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Anafilaxia - Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento
Anafilaxia - Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento
DiretrizAssistencial
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TE-5
REMESSA DE documentos de CAIXA, EXTRA-CAIXA E CONTABILIDADE PARA MICROFILMA
Anafilaxia - Diretrizes para o diagnóstico e tratamento
DIBAN/DPSAG - Depto. de Processos e Suporte às Agências
INTRODUÇÃO
Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, de início súbito e evolução rápida, que é
potencialmente fatal.1 Os órgãos envolvidos incluem a pele e mucosas (80 a 90% dos episódios), o
aparelho respiratório (70% dos episódios), trato gastrointestinal (30 a 40%), sistema cardiovascular (10
a 45%) e sistema nervoso central em 10 a 15% dos episódios.2,3,4
A incidência exata de anafilaxia é desconhecida.5 Um painel de experts foi realizado para revisar
esses dados e concluiu que a incidência aproximada é de 50 a 2000 episódios por 100.000 habitantes/
ano, com uma possível prevalência ao longo da vida de 0,05-2%.6 A melhor estimativa em tempo real de
anafilaxia são de dados coletados da prescrição ambulatorial de adrenalina auto-injetável. Estes dados
indicam que aproximadamente 1% da população dos Estados Unidos da América (EUA) recebe
adrenalina auto-injetável 7, porém pacientes com alergia alimentar sem anafilaxia também recebem
essa prescrição. Este painel de experts também concluiu que a incidência está aumentando e é
subnotificada.6
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Tabela 1: Desencadeantes mais comuns de anafilaxia
Desencadeantes Comentários
Alimentos Responsáveis por 30% das anafilaxias fatais.
Crianças: leite de vaca, clara de ovo
Adolescentes e adultos: crustáceos e moluscos,
amendoím, castanhas, frutas
Medicamentos Beta-lactâmicos são responsáveis por 22% das anafilaxias
Antibióticos: beta-lactâmicos, sulfonamidas induzidas por medicamentos, AINH são o segundo grupo
AINH incluindo AAS, Ibuprofeno mais frequente.
Analgégicos: dipirona
Intraoperatório: bloqueadores neuromusculares, Anafilaxia corresponde a 9 - 19% das complicações
opiáceos, antibióticos anestésicas. Bloqueador neuromuscular (62%), látex
Meios de contraste iodado (16%).
Quimioterápicos Carboplatina, doxorrubicina
Agentes biológicos: Ac monoclonais Cetuximab, rituximab, infliximab, omalizomab
Contaminantes OSCS da heparina
Imunoterapia Imunoterapia com veneno de insetos é a com maior
incidência de reações.
Vacinas A vacina MMR é a que apresenta maior número de
reações, mas é evento raro.
Veneno de insetos Estimativa de 0,4-0,8% das crianças e 3% adultos em
Abelhas, vespas, marimbondos e formigas pessoas picadas.
Mais frequentes em apicultores, moradores do campo.
Látex Grupos de risco: crianças com espinha bífida, pacientes
Equipamentos médicos, Balões de ar, brinquedos, submetidos a múltiplas cirurgias e profissionais da saúde.
preservativos
Estímulos físicos Anafilaxia provocada pela associação entre o exercício
Exercício e frio físico e a ingestão prévia de alimento ou medicamento é
mais comum em adultos
AINH: anti-inflamatório não hormonal, AAS: ácido acetil salicílico.
Os adolescentes e adultos jovens têm maior risco de anafilaxia por alimentos, devido ao seu
comportamento inconsistente em relação a evitar alérgenos e portar a adrenalina auto-injetável.
Pacientes com asma, doença pulmonar crônica, doença cardiovascular e mastocitose tem maior risco
de anafilaxia fatal. O uso de medicações como beta-bloqueadores, e inibidores da enzima conversora
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PRATICA MEDICA ASSISTENCIAL MEDICO Aprovado
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DI.ASS.9.3 3 05/07/2013 16/08/2017
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Elda Maria Stafuzza Eduardo Juan Troster Adriana Vada 16/08/2017
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de angiotensina (iECA) aumentam a gravidade de anafilaxia, e os beta-bloqueadores potencialmente
tornam a anafilaxia mais difícil de tratar.3,10
A reação bifásica é o recrudescimento dos sintomas em até 72hs (mais frequente em até 8hs),
sem nova exposição ao alérgeno.4Ela pode ser observada em 1 a 20% das reações anafiláticas e o
risco é maior em pacientes que não receberam prontamente a adrenalina ou que receberam uma dose
inadequada desta.5,8
A reação anafilática pode ser classificada em imunológica, não imunológica e idiopática segundo
seu mecanismo fisiopatológico (Figura 1).3,5
A anafilaxia idiopática ocorre em até 20% dos casos, sendo diagnosticada quando nenhum
desencadeante é identificado após a realização da história, testes cutâneos, ImmunoCap, e
eventualmente testes de provocação.
OBJETIVO
APLICABILIDADE
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Figura 1: Classificação fisiopatológica da anafilaxia
DIRETRIZ
A reação anafilática costuma ocorrer dentro de alguns segundos a minutos após a exposição
ao agente causal. Os sintomas e sinais podem envolver múltiplos órgãos (Tabela 2).2,3,11, 14
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Tabela 2: Sintomas e sinais de anafilaxia
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Tabela 3: Critérios clínicos para o diagnóstico de anafilaxia
Anafilaxia é altamente provável quando 1 dos 3 critérios abaixo é preenchido após a exposição a um
alérgeno
1. Início agudo de doença (minutos a horas) com envolvimento de pele, mucosa ou ambos (ex: urticária
generalizada, prurido ou eritema facial, edema de lábios-língua-úvula) e pelo menos 1 dos seguintes:
a) Comprometimento respiratório (dispnéia, sibilos, estridor, pico de fluxo expiratório (PFE) reduzido,
hipoxemia
b) PA reduzida ou sintomas associados à disfunção orgânica (hipotonia/ colapso, síncope, incontinência)
2. Dois ou mais dos seguintes sintomas ocorrendo rapidamente após a exposição a um alérgeno provável
para o paciente (minutos a horas):
O diagnóstico diferencial em crianças e adolescentes inclui reação vasovagal (que cursa com
palidez cutânea, bradicardia), Síndrome de Flushing (por ex a desencadeada por alcool em 36%
asiáticos, que cursa com flushing e náusea e taquicardia, por deficiência da aldeido desidrogenase 2),
Síndrome de restaurante (por Glutamato monosódico, que cursa com queimação, pressão na face,
pescoço e tórax, após a ingestão de comida chinesa; por sulfitos, que cursa com flush, BCE,
hipotensão; e escombroides que cursa com flush, urticária, sintomas gastrointestinais, BCE e ocorre por
intoxicação por histamina, presente em peixes armazenados em altas temperaturas), mal asmático,
angioedema hereditário, mastocitose sistêmica, ataque de pânico e “Red Man Syndrome” (causado pela
vancomicina). 5,14
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Em alguns casos o diagnóstico de anafilaxia pode ser confirmado com a realização de alguns
testes laboratoriais.3 Histamina e -triptase são os principais mediadores liberados durante a
degranulação dos mastócitos. O pico da liberação de histamina é em 5 a 10 minutos, e seu declínio é
rápido, retornando aos níveis basais em 30 a 60 minutos. Metabólitos urinários da histamina podem ser
detectados em até 24hs após o início da anafilaxia. O pico da triptase é em 1 a 2 horas, e sua meia-vida
é de 2hs.2,8 Estes testes não são específicos para anafilaxia, não devem ser solicitados rotineiramente e
o tratamento não deve ser retardado enquanto aguarda-se o resultado dos exames. 3
Uma etapa concomitante ao uso da adrenalina é a rápida avaliação de via aérea, respiração e
circulação (ABC), administração de oxigênio em alto fluxo com máscara com reservatório/ intubação
orotraqueal (IOT) se necessário, monitorização cardíaca e a obtenção de acesso venoso para iniciar a
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expansão com soro fisiológico (SF) 20ml/kg (Fluxograma 1). Os pacientes devem permanecer deitados,
com os membros inferiores elevados, a não ser que estejam vomitando ou com broncoespasmo10,11,14.
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Em etapas subsequentes são administradas medicações de segunda linha como os anti-
histamínicos H1 e H2, corticosteróides e broncodilatadores (Tabela 4). Os anti-histamínicos, além de
terem início de ação mais longo, não previnem ou reduzem os sintomas de anafilaxia como obstrução
de via aérea, hipotensão ou choque. Porém reduzem o prurido, urticária, angioedema e sintomas
nasais. A associação com anti-histamínico H2 mostrou-se mais efetiva que o anti-histamínico H1
sozinho em reduzir sintomas cutâneos, sendo recomendado o uso da associação de difenidramina e
ranitidina para pacientes com sintomas cutâneos importantes.5,8,11
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Indicações de internação/ acionamento da retaguarda
Todos os pacientes com sintomas refratários a primeira dose de adrenalina devem ser
internados, por pelo menos 24 horas.
Prognóstico
Até 20% dos pacientes apresentam um segundo episódio de anafilaxia, e 5% um terceiro episódio.
Alergia a amendoim e castanhas estão associados a recorrência.14
Todos os pacientes com diagnóstico de anafilaxia devem receber alta com orientações sobre a
possibilidade de reação bifásica, como reconhecer os sintomas e quando retornar ao hospital. Além
disso, os pacientes e parentes/ cuidadores devem ser orientados quanto ao uso de adrenalina auto-
injetável (EpiPen®, EpiPen Jr®),devem ter um plano de ação no caso de novo episódio e portar um
cartão de identificação (com dados pessoais, dos familiares, e diagnóstico). 5,8,11,14
Todos os pacientes devem ser encaminhados para o alergista, que além investigar a causa da
reação anafilática e orientar quanto a exclusão deste desencadeante, reforçará o plano de ação e o uso
da adrenalina auto-injetável. Outras terapias também podem ser indicadas, como a imunoterapia a
veneno de insetos, ou dessensibilização para alguns alimentos ou medicamentos.11,12,14
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Nota: Estas recomendações resultaram da revisão crítica da literatura e de práticas atuais, e não tem a
intenção de impor padrões de conduta, mas ser um instrumento na prática clínica diária. O médico,
frente ao seu paciente (inclusive considerando as opiniões deste), deve fazer o julgamento a respeito da
decisão de tratamento ou das prioridades de qualquer procedimento.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. Sampson HA, Muñoz-Furlong A, Campbell RL, Adkinson NF, Bock SA, Branum A et al. Second
symposium on the definition and management of anaphylaxis: Summary report – Second National
Institute os Allergy and Infectious Disease/ Food Allergy and Anaphylaxis Network symposium. J
Allergy Clin Immunol 2006;117:391-7.
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Anafilaxia: Diagnóstico. Projetos Diretrizes, 2011. Disponível em
http://www.projetodiretrizes.org.br/diretrizes11/anafilaxia_diagnostico.pdf.
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America: a report of the online Latin America survey on anaphylaxis (OLASA). Clinics
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Anafilaxia: Tratamento. Projetos Diretrizes, 2011. Disponível em
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13. Simons FSR, Ardusso LRF, Bilò B et al. World Allergy Organization guidelines for the assessment
and management of anaphylaxis. WAO Journal 2011; 4:13-37.
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Autoria: Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires, Kristine Fahl Cahali, Paula Cristina Ranzini, Ana
Cláudia Brandão, Victor Nudelman.
Núcleo de Pediatria Baseada em Evidências (à época da discussão): Eduardo Juan Troster, Ana
Cláudia Brandão, Adalberto Stape, Tania Maria Russo Zamataro, Anna Julia Sapienza, Elda Maria
Stafuzza Gonçalves Pire, Victor Nudelman, Gaby Cecília Y. Barbosa, Marcelo Abramczik.
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ANEXOS
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DESCRIÇÃO RESUMIDA DA REVISÃO
Eduardo Juan Troster (23/08/2013 10:07:27 AM) - Temos que tomar dois grandes cuidados com relação a
anafilaxia. O primeiro é com relação ao seu diagnóstico quando a manifestação inicial é urticária e não se avalia a
pressão arterial. Além disso, a melhor opção terapeutica é a adrenalina que deve ser feita rapidamente para evitar
o óbito.
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