se deveria, meu caro Baltur. – Todos olhares se
voltaram ao príncipe desconcertados com o que dizia. – Ao meu ver, todos
esses bárbaros derramaram sangue dos nossos e estão aqui ainda por cima
para roubar nossas terras. Não lhe parece injusto?
- Veja bem, majestade. – Suavizava seus sentimentos nas palavras –
Este foi um acordo negociado por um tempo inestimável, onde vamos evitar
a morte vários, senhor. – Baltur tentava o corrigir, enquanto todos se
levantavam segurando suas armas no quadril.
- Haha, vejo que estão agitados. Está certo então, mas não ousarei sujar
as minhas mãos ao fechar um acordo desses com um povo incivilizado assim.
Gullard, estenda a mão para o líder dos clãs.
Foi quando seu subordinado com mais de dois metros se aproximou
do líder das tribos e estendeu a mão, esperando o derradeiro comando.
- Não foi este traste que fiz o acordo, príncipe. Isto é entre eu, você e
Baltur.
Antes que empunhasse sua espada, numa última tentativa de
diplomacia, Baltur interviu se colocando entre os dois – Não podemos voltar
atrás agora, Marques.
- Tem razão, Baltur. Não após essa traição por Alakar. Que o
assassinou brutalmente. – Sem entender, Baltur se virou a Alakar, quando
foi surpreendido por inúmeras facadas em suas costas por Gullard. Enquanto
o lorde caia, todos tentaram empunhar suas espadas, mas foram
drasticamente impedidos por uma onda de trovões vinda das mãos do mago
próximo ao príncipe. Corpos chamuscados caindo ao chão, quando Gullard
golpeava Alakar e Jake que havia tentado se aproximar.
Um banho de sangue havia acontecido e com uma serenidade
assustadora, príncipe Marques sacou sua espada e a atravessou contra o
corpo de Baltur e Alakar.
- Vamos. E Gullard, pelo menos finja que teve algum trabalho
enfrentando esses insolentes.
Sem nenhuma expressão, o subordinado sacou uma adaga e esfaqueou
a si mesmo enquanto caminhava até a porta. Quando a abriu, a cena era de
uma tragédia geral. Os bárbaros do sul tentavam fugir pelas janelas e porta,
enquanto os lordes tentavam se esconder por trás dos guardas nas escadarias.
O príncipe era escoltado por seus guardas e corvos negros. Um pequeno
gnomo começou a voar e mesmo alvejado, insistia em tentar destruir a porta
do salão em que os corpos estavam. Já estavam longe, quando dentro do
salão, em um último suspiro, Baltur levanta seu braço já moribundo em
direção à Jake e diz:
- Que Niema me leve em paz. Mas proteja este jovem. – Pela primeira
vez em décadas e última em sua vida, o Lorde de Swanford sentiu as energias
de sua Deusa correndo dentro de si como quando era um jovem Paladino. Os
ferimentos de Jake se fechavam e seu corpo tomava uma cor mais vívida,
apesar de ainda inconsciente, em contrapartida de Baltur que se esvaiava. –
Proteja... Cália..
Ao contrário do que os presentes haviam pensado, naquela sala
havia mais uma pessoa, mas invisível aos olhos. Ao ver que o soldado havia
voltado à vida, Xaya correu para ajuda-lo amarrando uma corda em uma
estátua próxima e descendo-o pela janela. E aos poucos, seus companheiros
vinham chegando. E mesmo desacordado, Jake foi levado à sua casa por seus
aventureiros favoritos, que haviam salvado sua vida mais uma vez. Mas uma
amiga deles havia ficado para trás. Que após ter segurado o corpo de seu pai
Arsasis na mão, correu em direção à janela e voou como uma águia em
direção ao seu povo, que agora mais do que nunca, precisava dela.

Você também pode gostar