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Diagnóstico Laboratorial de Doença Renal – Revisão

Johanna Schmidt1, Ana Laura D’Amico Fam2, Caio César Poli dos Santos3 e Rosana de Souza Rocha4

Palavras-chave: Cães. Diagnóstico. Doença renal.

Introdução

Casos de doenças renais estão acometendo cada vez mais os pequenos animais, como
a insuficiência renal aguda que, se não diagnosticada precocemente pode evoluir para doença
renal crônica. Por esses motivos é importante realizar exames periódicos, que podem chegar a um
diagnóstico precoce dessa doença, contribuindo para o seu tratamento e para a melhor qualidade
de vida dos animais (BELLOTI, 2008).

Revisão de Literatura

Para avaliação renal é importante realizar o hemograma, bioquímicos e urinálise, além de


outros exames. Em casos de doença renal crônica, o hemograma poderá apresentar anemia não
regenerativa devido à diminuição da síntese de eritropoietina (DIAS, 2014). Para exames bioquímicos,
dosa-se principalmente uréia e creatinina. A uréia é sintetizada no fígado a partir da amônia, gerada
pelo catabolismo de proteínas ingeridas e endógenas. Ela é transportada pelo plasma até os rins,
onde é filtrada, reabsorvida e eliminada pela urina, 60% dessa ureia será reabsorvida pelos túbulos
para realizar a manutenção do gradiente de filtração renal (MENESES, 2011; NELSON e COUTO,
2010). A creatinina é formada pelo metabolismo da creatina e fosfocreatina no músculo, sendo sua
produção constante e proporcional à massa muscular (THRALL et al., 2015; NELSON e COUTO,
2010). Quando há aumento nas concentrações séricas de uréia e creatinina, ocorre a azotemia, que
pode ser de origem pré-renal, renal ou pós-renal. Na azotemia pré-renal, observa-se o aumento de
ureia ou creatinina e pode ser causada pela maior ingestão de proteínas, hemorragia, hipovolemia,
desidratação, choque e exercícios físicos prolongados. A azotemia renal pode ser observada quando
75% dos néfrons estão afuncionais, comum em casos de lesões nos glomérulos, insuficiência renal
aguda e doença renal crônica. A azotemia pós-renal pode ser observada em casos de obstrução
urinária, impedindo a excreção e consequentemente causando o aumento sérico de ureia e
creatinina (THRALL et al., 2015). Quando ocorre azotemia é possível observar seus sinais clínicos,
como anorexia, depressão, vômito, diarreia, letargia, perda de peso, poliúria e polidpsia, síndrome
conhecida como uremia. A urinálise é um dos principais exames para acompanhar a saúde do
sistema urinário, sendo importante para o diagnóstico precoce de doenças renais, além de contribuir
1 Curso de Medicina Veterinária - UTP
2 Professora de Medicina Veterinária
3 Médicos Veterinários – PAP/UTP
4 Médicos Veterinários – PAP/UTP
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Revista Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde, Curitiba, n. 15, maio-ago. 2016.
no diagnóstico de hiperadrenocorticismo, diabetes melito e diferenciar azotemia pré-renal da renal
(THRALL, 2015). A densidade específica urinária é utilizada para observar a quantidade de solutos
presentes na urina, fornecendo informações sobre a capacidade regulatória dos rins. Esse exame é
sensível para a detecção de doenças renais, pois a capacidade de formar a urina é perdida antes de
apresentar a azotemia (DIAS, 2014; MENESES, 2011; GROBA, 2010). Proteinúria ocorre em casos
de doença glomerular, uma vez que proteínas plasmáticas não passam pelo glomérulo devido ao
seu alto peso molecular. Além disso, causas pré-renais e pós-renais podem levar à proteinúria,
como infecção urinária, febre, exercícios físicos e hemorragias (THRALL et al; 2015; SOUZA,
2011; DIAS, 2010). A quantificação da proteinúria deve ser feita em conjunto com a avaliação da
densidade urinária, para ter certeza da quantidade de proteína que está passando pelo glomérulo.
A presença de glicose na urina não é comum, uma vez que o túbulo proximal é responsável por
reabsorver a glicose que chega, obtendo um limiar de 180 a 220 mg/dL em cães e 250 a 350 mg/dL
em gatos. Assim, glicosúria é vista em casos de lesões tubulares, nefrose, além de diabetes melito
e hiperadrenocosticismo, sendo importante associar com glicose sérica (THRALL et al., 2015). Na
sedimentoscopia pode haver presença dos cilindros hialinos que são formados por mucoproteínas
e proteínas, elevando-se em doenças que acompanham proteinúria. Cilindros granulares grossos
e finos estão associados a degeneração de células tubulares acompanhado pela precipitação de
proteínas plasmáticas filtradas, o que pode indicar uma doença renal de origem glomerular ou
tubular. Cilindros céreos são claros, com nenhuma estrutura interna, exibindo margens definidas
e extremidades quadradas, sendo frágeis e quebradiços, e a sua presença indica cronicidade e
doença em progresso (THRALL et al., 2015; SOUZA, 2011).

Conclusão

Realizar hemograma e bioquímicos é importante para o acompanhamento de lesões renais,


porém a urinálise é o melhor exame para o diagnóstico precoce da doença renal, apresentando
alterações antes da elevação de ureia e creatinina. É importante que os médicos veterinários utilizem
mais a urinálise, contribuindo para um diagnóstico precoce e prevenindo a evolução da doença.

Referências

BELLODI, C. Insuficiência Renal Crônica em Pequenos Animais. Trabalho de Conclusão de Curso (Clínica
Medica de Pequenos Animais) – Quallitas UCB.
DIAS, A. O. Diagnóstico Precoce de Doença Renal Crônica em Pequenos Animais, Revisão Bibliográfica.
2014. Porto Alegre. Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
SOUZA, S. A. Aplicação dos Exames Complementares no Diagnóstico da Insuficiência Renal Crônica em
Cães. 2011. Goiânia. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)- Universidade Federal de Goiás.
MENESES, T. D. Diagnóstico precoce de Insuficiência renal em cães. 2011. Goiânia. Dissertação (Mestrado
em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Goiás.

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Revista Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde, Curitiba, n. 15, maio-ago. 2016.
NELSON, R. W. COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais.4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, cap.
44, p. 647-650, 2010.
THRALL, M. A. WEISER, G. ALLISON, R. W. CAMPBELL, T.W. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária.
2 ed. São Paulo: Roca, cap. 23, p. 284-285, 2015.

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Revista Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde, Curitiba, n. 15, maio-ago. 2016.

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