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1 Introdução
“Viveremos sete vidas e, ainda assim, algumas coisas nos surpreenderão. E nos
surpreenderão mais de uma vez. E ficaremos surpresos por mais de uma vez
nos surpreendermos”.1 Essa frase define muito bem a tentativa do INSS de
desconstituir o formulário PPP nos autos de uma ação previdenciária, com
fundamento na não observação da metodologia da NHO 01 – por óbvio o
formulário é favorável ao segurado.
DB (A) PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
C1 + C2 + C3 ________51________ + Cn
T1 T2 T3 Tn
A NHO 01 não possui fundamento legal, ou seja, ela não foi produzida
democraticamente. Defender a aplicação dos limites semânticos do que está
previsto no art. 58, §1º, da Lei n. 8.213/1991, passa a ser um avanço, quando o
que pretende o INSS é simplesmente desconstituir a prova. Não se trata, por
óbvio, de um retorno ao positivismo clássico.
O NEN faz referência à jornada padrão de 8 horas. Ele não tem relação com a
NR-15. Uma vez obtido o NEN, deve-se compará-lo com a NR-15, para efeitos
tão-somente de caracterização da atividade especial.
Apesar de ser mais complexo, é possível calcular o NEN com o decibelímetro.
Não tem fundamento a contestação do INSS, no sentido de que não está sendo
utilizada a metodologia da FUNDACENTRO. Isso porque não há nenhum
embasamento técnico ou legal para eles fazerem isso, para desconstruir o PPP
dessa forma.
Acontece que o segurado não pode ser prejudicado pela não observação da
metodologia da NHO 01, beneficiando-se o INSS da própria torpeza.
[…]
O INSS não está agindo com a precisão correta e que se espera da autarquia
federal, pois ao se deparar com o respectivo formulário preenchido de forma
‘errada’, o INSS nada fez para que o empregador emitisse o documento
conforme determina a legislação previdenciária, apenas espera que o segurado
consiga de alguma forma obrigar seus então empregadores a lhe entregarem
PPP preenchido corretamente, já que não compete ao segurado o
preenchimento do formulário.
Art. 125-A. Compete ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS realizar, por
meio dos seus próprios agentes, quando designados, todos os atos e
procedimentos necessários à verificação do atendimento das obrigações não
tributárias impostas pela legislação previdenciária e à imposição da multa por
seu eventual descumprimento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
Pelas razões expostas, entende que aos conselheiros do CRSS cabe, ao receber
determinado PPP com indicação de exposição a ruído acima dos limites de
tolerância impostos pela legislação previdenciária, receber a informação como
verdadeira, já que o INSS, quando do requerimento inicial recebeu o formulário,
o analisou e não precedendo em seu poder-dever de política de fiscalizar o
correto preenchimento da medição do ruído, entende que a medição está
correta, pois se assim não fosse, deveria ter fiscalizado o empregador e
verificado se as medições estão de acordo com o que determina a legislação.
O fato de o PPP indicar a NR-15 não significa, por si só, que não foi observada
da metodologia da NHO 01, uma vez que é necessária a adaptação do cálculo
matemático para fins de comparação com os limites de tolerância
apresentados na NR-15. Ainda, a não indicação da expressão “NHO 01”, no
campo 15.5 do formulário, não significada que não foi utilizado o aparelho de
medição “dosímetro”, tampouco que não foi calculado o Nível de Exposição
Normalizado. Aliás, o cálculo do NEN somente é necessário quando a jornada
de trabalho diário for diferente de 8 horas. É possível calcular o NEN com a
utilização de decibelímetro. A NHO 01 traz em si dois procedimentos de
apuração do Ruído: o do NE – Nível de Exposição e NEN – Nível de Exposição
Normalizado.
8 Conclusão
Referências
Pet 10.262/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, j. 08.02.2017, DJe
16.02.2017.
4RUÍDO e o Nível de Exposição Normalizado. Revista Proteção. Disponível em:
<http://www.protecao.com.br/noticias/geral/ruido_e_o_nivel_de_exposicao_nor
malizado_(nen)/AAjgAnjg/538>. Acesso em: 04 set. 2018.
5 Sobre essa questão, já decidiu este Regional no sentido de que, havendo
diferentes níveis de ruído para mesmo período e não havendo no laudo técnico
informação sobre a média ponderada do nível de ruído, utiliza-se o “critério
dos picos de ruído (maior nível de ruído no ambiente durante a jornada de
trabalho)”. (Reexame Necessário Cível nº 5006767-28.2012.404.7104/RS,
unanimidade, Relatora Juíza Federal Taís Schilling Ferraz, D.E. de 19.08.2014).
A propósito, a seguinte ementa: PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA ESPECIAL. RECONHECIMENTO DE LABOR EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS. RUÍDO. UMIDADE. EPI. PERÍODO EM GOZO DE BENEFÍCIO POR
INCAPACIDADE. REQUISITOS ATENDIDOS. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
CONSECTÁRIOS. DIFERIMENTO. TUTELA ESPECÍFICA. IMPLANTAÇÃO DO
BENEFÍCIO. (…) 7. Não sendo possível aferir a média ponderada do nível
de ruído, deve-se utilizar o “critério dos picos de ruído” (maior nível de ruído no
ambiente durante a jornada de trabalho). Precedentes desta Corte. (…) (TRF4,
AC 0021570-78.2014.404.9999, QUINTA TURMA, Relator ROGER RAUPP RIOS,
D.E. 17/03/2017).
6 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo em recurso extraordinário nº
664.335. Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social. Recorrido: Antônio
Fagundes. Relator: Ministro Luiz Fux. Brasília, 04 de dezembro de 2014.
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=
TP&docID=7734901>. Acesso em: 05 set. 2018.
7 De acordo com o § 4ª, art. 68, do Decreto 3.048/99, “A empresa que não
mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos
existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir
documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o
respectivo laudo estará sujeita à multa prevista no art. 283”. BRASIL. Decreto
3.048, de 06.05.1999. Regulamento de Previdência Social. Disponível em:
<http://www3.dataprev.gov.br/SISLEX/paginas/23/1999/ 3048.htm>. Acesso
em: 04 set. 2018.