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Tradução
Johann Klaus Schneider
Copyright © 2006 Editora Coph Nia Ltda.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrôni-
co, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, sem permissão expressa do Editor (Lei
n. 9.610, de 19.02.98).
Novas regras. Abandone as velhas. Com velhas eu quero dizer as de qualquer era passada, e
tempos passados; ontem, 5 anos atrás, 20 anos atrás, 100 anos atrás, 2000 anos atrás. Abandone as
Éticas, abandone as morais, abandone tudo o que lhe foi dito, tudo o que você acredita sobre qualquer
coisa. É hora de começar de novo, de redefinir, de recriar e de refazer o jogo que fomos forçados a
jogar. Esta é a era da discórdia, o Pandemônio; esta é a era do caos. “Eu vo-lo digo: é preciso ainda ter
caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante”. Somos o vírus que se espalhará para mudar o
mundo como o conhecemos. Nós jamais fomos vistos antes, até então, não existem regras; para nós,
nós fizemos as regras.
Estamos jogando um jogo, um jogo do qual não escolhemos fazer parte, mas no qual ainda assim
fomos lançados e forçados a participar. É, naturalmente, impróprio pensar no jogo como um jogo.
Essa é a regra número um d’Eles. Isto não é um jogo, no-lo é dito; isto é real. O que nós vemos na TV,
nos palcos, nos Filmes, nos jornais, lemos em livros, isso é um jogo; mas a vida, a vida é real, e a vida
é perigosa e devemos traçar a diferença entre o jogo que ousamos jogar e a vida que somos forçados a
viver. Nós devemos nos manter unidos, dizem eles, não devemos obedecer apenas para o nosso bem,
mas para o bem do nosso próximo; ama a teu próximo, mesmo que signifique o teu próprio fim; ou
no mínino a tua perda para o ganho dele. Essas são as mentiras que nos são dadas de comer, mentiras
que foram tornadas necessárias ao jogo (o jogo deles). Mentiras que o determinam de tal forma que
não podemos vencer; o baralho é manipulado a favor deles, e a menos que escolhamos admiti-lo, e
empilhar o baralho novamente em nosso favor, nós nunca seremos felizes.
Eu não estou falando sobre “o bem da espécie humana” aqui. Estou falando sobre a felicidade, a
liberdade dos inteligentes; dos mal-adaptados – aqueles forçados a mudar por uma sociedade corrupta
e então afastados como lixo e imundice. Aqueles varridos para debaixo do carpete, a contracultura.
São sempre os mal-adaptados que movem a sociedade, os proscritos que revolucionam o nosso modo
de pensar. São os singulares e os poderosos que são as luzes do mundo, não os medíocres e os fra-
cos.
Qualquer bom vigarista sabe que o melhor modo de bancar a vítima é mantê-los no escuro sobre
o que você está fazendo com eles. Faça-os pensar que é para o próprio bem deles; burle o jogo de tal
modo que todas as probabilidades fiquem contra os jogadores, ainda que os jogadores ainda pensem
que têm uma chance. Empilhe o baralho a favor da casa.
Não é de estranhar que nada mude drasticamente. O sistema não é feito para ser mudado. Uma
velha piada que ouvi uma vez é “Quantos ativistas são precisos para trocar uma lâmpada?” Nenhum!
O ativismo não muda coisa alguma!!! Acalma, hipnotiza, mas não muda. Permite que os jogadores
pequenos em campo se sintam como se fossem rebeldes, como se tivessem uma voz, como se pu-
dessem fazer a diferença. É outro opiato fazer o “rebelde” parar de enfrentar o vazio. Isso dá sentido
à sua existência limitada, fá-lo sentir importante; mas não faz nada para efetuar o estado do mundo.
Claro, assim que as coisas saem de controle, as câmeras de televisão são desligadas, e os Reguladores
do Dogma (comumente conhecidos como a Polícia) surgem para dizer aos protestadores justamente
o que o sistema pensa deles, de uma maneira mui física.
Todavia, há uma falha que eles esperam que não descubramos; nós precisamos aceitar as suas
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regras para que eles vençam. Nós não vamos protestar, vamos mudar a sociedade e o mundo de den-
tro para fora. Nós vamos viver da maneira que quisermos viver; livres da limitação e da pus moral;
livres dos confinamentos da norma. Eu digo novas regras porque para nós, nós vamos transformar um
inferno num céu; vamos mudar tanto que este mundo será nosso playground e nosso brinquedo.
Novas regras. Nossas regras. Claro, nossa primeira regra do clube da luta será não falarmos sobre
o clube da luta. Nunca deve ser suspeitado que haja novas regras, nada pode dar errado, e não deve-
mos abdicar do plano; não deixe que os vigaristas saibam que estamos planejando enganá-los. Nós
espancamos os regentes até a morte com as suas próprias regras. Nós roubamos câmeras de vídeo de
tal forma que eles têm de fazer o levantamento das câmeras de vídeo. Nós entramos de forma gentil e
próxima, dentro de toda fresta na sociedade e sob o tapete sobre os seus pés. Nós roubamos a camisa
das suas costas, os sapatos dos seus pés, e as convicções da sua mente, e fazemo-los nos agradecer
por isso.
Novas regras. Toda ação terá uma reação igual e oposta. Karma. Essa é a maldição, e a alegria
do nosso mundo. Todo ato que cometemos tem um efeito. Atos fortuitos que pomos em movimento
podem ter os resultados mais estranhos. Os meios NUNCA são adequados aos fins; não espere, não es-
pecule. Aja. Ponha alguma coisa em movimento, qualquer força, e assista a queda. Se você alguma
vez discutiu com alguém simplesmente para vê-lo gritar dizendo que você está errado, apesar de
rir secretamente da completa robótica dele, você sabe o que eu quero dizer. Você está apertando os
botões de uma máquina que você não conhece simplesmente para causar um efeito, uma reação, não
para qualquer propósito exceto o propósito da reação. Claro, para fazer isso, você tem de se anular o
bastante para poder lidar com qualquer situação na qual você se coloque, e ambiente no qual você se
encontre. Isso não é para os fracos; como é dito, essa é uma lei do forte; a nossa lei. Você consegue
engolir isso?
Tática de guerrilha significa usar as forças dos seus inimigos contra eles mesmos, significa usar o
óbvio de um modo não-óbvio. São as regras de jogo que eles não viram. É um tipo novo de jogo, um
jogo que apenas nós podemos predizer; um jogo que sabemos que podemos ganhar porque é o nosso
jogo. Nós não vamos apelar para a trapaça deles; vamos deixá-los enganar a si mesmos até a destrui-
ção. Sustente as mentiras deles, enquanto o tempo inteiro semeia as sementes da discórdia que serão
a queda deles; e entre tudo isso, rindo e se deleitando na beleza e no prazer, no poder e no triunfo.
Esse será o triunfo da Vontade.
O lapidador experiente sabe onde golpear para causar o maior dano; analisa a situação com o
olho do mestre. Conheça as suas forças e as suas fraquezas. A honestidade não é a honestidade para
com os outros, é a honestidade para consigo mesmo. Você não tem obrigação de falar para um ladrão
onde está a chave da sua casa; não tem obrigação de se deixar matar; não tem obrigação de deixar
a sua vida ser roubada. Porém esse é o código de “honestidade” deles. Eles querem que você lhes
conte tudo de modo que possam tirar tudo de você, e se você não conta você é imoral e mau. Claro
que você é; você pode se sustentar onde eles não podem. Mas quem é o pior mal nesse caso, você ou
eles? Nietzsche disse “As grandes épocas da nossa vida vêm quando ganhamos coragem de re-educar
o nosso mal como o que há de melhor em nós”. Você consegue amar a si mesmo de forma pior? Até
aonde você irá para ser quem é?
As novas regras de jogo são a arte da Guerra; a nova guerra. A guerra não é lutada apenas em
terra, mas no campo de batalha da mente; suas armas não são espadas ou armas, são as nossas Artes,
as nossas Ciências, as nossas ações e o nosso próprio estilo de vida. Nossa munição não são balas e
bombas, são idéias. Idéias tão poderosas, tão radicais, tão perigosas que poderiam ser consideradas
tóxicas, e seriam manuseadas com cuidado. Como qualquer bom franco atirador, sempre esteja em
boa cobertura. Não se deixe pegar. Seria absurdo para o franco atirador se entregar para levar o cré-
dito da sua morte. Minta diante da estupidez. Use-a como sua cobertura; use-a como seus recursos.
Capte tanto poder pessoal quanto possível, e amplie-o para outros como você. Esconda-se na camu-
flagem da sociedade dos dias de hoje, sabendo bem qual é a sua real missão. Fale apenas o necessário
para adquirir o que você precisa; fale apenas o necessário para criar o seu efeito desejado. “Saber,
querer, ousar, calar”. Você não deve tentar ajudar a estupidez. Você deve deixá-la, ao mesmo tempo
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desfazendo-a e libertando todo o seu poder; nós produziremos um novo mundo, uma nova evolução,
uma nova raça e um novo estilo de vida. Esteja certo que se você está lendo isto, você já sabe tudo
isto, em algum lugar dentro de você movimenta-se a voz de uma vida nova. Essa voz o arrancará de
tudo que você pensa que ama, de todos que você pensa que o amam. Rasgá-lo-á e cuspi-lo-á, inteiro e
novo; espancá-lo-á até que você aja de acordo com a sua natureza, mesmo que isso signifique deixar
para trás tudo o que você pensou que era, tudo que você pensou que amava e tudo em que você pensou
que acreditava. Ele arruinará famílias, demolirá companhias, voltará amigo contra amigo; romperá
matrimônios, invocará pânico; haverá comparação a termos como Nazismo, Satanismo, e puro mal.
Ele assustará e desnorteará, divertirá e enfurecerá. É um vírus que mostrará para cada indivíduo o
que eles realmente são. Aqueles que você pensou que conhecia levantarão as suas cabeças feias para
o que eles realmente são, e pela primeira vez na sua vida você verá a besta cara a cara; você verá a
humanidade, e o homo sapiens, como eles verdadeiramente são – uma doença, uma humilhação, um
aborrecimento, uma casca – um degrau para algo maior, algo novo, algo cru, poderoso e bonito – algo
completa e totalmente estranho. Você olhar-se-á no espelho, e verá a face da besta, e isso o repugnará,
o mudará. Você verá que até que mudemos a nos mesmos, e o nosso mundo, nunca seremos livres;
nunca seremos felizes e nunca seremos o que verdadeiramente somos. Você verá a casca, você arran-
cá-la-á, e algo novo jorrará. Um vírus. Você será mudado, quer você lute ou aceite, ele o pegará mais
cedo ou mais tarde. Ele devorá-lo-á.
Novas regras. Vitória, vingança, alegria. Tenho certeza que foi perguntado, inúmeras vezes neste
ensaio, quem são “eles” que fico mencionando? Vo-lo direi. “Eles” são os estúpidos, os ignorantes,
os fracos, os medíocres, os covardes. “Eles” são a queda de tudo com o que entram em contato. Eles
são demasiado fracos para sustentar a si mesmos, e assim eles têm criado “morais” não apenas para
se sentirem superiores a nós, mas para nos fazer sustentá-los, ou sentir culpa por não sustentá-los.
Eles são amargos e doentes, e eles nos teriam feito acreditar que o que eles são nós também somos.
Eles nos teriam feito acreditar que eles são os bons e nós somos os maus. É assim que eles lutam.
Eles sabem que são fracos, e nós somos fortes, e assim tentam nos cegar de nossa própria força; eles
nos teriam feito acreditar que nós existimos por eles, e não por nós mesmos; eles nos teriam feito
acreditar que nós somos possuídos, que devemos algo a eles, como se a existência deles fosse culpa
nossa. Nós temos nossa força de tal forma que podemos suportá-los; é nosso “dever moral” proteger
aqueles que não podem proteger a si mesmos. Tudo o que isso faz é apoiar tudo aquilo que corrompe
a humanidade; é-nos dito que tudo aquilo que é repulsivo na humanidade devemos apoiar, mesmo que
signifique nossas próprias mortes. “Eles” nos teriam feito ser os seus mártires, crucificados pelas suas
mãos vencidas, e então usados como um ícone, uma razão, um argumento para o seu estilo de vida;
uma justificação para a sua existência. Eles propuseram o crucificado, e então contaram para todo o
mundo que ele morreu pelos pecados deles de forma que eles pudessem continuar pecando. Aqueles
ao topo desse modo de vida são os mais furtivos, os mais dissimulados, e os mais fracos; eis os ini-
migos da vida e da mudança; eles são os verdadeiros inimigos do prazer e do poder, do progresso, da
felicidade e do verdadeiro modo de viver.
Deve-se lembrar, todavia, que “Eles” têm a sua parte no nosso plano, na nossa própria infecção.
Eles geram a decadência e a esterilidade que precisamos usar para tombá-los. Eles estão fazendo seu
estilo de vida tão pesado que ele afundará. Empurre-os, dê aerodinâmica à estupidez, à mediocridade,
e ajude-a a se destruir. Concorde com ela, não lute contra ela, mas deseje-a, mais e mais rápido. Tire
vantagem dela, sugue-a. Não deixe que ela veja o que você está fazendo. Trabalhe contra ela quando
ela não pode ver, e balance a sua cabeça quando ela está o olhando. Ela apenas far-se-á mais pesada
enquanto ao mesmo tempo cria mais inimigos para si mesma. Então, um dia, ela afundará; provocará
a sua própria morte e você estará nas linhas secundárias, levando a vida ao extremo, buscando novos
platôs de prazer na sua dança da vida; você não vai nem mesmo notar o desaparecimento deles.
Não pense que jogando o jogo, ganhando, ganhando dinheiro e gastando poder você está ven-
dendo tudo. Não deixe o fracasso que o cerca engolfá-lo. Não escute as desculpas de outros fracassos.
Lembre-se, NINGUÉM quer que você mude. Ninguém quer que você tenha êxito, ou ganhe dinheiro, ou
siga a sua vontade; ninguém quer que você se desperte. Lembre-se bem disso, porque todo o mundo
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falar-lhe-á de modo diferente. Todo o mundo que você conhece não quer que você mude; ninguém
quer que você se torne mais poderoso do que eles são, visto que isso os forçaria a perceber, mesmo
que por um momento, o que eles realmente são. Para despertar, você deve deixar o que você mais
ama. Até mesmo aqueles que você ama não querem lhe ver ter sucesso. Venda; venda a sua alma se
isso significa mais liberdade para você. Se essa sua alma restringe a sua habilidade de viver a vida e
de se tornar quem você é, venda-a mesmo na perda ou no lucro, porque a existência dela não é nada
mais que uma etiqueta de propriedade que outros lhe marcaram com ferro. Ninguém a possui senão
você mesmo. Você é o escravo dos seus próprios desejos, não dos de outras pessoas.
Lembre-se bem: “Eles” estão à sua volta. Eles são os seus pais, os seus avós, os seus amigos,
até mesmo os seus namorados. “Você os conhecerá por suas obras”. Quando você entrar em contato
com uma Célula, com um de nós, você nos conhecerá, e você verá a diferença entre nós e eles. Eles se
tornarão zumbis, mortos que andam; eles o repugnarão, então o empurrão, mas você se acostumará a
eles. Você os usará como usamos ovos; eles são os meios para o fim. Eles não têm nenhum real valor
exceto as funções mais básicas, que então até eles negarão. Você os verá, em muito breve. Feri-lo-á
admiti-lo, você achará que está ficando louco, como se nada fosse certo; você entrará na toca do coe-
lho. Não há volta. Você leu estas palavras, e você não pode esquecê-las, mesmo que você rezasse para
o seu amado senhor para assim fazê-lo. Eis a realidade, seja bem-vindo à sua casa…
Novas Regras de Jogo. Nossas Regras de Jogo. O Jogo Mutante domina! Os Jogos Mutantes
dominam!
AL-QAYIN KHIDIR.