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O método estudado permitirá avaliar com segurança a exposição ao agente ruído em diferentes jornadas
de trabalho, bem como questionar laudos técnicos e elaborar quesitos, tanto na esfera trabalhista quanto
previdenciária.
Regra geral, essa avaliação tem sido realizada de forma equivocada, prejudicando muitos trabalhadores
não só fisicamente, em face do agente nocivo (ruído acima do limite de tolerância), mas também
financeiramente, pois deixam de receber o adicional insalubridade, bem como de ter esse tempo
reconhecido como especial pela Previdência Social.
Não se observa, na maioria das vezes, que o trabalhador, durante uma jornada de 8 horas de trabalho, está
exposto a diferentes níveis de pressão sonora. Quando isso ocorre, é preciso buscar a dose de exposição
diária e, posteriormente, calcular o Nível de Exposição Normalizado.
O art. 239, inciso IV da IN 45 INSS/PRESS, de 06/08/2010, recomenda que a partir de 19/11/2003, data
de publicação do Decreto nº 4.882, deverá ser efetuado o enquadramento quando o Nível de Exposição
Normalizado (NEN) for superior a 85db (A) ou for ultrapassada a dose unitária, aplicando-se: a) Os
limites de tolerância definidos pelo Anexo 1 da NR-15 do MTE; e b) As metodologias e os procedimentos
definidos das NHO-01.
Com relação ao ruído, os limites de tolerância passaram a ser definidos pela NR-15 do Ministério do
Trabalho e do Emprego, através dos seus Anexos 1 e 2.
Segundo a NR-15, entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para fins de aplicação dos limites de
tolerância apontados na segunda coluna do quadro acima, o ruído que não seja de impacto, cujas
definições estão previstas pelo Anexo 2 da mesma NR-15.
Ocorrendo, na mesma jornada de trabalho, dois ou mais períodos de exposição a diferentes níveis de
ruído, é preciso calcular os seus efeitos combinados ou a dose de exposição diária.
Embora seja comum, é equivocado calcular essa dose de exposição através de critério aritmético
(somar e dividir). Isso porque para cada nível de ruído há um tempo máximo de exposição definido em
lei, como visto na tabela do Anexo 1 da NR-15. Na NR-15 é encontrada a equação para calcular-se a dose
de exposição diária:
Onde:
O resultado da soma destas frações é um número adimensional (número puro) que também pode ser
expresso em porcentagem. Essa será a dose de exposição diária do trabalhador ao ruído.
Se o valor decorrente dessa soma for maior ou igual a 1 (um) ou 100%, significa que exposição ao ruído
está acima do limite de tolerância.
O citado percentual é estabelecido pela Norma de Higiene Ocupacional - NHO 01, da Fundacentro,
através da Tabela 1.
CASO PRÁTICO (DOSE DE EXPOSIÇÃO DIÁRIA)
Numa determinada casa de força, um trabalhador expõe-se, diariamente, durante 8 horas, a seguinte
situação: 83 dB (A) por 3 horas; 90 dB (A) por 2 horas; e 95 dB (A) por 3 horas. Observe, o nível de
83 dB (A), por previsão expressa na NR-15, não entra na contagem porque está abaixo do limite mínimo
de tolerância que, segundo o seu Anexo 1, é de 85 dB (A).
Dose = 2%(> 1)
Portanto, a dose de exposição diária desse trabalhador ultrapassa o limite de tolerância. Superado o limite
de tolerância, resta-nos encontrar o Nível de Exposição.
O cálculo do Nível de Exposição (NE) é definido pela Norma de Higiene Ocupacional (NHO-01), da
FUNDACENTRO, com adaptação do cálculo matemático para fins de comparação com os limites de
exposição diária apresentados pelo Anexo 1 da NR-15. Isso porque o incremento de duplicação de dose
(q) da NHO-01 é diferente do apresentado NR-15. Pela NHO-01 q=3 e pela NR-15 q=5.
Inobstante a divergência acima, para fins previdenciários e trabalhistas, sempre deve ser utilizado o
incremento de duplicação de dose apresentado pela NR-15, pois o resultado da equação do NEN será
comparado com os limites de tolerância apresentados por essa norma.
O log de 2 é 0,301029.
5/0,301029 = 16,60964
Onde:
Numa determinada casa de força, um trabalhador expõe-se, diariamente, durante 8 horas, a seguinte
situação: 83 dB (A) por 3 horas; 90 dB (A) por 2 horas; e 95 dB (A) por 3 horas.
NE = 10 log (1 x 2) + 85
NE = 10 log (2) + 85
NE = 1 (2) + 85
Encontrado o NE, passa-se ao cálculo do NEN, Nível de Exposição Normalizado. Para calcular-se o NEN
a jornada de trabalho deve ser convertida para uma jornada-padrão de 8 horas diárias.
Onde:
NEN = 87 + 16,60964 x 1
Portanto, a atividade desse trabalhador é insalubre para fins de concessão do adicional de insalubridade da
esfera trabalhista. Tratando-se o ruído de um agente nocivo à saúde do trabalhador quando ultrapassado o
nível de exposição normalizado indicado pela NR15 como salubre, 85dB (A), o período laborativo deve
ser enquadrado como especial, para fins de concessão de aposentadoria especial ou conversão do tempo
especial em comum.
O que faz a atividade ser considerada insalubre, especificamente no caso do ruído, não é apenas o nível de
pressão sonora informado no LTCAT ou PPP, mas o limite de tolerância de exposição diária.
Segundo a Portaria n.º 3.214/78 do MTE, em sua NR-15, "entende-se por limite de tolerância a
concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a naturezae o tempo de exposição
ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral." (sem grifo no
original)
As disposições da NR-15 devem sim ser utilizadas para fins previdenciários. Isso porque a Lei nº
9.732/98 trouxe nova redação ao art. 58, § 2º, da Lei 8.213/91 e, a partir de sua publicação, as normas
previdenciárias tiveram a autorização para utilizar as leis trabalhistas com a finalidade de
comprovação dos agentes agressivos aos quais o trabalhador se expõe:
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário,
na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu
preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista.
No mais, o próprio INSS, através da Instrução Normativa nº 45, de 06/08/2010, confirma a recomendação
da Lei nº 9.732/98:
Art. 239. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo à aposentadoria especial quando os níveis de
pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A), noventa dB (A) ou oitenta e cinco dB (A), conforme o
caso, observado o seguinte:
(...)
De outra banda, como as Normas Regulamentadoras existem desde 08/06/1978, quando aprovada a
Portaria nº 3.214/78, tem-se como autoaplicável a autorização constante na Lei nº 9.732/98, mormente
por tratar de norma definidora de direitos e garantias fundamentais, cuja aplicação, a teor do § 1º do art.
5º da CRFB/88, é imediata.
O Decreto nº 4.882, publicado em 18/11/2003, apenas ampliou a lista de agentes agressivos, confirmando
a prerrogativa já prevista na Lei nº 9.732/98, ou seja, que o enquadramento da atividade como insalubre
deve observar os limites de tolerância previstos na legislação trabalhista. Os níveis de ruído determinados
pelo Decreto nº 4.882/2003 foram estabelecidos com base em técnicas mais modernas e estudos mais
consistentes do que os realizados por ocasião da edição do Decreto nº 2.172/97.
Face isso, impõe-se reconhecer que esse último limite de 85 dB (A) fixado pelo Decreto nº 4.882/2003,
prevalece mesmo durante a vigência do Decreto nº 2.172/97, tendo em vista a natureza meramente
declaratória do dispositivo regulamentar, que estabelece o critério de proteção à saúde do segurado, na
forma prevista no § 1º, do art. 201, da CRFB/88:
Para a proteção prevista no dispositivo constitucional, portanto, não teria sentido considerar-se o nível de
ruídos superior a 85 dB (A) e inferior a 90 dB (A) como não prejudicial à saúde no período de 05/03/1997
a 17/11/2003, e a partir de 18/11/2003, considerar-se os níveis de ruído superiores a 85 dB (A) como
prejudiciais.
As disposições do Decreto nº 4.882/03 estão embasadas em técnicas mais modernas, todas visando a
preservação da saúde e integridade física do segurado sujeito a condições especiais de trabalho. Com a
promulgação do diploma normativo de 2003, que reduziu o limite máximo de tolerância do ruído para 85
dB (A), deve ser reconhecido que o limite anterior (90 dB (A)), previsto no Decreto nº 2.172/97 era
impróprio à saúde do trabalhador, sendo absurdo considerar que no período que antecedeu a sua edição
não o fosse.
Em se tratando de critério diferenciado visando a proteção da saúde do segurado, não há que se cogitar
em aplicação de poder discricionário da Administração Pública para fixação do nível de ruídos a partir do
qual há prejuízo à saúde, ou seja, essa fixação deve ser estabelecida com base em critérios exclusivamente
técnicos, possuindo, assim, natureza declaratória, e, consequentemente, efeitos ex tunc.
O NE também deveria estar sendo calculado com fator q=5, não? A NHO-01 comenta que a fórmula do
NE é baseada em q=3.
Ou seja, trocaria o log 10 por log 16,61, e encontraríamos 90dB.
Além disso,mesmo utilizando log 10, o cálculo do NE seria igual a 88dB.
De qualquer maneira, muito bem explicado os cálculos e o exemplo prático
http://www.protecao.com.br/site/content/noticias/noticia_detalhe.php?id=AAjgAnjg