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AVALIAÇÕES, METODOLOGIAS E DEFINIÇÕES

PARA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA

11 de setembro de 2023
Este material foi revisado pelo Engenheiro de
Segurança do Trabalho Thiago Machado!

https://bit.ly/cursos_Thiago_Machado

Elaborado pela equipe do Sistema ESO, este eBook reúne um compilado de


informações sobre ruído ocupacional, explicando o ruído contínuo,
intermitente e de impacto, além de elucidar questões referentes à legislação
trabalhista e previdenciária. Abordamos os principais aspectos do ruído,
incluindo dosimetria e interpretações de resultados de exames de audiometria.

Tipos de Ruído Limites de Tolerância

Sobre Q=3 e Q=5 Medição e Dosimetria

Exames Audiométricos Nomenclaturas e Cálculos

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RUÍDO CONTÍNUO, INTERMITENTE E DE IMPACTO

Ruído ocupacional pode ser definido como ‘qualquer som indesejado presente
no ambiente de trabalho que gere risco físico à saúde do trabalhador’. Há três
tipos de ruído ocupacional: o ruído contínuo, intermitente e de impacto.

O Ruído Contínuo ou Intermitente, conforme a NR 15 (Anexo 1, item 1), é todo o


ruído que não seja de impacto.

Ruído de Impacto são os ruídos que apresentam picos de energia acústica de


duração inferior a 1 segundo e intervalos superiores a 1 segundo.

Ao bater um martelo em pequenos intervalos pode-se ter uma certa noção do que
seria o ruído de impacto.

Portanto, todo o ruído que não for de impacto, será por consequência um ruído
contínuo ou intermitente.

A diferença entre Ruído Contínuo e Intermitente é a variação das ondas sonoras.


No ruído contínuo nota-se muito pouca variância. No ruído intermitente a
variância é constante, o “barulho” aumenta e diminui.

Para entendimento, imagine o barulho de uma abelha: representa um ruído


contínuo, longo e de pouca variância. Agora imagine uma broca de furar asfalto, o
barulho aumenta e diminui (variância de ruído).

Veja definições e exemplos gráficos na sequência.

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RUÍDO CONTÍNUO

Considera-se ruído contínuo aquele cuja variação de nível de intensidade


sonora é muito pequena em função do tempo. Costuma variar entre 3dB
durante um período de observação maior que 15 minutos.

RUÍDO INTERMITENTE

Considera-se ruído intermitente aquele que apresenta grande variação de


nível de intensidade sonora em função do tempo. Basicamente, é um som que
varia muito de volume, sem um padrão ordenado.

RUÍDO DE IMPACTO

Os ruídos de impacto apresentam picos de energia acústica de duração inferior a


1 segundo e intervalos superiores a 1 segundo. É como o bater de um martelo.

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SOBRE LIMITE DE TOLERÂNCIA E LEGISLAÇÃO

Primeiramente, lembremos que quando falamos de ruído ocupacional, estamos


nos referindo a um agente físico. Existem diferenças na legislação trabalhista e
previdenciária para as avaliações de ruído ocupacional, no que se refere a
insalubridade e aposentadoria especial.

Para documentos de Normas Regulamentadoras (legislação trabalhista), como o


PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), por exemplo, é necessário
informar todos os tipos de riscos: químicos, físicos, biológicos, mecânicos e
ergonômicos. Para a legislação previdenciária, é necessário informar apenas os
riscos que constam em decretos previdenciários, como a aposentadoria especial.

Como o ruído é um risco físico, avaliado de forma quantitativa, é um agente


decisivo na garantia da aposentadoria especial dos trabalhadores. Informar um
valor de ruído errado no evento S-2240 pode custar caro para a empresa, já que
o eSocial registra o histórico laboral que dará ensejo à aposentadoria especial do
trabalhador (caso este tenha o direito).

As informações referente aos riscos ocupacionais no evento S-2240 do eSocial


compõem o PPP eletrônico do trabalhador, o documento que garante e
comprova a aposentadoria especial. As informações do evento S-2240 são
preenchidas com base no LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais de
Trabalho, que é também um documento previdenciário.

É importante saber sobre a diferença entre legislação trabalhista e


previdenciária, porque em alguns casos as metodologias de avaliação de risco
são diferentes. No que se refere ao ruído, para comprovação de insalubridade
deve-se seguir as instruções da NR 15. Para comprovação de aposentadoria
especial, deve-se seguir as instruções presentes no Regulamento da Previdência
Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999.

Antes de prosseguir com a leitura, abandone qualquer polêmica em relação aos


incrementos de duplicação de dose Q=3 e Q=5. Sabemos que este é um assunto que
gera alvoroço entre os profissionais. O que trazemos neste material são fatos e
definições, com seus respectivos respaldos jurídicos.

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LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO DE IMPACTO

RUÍDO DE IMPACTO MEDIANTE A NR 15 (INSALUBRIDADE)

Mediante o Anexo 2 da NR 15 (Insalubridade), o limite de tolerância para ruído de


impacto é de 130 dB (linear). Além disso, o intervalo entre os picos deve ser
avaliado como ruído contínuo. Os níveis de impacto são sempre medidos em
decibéis — dB, com medidor de nível de pressão sonora operante em circuito
linear e circuito de resposta para impacto.

Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de


resposta para impacto, será válida a leitura no circuito de resposta rápida (FAST) e
circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB (C).

Níveis de ruído de impacto acima de 140 dB (linear) ou 130 dB (C — FAST) serão


considerados risco grave e iminente para a saúde do trabalhador, mediante a NR 15.

Ressaltando, a NR 15 estabelece os critérios para o adicional de insalubridade,


que se refere à legislação trabalhista.

RUÍDO DE IMPACTO PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

Os limites descritos acima não se aplicam para a legislação previdenciária,


pois os regulamentos da Previdência Social e as diversas Instruções Normativas
do INSS não preveem o enquadramento como atividade especial por exposição
ao ruído de impacto.

O evento S-2240 do eSocial, que informa os agentes nocivos (Previdência)


através da Tabela 24, tabela esta que não apresenta nenhum código referente a
Ruído de Impacto, temos apenas, o código referente a Ruído Contínuo ou
Intermitente (02.01.001). Isso se dá, pelo fato do Anexo IV do Decreto 3.048 não
reconhecer o Ruído de Impacto como sendo ensejador do direito a
Aposentadoria Especial e sabemos que a Tabela 24 do eSocial é cópia fidedigna
do Anexo IV do RPS.

Portanto, reforçando, ruído de impacto gera insalubridade (legislação trabalhista)


mas não gera aposentadoria especial (legislação previdenciária).

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LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO
CONTÍNUO/ INTERMITENTE

Existem duas tabelas para limite de tolerância para ruído contínuo e


intermitente: o Anexo 1 da NR15 (trabalhista) e Tabela 1 da NHO 01
(previdenciário).

A principal diferença do ruído contínuo e/ou intermitente da Legislação


Trabalhista e da Previdenciária está no incremento de duplicação de dose
destas tabelas. Na Legislação Trabalhista é utilizado o incremento q=5, de 5 dB.
Na Previdenciária utiliza-se o incremento q=3, de 3 dB.

Por hora, ignore qualquer polêmica relacionada ao q=5 e o q=3. Abordaremos o


assunto, de forma específica, ao decorrer do material.

RUÍDO CONTÍNUO/INTERMITENTE TRABALHISTA | INCREMENTO Q=5

Incremento de duplicação de dose é o valor em decibéis necessários para que o


tempo de atividade seja dividido pela metade. Se o incremento for q=5, significa
que a cada +5 dB o tempo de exposição permissível será reduzido pela metade.

Exemplo: nível de ruído contínuo a 85 dB (A) equivale a 8 horas máximas permitidas


de atividade. Se este ruído sobe para 90 dB (A), o tempo máximo permitido será 4
horas (metade de 8). Caso suba ainda mais, para 95 dB, o tempo máximo será
reduzido para 2 horas (metade de 4), e assim por diante.

(exemplificação do Quadro do Anexo I da NR 15)

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RUÍDO CONTÍNUO/INTERMITENTE PREVIDENCIÁRIO|INCREMENTO Q=3

No incremento q=3, é a mesma lógica, porém é a cada 3 dB (A) que o tempo de


atividade deve ser reduzido pela metade. Este incremento é mais rigoroso do
que o q=5, já que o tempo de exposição é reduzido com menor diferença de
decibéis.

(exemplificação da Tabela 1 da NHO 01 da Fundacentro)

O incremento de duplicação q=3 é usado para caracterizar a aposentadoria


especial, que hoje deve ser informada através do evento S-2240 do eSocial e
LTCAT. A tabela utilizada para o q=3 é a tabela da NHO 01 da Fundacentro.

O incremento q=5 é utilizado para caracterizar o adicional de insalubridade da


NR 15. É através do q=5 que o trabalhador receberá ou não o adicional de
insalubridade devido ao ruído ocupacional.

Apesar dessas definições, há uma certa polêmica envolvendo os incrementos de


duplicação de dose, no que se refere à legislação previdenciária (LTCAT e eSocial).
Alguns profissionais interpretam algumas notas técnicas e decretos de forma
diferente, gerando dúvida e promovendo a falta de uniformidade nos métodos
avaliativos.

A seguir, elucidamos algumas questões sobre o assunto, fornecendo os respaldos


jurídicos que comprovam as teses.

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Q=3 Q=5

Imagine uma situação onde dois trabalhadores estão expostos aos mesmos níveis de
ruído ocupacional, sob os mesmos fatores ambientais da atividade. Após longos anos
de contribuição, apenas um deles recebe o direito à aposentadoria especial.

Ora, mas por que o outro não recebeu o mesmo direito, já que esteve exposto aos
mesmos níveis de ruído ao longo do tempo?

Descobre-se então que um dos motivos é que consta no histórico laboral de um deles
a utilização do fator de dobra Q=5 nas avaliações de ruído, enquanto o outro teve as
avaliações realizadas utilizando a metodologia Q=3.

O trabalhador que teve as avaliações em Q=3 ganhou o benefício da aposentadoria


especial, enquanto o trabalhador que teve as avaliações feitas em Q=5 no histórico,
não ganhou o mesmo direito.

Como resultado, a empresa agora precisa arcar com os processos e responsabilidades


jurídicas decorrentes desta situação.

Este é um bom exemplo de como os fatores de dobra Q=3 e Q=5 são importantes na
avaliação de ruído ocupacional.

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O QUE DIZ O REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPS)

O decreto que aprova o Regulamento da Previdência Social (RPS) é o Decreto


n.º 3.048, de 6 de maio de 1999. Este decreto traz os Anexos referentes a todos
os agentes nocivos que devem ser considerados para os benefícios
previdenciários, onde consta o ruído no item 2.0.1 do Anexo IV.

O Regulamento da Previdência Social já sofreu diversas alterações ao longo dos


anos, onde a principal delas referente ao ruído ocupacional foi em 2003, através
da redação dada pelo Decreto n.º 4.882. A redação regulamenta que para ruído
ocupacional deve ser considerada:

“a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A).”

O Decreto n.º 3048/1999 também estabelece que:

“Art. 68. A relação dos agentes químicos, físicos, biológicos, e da associação desses
agentes, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, é aquela
constante do Anexo IV.” (Redação dada pelo Decreto n.º 10.410, de 2020).

Ou seja, o Regulamento da Previdência Social (decreto 3048/1999) estabelece


dois pontos importantes:

Para aposentadoria especial devem ser considerados os agentes nocivos do


Anexo IV.

Para avaliação do ruído (constante no Anexo IV) deve ser considerada a


exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A).

Até aqui, não restam dúvidas: a metodologia utilizada para avaliação de ruído
ocupacional, para fins de aposentadoria especial, é o NEN superior a 85 dB(A).

A fórmula do NEN é baseada no incremento q=3.

NEN = NE + 10*log (Te / 480)

- Te é o tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho.


- NE é o nível médio representativo da exposição diária.

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POR QUE HÁ DIVERGÊNCIA ENTRE Q=3 E Q=5?

Ora, se o RPS determina a metodologia, pela fórmula do NEN, por qual motivo
há tanta divergência de opinião entre utilizar q=3 e q=5 para aposentadoria
especial?

A Instrução Normativa PRES/INSS n.º 77, de 21 de janeiro de 2015, trouxe um


item que gerou polêmica. No artigo 279, a IN 77 determinava para comprovação
de atividades especiais:

“I - a metodologia e os procedimentos de avaliação dos agentes nocivos


estabelecidos pelas Normas de Higiene Ocupacional NHO da FUNDACENTRO; e

II - os limites de tolerância estabelecidos pela NR-15 do MTE.”

Posteriormente, a Instrução Normativa PRES/INSS n.º 128, publicada em 28 de


março de 2022, reforçou a então revogada IN 77, determinando no Art. 292 o
enquadramento do NEN acima de 85 db (A), aplicando-se:

“a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do


MTE; e

b) as metodologias e os procedimentos de avaliação ambiental definidos nas


NHO-01 da FUNDACENTRO.”

Em ambos os artigos, a interpretação de um item vai, em contrapartida, com o


outro, já que o quadro da NR-15 é com fator de dobra q=5, enquanto a
metodologia da NHO 01 da FUNDACENTRO é q=3 (NEN).

Esta interpretação de ambas as Instruções Normativas gerou toda a polêmica


sobre q=3 e q=5. Acredita-se que, possivelmente, houve um erro interpretativo
na elaboração dos textos. Há a tese também de que a Previdência sugeriu, por
meio destas instruções normativas, incluir o incremento q=5 para ensejo da
aposentadoria especial, como um complemento ao Decreto 3048/1999.

Apesar das teses e interpretações, é fato que a Instrução Normativa nº. 128
acabou fornecendo respaldo jurídico para que se utilize o q=5, mesmo soando
contraditório com o decreto do Regulamento da Previdência Social.

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QUAL METODOLOGIA UTILIZAR PARA LAUDO DE
INSALUBRIDADE, LTCAT E ESOCIAL?

Para laudos de insalubridade, deve-se utilizar o incremento de duplicação de


dose q=5, não há dúvidas quanto a isso, pois a própria NR-15 estabelece este
critério. A Norma Regulamentadora n.º 15 regulamenta as atividades e operações
insalubres, com aplicação direta na legislação trabalhista. Os principais
procedimentos, limites e adicionais de insalubridade estão todos descritos no
texto da norma.

Para a legislação previdenciária, como vimos ao longo do artigo, há respaldo legal


para ambos os incrementos de duplicação de dose. Contudo, o q=3 é mais
indicado para evitar processos jurídicos, por dois motivos:

1. A metodologia da NHO 01 (NEN), onde é utilizado o incremento de


duplicação de dose Q=3, é mais benéfico para o trabalhador. Isso evita
processos jurídicos futuros, que costumam surgir quando trabalhadores
são penalizados por erro da empresa.

2. Decreto tem hierarquia maior do que qualquer Instrução Normativa. E no


Decreto diz que deve ser metodologia da NHO 01, com limite de tolerância
de 85 dB(A). No Decreto não é mencionado NR-15, apenas limite de
tolerância. A confusão com Q=5 existe por conta de Instruções Normativas.

Apesar de o Q=3 ser mais indicado para evitar “dor de cabeça” para a empresa, o
Q=5 também tem respaldo jurídico e o próprio INSS solicitou um pedido de
uniformização, aceitando a decisão do Conselho da Justiça Federal. Com isso, os
dois principais respaldos jurídicos para o Q=5, são:

- Instrução Normativa PRES/INSS n.º 128, publicada em 28 de março de


2022.

- Pedido de Uniformização de Lei para Ruído Previdenciário, solicitado pelo


INSS para o Conselho da Justiça Federal.

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CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES SOBRE Q=3 E Q=5

Como descrito ao longo do material, existem respaldos jurídicos para ambos os


incrementos de duplicação de dose na legislação previdenciária. Quando um
profissional diz que “Q=5 está errado”, ou “Q=3 está errado”, ele está defendendo
alguma determinação jurídica ou normativa. É importante conhecer as fontes e
de onde veio cada opinião.

Utilizar o incremento de duplicação Q=3 pode ser mais seguro do ponto de vista
jurídico. O Q=5 pode ser utilizado, e existe respaldo para isso, contudo gera mais
incerteza. Em um eventual processo jurídico decorrente de trabalhadores
prejudicados por avaliações de ruído ocupacional, será necessário um esforço
maior no âmbito jurídico para defender a empresa caso as avaliações tenham
sido feitas em Q=5.

Recomenda-se utilizar um equipamento de medição de ruído que mostre ambos


os resultados em Q=3 e Q=5. Dessa forma, na avaliação de riscos, é possível
gerar uma avaliação para ruído trabalhista (insalubridade) e outra para
previdenciário (LTCAT, evento S-2240), com uma única medição.

No Sistema ESO, ao cadastrar e avaliar ruído ocupacional, sempre recomendamos


registrar duas avaliações, uma para ruído trabalhista e outra para ruído
previdenciário. Desta forma, utiliza-se o previdenciário para LTCAT/S-2240 do eSocial
e o trabalhista para insalubridade.

Apesar das argumentações apresentadas neste artigo, referentes aos


incrementos de duplicação de dose, fica a cargo do profissional decidir qual
metodologia utilizar. Estas são nossas sinceras considerações e esperamos que
os ajude a elucidar este polêmico assunto.

Acesse a NR 15 e a NHO 01 abaixo:

NR 15 — Atividades e Operações Insalubres (atualizada)

NHO 01 da Fundacentro

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MEDIÇÃO E DOSIMETRIA DO RUÍDO OCUPACIONAL

O instrumento de medição de ruído deve ser configurado conforme os Anexos da


NR 15. O Anexo 1 refere-se ao ruído contínuo ou intermitente, enquanto o Anexo
2 refere-se ao ruído de impacto.

MEDIÇÃO PARA RUÍDO DE IMPACTO

A avaliação de ruído de impacto difere da avaliação de ruído contínuo e


intermitente, sendo avaliadas separadamente.

Para ruído de impacto é necessário configurar o aparelho para operar em


circuito linear e circuito de resposta para impacto. Essas leituras devem ser feitas
o mais próximo possível do ouvido do trabalhador.

Nestas situações, LINEAR + CIRCUITO DE RESPOSTA PARA IMPACTO, o limite de


tolerância será de 130 dB (linear). Caso o medidor/dosímetro não tenha o circuito
de resposta para impacto, é possível ainda fazer a medição utilizando o circuito
de resposta FAST com CIRCUITO DE COMPENSAÇÃO “C”. Neste caso, o limite de
tolerância é de 120 dB (C). Em caso de resposta FAST, o ideal é fazer uma
medição instantânea, captando apenas o impacto.

Portanto, conforme a NR 15, a medição do ruído de impacto pode ser feita com
dois aparelhos:

1. Aparelho em circuito LINEAR + circuito de RESPOSTA PARA IMPACTO:


limite de tolerância de 130 dB (LINEAR).

2. Aparelho em circuito de resposta rápida FAST + circuito de


COMPENSAÇÃO “C”: limite de tolerância de 120 dB (C).

Quando ambas as medições ultrapassam 10 dB acima do limite, são consideradas


risco grave e iminente caso os trabalhadores não utilizem EPC ou EPI.

Vale lembrar que o intervalo entre os picos de impacto deve ser avaliado como ruído
contínuo.

A seguir, veja como é feita a dosimetria para ruído contínuo/intermitente.

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MEDIÇÃO PARA RUÍDO CONTÍNUO E INTERMITENTE

Como mencionado, a medição para ruído contínuo ou intermitente deve ser feita
em q=5 se for para justificar insalubridade e q=3 se for para constatar
aposentadoria especial (eSocial e LTCAT).

A Tabela 24 do eSocial traz o código 02.01.001 — Ruído, que deve ser utilizado
para informar os níveis de ruído previdenciário acima do nível de ação. Caso
queira consultar esta informação, confira o item 3.5 do Manual do eSocial, no
evento S-2240 — Condições Ambientais do Trabalho — Agentes Nocivos.

Para incremento q=3, o parâmetro para determinar os limites de tolerância é o


NEN — Nível de Exposição Normalizado. Para incremento de duplicação q=5,
utiliza-se a dose diária (Lavg). Confira o quadro a seguir.

CONFIGURAÇÃO NR 15 NHO 01

Circuito de compensação A A

Circuito de resposta SLOW SLOW

Critério de referência (CR ou CL) 85 dB 85 dB

Nível Limiar de Integração (NLI, TL ou TH) 80 dB 80 dB

Faixa de medição mínima 80 a 115 dB 80 a 115 dB

Incremento de duplicação de dose (FDD, IDD, ER ou Q) q=5 q=3

Lavg NEN
Parâmetro de determinação de Limite de Tolerância
(dose diária)

A configuração do aparelho de medição deve estar conforme a tabela acima. A


NR 15 não determina as configurações, mas é sugerido que seja feito como
mostrado na tabela. Alguns aparelhos já possuem as configurações adequadas
como padrão q=3 e q=5, neste caso não é necessário configurar.

Atenção para não confundir o Nível Limiar de Integração (NLI) com Nível de Ação. Na
NHO 01, considera-se o Nível de Ação no valor NEN, igual a 82 dB(A). Para NR 15,
considera-se o Nível de Ação a partir de 80 dB(A).
Ruído Contínuo/Intermitente

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AUDIOMETRIA E CONTROLE OCUPACIONAL

Após compreender o ruído ocupacional e seus métodos avaliativos, é necessário


entender como realizar o controle ocupacional por meio das avaliações de
audiometria. Por isso, é imprescindível saber sobre NR 7, em especial o Anexo II, que
trata sobre a avaliação e controle da exposição a níveis de pressão sonora elevados.

Todos os empregados envolvidos ou que venham a se envolver em atividades


realizadas em ambientes com níveis de pressão sonora acima do nível de ação,
como definidos no Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) da organização,
devem passar por exames audiométricos de referência e sequenciais. Isso
inclui aqueles que fazem uso ou não de protetores auriculares.

Os exames audiométricos abrangem as seguintes etapas:

- Anamnese clínico-ocupacional;
- Exame otológico;
- Exame audiométrico realizado conforme as normas deste Anexo;
- Outros exames audiológicos complementares solicitados a critério médico.

É essencial e obrigatório que os exames audiométricos sejam conduzidos nos


seguintes momentos:

- Na admissão do colaborador;
- Anualmente, tomando como base o exame realizado na admissão;
- Na demissão.

Para a demissão, é aceitável um exame audiométrico feito até 120 dias antes do
término do contrato de trabalho.

O intervalo entre os exames pode ser ajustado pelo médico do trabalho


responsável pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

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Confira abaixo uma imagem hipotética de uma parte do exame de audiometria,
gerada pelo Sistema ESO — Software para Medicina do Trabalho.

Os valores lançados na imagem acima são apenas hipotéticos, mas nesta hipótese o
resultado pode ser um indicativo de Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão
Sonora Elevados (PAINPSE). Há diferenças significativas em médias aritméticas das
frequências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz. Este pode ser considerado um critério para
desencadeamento de PAINPSE, ou outra perda auditiva de condição irreversível.

No Sistema ESO, é possível informar e registrar os resultados dos exames de audiometria,


possibilitando acompanhar com precisão a saúde do trabalhador. Assim, as empresas que utilizam o
software conseguem realizar a gestão de riscos juntamente com a de exames, para monitoramento da
saúde, mantendo em dia laudos e eventos de SST do eSocial.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA AUDIOMETRIA

Conforme o Anexo II da NR 7, segue um compilado das interpretações dos resultados


audiométricos. Confira aqui a NR 7 atualizada para mais detalhes.

Dentro dos Limites Aceitáveis: Resultados com limiares auditivos iguais ou


menores que 25 dB (NA) em todas as frequências testadas são considerados
aceitáveis para este Anexo.

Sugestivo de PAINPSE: Resultados indicam Perda Auditiva Induzida por Níveis


de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE) quando os audiogramas revelam limiares
acima de 25 dB (NA) nas frequências de 3.000 e/ou 4.000 e/ou 6.000 Hz. Esses
limiares devem ser mais elevados do que em outras frequências, seja no teste via
aérea ou óssea.

Critérios de Desencadeamento de PAINPSE: A evolução dos exames é


importante. Se, em exames sequenciais, os limiares auditivos continuarem até 25
dB (NA), mas mostrarem diferenças significativas em médias aritméticas das
frequências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz (maior ou igual a 10 dB) ou piora em pelo
menos uma frequência de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz (maior ou igual a 15 dB), isso
é sugestivo de desencadeamento de PAINPSE.

Critérios de Agravamento de PAINPSE: Se exames sequenciais confirmarem a


evolução, mostrando diferenças significativas em médias aritméticas das
frequências de 500, 1.000 e 2.000 Hz ou 3.000, 4.000 e 6.000 Hz (maior ou igual a
10 dB) ou piora em uma frequência isolada (maior ou igual a 15 dB), isso sugere
agravamento de PAINPSE.

Cuidados Médicos em Casos de PAINPSE: Em casos de desencadeamento ou


agravamento de PAINPSE, o médico deve definir aptidão, incluir no relatório,
participar de programas de conservação auditiva e disponibilizar cópias dos
exames.

Resultados Divergentes: Se exames audiométricos de referência mostrarem


divergências, o médico deve investigar se há múltiplas agressões ao sistema
auditivo, encaminhar para avaliação especializada, definir aptidão e participar de
programas de conservação auditiva.

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NOMENCLATURAS E DEFINIÇÕES

Dose: parâmetro utilizado para a caracterização da exposição ocupacional ao ruído,


expresso em porcentagem de energia sonora, tendo por referência o valor máximo da
energia sonora diária admitida, definida com base em parâmetros preestabelecidos
(q, CR, NLI).

Dose Diária: dose referente à jornada diária de trabalho.

Dosímetro de Ruído: medidor integrador de uso pessoal que fornece a dose da


exposição ocupacional ao ruído.

Dosimetria: medição de ruído ocupacional para encontrar o valor da dose.

Incremento de Duplicação de Dose (q): incremento em decibéis que, quando


adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a
redução para a metade do tempo máximo permitido.

Limite de Exposição (LE): parâmetro de exposição ocupacional que representa


condições sob as quais acredita-se que a maioria dos trabalhadores possa estar
exposta, repetidamente, sem sofrer efeitos adversos à sua capacidade de ouvir e
entender uma conversação normal.

Nível de Ação: valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas para
minimizar a probabilidade de que as exposições ao ruído causem prejuízos à audição
do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado.

Nível Equivalente (Neq): nível médio baseado na equivalência de energia.

Nível de Exposição (NE): nível médio representativo da exposição ocupacional diária.

Nível de Exposição Normalizado (NEN): nível de exposição, convertido para uma


jornada padrão de 8 horas diárias.

Nível Limiar de Integração (NLI): nível de ruído a partir do qual os valores devem ser
computados na integração para fins de determinação de nível médio ou da dose de
exposição.

Nível Médio (NM): nível de ruído representativo da exposição ocupacional relativo ao


período de medição, que considera os diversos valores de níveis instantâneos
ocorridos no período e os parâmetros de medição predefinidos.

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FÓRMULAS E CÁLCULOS

Cálculo do Neq:

Cálculo do NE

Cálculo da Dose Diária

Cálculo do NEN

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ANEXO

Tabela 1 da NHO 01: Tempo máximo diário de exposição permissível em função do


nível de ruído.

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ANEXO

Anexo Nº 1 da NR 15: Tempo máximo diário de exposição permissível em função do


nível de ruído.

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Este material foi revisado pelo Engenheiro de
Segurança do Trabalho Thiago Machado!

https://bit.ly/cursos_Thiago_Machado

FONTES

Normas de Higiene Ocupacional - NHOs, (NHO 01) Disponível em:


<https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/centrais-de-conteudo/biblioteca/nhos>.

Norma Regulamentadora No. 9 (NR-9). Disponível em:


<https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgao
s-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentador
as-vigentes/norma-regulamentadora-no-9-nr-9>.

Norma Regulamentadora No. 15 (NR-15). Disponível em:


<https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgao
s-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentador
as-vigentes/norma-regulamentadora-no-15-nr-15>.

Ruído na Legislação Trabalhista e Previdenciária (eSocial). Disponível em:


<https://sistemaeso.com.br/blog/seguranca-no-trabalho/ruido-na-legislacao-trabalhista-e-previdenciaria-p
ara-o-esocial>. Acesso em: 29 ago. 2023.

Q=3 ou Q=5 para Ruído no eSocial? Saiba definitivamente qual metodologia utilizar. Disponível em:
<https://sistemaeso.com.br/blog/esocial/q3-ou-q5-para-ruido-no-ltcat-e-esocial-saiba-qual-metodologia-uti
lizar>. Acesso em: 29 ago. 2023.

DECRETO No 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 29 ago. 2023.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 77, DE 21 DE JANEIRO DE 2015 - DOU - Imprensa Nacional. Disponível em:
<https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-n-77-de-21-de-janeiro-de-2015-32120750>.

INSTRUÇÃO NORMATIVA PRES/INSS No 128, DE 28 DE MARÇO DE 2022 - DOU - Imprensa Nacional.


Disponível em:
<https://www.gov.br/inss/pt-br/centrais-de-conteudo/legislacao/normas-interativas-2/normas-interativas>.

Hearing loss induced by high levels of sound pressure in a dentist: A case report - Revista de Saúde. 2017
Jul./Dez.; 08 (2): 07-10. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Audiometria-tonal-do-paciente-demonstrando-perda-auditiv
a-bilateral-nas_fig1_323375993>.

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