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Digitalis purpurea

FONTES DE OBTENÇÃO

• Angiospermae – Plantaginaceae (anteriormente


Scrophulariaceae) (Lorenzi & Matos, 2008)

• Nomes populares: Abeloura, Abeloira, Boca-de-leão,


Dedais, Dedal-de-bruxa, Dedaleira, Digital, Digital-
lanosa, Digitalis, Digitalina, Erva-de-são-leonardo, Erva-
Dedal, Flor-de-coelho, Flor-de-gloxínia, Dedal-de-
senhoras, Dedo-de-dama, Luvas-de-nossa-senhora,
Luva-de-Raposa, Seiva-de-nossa-senhora
(Gfeller & Messonnier, 2006; Lorenzi & Matos, 2008)
PREPARAÇÃO
• Dinamizar 1 gota do suco fresco espremido +
99 gotas de álcool
• Sucussionar 10 vezes
• Repetir procedimento em 29 outros frascos

OU

• Triturar dois grãos da erva fresca com 100


grãos de açúcar de leite
• Levar até a trigésima potência
(Hahnemann, 2009)
ORIGEM
• Europa, herbácea, bianual

• Solo silicoso ou argiloso (pouco)

• Cresce em fendas de pedras, pastagem montanhosa


seca, rodovias, áreas alagadiças, terrenos rochosos
PRINCÍPIOS ATIVOS

• Glicosídeos cardíacos esteroidais


– Digitoxina, digitalina, gitoxina

• Altamente tóxica
– Água dos vasos

• Toxicidade pode variar conforme a região

• Fins terapêuticos
– Utiliza-se plantas que crescem naturalmente em
terrenos elevados, secos e rochosos
PRINCÍPIOS ATIVOS

• Fins terapêuticos
– Planta cultivada: utiliza-se folhas de primeiro ano
colhidas no outono e as de segundo ano antes da
floração

• Dessecar rapidamente pois glicosídeos sofrem


fermentação

• Efeito acumulativo
HISTÓRICO
• Foi utilizada para muitas finalidades
– Unguentos para limpar ferimentos, redução de edema,
expectorante

• Willian Withering (1741 - 1799): médico e botânico


• 1775: Paciente desacreditado que se curou
– Curava edemas

• 1799: John Ferriar


– Efeito cardíaco primário

• Início século XX: tratamento da fibrilação


atrial e posteriormente da IC
SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO

• Intoxicação espontânea não é comum


• Crianças: ingestão de flores e água de vasos
• Digitalis purpurea X Symphitum officinale
• Efeito acumulativo
• Dose terapêutica muito próxima da tóxica
• Inibe a Na+ K+ ATPase nos miócitos cardíacos
– ↑ Na+ = ↑ Ca na via de troca Na-Ca
– Aumento da força de contração
– ↓ batimentos e ↑ força de contração individual
SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO

• Inicialmente: dor abdominal, náusea, vômito, salivação e


irritação local das mucosas
• Pulsos lentos e fortes ou rápidos e fracos
• Midríase
• Delírio e coma
• Entorpecimento dos braços, tontura, dispnéia,
sonolência, tremores e convulsões
• Ataxia, hipotensão, choque, colapso e morte

(Cheeke, 1998; Gfeller & Messonnier, 2006; Lin et al., 2010)


SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO

• Bioquímica clínica: hipercalemia, hipocalcemia e


hipoglicemia
• Toda planta é muito tóxica
• É mais tóxica antes do amadurecimento das sementes
• As flores da parte superior são mais tóxicas do que as
mais baixas
• Menos de 10 mg de digitoxina pode matar um adulto de
70 Kg

(Lorenzi & Matos, 2008; Department of Animal Science, 2010)


UTILIZAÇÃO E FINALIDADES

• Digitalis é um termo genérico utilizado para os


glicosídeos da Digitalis spp.
(Cheeke, 1998)

• Digitonina é utilizada para ↑ força de contração sistólica


cardíaca e prolongar a duração da fase diastólica na
ICC. (Department of Animal Science, 2010; Rang et al., 2003)

• ↓ pressão venosa nas doenças cardíacas hipertensivas,


↑ pressão sanguínea no coração fraco e age como
diurético (reduz edema)
(Department of Animal Science, 2010; Rang et al., 2003)
SINTOMAS
PATOGENÉTICOS
ANALOGIAS ENTRE A PLANTA E OS SINTOMAS

SINTOMAS Digitalis purpurea


Medo da morte, humor sombrio, rabugento, Altamente tóxica
ele ralha com tudo
Tontura; convulsões; náuseas; vômitos; pulso Sintoma de intoxicação pelo digital
extremamente lento nas primeiras quarenta e
oito horas, mas depois mais acelerado e
suprimido; inchação da pálpebra, dos lábios,
da língua
Obtusidade da cabeça; dor de cabeça Formato das flores (arredondadas na
pressiva, com leve obtusidade; pontadas extremidade do pedúnculo)
obtusas isoladas na têmpora esquerda,
dardejando através do cérebro inteiro, no
anoitecer, e à noite quando dormindo.
Olhos avermelhados Cor das flores
A audição dele está subitamente obstruída, As flores tem formato que lembram pequenos
com tinido no ouvido sinos
Erupções no lábio superior As flores apresentam pintas que lembram
erupções
Moscas volantes voam diante dos seus olhos, As flores apresentam pintas que lembram
quando ele quer olhar para objetos distantes pequenas moscas
Pouco apetite, ele se sente saciado A planta pode crescer em solos pobres e
imediatamente; falta de apetite; perda de necessita de pouco solo para se manter
apetite
(Hahnemann, 2009)
ANALOGIAS ENTRE A PLANTA E OS SINTOMAS

SINTOMAS Digitalis purpurea


Esfoladura na boca, da fauce e do esôfago; A planta tem sabor acre (azedo)
pirose, de tarde e em direção ao anoitecer
Fraqueza de memória; A cabeça sempre cai Flores que pendem para baixo
para trás, quando sentado e ao caminhar,
como se os músculos cervicais anteriores não
tivessem força, como se eles estivessem
paralisados; Fraqueza do estômago, como um
abatimento, como se a vida estivesse sendo
extinguida; fraqueza paralítica no braço
esquerdo, ele mal consegue erguê-lo;
Fraqueza e lassidão dos membros inferiores,
com tremores; Lassidão, abatimento e
cansaço, no que tange ao físico e ao mental;
Grande fraqueza; fraqueza extrema; Fraqueza
geral; Relaxamento das forças vitais e
tendência a desfalecer;

(Hahnemann, 2009)
POLARIDADES

Pupilas fortemente contraídas (após 1/2h) Grande dilatação das pupilas (após 1h)

Fluxo de saliva copioso Secura na garganta

Constipação Muitas evacuações durante o dia/ diarréia

Muito indiferente com tudo, por muitos dias; Bem disposto para tarefa mental e para toda
estado de espírito indiferente ocupação
Acúmulo de saliva aquosa na boca, primeiro Mas posteriormente muito salgada, repetindo-
de gosto doce se frequentemente
Incessante desejo mórbido de urinar, toda vez Desejo mórbido de urinar, com muita urina de
com pouca eliminação cor normal
Após a diurese, retenção de urina
Muitos espirros, sem uma coriza, durante os Coriza fluente, com muitos espirros, seguida
primeiros dias de obstrução do nariz
Pulso primeiro acelerado Depois retardado
Pulso pequeno, rápido e duro Pulso irregular e lento, fraco
Frieza no corpo inteiro Calor aumentado sobre o corpo
Melhora pelo ar frio Piora pelo ar frio

(Vijnovsky, 2003; Hahnemann, 2009)


SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Grande ansiedade com


sentimento de culpa

• Extrema angústia

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Medo: morrer, perder a


razão, futuro, se sufocar à
noite

• Deseja ficar sozinho


• Profunda tristeza e melancolia
• Indiferença, irresolução, obstinação

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Pouca memória, pensa


com dificuldade

• Grito encefálico em hidrocefalias,


meningites agudas e dormindo
(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Transtorno por amor não


correspondido e por más
notícias (estômago)

• Fantasias eróticas, de
dia e à noite

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Pulso extremamente lento e fraco ou intermitente, com


pulsações ausentes a cada terceiro, quinto ou sétimo
batimento, que acompanha transtornos cardíacos,
hepáticos

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Pulso mais lento que os batimentos cardíacos e


facilmente acelerado por qualquer movimento

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Fraqueza de manhã ao acordar;


com tremores e pulso lento
• Excessiva fraqueza depois do coito
ou poluções

• Cianoses principalmente no rosto, pálpebras,


lábios, língua, mãos e unhas (cardiopatias);
em bebês. Veias distendidas nos olhos,
orelhas, lábios e língua

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Edemas, especialmente nas cardiopatias; com


supressão de urina

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Desmaios

• Náuseas

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• O fígado é um dos
principais centros de ação
de Digitalis

• Icterícia

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Fezes acinzentadas ou brancas como


leite; claras, descoradas ou como
gesso ou massa de vidraceiro

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Hipertrofia de próstata

• Congestão passiva
pulmonar nas cardiopatias

(Vijnovsky, 2003)
SINTOMAS PATOGENÉTICOS

• Toda a patologia cardíaca, se os sintomas


característicos estão presentes
(especialmente os do pulso), pode ser
influenciada por esse medicamento

• Os dedos das mãos ficam dormentes


facilmente e com frequência

(Vijnovsky, 2003)
PIORA

• Indiferença piora ao anoitecer


• Quando está sentando especialmente estando
erguido

(Vijnovsky, 2003)
PIORA

• Depois de comer ou beber

• Pelo movimento

(Vijnovsky, 2003)
PIORA

• Pela música

• Pelos esforços

(Vijnovsky, 2003)
PIORA

• Por excessos sexuais

• Deitado do lado esquerdo

• Pela pressão ou tato

(Vijnovsky, 2003)
PIORA
(Vijnovsky, 2003)

• Pelo clima frio


• Pelas mudanças de tempo

• Pelo ar frio

• Pelos alimentos e bebidas


frios
MELHORA

• Pelo repouso
• Quando deitado de costas

(Vijnovsky, 2003)
MELHORA

• Pelo ar frio • Com o estômago vazio

(Vijnovsky, 2003)
DESEJOS E AVERSÕES

• Deseja alimentos e bebidas amargos

(Vijnovsky, 2003)
CONEXÕES FÍSICAS E MENTAIS

• Como o indivíduo tem problemas cardíacos, o sangue


não circula adequadamente. Dessa forma, há déficit de
fornecimento de nutrientes e oxigênio, que vai gerar
desânimo, fraqueza, indiferença, indisposição, tonturas,
bocejos, espreguiçamentos frequentes, cansaço com
sono e sonolência frequente.

(Hahnemann, 2009)
CONEXÕES FÍSICAS E MENTAIS

• Edemas em diversos tecidos vão provocar secura na


garganta, muita sede, retenção de urina, dor de
cabeça, fraqueza, angústia, lassidão e indiferença.

• Constrição dolorosa do peito e garganta vão provocar


angústia.

(Hahnemann, 2009)
KEYNOTES

• Pulso lento, fraco, irregular e intermitente


• Fígado aumentado, sensível e dolorido
• Fezes brancas e pastosas
• Ansiedade com peso na consciência
• Ansiedade, tristeza e insônia por infelicidade no amor e
más notícias
• Quer ficar sozinho, foge quando lhe impõem companhia
• Prostração com o menor esforço

(Instituto Arqueiro, 2010)


KEYNOTES

• Mental, tristeza, desânimo, desencorajamento, depressão,


abatimento, melancolia, anoitecer, 18h: coca dig. (195, 1)

• Mental, tristeza, desânimo,


desencorajamento, depressão,
abatimento, melancolia,
desapontamento, por: bros. dig.
(196, 2)

(Ribeiro Filho, 2005)


KEYNOTES

• Mental, ansiedade, anoitecer, 18h: chel. dig.


(11, 2)

• Mental, ansiedade,
música, por: bufo dig. nat-c.
(17, 1)

(Ribeiro Filho, 2005)


KEYNOTES

• Mental, angústia, despertar, ao: des-ac. dig. nat-s.


nux-v. (10, 1)
• Mental, angústia, náusea, com: ail. ars. DIG. (10, 1)

(Ribeiro Filho, 2005)


KEYNOTES

• Estômago, sensibilidade, más notícias: dig. (702, 2)

(Ribeiro Filho, 2005)


KEYNOTES

• Generalidades, pulso frequente, urina copiosa, com:


dig. (1723, 1)
• Generalidades, pulso, intermitente, a cada sete
batimentos: dig. mur-ac. (1724, 1)

(Ribeiro Filho, 2005)


TEMA

• Sentimento de culpa,
remorso
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
• Cheeke, P. R. Neurotoxins, Cardiac/Pulmonary Toxins, and Nephrotoxins. In: Cheeke, P. R.
Natural Toxicants in feeds, forages, and poisonous plants. 2nd Ed. Interstate Publishers, Inc,
Danville, Illinois, p. 365 – 409. 1998.
• Chernoviz, P.L.N. A grande farmacopéia brasileira – formulário e guia médico: um guia das plantas
medicinais brasileiras. Belo Horizonte – Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limitada. 1996. 728p.
• Consulta medicamentos. Disponível em:
• <http://www.consultamedicamentos.com.br/Bula-Posologia-digoxina.html> Acesso em 20 out.
2010.
• Department of Animal Science, Cornell University. Plants poisonous to livestock. Disponível em:
<http://www.ansci.cornell.edu/plants/digitalis.html>. Acesso em: 23 ago. 2010.
• Furlenmeier, M. Plantas anativas. Suiza: Schwitter Zug, 1984. 199p.
• Gfeller, R. W.; Messonnier, S. P. Manual de toxicologia e envenenamentos em pequenos animais.
São Paulo: Roca, 2006. 376p.
• Hahnemann, S. Matéria Médica Pura. 2009. Software.
• Hauptman, P.J.; Kelly, R.A. Digitalis. Circulation. v. 99, p. 1265-1270, 1999.
• Instituto Arqueiro. Matéria médica. Disponível em:
<http://institutoarqueiro.com.br/novosite/modules/arqueiro/index.php>. Acesso em: 23 ago. 2010.
• Lin, C.; Yang, C.; Phua, D.; Deng, J.; Lu, L. An outbreak of foxglove leaf poisoning. J. Chin. Med.
Assoc. vol. 73, n. 2, p. 97-100. 2010.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

• Lorenzi, H.; Matos, F.J.A. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa,
SP: Instituto Plantarum, 2008. 576p.
• Medical Botany. Digitalis purpurea. Disponível em:
<http://botany.csdl.tamu.edu/FLORA/Wilson/481/medbot/bot.htm>. Acesso em 23 ago. 2010.
• Medstudents. Disponível em:
• <http://www.medstudents.com.br/historia/withering/withering.htm>. Acesso em: 23 ago. 2010.
• Munro, D.B. Canadian Poisonous Information System. Disponível em:
<http://www.cbif.gc.ca/pls/pp/ppack.info?p_psn=57&p_type=all&p_sci=sci&p_x=px>. Acesso em:
06 set. 2010.
• Norman, J.M. William Withering and the Purple Foxglove: A Bicentennial Tribute. Disponível em:
<http://www.historyofscience.com/articles/jmnorman-william-withering.php>. Acesso em: 23 ago.
2010.
• Rang, H.P.; Dale, M.M.; Ritter, J.M.; Flower, R.J. Fármacos que afetam os grandes sistemas
orgânicos. O Coração. p. 277 – 297. In: Rang, H.P.; Dale, M.M.; Ritter, J.M.; Flower, R.J. Range &
Dale Farmacologia. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2008.
• Ribeiro Filho, A. Repertório de Homeopatia. São Paulo: Organon. 1900p. 2005.
• Vijnovsky, B. Digitalis. In: Vijnovsky, B. Tratado de Matéria Médica Homeopática. P. 595-600. V.1.
São Paulo: Organon. 2003.
“Sola dosis facit
venenum”

Paracelsus
(1493 - 1541)

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