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http://instrutemp.blogspot.com.br/2014/07/criterios-para-avaliacao-do-ruido.html
Não há dúvidas que houve muita evolução nos conceitos que passaram desapercebidos na
elaboração da NR 15 que teve como referência o princípio da exposição ao ruído Ocupacional;
segundo os critérios da ACGIH de 1978. Diferenciando da NR apenas no limite máximo de
exposição. Contudo a mesma ACGIH começou a admitir o princípio da energia de exposição
onde considera-se o nível equivalente contínuo (Leq).
Os parâmetros, Leq e TWA não são sinônimos. O Leq, fisicamente falando, é a energia
acústica a que o indivíduo está realmente exposto, onde a taxa de duplicidade (q) utilizada é
igual a 3. Já o TWA é uma média ponderada no tempo dos níveis de pressão sonora, onde a
taxa de duplicidade (q) varia de acordo com o critério da norma utilizada. No Brasil segundo a
NR 15 este valor é igual a 5 dB, porém a NHO 01 determina que este valor seja igual a 3 dB,
portanto, quando a taxa de duplicidade (q) é igual a três (3) o TWA (ou Lavg) é igual ao Leq.
O cálculo do Leq representa uma condição mais conservativa no que diz respeito à proteção do
trabalhador. No Leq, a presença de níveis de ruído elevados, esporádicos, aumenta bastante
seu valor, o que em alguns casos de mau uso do equipamento ou tentativa de modificação da
realidade acústica do ambiente prejudica as avaliações.
Para se ter uma ideia clara do que estamos falando, imagine um indivíduo exposto a 80 dB(A)
durante 60 minutos e a 110 durante 1 minuto devido a um problema esporádico devido ao
rompimento de um cilindro. O Leq nesse caso específico seria de 92,5 dB(A) para um tempo de
medição de 61 minutos.
Repetindo o exemplo feito anteriormente do Leq, o cálculo do TWA (ruído médio do ambiente)
seria de 85,1 dB(A), isto é, um valor mais próximo do ruído habitual da atividade. No entanto
fica clara a seguinte afirmação, se o ruído for contínuo ambos os valores serão iguais não
importando a taxa de duplicidade utilizada; pois são valores médios.
Na opinião dos autores, deveria ser observado os dois valores para se concluir se houve
adulteração dos resultados e até mesmo rastreadas as fontes de maior valor através de
enquetes, também podem ser observados os Ln(s) que são os níveis estatísticos fornecidos
pela maioria dos equipamentos. Portanto como o Leq é mais conservativo, achamos que este
deveria ser utilizado pois preserva ainda mais a integridade do trabalhador.
Não estamos aqui para criticar a NR 15. O legislador assim entendeu que talvez não fosse a
NR 15 o fórum adequado para aprofundar tais questões técnicas, relacionadas à metodologia e
critério de avaliação e que acertadamente estão sendo apresentadas com maior profundidade
pela FUNDACENTRO, mesmo porque, poderiam ser inclusive apresentadas através das
normas técnicas ABNT ou por recomendações do próprio INMETRO.
O que está ocorrendo na conjuntura atual das normas e leis brasileiras é um desencontro de
informações no que tange, a qual norma seguir e que parâmetros utilizar. Anteriormente, os
profissionais da área de segurança do trabalho, através das normas NHT 07 e NHT 09 da
FUNDACENTRO, obtinham o respaldo necessário para a realização de medições
ocupacionais, que convergiam com as tabelas e cálculos da NR-15. Agora com as novas
mudanças na NHO 01 criou-se uma situação polêmica.
Os parâmetros de medição da NR 15 e da norma da FUNDACENTRO obedeciam a seguinte
tabela:
NPSTn)
80 16 h
85 8 h
90 4 h
95 2 h
100 1 h
105 30 min
110 15 min
115 7,5 min
Atenção: Repare que nesse caso o tempo máximo de exposição cai a metade para cada
incremento de 3 dB no NPS.
A NHO 01 especifica, também que os medidores integradores "de uso pessoal" (dosímetros) ou
"portados pelo avaliador" devem ser ajustados para atender os seguintes parâmetros:
Estes critérios técnicos dizem respeito a questões que no Brasil sempre foram polêmicas,
talvez pela falta de divulgação das próprias normas da FUNDACENTRO em suas versões
anteriores e pelo pouca divulgação de artigos técnicos sobre Ruído, especificamente sobre a
importância da Higiene Ocupacional, estudos sobre dosimetria e do estudo de freqüência; bem
como os conceitos técnicos envolvidos.
Desde então muita coisa evoluiu, e esta evolução se deve principalmente aos esforços dos
profissionais qualificados da FUNDACENTRO, que através da pesquisa vêm publicando
normas técnicas relacionadas a Higiene Ocupacional de modo a estabelecer requisitos
adicionais de como realizar os levantamentos ambientes, cujos limites de tolerância estão
estabelecidos pela NR 15.
Desde a divulgação da NHT 06 - NHT 07 - NHT 09 publicadas a partir de 1985, a
FUNDACENTRO vem tentando instruir os profissionais sobre a importância da dosimetria de
ruído, e de alguns conceitos como por exemplo:
a) incremento de duplicação de dose - (exchange rate - q)
b) dose e dose projetada (D)
c) nível equivalente (NC) - Equivalent level (Leq)
d) critério de referência (CR) - Criterion level (CL)
e) Nível médio (NM) - Average level (Lavg) ou o conhecido TWA (Time Weight Average)
f) Nível limiar de detecção (NLI) - Threshold Level (TL).
1[1] NHT 06 R/E - 1985 - Norma para avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou
intermitente em fase experimental
2[2] NHT 07 R/E - 1985 - Norma para avaliação da exposição ocupacional ao ruído - Ruído de
Impacto 3[3] NHT 09 R/E - 1985 - Norma para avaliação da exposição ocupacional ao ruído
contínuo ou intermitente através de dosímetros
A NHO 01 fortalece o conceito do nível de ação apresentado na NR 9 com o aqueles cuja Dose
seja maior que 50% (0,5). Está claro que os níveis de ruído acima de 80 dBA devam ser
levados em consideração. Não há dúvidas que um levantamento de ruído com medidores
integradores e dosímetros permitem maior exatidão dos resultados. Porém, todas estas
dúvidas e questionamentos,
levantavam inclusive a validade da dosimetria de ruído sob a alegação equivocada com relação
a NR 15.
Todas estas questões desde a Lei 6.514 regulamentada pela Portaria 3.214/78 levaram a
elaboração de laudos de ruído com medidores de leituras instantâneas acarretando relatórios
equivocados e sem reprodutibilidade, e que, com certeza, comprometeram os resultados de
muitas perícias judiciais de insalubridade.
VI. CONCLUSÃO
Somos a favor das Normas da FUNDACENTRO de uma forma geral, pois esta entidade vem
pesquisando e colocando novos conceitos e métodos de avaliação mais modernos que visam
complementar a NR 15. Podemos destacar com este artigo alguns aspectos importantes aos
leitores:
a) A FUNDACENTRO é órgão de governo ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego
responsável por pesquisar, definir os critérios de avaliação no campo da Higiene
Ocupacional e elaborar normas;
b) As NHO tem amparo legal, pois são elaboradas por órgão técnico da SSST-MTE e
deveriam ser utilizadas como referência de fiscalização pelos auditores fiscais do
trabalho;
c) As NHO da FUNDACENTRO, devem estar em sinergia com a NR 15 e serem
utilizadas como complemento de como realizar o monitoramento ambiental previsto
na NR 9 e portanto não pode existir conflito de princípios e critérios;
d) A avaliação de ruído utilizando equipamentos integradores (dosímetros) é a forma
mais adequada para se obter um laudo de ruído mais preciso e que o limiar de
contagem de dose deve ser feita a partir de 80 dBA.
Desde a publicação da NHT 09 em 1985 a FUNDACENTRO deixa claro que a avaliação do
ruído ocupacional através de dosímetros é mais precisa e permite um estudo de caráter mais
preventivo ao trabalhador.
Bem, vale lembrar aos leitores interessados, profissionais de segurança e até mesmo os
auditores fiscais do trabalho que a NR 15 não sofre alterações desde a publicação da Portaria
3.214 em 1978. Porém, não podemos deixar de reconhecer os esforços da Secretaria de
Segurança e Saúde do Trabalhador (SSST-MTE) e da própria FUNDACENTRO em atualizar
alguns conceitos técnicos e legais. A própria redação da NR 9 (PPRA) é um exemplo, ao
reconhecer a necessidade de estendermos nossa pesquisa a documentos mais atuais como
por exemplo as normas internacionais ACGIH4[4] e normas ISO.
Fica claro, no entendimento dos autores, baseado nos argumentos anteriores, que não se pode
abrir mão de garantir uma condição prevencionista favorável ao trabalhador, baseado em
conceitos mais modernos, amparados em normas de reconhecida fé pública internacional, em
detrimento de argumentos burocráticos enraizados em conceitos antigos que trazem pouco, ou
nenhum, benefício à saúde do trabalhador.
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