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PARECER TÉCNICO

Critérios de avaliação da exposição ocupacional ao ruído –


NHO 01 e NR 15

São Paulo
Março de 2020
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PARECER TÉCNICO

Critérios de avaliação da exposição ocupacional ao ruído –


NHO 01 e NR 15

Sumário

I. Objetivos ............................................................................................................................... 3
II. Questões Levantadas ............................................................................................................ 3
III. Outras considerações ............................................................................................................ 6
IV. Conclusões............................................................................................................................. 8
V. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 9

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I. Objetivos
Este parecer foi elaborado visando esclarecer dúvidas relacionadas aos critérios e
metodologias de avaliação da exposição ocupacional ao ruído abordados nos ANEXO 1 da NR
15 e NHO 01 Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído, conforme despacho
No 68/2020/DPA de 19 de fevereiro de 2020, processo SEI 47648.002258/2019-17.

O parecer limita-se a esclarecer aspectos técnicos, lembrando que os limites de exposição


foram desenvolvidos com o objetivo de prevenir e mitigar os danos causados pelo ruído. A
discussão não aborda aspectos jurídicos ou previdenciários apresentados ao longo do referido
processo.

II. Questões Levantadas


Em resposta aos questionamentos levantados pelo Presidente da FUNDACENTRO Sr. Felipe
Memolo Portela, esclarecemos:

1) O nível de exposição normalizado é previsto na NR-15, na NHO-1 ou em ambas?

O conceito de nível de exposição normalizado NEN é definido somente na NHO 01, não sendo
citado no texto vigente da NR 15 (Anexo 1). No entanto, a sua utilização foi recomendada no
processo de revisão do Anexo 1 da NR 15, conforme aviso de Consulta Pública nº 8/2019,
publicado na edição 184, página 31, Seção 3 do Diário Oficial da União de 23 de setembro de
2019, elaborada pelo grupo técnico que compõe a bancada de governo.

2) É possível apurar o NEN de 85 dB(A) utilizando exclusivamente as disposições da NR-15?


Em caso negativo, quais elementos devem ser buscados em outras normas técnicas?

Não é possível apurar o NEN utilizando exclusivamente as disposições da NR-15. O NEN


corresponde ao nível médio representativo da exposição ocupacional diária (NE), convertido
para uma jornada de 8 horas diárias, para fins de comparação com o limite de exposição, e
tem por base o critério de referência CR de 85 dB(A), incremento de duplicação de dose q=3 e
nível de limiar de integração (NLI) de 80 dB(A). Estes parâmetros estão previstos na NHO 01 e
levaram em consideração critérios adotados pela ACGIH, NIOSH, HSE e outras normas e
critérios internacionais.

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3) Elencar as diferenças de metodologia entre a NHO-1 e a NR-15.

A NR 15 estabelece um critério para caracterização da insalubridade e não apresenta


procedimentos de avaliação, conforme posteriormente detalhado na NHO 01 em 1999. Entre
as principais diferenças com relação ao critério adotado, podemos citar a adoção do
incremento de duplicação de dose q=3 para a NHO 01 e q=5 para a NR 15 e o nível de limiar de
integração (NLI) de 80 dB(A) para a NHO 01 e NLI de 85 dB(A) para a NR 15. No caso do ruído
de impacto, a NR 15 não considera a influência do número de impactos para fins do limite de
tolerância, ao contrário da NHO 01. Tanto para o ruído de impacto como para o ruído contínuo
e intermitente, além dos limites de exposição, a NHO 01 estabelece um nível de ação. Em
resumo, existem diferenças significativas entre os dois critérios.

4) Explicitar como o limiar de integração e o fator de dobra influenciam no próprio limite de


tolerância.

O nível limiar de integração (NLI) corresponde ao valor a partir do qual as exposições devem
ser computadas na integração para fins de determinação de nível médio ou da dose de
exposição. No caso da NR 15 para ruído contínuo e intermitente, o NLI corresponde ao valor
de 85 dB(A). Na NHO 01, o NLI corresponde ao valor de 80 dB(A). Ou seja, o cálculo da dose ou
do nível médio quando se utiliza a NHO 01, pode apresentar valores maiores em relação à NR
15, uma vez que são incorporados valores a partir de 80 dB(A). No caso do incremento de
duplicação de dose, para valores acima de 85 dB(A), o uso de q=3 implica menor tempo de
exposição em relação ao q=5. Por exemplo, para 91 dB(A) a NR 15 permite um tempo máximo
diário de 3,5 horas, enquanto que para esse mesmo nível, o tempo máximo de exposição para
q=3 é de 2 horas, sendo portanto, mais rigoroso.

5) É metodologicamente possível e/ou adequado utilizar as técnicas de medição da NHO 1


utilizando o limiar de integração de 85 dB(A) e o fator de dobra q-5?

O conceito de NEN foi desenvolvido com base na regra da equivalência de energia, o que
implica incremento de duplicação de dose q=3, conforme definições e expressões de cálculo
apresentados na NHO 01. Entendemos que ao fazermos qualquer modificação na norma, não
estaremos mais utilizando o conceito de NEN. Embora matematicamente seja possível
reformular o critério de avaliação e as expressões de cálculo considerando-se q=5, esta
modificação é considerada inadequada conceitualmente. Ademais, os parâmetros utilizados na

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NR 15 estão ultrapassados do ponto de vista técnico, conforme esclarecimentos apresentados


a seguir:

• Os anexos 1 e 2 da NR 15 (portaria no 3.214/1978), tiveram por base documento da


ACGIH vigente na época. A própria ACGIH alterou este critério, passando a adotar o
incremento de duplicação de dose para q=3 a partir de 1994;
• Em 1998, sustentado por fortes evidências científicas, o NIOSH, (CRITERIA FOR A
RECOMMENDED STANDARD - Occupational Noise Exposure - Revised Criteria, 1998),
alterou o incremento de duplicação de dose de q=5 para q=3;
• A norma internacional ISO 1999:1990 Acoustics -Determination of occupational noise
exposure and estimation of noise-induced hearing impairment, que representa uma
importante referência na área, sendo amplamente utilizada e citada pela OIT,
atualizada em 2013 e confirmada em 2018, trabalha com conceito de nível equivalente
de energia q=3;
• As recomendações para controle de ruído no ambiente de trabalho expressas no guia
da HEALTH AND SAFE EXECUTIVE (HSE) – Controlling noise at work – The Control of
Noise at Work Regulations 2005 Guidance on Regulations, que considera as
recomendações da Diretiva Europeia, também recomenda o q=3 como incremento de
duplicação de dose;
• A Organização Mundial da Saúde (WHO) traz a discussão técnica do incremento de
duplicação de dose, e com base nos principais estudos e discussões sobre o tema,
recomenda o q=3;
• A Sociedade Japonesa de Saúde Ocupacional (JSOH), que é subordinada ao Ministério
da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do país, estabelece os limites de exposição
ocupacional ao ruído considerando q=3;
• Além dos países pertencentes à comunidade europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta,
Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia),
adotam q=3 outros países candidatos à inclusão no bloco, como Montenegro, Sériva,
Turquia, Albánia e Macedônica do Norte.
• No âmbito de outros continentes, podem ser citados Canadá, República da China,
Nova Zelândia, Austrália, Chile, Uruguai, Argentina, Bolivia, Costa Rica, México, Peru,
Venezuela e Cuba;

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• Nos Estados Unidos, embora a OSHA ainda adote q=5, internamente vários órgãos e
instituições recomendam o uso de q=3, como por exemplo:
o Força Aérea, Marinha e Exército Americano
o Environmental Protection Agency (EPA - USA)
o Departamento de Defesa Americano
o United States National Aeronautics and Space Administration (NASA)
o United States Department of Energy
o American Academy of Audiology
o American Industrial Hygiene Association (AIHA)
o International Safety Equipment Association (ISEA)
o American Association of Occupational Health Nurses
o America Speech-Language-Hearing Association
o Council for Accreditation in Occupational Hearing Conservation
o National Hearing Conservation Association (NHCA)
o Self Help for Hard of Hearing People, Inc.

III. Outras considerações


O incremento de duplicação de dose de 5 dB(A) foi desenvolvido pelo Committee on Hearing,
Biocoustics and Biomechanics (CHABA) do National Academy of Sciences (NAS, Estados
Unidos), com base em três postulados:

• a alteração temporária do limiar auditivo que ocorre aproximadamente 2 minutos


após cessação da exposição (TTS2) é uma medida consistente dos efeitos da exposição
de um único dia ao ruído;
• todas as exposições que produzem um determinado TTS2 são igualmente perigosas (a
teoria da "equivalência do efeito temporário");
• a mudança de limiar permanente induzida por ruído (NIPTS) produzido após muitos
anos de exposição habitual de 8 horas por dia, é equivalente ao TTS2 produzido em
ouvidos normais por uma exposição de 8 horas ao mesmo ruído.

De acordo com Madison (2007), estes critérios vêm sendo largamente contestados,
considerando-se que:

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• a suposição de que a mudança temporária no limiar auditivo (TTS) é um indicativo


válido de perda auditiva permanente (postulados 1 e 3) não foi validada desde então;
• a suposição de que todas as exposições que produzem um determinado TTS2
apresentam o mesmo risco de perda auditiva provou-se errada - exposições
intermitentes de alta frequência, produzindo a mesma quantidade de TTS que o ruído
contínuo, sempre exigem períodos mais longos de recuperação;
• comprovou-se também que é necessário um tempo maior de recuperação quando
exposições a níveis moderados de ruído tiverem duração relativamente longa. Isto faz
com que a recuperação da alteração temporária do limiar auditivo não ocorra antes da
próxima exposição, aumentando o risco de deslocamento do limiar permanente;
• outro ponto a ser observado é que, para que ocorra a recuperação prevista, o nível de
ruído durante a intermitência deve ser suficientemente baixo (silêncio efetivo), níveis
estes que dificilmente são observados na indústria, especialmente em fábricas ou
espaços fechados onde a reflexão e a reverberação mantêm os níveis de ruído altos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2001), o incremento de duplicação de


dose de 3 dB(A) foi desenvolvido com base na regra da equivalência de energia, pressupondo-
se que níveis de energia equivalentes produzem o mesmo dano. Assim, se o dano auditivo for
proporcional à energia acústica recebida pelo ouvido, uma exposição a um determinado nível
de ruído por uma hora resultará no mesmo dano que uma exposição por duas horas a um nível
de ruído 3 dB abaixo do nível original.

A WHO (2001) sintetiza, a partir de diferentes estudos que o uso do incremento de duplicação
de dose de 3 dB (A) é o procedimento mais firmemente sustentado pelas evidências científicas,
predizendo melhor o risco para exposições ao ruído superiores a 8 horas. Vários estudos de
campo comprovam a regra da equivalência de energia, e por este motivo é fortemente
recomendado por organizações como ACGIH, NIOSH e ISO na prevenção das perdas auditivas
ocupacionais, tendo sido adotado como critério de referência pela FUNDACENTRO desde 1999.

O Ministério do Trabalho já havia proposto uma atualização do Anexo 1 da NR 15 prevendo


q=3 em 2010, conforme nota técnica Nº 308/2010/CGNOR/DSST/SIT, encaminhada à CTPP
pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, indicando que a proposta de atualização dos critérios
de avaliação da exposição ocupacional ao ruído não é uma discussão recente.

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Vale lembrar que a mudança de limiar permanente induzida por ruído (NIPTS) está entre os
maiores problemas no âmbito ocupacional no Brasil e no mundo, requerendo um maior
controle principalmente para os níveis de ruído mais altos, que passam a ser mais restritivos
com o incremento de duplicação de dose de 3 dB(A). Embora em um primeiro momento o uso
do q=3 possa trazer custos iniciais adicionais pela inclusão de mais trabalhadores nos
programas de prevenção, esses podem, no futuro, ser compensados pelos impactos positivos
em consequência da redução da NIPTS mediante a aplicação de controle coletivo e individual
mais efetivo. O incremento de duplicação de dose q=3, por ser mais exigente, pode também
trazer impactos positivos em exposições não ocupacionais, uma vez que serve de referência
quando se trata de danos provocados pelo ruído. Efeitos à saúde extra-auditivos, que
concomitantemente com a perda auditiva são importantes, como por exemplo a hipertensão
arterial primária, também podem ser mitigados com a adoção deste parâmetro.

IV. Conclusões
Seguindo-se as recomendações de instituições de referência como ACGIH, NIOSH e ISO, e a
adoção do critério de equivalência de energia para avaliação dos danos auditivos causados
pela exposição ocupacional ao ruído por diferentes países ao redor do mundo, a
FUNDACENTRO recomenda, sempre preconizando a prevenção, o uso do incremento de
duplicação de dose de 3 dB(A), com nível de limiar de integração (NLI) de 80 dB(A) e critério de
referência de 85 dB(A). Embora em um primeiro momento o uso do q=3 possa trazer custos
iniciais adicionais, no futuro, esses podem ser compensados pelos impactos positivos em
consequência da redução da NIPTS mediante a aplicação de controle coletivo e individual mais
efetivo.

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V. Referências bibliográficas

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KRYTER, Karl D. et al. Hazardous exposure to intermittent and steady-state noise. The Journal
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JobHealth Highlights, v. 25, n. 8, p. 1-14, 2007.

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https://www.who.int/occupational_health/publications/noise4.pdf. Acesso em 04/10/2019

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Assim, concluído e fundamentado, submete-se o presente parecer à consideração da Diretoria


de Pesquisa Aplicada e Presidência da FUNDACENTRO e posterior encaminhamento à
Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Dr. Irlon de Ângelo da Cunha


Tecnologista – Prestador de Serviço Voluntário

Dra. Elisa Kayo Shibuya


Pesquisadora

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2019/930000007845-47208-JEF

PODER JUDICIÁRIO
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
Turma Regional de Uniformização
Alameda Jau, 389 - Jardim Paulista - CEP 01420001
São Paulo/SP Fone: (011) 2766- 8911

{#
TERMO Nr: 9300001111/2019
PROCESSO Nr: 0001089-45.2018.4.03.9300 AUTUADO EM 04/07/2018
ASSUNTO: 040103 - APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO (ART.52/6) E/OU TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO -
BENEF EM ESPÉCIE/ CONCESSÃO/ CONVERSÃO/ RESTAB/ COMPL
CLASSE: 36 - PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI
RECTE: FRANCISCO DO CARMO
ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): SP313674 - DANILTO SANTANA DE FARIA
RECDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. (PREVID)
ADVOGADO(A): SP999999 - SEM ADVOGADO
DISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO EM 26/04/2019 14:00:37

[# I - EMENTA

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.


PREVIDENCIÁRIO. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP). TÉCNICA DA DOSIMETRIA DO
RUÍDO. PREVISÃO NA NR-15/MTE E NA NHO-01/FUNDACENTRO. POSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE
LAUDO TÉCNICO (LTCAT OU EQUIVALENTE) PARA SUPRIR INCONSISTÊNCIA, ELUCIDAR DÚVIDA OU
SANAR OMISSÃO DO PPP. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL PARCIALMENTE PROVIDO.

II - RELATÓRIO

Trata-se de Pedido de Uniformização Regional de Interpretação de Lei Federal interposto pela


parte autora em face de acórdão proferido pela 2ª Turma Recursal de São Paulo (processo nº 0004366-
98.2016.4.03.6306), afirmando divergência material entre este e julgado prolatado pela 11ª Turma
Recursal de São Paulo (processo nº 0001860-86.2016.4.03.6327).

Afirma a parte recorrente:

[...]
I – Síntese processual
Assinado digitalmente por: LEANDRO GONSALVES FERREIRA:10325
Documento Nº: 2019/930000007845-47208
Consulte autenticidade em: http://web.trf3.jus.br/autenticacaojef
2019/930000007845-47208-JEF

8) Isto é, a Segunda Turma Recursal dos juizados Especiais Federais de


São Paulo, não reconheceu como especial o período compreendido entre 28/01/2004 até 26/03/
2013 devido a técnica utilizada para medição que foi pela “dosimetria ambiental para ruído”, em
que pese o PPP tenha atestado de forma robusta a exposição habitual e permanente ao
agente ruído acima dos limites de tolerância.
[...]
II – Do cabimento do incidente
2) In casu, houve interpretação divergente do artigo 68 do Decreto nº 3.048/99, quanto a
“NHO1 da Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho –
FUNDACENTRO”, entre a 2ª Turma Recursal, e a 11ª Turma Recursal de São Paulo, sendo
integrantes da mesma Região Federal, ambas, divergem sobre a técnica de medição “dosimetria
ambiental para ruído”. Diante disto, enseja o presente Incidente de Uniformização Regional, para a
Turma Regional de Uniformização da 3ª Região Federal, com base na Resolução nº 3 do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região.
[...]
III – Da Decisão Recorrida
[...]
3) Como já mencionado, o não reconhecimento dos períodos como especial se deu devido a
técnica utilizada para medição que foi pela “dosimetria ambiental para ruído”, que segundo
entendimento da 2ª TURMA “ não é suficiente para concluir que o laudo técnico das condições do
ambiente de trabalho – LTCAT, tenha sido elaborado com observância da metodologia e dos
procedimentos descritos na Norma de Higiene Ocupacional – NHO – 01 da FUNDACENTRO.
4) Contudo, e com a devida venia, o entendimento expressado pela E. 2ª Turma Recursal do
Juizado Especial Federal da 3ª Região, diverge a posição adotada por outras r. Turmas,
especialmente da 11ª Turma Recursal da mesma Região, conforme se infere do julgado a seguir
colacionado:
[...]
IV – Da identidade da matéria
1) Da análise dos julgados retro, comparado com o caso em comento, verifica-se que se trata
de situação idêntica, se tratam de dois recursos inominados interpostos pelo INSS, onde no
acórdão acima colacionado, julgado pela 11ª Turma Recursal de São Paulo, restou
conhecida que a técnica para medição “dosimetria ambiental para ruído” está em
conformidade com NHO-01, portanto, estando presentes todos os requisitos para a
admissão do pedido de uniformização este deverá ser acolhido.
2) Note-se, aliás, que é tão idêntico ao caso dos autos que nos recursos paradigma os
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, utiliza a forma de medição “dosimetria
ambiental para ruído”, sendo inquestionável, portanto, a divergência havida entre a r.
Decisão da 2ª Turma Recursal e a 11ª Turma Recursal do TRF3.
[...]

Não houve apresentação de contrarrazões.

O incidente regional de uniformização foi admitido por decisão prolatada nestes termos:

Vistos.
Trata-se de pedido de uniformização de interpretação de lei federal interposto pela
parte autora, com fundamento no art. 14 da Lei nº 10.259/2001, contra acórdão da Turma
Recursal do Juizado Especial Federal da Terceira Região - Seção Judiciária de São Paulo.
Em recurso dirigido à Turma Regional de Uniformização, o autor aponta
divergência entre o acórdão recorrido e o prolatado pela 11ª Turma Recursal, quanto ao método
utilizado para medição do nível de ruído.
Sustenta que a 2ª Turma Recursal não admite a utilização da dosimetria ambiental
como técnica para apuração do nível de ruído, destoando dos julgamentos proferidos pela 11ª
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Turma Recursal.
Decido.
Colhe-se do acórdão paradigma:
“...3. Recurso do INSS (em síntese):
- alega que o PPP apresentado informa não haver laudo técnico ambiental para o
período reconhecido;
- aduz que não houve comprovação da habitualidade e permanência da exposição
aos agentes agressivos;
- argumenta que a medição do nível de ruído foi realizada pela técnica da
dosimetria, quando o correto, para o período, seria seguir o quanto definido pela
NH01 da Fundacentro, no sentido de que os valores devem ser expressos em
Nível de Exposição Normalizado – NEN.
...
6. No que se refere à medição do nível de ruído, “insta acentuar que foram
usadas duas metodologias para a mensuração dos níveis de ruído, que foram
regidas por legislações diferentes: a) para períodos anteriores a 18/11/2003,
véspera da vigência do Decreto nº4.882/2003, a NR- 15/MTE (Anexo I, item 6)
admitia a medição do ruído por meio de decibelímetro ; b) a partir de 19/11/
2003, vigência do Decreto nº4.882/2003, que incluiu o 11 no art. 68 do Decreto
3.048/99 , a medição do ruído deve-se dar em conformidade com que preconiza a
NHO 01 (itens. 6.4 a 6.4.3) da Fundacentro (órgão do Ministério do Trabalho),
por meio de dosímetro de ruído (técnica dosimetria - item 5.1.1.1 da NHO-
01)” (APELREEX 00037234820144036133, DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ
STEFANINI, TRF3 – OITAVA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:08/03/2017).
Observo, in casu, que as aferições se encontram em conformidade com a
legislação vigente no momento da realização (dosimetria – conforme PPP de fls.
26/27 do evento 02), razão pela qual mantenho a sentença neste ponto.
7. Recurso do INSS a que se nega provimento.; ...” (grifei)

Por sua vez, o acórdão recorrido não aceitou a medição pela técnica da dosimetria
ambiental para apuração do nível de ruído, nos seguintes termos:
“... 15. Cumpre salientar também que o fato de o PPP indicar, no campo
destinado à intensidade/concentração, nível de ruído superior a 85 decibéis, e, no
campo da técnica utilizada, descrever “dosimetria”, não é suficiente para
concluir que o laudo técnico das condições do ambiente de trabalho – LTCAT
tenha sido elaborado com observância da metodologia e dos procedimentos
descritos na Norma de Higiene Ocupacional - NHO-01 da FUNDACENTRO. É
insuficiente a mera alusão à “dosimetria”. Esta não revela, por si só, a
medição do ruído nos termos dessa norma, podendo também significar a
utilização da metodologia da NR-15, não mais admitida a partir de 19/11/2003
pelo Decreto 4.882/2003. É do segurado o ônus da prova de que a dosimetria
utilizada observou a metodologia e os procedimentos descritos na Norma de
Higiene Ocupacional - NHO-01 da FUNDACENTRO, tratando-se de fato constitutivo
do direito, justamente por não gerar a utilização da dosimetria a presunção de
observância dessa norma. Esse fato será impeditivo do direito, constituindo,
portanto, ônus do INSS prova-lo, se o PPP aludir, pelo menos, na técnica
utilizada, à NHO-01.
16. No caso em espécie, consoante o PPP de fls. 27/28, com relação ao período
de 28.01.2004 a 26.03.2013 não foi observada a medição do ruído em Nível de
Exposição Normalizado – NEN/NHO-01. A técnica utilizada para medição foi
pela “Dosimetria ambiental para ruído” não sendo passível de conversão
do tempo especial para o comum, nos termos das razões acima aduzidas;
...”

Caracterizada a divergência entre acórdãos de Turmas Recursais da mesma região, a


admissão do pedido de uniformização é medida que se impõe.
Ante o exposto, ADMITO o pedido de uniformização da parte autora, determinando a
remessa dos autos para a Turma Regional de Uniformização.
Intimem-se. Cumpra-se.

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É, no que basta, o relatório.

III - VOTO

No incidente de uniformização regional a parte deve promover o necessário cotejo analítico


capaz de evidenciar a similitude fática entre os exemplos apontados e a divergência de interpretação entre
diferentes Turmas da mesma Região sobre a semelhante questão de direito material, com a identificação
do processo em que proferido o acórdão paradigma (art. 14, § 1º, da Lei nº 10.259/2001, art. 30, I, e art. 40
do Regimento Interno das Turmas Recursais e da Turma Regional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais
da 3ª Região - Resolução CJF3R nº 3/2016, alterada pela Resolução CJF3R nº 30/2017, e art. 15, I, do Regimento
Interno da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais - Resolução CJF nº 345/2015).

Os requisitos de admissibilidade do pedido de uniformização regional foram atendidos,


conforme decisão que constitui o evento 095 do feito originário, transcrita no relatório acima, e a qual ora
ratifico. Conheço, assim, do incidente e passo ao exame de seu mérito.

A questão de direito material controvertida, submetida a julgamento, pode ser resumida da


seguinte forma: “definir se o termo “dosimetria”, no preenchimento do campo 15.5 do Perfil
Profissiográfico Previdenciário – PPP (Técnica Utilizada), atende aos parâmetros exigidos pelo art. 58, § 1º,
da Lei nº 8.213/91 c.c. art. 68, §§ 9º, 12 e 13 do Decreto nº 3.048/99, para fins de reconhecimento do
trabalho como exercido em condições especiais”.

De início, transcrevo os dispositivos referidos no parágrafo anterior:

Lei 8.213/91
Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria
especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº
9.528, de 1997)
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido
por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação
trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
[...]

Decreto 3.048/99 (atual redação – Decreto 8.123/2013)


Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria
especial, consta do Anexo IV.
[...]
§ 9º Considera-se perfil profissiográfico, para os efeitos do § 8o, o documento com o
históricolaboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações,
deve conter o resultado das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração
biológica e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados
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administrativos correspondentes. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)


[...]
§ 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV, a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)
§ 13. Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e
procedimentos de avaliação, cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego definir outras instituições
que os estabeleçam. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Decreto 3.048/99 (redação anterior – Decreto nº 4.882/2003)


Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria
especial, consta do Anexo IV.
[...]
§ 8º Considera-se perfil profissiográfico previdenciário, para os efeitos do § 6º, o documento
histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo Instituto Nacional do Seguro Social,
que, entre outras informações, deve conter registros ambientais, resultados de monitoração
biológica e dados administrativos. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)
[...]
§ 11. As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os limites
de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos
de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº 4.882, de 2003)

Ou seja, a partir de 19/11/2003, data da publicação e início da vigência do Decreto nº 4.882/


2003, a legislação passou a exigir, nas avaliações do ambiente de trabalho, para fins previdenciários, a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO e, conforme o caso, as técnicas de aferição dos
agentes nocivos, e respectivos limites de tolerância, estabelecidas pela legislação trabalhista (NRs).

Sobre a obrigatoriedade de observância da metodologia definida pela legislação previdenciária


para aferição da exposição ocupacional a ruído, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais
Federais (TNU) pacificou a questão ao julgar o Tema nº 174 (PEDILEF 0505614-83.2017.4.05.8300/PE,
Relator Juiz Federal Fábio Cesar dos Santos Oliveira, Relator para Acórdão Juiz Federal Sérgio de Abreu
Brito, julgado em 21/11/2018, Acórdão publicado em 21/03/2019, Trânsito em julgado 08/05/2019).

A questão submetida a julgamento pela TNU foi a seguinte: “Saber se, para fins de
reconhecimento de período laborado em condições especiais, é necessária a comprovação de que foram
observados os limites/metodologias/procedimentos definidos pelo INSS para aferição dos níveis de
exposição ocupacional ao ruído (art. 58, §1º, da Lei n. 8.213/91 e art. 280 - IN/INSS/PRES - n. 77/2015)
”.

Inicialmente, a TNU firmou a seguinte tese:

(a) a partir de 01 de janeiro de 2004, é obrigatória utilização da NHO-01 da FUNDACENTRO como


metodologia de aferição do agente nocivo ruído no ambiente de trabalho, devendo tal técnica ser
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informada no PPP, com a respectiva indicação do Nível de Exposição Normalizado (NEN)"; (b) "em
caso de omissão, no período supracitado, na indicação da metodologia empregada para aferição do
agente nocivo ruído, no Perfil Profissiográfico Profissional, esse documento não deve ser admitido
como prova da especialidade do trabalho para o agente nocivo em apreço, devendo ser apresentado
o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins de demonstrar a técnica utilizada na respectiva
medição.

Após, em decorrência de interposição de embargos de declaração, e ao julgá-los, a TNU alterou


a referida tese, que passou então a vigorar nestes termos:

a) "A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é


obrigatória a utilização das metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que
reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual,
devendo constar do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) a técnica utilizada e a respectiva
norma"; (b) "Em caso de omissão ou dúvida quanto à indicação da metodologia empregada para
aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da
especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins de demonstrar
a técnica utilizada na medição, bem como a respectiva norma".

Do voto condutor do acórdão que originou a atual redação da tese referente ao Tema 174 da
TNU, destaco o seguinte fragmento:

[...]
38. Como se vê, no gráfico acima, a NHO-01 é mais benéfica ao trabalhador. Ademais, a
metodologia de aferição do ruído da NR-15 estabelece que “os níveis de ruído contínuo ou
intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora
operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser
feitas próximas ao ouvido do trabalhador.” Tal procedimento está contido na regra do item 5.1.2 da
NHO 01, o qual estabelece que a avaliação da exposição pelo nível de exposição deve ser realizada,
preferencialmente, utilizando-se medidores integradores de uso individual, também denominados de
dosímetros de ruído, e, na indisponibilidade destes equipamentos, poderão ser utilizados outros
tipos de medidores integradores ou medidores de leitura instantânea, portados pelo avaliador. Nesse
sentido, para aferição do agente ruído, deve-se aceitar também a metodologia prevista na NR-15, e
não somente a da NHO-01. Cumpre registrar ainda que, em se tratando de ruído contínuo ou
intermitente, ambas as metodologias levam em conta a exposição do segurado ao agente ruído
durante toda a jornada de trabalho do segurado e não a simples medição de forma pontual. Enfim, o
fator tempo de exposição também é levado em consideração e não somente a intensidade do ruído
instantâneo. Outro fator relevante é que, para o período em exame, os limites de tolerância do
agente ruído devem ser aqueles definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do MTE (art. 280, IV, da
Instrução Normativa/INSS n. 77/2015), como já destacado no acórdão embargado. Assim, para
período de exposição de 8 (oito) horas, o limite de tolerância é de 85 dB(A).
39. Destarte, devem ser acolhidos os embargos de declaração neste ponto, com efeitos infringentes,
para admitir a utilização da metodologia de aferição do agente ruído prevista na NR -15 e também na
NHO-01.
40. Insta destacar que, como a Instrução Normativa/INSS n. 77, de 21 de janeiro de 2015, em art.
280, IV, admite a utilização da NH0-01 a contar de 19/11/2003, esse deve ser o marco inicial em
que é possível a utilização de ambas as metodologias supracitadas.
[...]
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO
NACIONAL. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (TEMA N. 174). AGENTE RUÍDO.
EXISTÊNCIA DE OMISSÃO QUANTO À ANÁLISE COMPARATIVA DA METODOLOGIA FIXADA NA NORMA
DE HIGIENE OCUPACIONAL (NHO) 01 DA FUNDACENTRO COM AQUELA PREVISTA NA NR-15.
OBRIGATORIEDADE DE UTILIZAÇÃO DE UMA DESSAS METODOLOGIAS (NHO-01 OU NR-15) PARA
AFERIÇÃO DO AGENTE NOCIVO RUÍDO NO AMBIENTE DE TRABALHO A PARTIR DE 19 DE NOVEMBRO
DE 2003. IMPOSSIBILIDADE DE MEDIÇÃO PONTUAL DO RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE. A
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METODOLOGIA DE AFERIÇÃO DEVE SER INFORMADA NO CAMPO PRÓPRIO DO PERFIL


PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP). EM CASO DE OMISSÃO NO PPP OU DÚVIDA, DEVERÁ
SER APRESENTADO O RESPECTIVO LAUDO TÉCNICO, COM O ESCOPO DE DEMONSTRAR A TÉCNICA
UTILIZADA NA SUA MEDIÇÃO, BEM COMO A RESPECTIVA NORMA. EMBARGOS ACOLHIDOS
PARCIALMENTE COM EFEITOS INFRINGENTES.
[...]

Pois bem.

Aceitas as metodologias de avaliação da exposição ocupacional a ruído previstas tanto na NR-


15 do MTE quanto na NHO-01 da FUNDACENTRO, como definido pela TNU no julgamento do Tema 174,
resta avaliar, neste incidente regional, se basta a referência, no campo próprio do PPP, à técnica da
dosimetria, sem a menção explícita à NR-15 ou à NHO-01, para fins de enquadramento da atividade
especial.

A NHO-01 dá preferência à utilização de dosímetro de ruído, conceituado na referida norma


como o “medidor de integrador de uso pessoal que fornece a dose de exposição ocupacional ao ruído” (
realcei). Vejam-se as disposições dos itens 5.1.1.1 e 5.1.2 da NHO-01:

5.1.1. Avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente


por meio da dose diária
5.1.1.1. Utilizando medidor integrador de uso pessoal
A determinação da dose de exposição ao ruído deve ser feita, preferencialmente, por meio
de medidores integradores de uso pessoal (dosímetros de ruído), ajustados de forma a atender as
especificações contidas no item 6.2.1.1 (equipamentos de medição).
Neste caso o limite de exposição ocupacional diário ao ruído contínuo ou intermitente
corresponde a dose diária igual 100%.
O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído é de dose diária igual a 50%.
O limite de exposição valor teto para o ruído contínuo ou intermitente é 115 dB(A).
[...]
5.1.2. Avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente
por meio do nível de exposição
A avaliação da exposição pelo nível de exposição deve ser realizada, preferencialmente,
utilizando-se medidores integradores de uso pessoal. Na indisponibilidade destes equipamentos,
poderão ser utilizados outros tipos de medidores integradores ou medidores de leitura instantânea,
portados pelo avaliador.
[...]

A NHO-01 também permite a utilização de medidor integrador portado pelo avaliador, definido
na citada norma como “medidor operado diretamente pelo avaliador, que fornece, por meio de integração,
a dose ou o nível médio”. Transcrevo o item 5.1.1.2 da NHO-01:

5.1.1.2. Utilizando medidor portado pelo avaliador

Assinado digitalmente por:Na impossibilidade


LEANDRO da utilização
GONSALVES FERREIRA:10325 de medidores integradores de uso pessoal, poderão ser
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utilizados medidores portados pelo avaliador. Neste caso a dose diária pode ser determinada por
meio da seguinte expressão:

Para níveis de ruído com valores intermediários aos constantes na tabela 1 será considerado
o tempo máximo diário permissível relativo ao nível imediatamente mais elevado.
Exposições a níveis inferiores a 80 dB(A) não serão consideradas no cálculo da dose.
Quando a exposição for a único nível de ruído o cálculo da dose diária também é feito
utilizando a expressão apresentada, ou seja, simplesmente dividindo “C1” por “T1”.
Neste critério, o limite de exposição ocupacional diária ao ruído contínuo ou intermitente
corresponde a dose diária igual a 100%.
O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído é de dose diária igual a 50%.
O limite de exposição valor teto para o ruído contínuo ou intermitente é 115 dB(A).

A fórmula acima referida, para o cálculo da dose de ruído, também consta do item 6 do Anexo
nº 1 da NR-15 do MTE, do qual retiro este fragmento:

Além disso, a NHO-01 admite, em caso de indisponibilidade do medidor de integrador de uso


pessoal (dosímetro de ruído), a utilização não só de medidor integrador portado pelo avaliador como,
também, de medidor de leitura instantânea (o que inclui o chamado decibelímetro, aparelho medidor de
nível de pressão sonora). Vale conferir a norma em comento, no aspecto citado:

6.2. Equipamentos de medição


6.2.1 Especificações mínimas
6.2.1.1 Medidores integradores de uso pessoal
Os medidores integradores de uso pessoal, também denominados de dosímetros de ruído, a
serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional ao ruído devem atender às especificações
constantes na Norma ANSI S1.25-1991 ou de suas futuras revisões, ter classificação mínima do
tipopor:
Assinado digitalmente 2 eLEANDRO
estar ajustados
GONSALVES de forma a atender aos seguintes parâmetros:
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[...]
6.2.1.2 Medidores integradores portados pelo avaliador
Os medidores integradores a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional a ruído
devem atender às especificações constantes da Norma IEC 804 ou de suas futuras revisões e ter
classificação mínima do tipo 2. Para a determinação de níveis médios de ruído devem estar
ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros:
[...]
6.2.1.3. Medidores de leitura instantânea
Os medidores de leitura instantânea a serem utilizados na avaliação da exposição
ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente, ou de impacto, devem ser no mínimo do tipo 2,
segundo especificações constantes das Normas ANSI SI.4-1983 e IEC 651, ou de suas futuras
revisões.
[...]

Impende ressalvar que, nos termos da NHO-01 (item 5.1), esses métodos alternativos (
medidores integradores portados pelo avaliador e medidores de leitura instantânea) não são
recomendados para avaliação de casos que apresentem dinâmica operacional complexa, como, por
exemplo, a condução de empilhadeiras, atividades de manutenção, entre outras, que envolvam
movimentação constante do trabalhador.

A técnica “dosimetria” mede o nível constante da pressão sonora de exposição do trabalhador


durante toda a jornada de trabalho, isto é, consiste tal método em apurar a média aritmética ponderada
que considera o nível de ruído e o tempo de exposição.

Vale dizer, se durante a jornada de trabalho houver dois ou mais períodos de sujeição laboral a
ruído de diferentes níveis, deverá ser apurada a dose de exposição ao agente nocivo com base no
somatório das frações, que representa o tempo efetivo de exposição ao nível de ruído proveniente da
fonte (numerador: Cn) pelo tempo permitido pela legislação (denominador: Tn). Somadas essas frações,
se o valor resultante for maior ou igual a 1 (um) ou 100%, a exposição a ruído será superior ao limite de
tolerância.

Comumente, os ruídos vão se modificando, aumentando ou reduzindo, ao longo da jornada de


trabalho. Num cenário fabril, por exemplo, não raro há o acionamento, funcionamento e desligamento de
equipamentos, máquinas ou ferramentas, de diferentes tipos, e a aferição da acústica do ambiente de
trabalho há de levar em conta, de forma integrada ou conjunta, tais fatores. Em atenção a esse cenário,
mais realista, o legislador infraconstitucional impôs a realização de medição integradora dos diversos
valores de ruído durante o dia todo de trabalho.

À guisa de ilustração, a avaliação da exposição ocupacional a ruído de um trabalhador de


marcenaria, que utiliza diferentes equipamentos, máquinas ou ferramentas (furadeira, parafusadeira,
plaina, serra circular, desempenadeira, lixadeira, tupia etc.) não deve ser feita de forma pontual ou
instantânea, mas, sim, levar em conta a dosimetria do ruído.

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O cálculo da dose do ruído é previsto nas duas normas (NR-15 e NHO-01) e a fórmula de seu
cálculo afasta, pela própria composição, a medição pontual do ruído contínuo ou intermitente, logo a
técnica da dosimetria está em consonância com a legislação previdenciária e seu emprego não representa,
em princípio, ofensa ao entendimento da TNU (Tema 174).

Outrossim, convém diferenciar a técnica da dosimetria do ruído do dosímetro de ruído, embora


a utilização deste, necessariamente, atenda àquela. O dosímetro é o equipamento medidor de integrador
de uso pessoal, dotado de um processador que permite fornecer a dose de exposição ocupacional ao ruído
de um trabalhador submetido a diferentes níveis de ruído durante a jornada laboral.

Deve ser utilizado preferencialmente o equipamento “dosímetro”, de acordo com a NHO-01,


mas esta também permite, como exceção, o emprego de outros aparelhos, desde que observada a técnica
“dosimetria”.

Com efeito, se indisponível o dosímetro de ruído (equipamento), é possível aferir a exposição


ocupacional ao referido agente físico por meio de medidor integrador portado pelo avaliador ou, ainda, de
medidor de leitura instantânea (aparelho medidor de nível de pressão sonora - decibelímetro). Nessas
hipóteses excepcionais, deverá ser observada a técnica da dosimetria do ruído, que está prevista tanto na
NR-15 quanto na NHO-01 (apuração da dose de ruído).

Convém acrescentar que a NHO-01 é norma mais favorável à proteção do trabalhador quando
comparada à NR-15, veja-se o comparativo abaixo:

NR-15/MTE NHO-01/FUNDACENTRO

TEMPO MÁXIMO DIÁRIO


NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO NÍVEL DE RUÍDO
PERMISSÍVEL (Tn)
dB(A) DIÁRIA PERMISSÍVEL dB(A)
(minutos)

85 8 horas 80 1.523,90
86 7 horas 81 1.209,52
87 6 horas 82 960,00
88 5 horas 83 761,95
89 4 horas e 30 minutos 84 604,76
90 4 horas 85 480,00
91 3 horas e 30 minutos 86 380,97
92 3 horas 87 302,38
93 2 horas e 40 minutos 88 240,00
94 2 horas e 15 minutos 89 190,48
95 2 horas 90 151,19
96 1 hora e 45 minutos 91 120,00
98 1 hora e 15 minutos 92 95,24
100 1 hora 93 75,59
102 45 minutos 94 60,00
104 35 minutos 95 47,62
105 30 minutos 96 37,79
106 25 minutos 97 30,00
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108 20 minutos 98 23,81


110 15 minutos 99 18,89
112 10 minutos 100 15,00
114 8 minutos 101 11,90
115 7 minutos 102 9,44
103 7,50
104 5,95
105 4,72
106 3,75
107 2,97
108 2,36
109 1,87
110 1,48
111 1,18
112 0,93
113 0,74
114 0,59
115 0,46

Enquanto na NHO-01 o incremento de duplicação da dose (fator de dobra) é de 3 decibéis (q=


3), na NR-15 ele é de 5 decibéis (q=5). Exemplificando, segundo a NR-15, a exposição diária máxima
permitida a trabalhador exposto a ruído de 95 db(A) é de 2 horas (120 minutos), todavia, de acordo com
a NHO-01, o tempo de exposição máxima admitido em tal situação é de 47,62 minutos.

Dessa forma, não faria sentido a não aceitação da metodologia constante da NR-15, para fins
previdenciários (verificação da nocividade do ruído), se esta, comparada com a NHO-01, é menos
protetiva ao segurado.

Em resumo:

a) enquanto o decibelímetro (medidor de nível pressão sonora) realiza a medição


pontual ou instantânea, o dosímetro (medidor integrador de uso pessoal) efetua, de
forma automatizada, a aferição integrada dos diferentes níveis de ruído;

b) a NHO-01 da FUNDACENTRO determina a utilização preferencial de medidor


integrador de uso pessoal (dosímetro de ruído), que necessariamente fornece a dose da
exposição ocupacional ao ruído;

c) a NHO-01 permite, na hipótese de indisponibilidade do medidor integrador de uso


pessoal (dosímetro de ruído), o uso de medidor integrador portado pelo avaliador ou,
ainda, de medidor de leitura instantânea (decibelímetro), desde que, nessa
excepcionalidade (não utilização do aparelho dosímetro), seja empregada a técnica da
dosimetria para a aferição do ruído (cálculo da dose), a qual tem previsão tanto na NR-
15/MTE quanto na NHO-01/FUNDACENTRO;

d) a menção, em campo específico do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), ao


emprego da técnica “dosimetria” indica, em princípio, que não foi utilizado o aparelho
dosímetro
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leitura instantânea (decibelímetro), presumindo-se, na ausência de impugnação


específica do PPP e salvo elementos de prova em sentido contrário, a observância do
cálculo da dose de ruído (técnica da dosimetria prevista na NR-15 e na NHO-01);

e) A referência, em campo específico do PPP, a técnicas como “quantitativa” ou


“decibelímetro” não atende aos requisitos da NR-15 ou NHO-01, não servindo o
formulário previdenciário, preenchido dessa forma, para o reconhecimento da
especialidade do labor exercido com exposição a ruído acima do limite de tolerância, após
19/11/2003 (Decreto nº 4.882/2003);

f) Existindo elementos nos autos que levantem dúvida a respeito das informações
lançadas no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) - divergência entre documentos ou
formulários previdenciários apresentados, incompatibilidade entre os dados
profissiográficos ou técnicos lançados no PPP etc. -, ou mesmo identificada omissão,
nesse documento laboral, de informações relevantes para o julgamento da causa,
qualquer que seja a técnica de aferição de ruído nele informada, competirá ao órgão
julgador decidir, de forma fundamentada, nos termos do art. 370 do Código de Processo
Civil e da tese fixada no Tema 174 da TNU, sobre a apresentação do laudo técnico (
LTCAT) com base no qual foi elaborado o PPP.

Fixadas tais premissas, o acórdão recorrido assim decidiu a lide, no relativo à questão de
direito material controvertida:

8. No tocante ao agente nocivo RUÍDO, importa consignar que a partir de 19/11/2003 a exposição
ao ruído é considerada especial quando apurados Níveis de Exposição Normalizados (NEN)
superiores a 85 dB (A), nos termos do Decreto 3.048/1999, na redação do Decreto 4.882/2003,
item 2.0.1 do seu anexo IV, combinado com o § 11 o artigo 68 do Decreto 3.048/1999, na redação
do Decreto 4.882/2003, segundo o qual “As avaliações ambientais deverão considerar a
classificação dos agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação
trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO”. A
partir de 19/11/2003, a medição deve ser realizada na forma definida na Norma de Higiene
Ocupacional - NHO-01 da FUNDACENTRO. Logo, não é passível de conversão do tempo especial
para o comum período de exposição a ruído cujo PPP não descreve expressamente a medição em
Nível de Exposição Normalizado – NEN ou na Norma de Higiene Ocupacional- NHO-01 da
FUNDACENTRO.
9. A partir de 19/11/2003 não basta que do PPP conste a informação de que o nível de exposição é
superior a 85 decibéis sem indicar que se trata de Nível de Exposição Normalizado – NEN. O nível
de exposição ao ruído deve ser convertido para uma jornada padrão de 8 horas diárias, para fins
de comparação ao limite de exposição. O laudo técnico em que se baseia o PPP deve determinar o
NEN, que corresponde ao nível de exposição (NE) convertido para a jornada padrão de 8 horas
diárias.
10. Dos limites semânticos do texto do § 11 do artigo 68 do Decreto 3.048/1999, incluído pelo
Decreto 4.882/2003 (“As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes
nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO)”, é possível extrair a norma de que as
avaliações ambientais, a partir da publicação desse ato normativo, devem considerar a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO.
11. O limite de tolerância é o estabelecido na legislação trabalhista, que, no caso do agente físico
ruído, é estabelecido na Norma Regulamentadora NR -15 em 85 decibéis para a jornada de 8
horas, exatamente como definido pela NH01 da Fundacentro e no item 2.0.1 do anexo IV do
Decreto 3.048/1999, na redação data pelo Decreto 4.882/2003.
12. Aplicam-se os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, que, no caso do
agente físico ruído, é de 85 decibéis para a jornada de 8 horas. Mas sua medição deve observar a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, a partir de 19/11/2003.
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13. Os limites de tolerância ao agente físico ruído, estabelecidos na legislação trabalhista, não se
confundem com seus critérios de medição. Trata-se de questões diferentes e não excludentes.
14. Mesmo adotado expressamente o limite de tolerância vigente na legislação trabalhista, de 85
decibéis, o ruído deve ser medido, a partir de 19/11/2003, segundo a metodologia e os
procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO e discriminado em Nível de Exposição Normalizado (NEN).
15. Cumpre salientar também que o fato de o PPP indicar, no campo destinado à intensidade/
concentração, nível de ruído superior a 85 decibéis, e, no campo da técnica utilizada, descrever
“dosimetria”, não é suficiente para concluir que o laudo técnico das condições do ambiente de
trabalho – LTCAT tenha sido elaborado com observância da metodologia e dos procedimentos
descritos na Norma de Higiene Ocupacional - NHO-01 da FUNDACENTRO. É insuficiente a mera
alusão à “dosimetria”. Esta não revela, por si só, a medição do ruído nos termos dessa norma,
podendo também significar a utilização da metodologia da NR-15, não mais admitida a partir de
19/11/2003 pelo Decreto 4.882/2003. É do segurado o ônus da prova de que a dosimetria
utilizada observou a metodologia e os procedimentos descritos na Norma de Higiene Ocupacional -
NHO-01 da FUNDACENTRO, tratando-se de fato constitutivo do direito, justamente por não gerar a
utilização da dosimetria a presunção de observância dessa norma. Esse fato será impeditivo do
direito, constituindo, portanto, ônus do INSS prova-lo, se o PPP aludir, pelo menos, na técnica
utilizada, à NHO-01.
16. No caso em espécie, consoante o PPP de fls. 27/28, com relação ao período de 28.01.2004 a
26.03.2013 não foi observada a medição do ruído em Nível de Exposição Normalizado – NEN/NHO-
01. A técnica utilizada para medição foi pela “Dosimetria ambiental para ruído” não sendo passível
de conversão do tempo especial para o comum, nos termos das razões acima aduzidas;

O acórdão recorrido, ao entender que “é insuficiente a mera alusão à ‘dosimetria’, visto que
“esta não revela, por si só, a medição do ruído nos termos dessa norma [NHO-01/FUNDACENTRO], podendo
também significar a utilização da metodologia da NR-15, não mais admitida a partir de 19/11/2003 pelo
Decreto 4.882/2003”, destoou, com a devida vênia, do entendimento acima explicitado e, em especial, da
tese fixada pela TNU no julgamento do Tema/Representativo nº 174 (que admite o emprego da
metodologia da NR-15).

Por outro lado, o acórdão paradigma admitiu que o emprego da técnica da dosimetria está em
consonância com a NHO-01, nestes termos:

6. No que se refere à medição do nível de ruído, “insta acentuar que foram usadas duas
metodologias para a mensuração dos níveis de ruído, que foram regidas por legislações diferentes:
a) para períodos anteriores a 18/11/2003, véspera da vigência do Decreto nº4.882/2003, a NR-
15/MTE (Anexo I, item 6) admitia a medição do ruído por meio de decibelímetro ; b) a partir de
19/11/2003, vigência do Decreto nº4.882/2003, que incluiu o 11 no art. 68 do Decreto 3.048/99 ,
a medição do ruído deve-se dar em conformidade com que preconiza a NHO 01 (itens. 6.4 a 6.4.3)
da Fundacentro (órgão do Ministério do Trabalho), por meio de dosímetro de ruído (técnica
dosimetria - item 5.1.1.1 da NHO-01)” (APELREEX 00037234820144036133, DESEMBARGADOR
FEDERAL LUIZ STEFANINI, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:08/03/2017). Observo,
in casu, que as aferições se encontram em conformidade com a legislação vigente no momento da
realização (dosimetria – conforme PPP de fls. 26/27 do evento 02), razão pela qual mantenho a
sentença neste ponto.

Entendo que deve prevalecer na espécie a interpretação dada pelo acórdão paradigma,
facultada ao órgão julgador, no entanto, a depender do exame das provas dos autos, a conversão do
julgamento em diligência para apresentação do LTCAT.

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Embora, como afirmado anteriormente neste voto, a técnica “dosimetria” atenda aos
parâmetros da NR-15 ou da NHO-01, e desse entendimento divergiu o acórdão recorrido, não vislumbro
como, aprioristicamente, sem adentrar no exame das provas – o que é vedado pela Súmula 42 da TNU -,
atender a todos os pedidos formulados pela parte suscitante no presente pedido de uniformização (
elucidação da divergência quanto à utilização da técnica da dosimetria, reconhecimento da atividade
especial, condenação do réu a conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e a pagar
os atrasados eventualmente devidos, desde a DER).

Pelo exposto, dou parcial provimento ao incidente de uniformização regional para fixar as
seguintes teses:

a) A técnica da dosimetria para a aferição do ruído tem previsão na NR-15 do MTE e


na NHO-01 da FUNDACENTRO, devendo ser observadas as metodologias previstas nessas
normas a partir de 19 de novembro de 2003 (Decreto nº 4.882/2003, conforme Tema
174 da TNU;

b) Qualquer que seja a técnica mencionada no Perfil Profissiográfico Previdenciário (


PPP), se houver incompatibilidade de seus dados com outros elementos de prova,
fundada dúvida sobre as afirmações desse documento laboral ou, ainda, omissão de
informações que nele deveriam constar, conforme prudente e fundamentada avaliação
dos fatos pelo órgão julgador, exigir-se-á o laudo técnico (LTCAT ou equivalente) com
base no qual foi elaborado o PPP.

Em consequência, devem os autos retornar à Turma de origem para adequação do julgado às


teses jurídicas ora fixadas.

É o voto.

<#IV- ACÓRDÃO

A Turma Regional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais da Terceira Região decidiu,
por maioria, dar parcial provimento ao pedido de uniformização, nos termos do voto do Juiz
Federal Relator.

São Paulo, 11 de setembro de 2019 (data do julgamento).#>#]#}

LEANDRO GONSALVES FERREIRA

JUIZ FEDERAL RELATOR

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