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O estudo do ruído - MÓDULO I


A exposição ao ruído no trabalho tem gerado grande parte dos problemas dos profissionais das áreas de
saúde e administração. Decisões são tomadas a todo momento, e que podem comprometer a vida
pessoal dos indivíduos envolvidos, e o futuro das instituições. Não parece haver o desejado consenso
entre as partes. Desconforto e insegurança surgem fortes num contexto perverso, onde o mais fraco
acaba por assumir o ônus do prejuízo, que pode se apresentar de várias formas.
O médico do trabalho, no seu cotidiano, freqüentemente é obrigado a decidir, como um juiz poderoso,
qual a conduta a tomar frente a um trabalhador que se apresenta com alguma perda auditiva. Muitas
vezes este trabalhador é altamente especializado, há muito tempo capacitado em uma profissão, e que
obrigatoriamente deverá exercer em ambiente ruidoso. Será seguro permitir que o faça? Será justo
impedir que o faça? Onde fincar a bandeira que demarcará o limite entre a saúde e a doença, entre a
capacidade e a incapacidade?
Usando uma de duas palavras o médico decidirá: apto, ou inapto. Assim se definirá o futuro de um
homem, como se a saúde e a doença fossem valores absolutos, sem qualquer gradação entre as duas.
De forma tal que, decidiremos entre Céu e Inferno, e para um deles levaremos todos os envolvidos nesta
relação de responsabilidades.
É natural que se queira fundamentar adequadamente qualquer decisão de tamanha importância. É
natural buscar o conhecimento e experiência de todos os profissionais afetos a esta área. Médicos do
trabalho, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, peritos, juízes, técnicos e engenheiros de segurança do
trabalho, cada qual com sua visão peculiar sobre o assunto .
Muitos enfrentam os mesmos dilemas que nos propusemos a discutir, mas o fazem de forma solitária,
ainda que destemida, correndo certo perigo pela possibilidade de desconhecerem as sutilezas de cada
implicação. Não há a pretensão de esgotar as discussões sobre o assunto, nem de apresentar verdades
definitivas posto que, aprendemos que as verdades médicas são transitórias. Há, sim, a intenção de
mostrar que, à luz dos conhecimentos atuais, com bom senso e fundamentados na ciência e no
humanismo, é possível tomar decisões com relativa tranqüilidade. Com esta consciência, poderemos
talvez evitar que se encerrem prematuramente vidas produtivas, e impedir a ruína de pessoas e seus
lares .

O ruído no meio ambiente

O ruído, suas características, e como ele nos atinge.


De acordo com o conceito o qual não é possível discordar, a sociedade moderna tem multiplicado as
fontes de ruído e aumentado o seu nível de pressão sonora. O ruído é uma das formas de poluição mais
freqüentes no meio industrial. No Brasil, a surdez é a uma grande causa de doença profissional,
sendo que o ruído afeta o homem, simultaneamente, nos planos físico, psicológico e social. Pode, com
efeito:
Lesar os órgãos auditivos;
Perturbar a comunicação;
Provocar irritação;
Ser fonte de fadiga;
Diminuir o rendimento do trabalho.
O risco da lesão auditiva aumenta com o nível de pressão sonora e com a duração da exposição, mas
depende também das características do ruído, sem falarmos da suscetibilidade individual.
Mas para entendermos com o ruído afeta o ser humano é necessário que compreendamos alguns
conceitos básicos, os quais são fornecidos a seguir
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CONCEITOS

Som
É qualquer oscilação de pressão (no ar, água ou outro meio) que o ouvido humano possa detectar. Quando o
som não é desejado, é molesto e incômodo, pode ser chamado de barulho.
Ruído
É um fenômeno físico que, no caso da Acústica, indica uma mistura de sons, cujas freqüências não
seguem uma regra precisa .
Freqüência
É o número de vezes que a oscilação (de pressão) é repetida, na unidade de tempo. Normalmente, é
medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). Por exemplo:
Faixa Audível
O alcance da audição humana se estende de aproximadamente 20 Hz a 20.000 Hz.
Alta freqüência: são os sons agudos
Baixa Freqüência: são os sons graves
Comprimento de Onda
Conhecendo a velocidade e a freqüência do som, podemos encontrar o seu comprimento de onda, isto é,
a distância física no ar entre um pico de onda até o próximo, pois: comprimento de onda = velocidade /
freqüência.
Para 20 Hz, o comprimento de onda é de 20 metros.
Decibel (dB)
O som mais fraco que o ouvido humano saudável pode detectar é de 20 milionésimos de um pascal (ou
20 Pa....20 micro pascals). Surpreendentemente, o ouvido humano pode suportar pressões acima de
um milhão de vezes mais alta. Assim, se nós tivéssemos que medir o som em Pa, chegaríamos a
números bastante grandes e de difícil manejo. Para evitar isto, outra escala foi criada – a escala decibel
(dB).
A escala decibel usa o limiar da audição de 20 Pa como o seu ponto de partida ou pressão de referência
Isto é definido para ser 0 dB. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pascal, adiciona-se
20 dB ao nível em dB.
Desta forma, a escala dB comprime os milhões de unidades de uma escala em apenas 120 dB de outra
escala.

Nível de Pressão Sonora


Mede a intensidade do som, cuja unidade é o decibel (dB).

Medidor de nível de pressão sonora

Amplitude
É o valor máximo atingido pela grandeza que está sendo analisada, que pode ser: deslocamento,
velocidade, aceleração ou pressão. No caso de vibrações, as 3 primeiras grandezas são utilizadas,
enquanto que para as vibrações sonoras, a última.
Dose de Ruído
A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente, para o qual o tempo de medição é fixado em 8
horas. A única diferença entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em
percentagem da exposição diária tolerada.
Ruído Equivalente
Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com o tempo e o
potencial de dano à audição depende não só do seu nível, mas também da sua duração. Para o nível de
ruído continuo, torna-se fácil, avaliar o efeito, mas se ele varia com o tempo, deve-se realizar uma
dosimetria , de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e tempo, possam ser analisados e
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calculado o nível de ruído equivalente (Leq), que representa um nível de ruído contínuo em dB(A), que
possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível de ruído variável amostrado.
A necessidade de se usar um dosímetro de ruído, deve-se à dificuldade de se realizar os cálculos de
forma manual.
Tipos de Ruído
O ruído contínuo é o que permanece estável com variações máximas de 3 a 5 dB(A) durante um longo
período.
O ruído intermitente é um ruído com variações, maiores ou menores de intensidade..
O ruído de impacto apresenta picos com duração menor de 1 segundo, a intervalos superiores a 1
segundo.
Limite de Tolerância
Para fins de NR-15, é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição do agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida
laboral.
Obs.: Os LT’s da NR-15 são para ATÉ 48 horas / semanais
Para ruído intermitente / contínuo, há risco grave e iminente para exposições, sem proteção, a 115 dB(A).
Para ruído de impacto, há risco grave e iminente, para exposições iguais ou superiores a 140 dB(Linear)
ou 130 dB(Fast).

Tabela 1: Limites de tolerância


Limite de Tolerância
Tipos de Ruído
(NR-15)
Ruído Contínuo / Intermitente 85 dB(A) para 8 horas de exposição
LT = 130 dB(linear) / dB, ccto linear e resposta de impacto.
Ruído de Impacto OU
LT = 120 dB(C) (fast) / dB, ccto FAST, compensação “C”.

O QUE É IMPORTANTE SABER


Qual a origem do ruído ?
O ruído, na sociedade moderna, provém de diversas fontes, e as mais freqüentes são:
Mecânica
Choques
Vibrações
Aerodinâmica
Ressonâncias (dutos)
Turbulências (curvas, cotovelos, etc.)
Hidrodinâmica
Cavitação
Turbulências
Eletromagnética
Explosões
E para que se tenha uma referência, a seguir é apresentado um quadro com exemplos de níveis de ruído
e suas fontes.

Tabela 2: Exemplos de NPS


NPS
Fonte de Ruído
dB(A)
Lesão Permanente 150
Avião a jato 140
Rebitadeira Automática 130
Trovão 120
Metrô 90
Tráfego 80
Conversação Normal 60 a 70
Quarto à noite 25 a 35

Porque medir o ruído?


Quando se pretende realizar o controle de uma fonte de ruído, atender a legislação, ou mesmo, prever o
nível de ruído de uma fábrica, ainda na fase de projeto, o ponto chave é a realização de medições. Da
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sua qualidade, vai refletir o futuro de uma empresa e/ou pessoas, pois os resultados vão influenciar
objetivos, planejamento, investimento, proteção.
O ruído apresenta grandes variações e há um grande número de técnicas para medi-lo. O nível de
pressão sonora obtido por decibelímetro não fornece informações suficientes para se poder avaliar o
perigo de uma fonte de ruído ou para servir de base para um Programa de Conservação da Audição.
E conhecer o que você tem que gerenciar é o melhor caminho para se obter sucesso. No caso do ruído,
verifica-se a importância de obter as suas características, tais como: intensidade, freqüências principais,
tipo, duração, etc., para que possa ser analisado e controlado, se necessário.
Os benefícios oriundos desta atividade são muitos, dentre eles destacam-se:
Melhorar a acústica de salas e galpões;
Saber se ele é prejudicial à saúde ou não e de que forma ele atua. Além de subsidiar pareceres para a
Justiça Trabalhista, MPAs, Justiça Cível, etc.
Possibilitar a escolha correta de medidas de prevenção e correção, tais como: correta escolha do protetor
auricular, análise do nexo-causal em audiometrias, isolamento acústico de fontes de ruído ou do
funcionário (cabines), etc.
Fornecer subsídios ao planejamento decorrente da implantação do Programa de Conservação da
Audição. Favorecer o diagnóstico e fornecer uma base de dados consistente para apoiar as ações de
redução do ruído sobre máquinas e equipamentos.
Assegurar que o nível de pressão sonora não incomoda a vizinhança.

Quais são os objetivos da medição?


Deve ser prática do dia-a-dia, antes de realizarmos qualquer trabalho, fazermos um planejamento, e
neste planejamento respondermos a uma pergunta crucial: - Para onde queremos ir? O que estamos
buscando? Assim, nesse sentido, abaixo seguem questionamentos importantes, cujas respostas devem
ser buscadas, para que os objetivos do trabalho sejam definidos e o investimento seja bem aplicado.
Quais os objetivos da Empresa / Diretoria ? Para onde ir?
O que a Legislação solicita ?
Atender a Lei por afinidade ou não?
Quais são os nossos objetivos profissionais?
Quais questões devem ser respondidas pelo Monitoramento do Ruído ?
Quais decisões dependem destes resultados?
Há sobre-exposição?
Haverá ações de controle em seguida ?
O controle é uma pequena modificação ou depende de grandes investimentos?
O ambiente de trabalho é aceitável ou não ?
Os resultados serão utilizados por Sindicatos e/ou MTb?
Etc.
O que fazer quando os níveis de ruído são muito altos?
Quando as medições comprovarem que os níveis de pressão sonora são muito altos, devem ser tomadas
providências a fim de reduzi-los. Embora os detalhes de um Programa de Redução de Ruído possam ser
um tanto complexos, há algumas linhas gerais para se encaminhar as soluções.

Redução de ruído na fonte, através de tratamento acústico das superfícies da máquina ou substituição
de parte da máquina ou toda a máquina, de forma a se reduzir a geração de som.
Reduzindo a transmissão do som, através de isolamento da fonte sonora ou através de tratamento do
ambiente, através da inclusão de superfícies absorvedoras, no teto, paredes e piso.
Fornecer Protetor Auricular para as pessoas expostas. Esta medida é a última a ser considerada
como solução definitiva e somente deve ser usada na fase de implantação das soluções de engenharia.
A prioridade deve ser sempre direcionada para eliminar / reduzir o nível de ruído da fonte geradora.
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Excluir as fontes mais ruidosas, através da compra de novos equipamentos, remoção para outras
áreas isoladas, ou se nada for possível, deve-se ainda reduzir a exposição do pessoal que trabalha no
local.
NIC – Nível de Interferência na Comunicação Verbal
Uma das conseqüências do excesso de ruído nos ambientes industriais é o aumento de acidentes devido
à inteligibilidade na comunicação verbal entre os trabalhadores. Por exemplo: uma pessoa alertando a
outra ou avisando-a de um perigo, poderá não ser ouvida.
O NIC pode ser determinado de forma simples para quantificar a inteligibilidade na comunicação verbal,
sendo calculado através da média aritmética nos níveis de pressão sonoras bandas de oitava centradas
em 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. As principais variáveis consideradas para a inteligibilidade são o nível
geral das vozes e a distância entre o emissor e o receptor. A seguir são apresentados alguns exemplos:
Tabela 3: Nível da voz em função do nível de pressão sonora

Tipo de Fala
Distância
Normal Alto Muito Alto Grito
(m)
0,30 65 71 77 83
0,60 59 65 71 77
0,90 55 61 67 73
1,20 53 59 65 71
1,50 51 57 63 69
3,60 43 49 55 61

Classificação de Ruído
 Impacto
 Contínuo
 Intermitente

Alguns tipos de Ruído que


Causam Danos a Audição
 Discotecas
 Trânsitos Intensos
 Motores
 Britadores
 Turbinas de Aviões
Efeitos da Exposição ao Ruído

O barulho causa efeitos sobre o organismo do ser humano, que vão desde uma simples sensação
agradável até alterações ou efeitos diretos e indiretos permanentes.

Os Efeitos são os Seguintes:

A. Surdez Temporária:
Ocorre após a exposição a barulho intenso e por um curto período de tempo, recuperando ao afastado
lugar ruidoso.

B. Trauma Acústico:
Perda auditiva repentina ocorre pela perfuração do tímpano e geralmente após a exposição de
barulho de impacto de grande intensidade.

C. Surdez Permanente:
É devido a exposição repetida a um barulho excessivo, pela destruição efetiva das células capilares.

Exemplos de Níveis de Ruído


na Escala em Decibeis:
140 ................... Avião à Jato
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130 ................... Furadeira de pedra pneumática


100 ................... Trem aéreo elevado
95 ................... Fábrica barulhenta
90 ................... Compressor de impressão
60 ................... Média de conversação em restaurante
40 ................... Pássaros cantando
20 ................... Farfalhar de folhas
Controle de Ruído
 Lubrificação periódica de engrenagem das máquinas.
 Isolamento acústico da máquina.
 Barreira contra som.
 Utilização de silenciosos
 Modificação ou substituição do processo.
 Controle periódico do nível do ruído.
 Informações.

Anatomia do Ouvido

Canais semi-circulares
Martelo
Bigorna Estribo

Nervo
auditivo

Orelha
Cóclea

Trompa de
Eustáquio
Canal Auditivo

Tímpano
Ouvido externo Ouvido interno
Ouvido médio

Fisiologia do Aparelho Auditivo:


O aparelho auditivo é um importante e delicado sistema através do qual podemos perceber e sentir as
vibrações e ondas sonoras do ambiente.
Basicamente serve para transformar estas vibrações em impulsos nervosos que chegam até o cérebro
onde são interpretados e entendidos.
O Aparelho Auditivo está dividido em três Partes:
 Ouvido Externo
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 Ouvido Médio
 Ouvido Interno
Ouvido Externo
Formado pela orelha, canal auditivo e tímpano. Ele coleta as ondas sonoras, canalizado-as até o
tímpano. Quando a onda sonora bate no tímpano, ele vibra de um lado para o outro e passa este
movimento para o ouvido médio.

Ouvido Médio
Composto de três delicados ossos chamados martelo, bigorna e estribo. A vibração do tímpano faz com
que eles batam uns contra os outros, conduzido estas vibrações para o ouvido interno.

Ouvido Interno
Constituído pela cóclea que é o órgão sensor, pequenas estruturas parecidas com cabelos sobre uma
membrana que segue o comprimento total da cóclea.
As células capilares da cóclea determinam o tom do som, parecida ao teclado de um piano.
As células responsáveis pelo tom baixo (grave) estão de um lado e as pelo som alto (agudo), estão do
outro lado.
A cóclea recebe as vibrações dos ossículos e as células capilares enviam estas através de impulsos
nervosos através do nervo auditivo para o cérebro, transformando-os em sensação auditiva, ou seja,
permitido sentirmos o som.
Tipos de Perda de Audição
1. Perda Neuro-Sensorial
 Causada pelo barulho excessivo ou infecção crônica ou cicatriz no tecido de infecções ou
doenças.
 Resulta de danos nas células capilares da cóclea ou danos no nervo sensitivo.

2. Perda Condutiva
 Bloqueio do canal do ouvido devido ao excesso de cera, não conseguindo passar o som.

3. Perda de Audição devido a Mistura de Causas


 Combinação de neuro-sensorial e perda por barulho excessivo.
 Doenças, bloqueio e medição que tenham sido tomadas por outros problemas médicos causando
uma perda misturada.

4. Presbycusis
 Processo natural de envelhecimento.
 Ocorre gradualmente e pode não ser notado, até que as condições se tornem avançadas.

Sinais de Perda Auditiva


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 Zumbidos ou sons estranhos.


 Incapacidade de ouvir sons baixos.
 Dificuldade em ouvir e entender uma conversa ou falar ao telefone.
 Os sons são ouvidos de forma abafada.

Avaliação de Exposição ao Ruído


Existem dois dispositivos de avaliação:

1. Medidor de Nível de Som


 Fornece resultado imediato.
 Permanece no local avaliado.

2. Dosímetro
 Usado pelo funcionário em sua camisa, que avaliará continuamente os níveis de ruído
encontrados .
Limite de Exposição ao Ruído
permitido, conforme NR 15
Nível de Ruído (dB) Exposição Permitida
85 08:00 horas
86 07:00 horas
87 06:00 horas
88 05:00 horas
90 04:00 horas
100 01:00 hora
105 00:30 minutos
110 00:10 minutos

Por quê Usar Proteção Auditiva?


O grande problema do ruído é que os seus efeitos não são imediatos, ou seja, a perda de audição ocorre
aos poucos e vai aumentado com o passar do tempo. A essa altura, não existe cura ou tratamento pois a
situação é irreversível.
Como e quando usar Proteção Auditiva
 Dependendo do tipo do ruído e das condições de trabalho;
 O mais confortável pelo maior tempo de uso;
 Boa vedação;
 Ser prático e simples de usar

Como Identificar um Bom


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Protetor Auditivo
Selagem: O protetor deve ter boa vedação tampando bem o ouvido.
Eficiência: Deve ter bom nível de atenuação diminuíndo bem o ruído.
Conforto: Seja leve e não incomode.
Fácil Utilização: Prático e simples de usar.
Compatível com Outros EPI’s: Permitindo o uso de outros equipamentos como capacete, óculos,
máscara de soldar, respirador.
Manuseio e Higienização
 Manusear sempre com as mãos limpas, principalmente os plug’s.
 Os tipos plug’s, para facilitar a colocação, deve puxar a orelha para cima e para o lado e introduzir
no ouvido.
 O tipos plug’s espuma deve-se rolar entre os dedos até obter o menor diâmetro e manter na
posição acima até que ele tenha se expandido.
 Os protetores concha e plug de borracha devem ser lavados com água e sabão e guardados em
embalagem e armário fechado par conservação.
 Os plug’s de espuma devem ser descartados quando estiverem sujos.

Você viu como funciona o sistema auditivo do ser humano e como o som pode ser medido para

garantir que você não esteja exposto a barulho excessivo no trabalho e fora dele. Você também

ganhou algum conhecimento da maioria dos tipos de perda auditiva e suas causas.

Agora que você tem uma idéia de como barulho pode afetá-lo, você pode ver porque é necessário

proteger sua audição e por que audiogramas são importantes.

Além do mais, todos nós queremos continuar ouvindo os bons sons de nossas vidas por um longo,

longo tempo!
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C.A.T. e inaptidão: onde está o benefício ?

O significado da CAT, suas conseqüências para trabalhador e entidades.


O presente capítulo procurará apresentar de forma clara as finalidades da Comunicação de Acidente de
Trabalho (C.A.T.), tipos de benefício existentes no sistema previdenciário, e as responsabilidades de
cada parte envolvida com o documento, de acordo com suas atribuições precípuas, por força de
instrumentos bastantes para defini-las. Por tópicos, serão apresentados:
FINALIDADES DA CAT
TIPOS DE BENEFÍCIO
RESPONSABILIDADES

FINALIDADES DA CAT
C.A.T. – Comunicação de Acidente de Trabalho: A empresa deverá comunicar todos os casos com
diagnóstico firmado de PERDA AUDITIVA SENSÓRIO NEURAL por exposição continuada a níveis
elevados de pressão sonora ocupacional, à Previdência Social através de formulário próprio denominado
CAT, com o devido preenchimento. Consta o mesmo de uma parte denominada ATESTADO MÉDICO
onde as informações devem ser prestadas pelo Medico do Trabalho da empresa ou pelo médico
assistente (do serviço de saúde pública ou privado), que conheça o local de trabalho e a atividade do
empregado, para fundamentar o nexo causal, bem como o exame audiométrico e o exame clínico,
sugerindo se há necessidade ou não de afastamento laboral.
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la, o próprio acidentado, seus
dependentes, entidade sindical competente, o médico que assiste ou qualquer entidade pública.
A CAT deverá ser encaminhada ao INSS:
Até o 1º dia útil após a data do início da incapacidade;
Até o 1º dia útil, após a data em que foi firmado o diagnóstico
O formulário “CAT” é emitido em 6 (seis) vias, com a seguinte destinação:
INSS
SUS/CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
DRT – MTb
EMPRESA
SINDICATO DE CLASSE
SEGURADO OU DEPENDENTE

Recebendo a CAT corretamente preenchida, o Setor de Benefícios do INSS registrará o caso e fará a
caracterização do nexo administrativo, sem prejuízo da conclusão posterior pela Perícia Médica.
A sugestão do tempo de afastamento deverá ser descrita no Atestado Médico, que de modo algum,
vinculará a decisão pericial quanto ao período de afastamento.
O nexo técnico só será estabelecido caso a previsão de afastamento maior que 15 (quinze) dias se
confirme.
Caso haja recomendação de afastamento do trabalho por um período superior a 15 (quinze) dias, o setor
de benefícios do INSS encaminhará o segurado ao setor de Perícias Médicas para realização do Exame
Pericial.
Figura 5 – Formulário “CAT”

TIPOS DE BENEFÍCIOS

ESPÉCIE 90 (E 90)
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Sendo confirmado o diagnóstico de Perda Auditiva Sensorioneural por exposição continuada a níveis
elevados de Pressão Sonora Ocupacional, deve ser emitida a CAT, cuja notificação tem por finalidade o
registro e a vigilância, não necessariamente para afastamento das funções laborativas.

ESPÉCIE 99 (E 99)
Registro da CAT com afastamento do trabalho inferior a 16 (dezesseis) dias.
ESPÉCIE 91 (E 91)
Benefício em auxílio doença acidentário (afastamento superior a 16 dias). Conduta Pericial: O perito do
INSS deve desempenhar suas atividades com ética, competência, boa técnica e respeito aos dispositivos
legais e administrativos, devendo conceder o que for de direito e negar toda pretensão injusta e/ou
descabida. São três as etapas de sua avaliação:

Identificação e caracterização do quadro clínico do segurado: A análise da CAT é o elemento que trará
para o médico perito, informações oriundas do médico do trabalho a respeito das condições clínicas do
examinado, bem como motivos pelo qual o médico do trabalho, ou outro, diagnostica perda auditiva
sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora ocupacional e a
necessidade de afastamento do trabalho. A CAT deve conter elementos que não deixem dúvidas quanto
ao diagnóstico. Poderão/deverão ser solicitadas, ao médico responsável da empresa ou ao médico
assistente, informações adicionais tais como:

Exposição a nível de pressão sonora elevado (atual e pregressa);


Exposição a substâncias químicas;
Exposição a vibrações;
Informações de exames pré-admissionais /periódicos/demissionais;
Uso de EPI, existência de proteção coletiva e do PCA - Programa de Conservação Auditiva;
Descrição detalhada da função exercida;
Exame audiológico: otológico/clínico e audiométrico

Avaliação da incapacidade – Exame Médico Pericial: O papel do perito, ao analisar um caso de perda
auditiva sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de Pressão Sonora Ocupacional é o
de verificar se há ou não incapacidade laborativa. A avaliação clínica, no seu estágio atual, permite ao
perito entender a sintomatologia e sua repercussão frente à atividade laboral habitual. O registro claro e
conciso de todos os sinais e sintomas permite, na sua quase totalidade, decidir sobre a capacidade
laboral.
Correlacionamento ao trabalho: De posse destas informações, o perito tem condições, na grande maioria
dos casos, de analisar as condições laborativas e decidir sobre a caracterização do Nexo Técnico (nexo
de causa e efeito entre a doença e o trabalho). Nas ocasiões em que persistirem dúvidas, existe a
necessidade de realização de vistoria/diligência no local de trabalho de examinado, pelo perito, para
completar as análises.

ESPÉCIE 94 (E 94)
Benefício com auxílio-acidente. A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a
concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento do nexo de causa entre o trabalho e a
doença, resultar comprovadamente na redução ou perda da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia (Artigo 104, parágrafo 5° do Regulamento da Previdência Social). OBS: Da
habilitação e da Reabilitação Profissional: Deverão ser habilitados e/ou reabilitados, o beneficiário
incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho.

ESPÉCIE 92 (E 92)
Aposentadoria por invalidez. Conceito de invalidez: A invalidez pode ser conceituada como a
incapacidade laborativa total, permanente e multiprofissional (abrange diversas atividades profissionais),
insusceptível de recuperação ou reabilitação profissional, que corresponde à incapacidade geral de
ganho, em conseqüência do acidente.
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RESPONSABILIDADES

EMPRESA:
A responsabilidade da empresa é determinada através de médico do trabalho responsável pelo PCMSO
– Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (Portaria 24, de Dezembro de 1.994, do MTb), quanto
ao aspecto preventivo e particularidades que envolvem a presente patologia; requerendo pronta
intervenção com a identificação do risco, às primeiras alterações audiométricas e sintomatológicas.
Ações:

Identificar áreas de risco na empresa, detectando as tarefas pertinentes a cada função, com estudo das
ferramentas e ciclos de trabalho, tomando pr base o Código Brasileiro de Ocupações (CBO), e informar
os responsáveis, lembrando do perfil epidemiológico da doença e sobretudo no disposto na NR-7
(PCMSO), NR-9 (PPRA) e NR-15;
Medidas preventivas nos postos de trabalho para minimizar/neutralizar os riscos, através de proteção
coletiva e/ou individual;
Monitoramento audiométrico de todos obreiros expostos ao risco (ruído) e, sendo confirmado diagnóstico
de Perda Auditiva sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de Pressão Sonora
Ocupacional, deverá ser emitida a CAT, bem como efetivar a reavaliação dos mesmos através do PCA.
Caso o PCA não exista, deverá ser implantado;
Manter atualizados os dados referentes às condições de saúde do empregado, em específico, a
audiometria.

Delegacia Regional do Trabalho DRT (DOU)


Considerando a Perda Auditiva sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de pressão
sonora ocupacional com resultado do desajuste no sistema homem/trabalho, a atuação efetiva das DRT,
identificando, propondo soluções e aplicando penalizações, tem importância fundamental na abordagem
preventiva e interinstitucional da questão. Ações:
Coordenar a execução das atividades relacionadas com a segurança, higiene e Medicina do Trabalho e
prevenção de acidentes nas áreas urbanas e rurais, em âmbito estadual;
Proporcionar as condições necessárias para os trabalhos de pesquisas regionais, na área de segurança
e saúde do trabalho, nas empresas que mais contribuem com os índices de acidente de trabalho;
Designar engenheiro ou médico do trabalho mediante solicitação ao serviço de Relações do trabalho para
participar das negociações;
Programar as atividades de inspeção de segurança e saúde do trabalho;
Propor intercâmbio com os órgãos do poder público, entidades privadas, em níveis estadual e municipal,
objetivando a elaboração dos programas de segurança e saúde do trabalho;
Promover métodos capazes de integrar as ações de inspeção de segurança e saúde do trabalho no
âmbito estadual;
Permutar informações, com entidades afins – públicas e/ou privadas, sobre métodos, técnicas e
processos utilizados em matéria de higiene, segurança e saúde do trabalho;
Fornecer dados para a elaboração de normas urbanas e rurais, sobre higiene, segurança e medicina do
trabalho;
Inspecionar o cumprimento das normas regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho;
Orientar e supervisionar a alimentação do trabalhador, bem como levantar as condições de alimentação
nos estabelecimentos;
Realizar o cadastramento das empresas inspecionadas, com anotações das notificações, infrações e
perícias, bem como elaborar quadros estatísticos;
Acompanhar as atividades de inspeção de segurança e saúde do trabalho;
Analisar e registrar a documentação referente às normas relativas à higiene, segurança e saúde do
trabalho;
Colaborar nas Campanhas de Prevenção de Acidente de Trabalho;
Propor medidas corretivas para as distorções identificadas na execução dos programas de ações;
Propor adequação aos procedimentos administrativos, segundo critérios de funcionabilidade,
simplificação e produtividade;
Cadastrar CIPA, SESMT, Caldeiras e cursos de treinamento referentes à higiene, segurança e saúde do
trabalhador.

TRABALHADOR
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Considerando o trabalhador como o centro de atenção em matéria da relação indivíduo-trabalho e


principal interessado na manutenção da sua saúde, este deverá:
Procurar imediata atenção médica ao sentir algum sintoma suspeito;
Cumprir o tratamento clínico prescrito e atender com presteza às solicitações do médico assistente;
Sabendo do risco inerente à sua atividade, evitar outras exposições concomitantes e horas extras,
obedecendo às determinações emanadas de acordos coletivos e/ou dissídios, quanto ao seu limite de
horário de trabalho, e observar as normas de segurança da empresa, acatando as medidas de proteção
individual e coletiva;
Descrever com detalhes e precisão suas atividades na empresa e fora dela;
Acatar todas as determinações do INSS, para fins de benefícios.
Conscientizar-se que a manutenção e recuperação de sua saúde dependem de sua efetiva colaboração
em todos os níveis de atenção da saúde do trabalhador.

INSS
Estabelecer critérios uniformes para reconhecimento de patologias ocupacionais e avaliação das
incapacidades laborativas;
Agilizar as medidas necessárias para recuperação e/ou reabilitação profissional, evitando a evolução das
lesões, com ônus desnecessário ao sistema previdenciário e seus segurados;
Reconhecer que um dos principais fatores contributivos para o aparecimento dessas lesões pode ser a
inadequação do sistema e dos métodos de trabalho, decorrente do descumprimento das determinações
contidas nas NR: 1,6,7,9, e 15; deve fazer gestões para evitar tal situação;
Desmistificar a Perda Auditiva sensorioneural por exposição continuada a Níveis Elevados de Pressão
Sonora Ocupacional, e orientar o segurado e a empresa quanto às suas responsabilidades decorrentes
de benefícios indevidos, motivados por fatores extra-doença incapacitante;
Evitar o ônus decorrente de diagnósticos imprecisos e mal conduzidos que levam à extensão do benefício
acidentário para patologias que fogem à natureza desta questão;
Estabelecer gestões para corrigir distorções existentes no fluxo dos encaminhamentos de segurados para
o sistema;
Realizar as ações regressivas pertinentes;
Fiscalizar o cumprimento das medidas preventivas recomendadas.

SINDICATO DA CATEGORIA (CONSTITUIÇÃO FEDERAL – CLT)


É importante a presença atuante da representação sindical, em defesa de seus associados, no
aprimoramento das relações capital / trabalho, priorizando o bem estar e a integridade do seu elemento
mais nobre, o ser humano, por meio de melhoria nas condições de trabalho:
Defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas;
Assegurar a participação dos trabalhadores e empregados nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS (LEI 8.080/90)


Considerando a natureza e a importância dos aspectos de vigilância/controle quanto à saúde no trabalho,
o pronto atendimento nos casos acometidos pela doença e a busca precoce do restabelecimento das
condições de saúde do trabalhador, à Direção Nacional do SUS compete:
Participar na formulação e na implantação de políticas:
De controle das agressões do meio ambiente;
De saneamento básico;
Relativas às condições e ambiente do trabalho.
Definir e coordenar os sistemas:
De vigilância epidemiológica;
De vigilância à saúde do trabalhador.
Participar das definições das normas e mecanismos de controle, com órgãos afins, de agravo sobre o
meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
Participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de
trabalho e coordenar a política de saúde do trabalho;
Coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;
Promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como
com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
14

Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados do Distrito Federal e aos municípios para
aperfeiçoamento de sua atuação institucional;
Promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os municípios, de serviços e ações de
saúde, respectivamente de abrangência estadual e municipal;
Acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais
e municipais;
Elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os
Estados, Municípios e Distrito Federal.
15

Programa de Conservação Auditiva (P.C.A.)


Kátia Novicki Kaam - - Fonoaudióloga
Maria Goretti – Fonoaudióloga
O que é um Programa de Conservação Auditiva, sua importância, e qual a responsabilidade de
profissionais com ele envolvidos.
O Programa de Conservação Auditiva é um conjunto de medidas que tem objetivos impedir que
determinadas condições de trabalho provoquem deterioração dos limiares auditivos. Deve ser
desenvolvido dentro da empresa por profissionais que estejam capacitados e envolvidos com a
prevenção e a redução dos acidentes de trabalho.
Este programa envolve a atuação de uma equipe multidisciplinar , onde se faz necessário o envolvimento
das áreas: de saúde (médico e fonoaudiólogo), de segurança (engenheiro e técnico), de gerência
industrial, de recursos humanos das empresas.
O papel do Fonoaudiólogo neste processo é realizar a avaliação audiológica, fornecer orientações
básicas individuais quanto aos cuidados da audição normal e alterada, monitorar os resultados
audiométricos e trabalhar conjuntamente com outros especialistas na elaboração e na manutenção do
P.C.A..
A equipe multidisciplinar deverá identificar e avaliar os locais de riscos através do mapeamento do ruído,
da vibração, dos agentes químicos e de outros. Observar a interação destes vários agentes no mesmo
local de trabalho.
A partir do momento em que os agentes de risco forem avaliados e identificados, os profissionais deverão
realizar um estudo de medidas para o controle dos mesmos e propiciar proteção coletiva ou individual,
oferecendo acompanhamento e treinamento da utilização dos equipamentos de segurança.
Deve-se efetuar uma avaliação audiológica básica, periodicamente, em todos os funcionários expostos
aos riscos levantados, por profissionais legalmente habilitados (fonoaudiólogo ou médico). Essa
avaliação deverá ser realizada em cabines acústicas cujos níveis de pressão sonora não ultrapassem os
valores máximos permitidos, com audiômetros calibrados de acordo com a determinação legal vigente e
com repouso auditivo de no mínimo 14 horas. O monitoramento auditivo tem por objetivo identificar as
alterações audiométricas ocupacionais das não ocupacionais, classificar os resultados dos exames e
adotar um critério de análise evolutiva.
Entende-se por avaliação audiológica básica: anamnese clínica, histórico ocupacional, otoscopia,
audiometria tonal (via aérea e via óssea) e vocal (logoaudiometria).
Após todos os levantamentos dos dados, deverão iniciar as atividades educativas que forneçam
informações sobre o funcionamento da audição e as suas patologias, visando dar ênfase para as perdas
auditivas induzidas pelo ruído ocupacional (P.A.I.R.O.) e a importância do uso dos equipamentos de
seguranças (E.P.I.) para todos os trabalhadores que estão expostos a ruídos intensos. Estas
informações poderão ser feitas por meio de publicações (folhetos, revistas, etc.) e palestras, sempre com
uma linguagem simples e objetiva, visando propiciar uma melhor conscientização e educação do
trabalhador.
Os profissionais envolvidos deverão avaliar a eficácia do programa desenvolvido através dos resultados
obtidos e da opinião dos trabalhadores.
É importante ressaltar a grande responsabilidade dos profissionais que trabalham com saúde e
segurança do trabalho na implantação de medidas que diminuam as perdas auditivas e que auxiliem as
empresas a alcançarem esses objetivos, implantando a Cultura da Prevenção.

A empresa, as instituições e a sociedade: o papel de cada um.


Uma síntese da relação entre todos os envolvidos na questão, e os diferentes ângulos discutidos neste
manual .
Os profissionais das diferentes áreas que atuam neste campo têm papel fundamental para o
desenvolvimento harmônico do pensamento preventivo. Se fossem atores de uma peça teatral, não
caberia improviso neste ato. Mesmo assim, o desempenho e interpretação de cada ator podem tanto
transformar a cena em um drama, como numa comédia. Em ambos os casos, o resultado não é aquele
que o público esperava. A isto se chama fracasso.
No script que devemos seguir há regras definidas, marcações de palco que não podem ser ignoradas.
Comecemos citando as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, seus anexos, os Códigos
de Ética e as recomendações dos Conselhos Federais e Regionais de diversas categorias de
profissionais. Outras categorias, não dispondo de Conselhos, servem-se de Associações ou
Organizações de igual valor, e que devem ser considerados da mesma forma. Lembremos ainda da
justiça trabalhista, cível e criminal, frente às quais modificam-se os conhecimentos aplicáveis. Como
promover a harmonia neste contexto tão díspar?
16

O posicionamento de cada parte deve levar em consideração as demais, em que pese a competência de
cada parte. Resumidamente, podemos considera-las como apresentamos a seguir.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
Ao longo dos tempos, vêm sendo criados instrumentos legais para nortear as ações na Saúde
Ocupacional. Atualmente, as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, em especial a NR-9
e a NR-7 passaram a ter grande importância na vida de empresas e trabalhadores. Definem parâmetros
mínimos de atuação, que podem e devem ser superados na busca da melhora de condições de saúde e
segurança,. em qualquer atividade laboral. São documentos de conhecimento obrigatório, e acessíveis
através de publicações, ou pela Internet (www.mtb.gov.br).
A NR-9 através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), manda identificar os riscos
existentes em cada empresa, em cada posto de trabalho, e definir um plano de ação cronologicamente
estruturado, para as melhorias necessárias.
A NR-7, através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), manda avaliar e
controlar possíveis agravos à saúde dos trabalhadores, detectando possíveis falhas do PPRA, e
identificando precocemente quaisquer outros problemas relacionados. Especificamente em relação ao
ruído, traz a norma a Portaria 19 em seu Anexo I, Quadro II, já comentados neste manual, definindo
parâmetros objetivos e de respeito obrigatório.
INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
O INSS, órgão do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS (www.mpas.gov.br), tem ação
dirigida à definição de benefícios devidos a trabalhadores, seja por doenças relacionadas ao trabalho,
por acidentes do trabalho, ou doenças de outras causas.
Em sua Ordem de Serviço n.° 608 5/O8/98 - NORMA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE INCAPACIDADE
PARA FINS DE BENEFICIO - SURDEZ OCUPACIONAL, define parâmetros para atuação de peritos, de
forma didática e detalhada. Este documento, já citado neste manual, deveria ser de leitura obrigatória
para todos que, de alguma forma, tenham responsabilidade médica ou administrativa na área da saúde.
CONSELHOS PROFISSIONAIS
Os Conselhos Federais e Regionais de Medicina, Fonoaudiologia, e outras instituições assemelhadas
costumam orientar os profissionais, especialmente quanto aos aspectos éticos de suas ações.
O conceito de ética, apesar de intrinsecamente absoluto, vem sendo pressionado pelos aspectos sociais
envolvidos, gerando crescente insegurança nas lides diárias. É nossa opinião que a ética, em seus
princípios básicos de sempre proteger o cliente, jamais poderia ser negligenciada. Quaisquer atos
duvidosos devem ser questionados formalmente, através de consulta ao Conselho pertinente, garantindo-
se assim a qualidade da assistência prestada ao trabalhador necessitado.
EMPRESA
A empresa, em seus diferentes níveis administrativos, é elo de fundamental importância nesta longa
corrente. Muitas vezes, por desconhecer particularidades de cada faceta envolvida, o empresário ou
administrador decide erradamente, e acaba exposto a penalidades que não previu. Não é sua obrigação
conhecer os aspectos técnicos envolvidos, mas deve obrigatoriamente buscar especialistas competentes,
os quais orientarão suas ações. Sua principal responsabilidade é a de indicar tais profissionais, e
seguir criteriosamente as suas sugestões. Note-se que a execução de quaisquer ações corretivas ou
preventivas apenas será realizada por sua iniciativa, já que é seu o poder da decisão.
ENGENHEIRO E TÉCNICO DE SEGURANÇA
Papel fundamental têm os profissionais de segurança. São eles os responsáveis pela avaliação objetiva
das condições de trabalho, devendo conhecer profundamente os riscos existentes, identificando-os,
quantificando-os, e propondo ações para neutraliza-los. Assim, em relação ao ruído, devem conhecer
suas características, propondo ações para atenua-lo sempre que possível.
Além deste papel, exercem o de controladores junto a administradores e trabalhadores. Devem atuar com
o espírito dos educadores, sendo esta a única maneira de sensibilizar para a necessidade de adoção das
medidas propostas, e para a execução e efetiva implantação das mesmas.
MÉDICO
O Médico do Trabalho deve ter consciência de seu papel, que se apresenta sob diferentes possibilidades
de atuação. Primordialmente é responsável pela saúde do trabalhador, especialmente no que tange às
tarefas que desenvolve, mas não apenas quanto a elas. A ausência de doença não equivale à saúde,
conceito este muito mais amplo e que se lança por aspectos sociais e até ecológicos.
Seu trabalho em conjunto com o engenheiro e técnico de segurança dá origem ao que se chama Higiene
Ambiental (não mais apenas Industrial), com ações multiplicadoras que vão beneficiar a sociedade como
um todo. Conhecedor dos riscos existentes, é ele quem geralmente detecta as falhas existentes em um
plano de ação de segurança e saúde, já que avalia, com periodicidade que apenas ele determina, todos
os trabalhadores a eles expostos.
17

Deve cuidar com habilidade de interesses médicos, sociais, humanísticos, conciliando-os com os fins
empresariais, quase sempre de cunho imperativo.
TRABALHADOR
O trabalhador, que julgaríamos ser o principal interessado nos caminhos da prevenção, é freqüentemente
induzido a crer que teria “vantagens” ao sofrer prejuízo. Não consegue enxergar o contra-senso desta
posição. Ao vislumbrar a possibilidade de pleitear indenizações, estabilidade, ou outros “prêmios” por
sua limitação, muitas vezes passa a provoca-la, numa perversa inversão de valores.
A conscientização do trabalhador e de seus comandantes seria a grande arma desta verdadeira guerra
em que, comandado por protegidos superiores, é ele quem vai à luta. Assim como em qualquer batalha,
aquele que dá as ordens pode coloca-lo de forma indefensável em contato com o risco desnecessário,
apesar de não haver justificativa para o fato.
Deveria ser papel de suas lideranças levar a informação a cada trabalhador, não permitindo que se aceite
o risco em troca de valores outros. Não há preço para sua saúde.
OUTRAS ENTIDADES (ANAMT, FUNDACENTRO...)
As entidades que atuam na área têm a virtude de se apresentar de forma isenta, centrada quase
exclusivamente nas questões técnicas envolvidas. São focos de concentração dos conhecimentos
existentes, servindo assim de referência e fonte de consulta. Primam pela ética e zelo em seu
posicionamento. Devem ser consultadas por quaisquer interessados, em situações onde a informação é
necessária para uma boa fundamentação.
PERITO
O termo pelo qual esta função é designada indica o alto grau de conhecimento de quem vai exerce-la. É
o perito que vai, muitas vezes, apontar para qual lado a balança da justiça irá se inclinar. Ao emitir seu
laudo, o perito está fornecendo subsídios para que o juiz, que pode ser considerado leigo no assunto,
fundamente sua decisão. Elo fundamental nesta corrente, atua como professor, difundindo
conhecimentos técnicos que deve possuir. Eis aí a fragilidade da corrente. Apenas com plena consciência
de sua competência deve o perito emitir um laudo, cujo teor vai definir responsabilidades de todas as
partes envolvidas numa questão, podendo o resultado ser justo ou não. Deve, por isto, munir-se de todos
os recursos disponíveis, recorrendo a profissionais que, mesmo não atuando como peritos, possam ser
detentores do conhecimento necessário para suas conclusões. Não procedendo desta forma, estará
negligenciando suas obrigações, e outros sofrerão as conseqüências de seu descuido.
JUIZ
Ao fim de uma longa relação de responsabilidades, por vezes é o juiz chamado a resolver as dúvidas
decorrentes de mais diferentes fatos. Nas diferentes esferas em que podem se enfrentar trabalhador e
empresa, a importância de suas decisões é praticamente definitiva. Em relação ao trabalhador, sua
palavra pode significar um emprego, uma garantia, um benefício. Em relação à empresa e seus
representantes, pode representar a confirmação de sua retidão de ações, ou a determinação de uma
responsabilidade desconhecida ou negligenciada. Não é necessário que tenha havido a intenção de
prejudicar para que se caracterize a culpa de uma das partes. Mesmo assim, como pode garantir o acerto
de suas decisões? Terá ele, detentor deste poder quase definitivo, condições para decidir com
consistência? Ao assessorar-se, passa a apoiar seus pensamentos nas opiniões de um perito. Eis sua
maior responsabilidade. A sua fé não pode ser cega, posto que um cego não poderá conduzir outro. Deve
ele procurar a luz de um conhecimento amplo, sem o que falhará, certamente, em seu fundamental
desígnio de promover a justiça.

SOMA DE DECIBÉIS

Como o decibel não é uma unidade, não pode ser somado ou subtraído algebricamente.
Para se somar dois níveis de ruído em dB, o caminho natural seria transformar cada um em Pascal,
através da fórmula já apresentada, então somar-se-iam algebricamente e, ao final, o resultado seria
transformado de Pascal para dB. Este método não é prático, apesar de correto.
Para uma maior agilidade na combinação de níveis em dB, utiliza-se a tabela abaixo:

Diferença entre os níveis (dB) quantidade a ser adicionada ao maior nível (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
18

1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1

NOTA : Para diferenças superiores a 15, considerar um acréscimo = ZERO, ou seja, prevalece apenas o
maior nível.

Exemplo:
diferença: 90 - 85 = 5. Pela tabela, adiciona-se 1,2 ao maior nível (90 dB),
portanto: 85 dB + 90 dB = 91,2 dB

Obs.: Para mais de dois níveis, fazer somas intermediárias, dois a dois, até chegar num nível resultante.

Exercícios para combinação de níveis em dB


Combine :
95 & 95 =
95 & 90 =
95 & 80 =
95 & 93 =
95 & 85 =
95 & 75 =
85 & 83 & 91 =
86 & 92 & 99 & 104 =

Uma outra maneira de proceder a soma dos níveis de pressão sonora é de forma logarítmica.
Como podemos perceber, a escala em decibéis não é linear, mas sim logarítmica. Logo, quando
desejarmos saber qual o nível de pressão sonora resultante de duas ou mais fontes funcionando
simultaneamente, não poderemos somar os níveis individuais de cada fonte linearmente.
Por exemplo: se um aspirador de pó produz sozinho nível de pressão sonora de 80 dB,
dois aspiradores idênticos e funcionando juntos não resultarão em um nível de 160 dB.

(N1 + N2 +.....Nn) dB = 10 log 10 [ 10 (N1) + 10 (N2) + 10 (Nn)]


10 10 10

É possível perceber que, com este processo, não há necessidade de se somar os níveis
dois a dois. O cálculo pode ser feito para quantos níveis forem necessários. Um exemplo de cálculo de
uma soma de níveis em dB é mostrado a seguir.
19

Duas fontes de ruído A e B diferentes produzem níveis de pressão sonora, quando


medidas isoladamente, de 56,4 e 61,7 dB respectivamente. Qual o valor previsto para o nível de ruído
total?

Substituindo os valores diretamente na fórmula, temos :

56,4 + 61,7 = 10 log 10 [ 10 (56,4/10) + 10 (61,7/10)]


= 10 log 10 [ 10 (5,64) + 10 (6,17)]
= 10 log 10 [436515,8 + 1470198,4]
= 10 log 10 [1915614,2]
= 10 x 6,28
= 62,8 dB
Atualmente este é o método mais utilizado, tendo em vista o avanço das máquinas
científicas que, em alguns modelos, possuem função para executar tal equação diretamente, dando o
resultado de forma bem mais confiável do que pelo método da tabela de diferença em dB.

Nível Equivalente de Pressão Sonora ( Leq )

Como o som é também uma fonte de energia, o potencial de danos à audição causados
por um determinado som não depende apenas de sua intensidade, mas também de sua duração. Por
exemplo, exposições a níveis muito elevados de pressão sonora por 4 horas são muito mais prejudiciais
do que uma hora de exposição a este mesmo som. Então, para conseguirmos avaliar o potencial de
danos à audição em um ambiente sonoro, ambos, nível e exposição, devem ser medidos e combinados
para determinar a quantidade de energia recebida.
Para níveis sonoros constantes, isto é simples, mas para níveis sonoros variáveis, os
níveis devem ser obtidos em pequenos intervalos de tempo sucessivos, dentro de um período de
amostragem bem definido. De posse destes níveis, pode-se, então, calcular um valor único conhecido
como nível equivalente de pressão sonora contínua, ou Leq, que corresponde ao nível constante que
possui a mesma quantidade de energia que o conjunto de níveis variáveis da fonte sonora que
desejamos medir.
É importante ainda comentar que este parâmetro é amplamente utilizado em trabalhos de
medição, análise ou desenvolvimento de metodologias específicas para avaliação de determinadas
fontes de ruído.
Os equipamentos eletrônicos que medem níveis de pressão sonora (decibelímetros), são
capazes de determinar este parâmetro imediatamente, através de circuitos construídos especificamente
para isto.
No nosso caso vamos trabalhar com equipamentos que realizam este tipo de trabalho,
denominados áudio-dosimetros ou integradores de dose de ruído.

Dose de Ruído

É outro parâmetro de medição importante, principalmente quando o objetivo é avaliar


ruído como fator de higiene ocupacional.
Trata-se de um parâmetro relativo, baseado no Leq, cuja fórmula de cálculo é :

Dose de ruído = Tempo de exposição a Leq_________ x 100


Tempo Máximo de exposição ao mesmo Leq

Os tempos máximos de exposição aos diversos níveis médios (Leq) são a referência para
o cálculo da dose, e eles podem variar de um país para outro, pois eles nada mais são do que uma
convenção. Porém existem 3 padrões de referência que são utilizados por quase todo o mundo, inclusive
para efeitos legais. São eles o da “International Standart Organization” (ISO), o da OSHA e o padrão
brasileiro prescrito na Norma Regulamentadora 15 (NR-15), do Ministério do Trabalho.

País Nível Referência Fator de Dobra


EUA (ACGIH) 85 dB 3
BRASIL (FUNDACENTRO) 85 dB 3
20

BRASIL (NR-15) 85 dB 5

AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA

Tendo em vista que o parâmetro estudado é a pressão sonora, que é uma variação de
pressão ao meio de propagação, deve ser observado que variações de pressão como a pressão
atmosférica são muitos lentas para serem detectadas pelo ouvido humano.
O ouvido humano responde a uma larga faixa de freqüências (faixa audível), que vai de
16-20 Hz a 16-20 KHz. Fora desta faixa o ouvido humano é insensível ao som correspondente.
Estudos demonstram que o ouvido humano não corresponde linearmente às diversas
freqüências, ou seja, para certas faixas de freqüências ele é mais ou menos sensível.
Um dos estudos mais importantes que revelaram tal não-linearidade foi a experiência
realizada por Fletcher e Munson, que resultaram nas curvas isoaudíveis.
Assim, para freqüências de 20 a 1000 Hz a sensibilidade diminui (efeito de atenuação do
som real), de 1000 a 6000 Hz a sensibilidade aumenta (efeito de amplificação) e para freqüências
superiores a 6000 Hz a sensibilidade tende a cair novamente.
Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos
medidores de nível de pressão sonora os filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do
instrumento à resposta do ouvido humano.
São chamadas “Curvas de Ponderação” ( A, B, C ).
Destas curvas a curva “A” é a que mais se aproxima da resposta do ouvido humano. É a
que melhor correlaciona Nível Sonoro com Probabilidade de Dano Auditivo. Portanto, é comumente
utilizada em avaliações de ruído industrial.
A curva “C” tem grande importância na avaliação nos estudos de eficiência de protetores
auriculares, através do método NIOSH número 2, índice Rc.
Na verdade as curvas representam a forma como escutamos.

A freqüência correspondente a fala fica entre 500 a 2000 Hz

RESPOSTAS DINÂMICAS

Os medidores de ruído dispõem de um comutador para as velocidades de respostas, de


acordo com o tipo de ruído a ser medido. A diferença entre tais posições está no tempo de integração do
sinal, ou constante de tempo.

“slow” - resposta lenta - avaliação de níveis de ruído contínuos ou intermitentes.

“fast” - resposta rápida - avaliação de ruído de impacto com ponderação dB(C).

“impulse” - resposta de impulso - para avaliação de ruído de impacto com ponderação linear.

DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO DE FUNDO

Ruído de Fundo: É o ruído de fontes secundárias, ou seja, quando estamos estudando o


ruído de determinada fonte num ambiente, o ruído emitido pelas demais é considerado ruído de fundo.
Existe um método prático para se determinar o nível de ruído de uma fonte quando existe
interferência de ruído de fundo. A maneira natural de se realizar tal determinação seria desativar todas as
demais fontes, ou seja, eliminar todo o ruído de fundo e fazer a medição apenas da fonte de interesse.
Contudo, tal procedimento nem sempre é simples ou viável, na prática. Sendo assim, pode ser utilizado o
conceito da subtração em dB, através da qual se determina o nível da fonte a partir do conhecimento do
“decréscimo” global advindo da desativação da fonte de interesse. São utilizadas as terminologias abaixo
e o gráfico anexo:

Lt + n = ruído total (fonte e fundo)


Rf = ruído de fundo
Nc = nível corrigido
21

Exemplo : Lt+ n = 60 dB e Rf = 53 dB
Lt+n - Rf = 7 dB , então o ∆L = 1 dB (dado do gráfico)
Nc = Lt+n - ∆L = 60 - 1 = 59 dB

DOSE DE RUÍDO

Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados níveis


de ruído. Porém sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas quais o indivíduo é
exposto a um único nível de ruído durante toda a jornada. O que ocorre são exposições por tempos
variados a níveis de ruído variados. Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito de DOSE,
resultando em uma ponderação para cada diferente situação acústica, de acordo com o tempo de
exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada.

Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira :

D = C1 + C2 + ............... + Cn
T1 T2 Tn

onde:
D = dose de ruído
Cn= tempo de exposição a determinado nível
Tn= tempo de exposição permitido pela Legislação (NR-15, ANEXO 1) para o mesmo
nível n.

Com o cálculo da dose, é possível determinar-se a exposição do indivíduo em toda a


jornada de trabalho, de forma cumulativa.
Se o valor da dose for menor ou igual a unidade (1), ou 100%, a exposição é admissível.
Se o valor da dose for maior que 1 ou 100%, a exposição ultrapassou o limite, não sendo admissível.
Exposição inaceitável denotam risco potencial de surdez ocupacional e exige medidas de controle.

Exemplo:
Numa casa de força (KF), o pessoal expõem-se diariamente, durante 8 horas, a seguinte situação:

Nível Tempo real de Tempo máximo Cn/Tn


medido em exposição em permissível por dia/horas
dB(A) horas/diárias
82 1,5 ---- ----
84 2 ---- ----
90 3 4 0,75
95 1,5 2 0,75
Soma das frações Cn/Tn 1,50

A exposição está acima do Limite de Tolerância, tendo em vista que o valor encontrado de Cn/Tn,
excedeu a unidade (1,50).

Exercícios de Dose de Ruído

A exposição do funcionário Alfazero é :

nível dB(A) tempo


85 6 horas
90 2 horas

Qual a dose de ruído ?


22

Conceito de nível médio: A exposição de Alfauno é :

nível dB(A) tempo


87 3 horas
100 3 horas
95 1 hora
77 1 hora

Qual a dose de Alfauno ?

Na mesma empresa, Gamão trabalha toda a jornada (8 horas) exposta a 95 dB(A). Qual a dose de
Gamão ?
Qual a conclusão?

Exercícios de Ruído de Fundo

Utilizando-se do relatório de medição de ruído, imaginemos as seguintes situações hipotéticas


com relação a determinação de nível de ruído de fonte em presença de ruído de fundo:
Leitura Total = 65 dB (A) Ruído de Fundo = 60 dB (A)
Leitura Total = 95 dB (A) Ruído de Fundo = 85 dB (A)
Leitura Total = 115 dB (A) Ruído de Fundo = 96 dB (A)
Leitura Total = 100 dB (A) Ruído de Fundo = 92 dB (A)
Leitura Total = 89 dB (A) Ruído de Fundo = 95 dB (A)
Leitura Total = 107 dB(A) Ruído de Fundo = 105 dB(A)
Leitura Total = 89,8 dB(A) Ruído de Fundo = 86,6 dB(A).

NÍVEL MÉDIO (Lavg ou Leq)

É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão
sonoro contínuo, em regime permanente, que apresenta a mesma energia acústica total que o ruído real,
flutuante, no mesmo período de tempo. Baseia-se no princípio de igual energia. No caso dos limites de
tolerância da NR-15, a fórmula simplificada de cálculo é :
Lavg ou Leq = 80 + 16,61 log (0,16.CD/TM)

sendo:

TM = Tempo de amostragem (horas decimais)


CD = Contagem da dose (percentagem)

Outra maneira de se obter o Lavg ou Leq, com menor precisão, porém com mais agilidade é através da
utilização do nomograma.

Exemplo (sobre a fórmula):

Imaginemos que pelo método do cálculo de dose manual, chegamos ao resultado final da equação = 4,
portanto, 400% de dose.
Utilizando-se da fórmula realizaremos a substituição dos dados, sendo que neste caso o tempo a ser
considerado é para uma jornada de 8 horas.

Lavg ou Leq = 80 + 16,61 log ( 0,16.400)


8

Lavg = 80 + 16,61 log (8)


Lavg = 95,00 dB(A).
23

Podemos realizar a mesma operação, a partir da dose obtida, transformada em %, e, a partir daí, através
do nomograma, da esquerda para a direita cruzaremos as informações, quais sejam:

na coluna da esquerda localizaremos a jornada a ser considerada, neste caso 8 horas;


partindo do número de horas traçaremos uma reta até alcançar, na coluna do meio, a dose transformada
em %, que neste caso é de 400%;
e, pelo mesmo princípio anterior prolongaremos a reta respeitando o mesmo ângulo de inclinação obtido
até então, até alcançarmos o valor correspondente da coluna da direita, que neste caso é de 95 dB.

LIMITES DE TOLERÂNCIA - RUÍDO DE IMPACTO

Segundo a Lei 6514, Portaria 3214/78, NR-15 - Anexo 2, são definidos os máximos níveis de
ruído de impacto conforme tabela abaixo:

Limites de Tolerância Configuração do Medidor


130 dB circuito linear / resposta de impacto
120 dB circuito compensação C /fast

Risco Grave e Iminente :

140 dB ( linear ) - resposta de impacto ou impulse

130 dB (C) - resposta rápida (fast)

Para complementar a abordagem dos limites de tolerância para ruído de impacto, é interessante
consultar também o que é recomendado pela ACGIH.

ACGIH 1995/1996

Limites de Tolerância para Ruído Impulsivo ou de Impacto :

“Ruído que envolve máximos intervalos maiores que 1 segundo”

“Para intervalos menores que 1 segundo, deve ser considerado como contínuo”

dB (linear) - pico Máximo de impactos por dia


140 100
130 1.000
120 10.000

Nenhuma exposição é permitida acima de 140 dB (linear) - pico !

EQUIPAMENTOS ELETROACÚSTICOS

Microfones

Os microfones são dispositivos que transformam uma onda sonora em força eletromotriz de
mesma variação.

Protetores de Vento (windscreen)

Quando o vento bate no microfone, há criação de turbulência que ocasiona uma flutuação da
pressão ambiente a qual gera ruído.
24

Com o protetor de vento o fluxo de ar também gera ruído, entretanto, a turbulência se localiza
longe do microfone, desta forma o ruído fica atenuado, portanto, não mascara a medição.

Medidor de Nível Sonoro

O instrumento básico para medições sonoras é o medidor de nível sonoro. Esse instrumento
mostra níveis de pressão sonora, em relação a pressão de referência padrão ( 20 uPa) dos sinais
captados pelo microfone.

O medidor Tipo O 0 é adequado para referência em laboratórios, o Tipo 1 é destinado


especialmente para uso laboratorial, e em campo, onde o ambiente acústico pode ser aproximadamente
especificado e/ou controlado. O Tipo 2 é adequado para uso geral em medições de campo. O Tipo 3 é
destinado para medições de fiscalização para determinar se o nível de ruído foi violado
significativamente.

Integradores de Dose (áudio-dosimetros ou dosimetros de ruído)

Sem dúvida os integradores de dose de ruído, são os equipamentos mais sofisticados e precisos
para a avaliação da exposição ocupacional a ruído, quando existirem um ou mais períodos de exposição
a diferentes níveis de ruído.

Operação Avançada de Dosimetros de Ruído

Primeiramente, devemos conhecer alguns parâmetros de programação destes equipamentos,


pois, apesar de uma série de equipamentos de modelos e fabricantes, alguns princípios operacionais e
de funcionamento são os mesmos.
Entretanto, o que se procura objetivar são algumas funções mínimas desejáveis para um
dosímetro de ruído, pois, sabemos que são equipamentos de um custo elevado, e, portanto, deve-se
acertar na escolha do melhor equipamento para as suas necessidades de campo.

Parâmetros de Programação

Nível Base do Critério (Criterion Level) : sem dúvida o equipamento deve possuir as seguintes opções -
80, 85 e 90 dB;
Fator Duplicativo de Dose/Fator de Dobra (Exchange Rate) : deverá possuir as seguintes opções - 3, 4, 5
dB;
Limiar Mínimo de Leitura (Threshold Level) : deverá possuir as seguintes opções - 80, 85 ou 90 dB;
Nível Teto (Upper Limit) : deverá possuir as seguintes opções - 90, 115 ou 140 dB;
Curva de Ponderação : deverá possuir as seguintes curvas de ponderação - “A” e/ou “C” ou impulse;
Constante de Tempo ou Resposta (Time Constant) : deverá ter as opções fast e slow.

PARÂMETROS DA NR-15 - ANEXO I

Nível base do limiar mínimo de leitura fator duplicativo de dose nível teto
critério
85 dB(A) 85 dB(A) 5 dB 115 dB(A)

CLASSIFICAÇÃO DOS MEDIDORES DE RUÍDO QUANTO A APLICAÇÃO DESEJADA

ANSI S1.4/83 Padrão IEC 651 Padrão Aplicação


0 0 referência padrão de laboratório
1 1 lab. ou campo condições controladas
2 2 uso geral em campo
não existe 3 inspeções rotineiras *
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* para constatar se os níveis de ruído estão substancialmente acima dos limites de tolerância.

SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO

objetivos específicos tipo/modelo indicado padrão IEC

caracterização de risco de dosimetro ou decibelímetro 2 (dosimetro) 1


surdez NR-15 (decibelímetro)
estudos de fontes e medidas decibelímetro + analisador de 1
de controle freq.
monitoramento de área decibelímetro ou dosimetro 2
(varredura)
conforto acústico (NR-17 e decibelímetro + analisador de 2
NBR 10152) freq.

ANSI - American Standards Institute


IEC - Internacional Electrotechinical Commission

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO

Interpretação de resultados de dosimetria :

valor da dose situação da considerações nível de ação


exposição técnicas p/controle
0,1 a 0,5 aceitável sem considerações desejável
0,6 a 0,8 aceitável atenção rotina
0,9 a 1,0 temp. aceitável séria preferencial
1,1 a 3,0 inaceitável crítica urgente
maior que 3,1 inaceitável emergência imediata
maior que 115 dB(A) inaceitável emergência interromper trabalho

Fonte : Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 50/85


Nota explicativa:a tabela acima trata-se de uma sugestão de critério, vale dizer que outros tipos de
formato existem para nortear o higienista na aplicação dos resultados obtidos.

CONSTANTE DE TEMPO DO OUVIDO

Para que um som seja entendido pelo ouvido é necessário um tempo médio de 40 a 70
milisegundos. O fato do ouvido apresentar essa inércia de audibilidade não significa que o dano auditivo
é necessariamente menor.

CONSTANTE DE TEMPO DOS MEDIDORES

Simplesmente conhecidas por slow, fast e impulse, essas constantes de tempo foram
definidas para que os instrumentos de medição tivessem uma resposta de leitura padronizada.

Quando um som varia muito rápido, o erro de leitura de um medidor pode ser acentuado
pela dificuldade de acompanhamento do ponteiro, que tende a se movimentar na mesma velocidade, no
caso dos equipamentos analógicos.

Assim, a constante de tempo do medidor é :


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Posição Tempo
SLOW 1 segundo
FAST 125 milisegundos
IMPULSE 35 milisegundos

Fontes : Acústica L.X.Nepomuceno e a Medição do Som Bruel&Kjaer

OS DOSIMETROS OU INTEGRADORES DE DOSE

Os dosimetros seguem basicamente a mesma especificação dos medidores de nível de


pressão sonora tipo 2. São raros os que podem ser classificados como tipo 1. Um dosimetro é na
verdade um decibelímetro que tem internamente outros circuitos eletrônicos funcionando como um
cronômetro, calculadora e banco de dados. Assim cada nível de ruído tem o seu tempo de duração
determinado e armazenado, para comparação com os máximos permitidos, cujos resultados vão sendo
acumulados ao longo do tempo.
São processados no dosimetro centenas de amostras (níveis) de sons por segundo,
através de cálculos complexos (integrais), que permitem analisar uma exposição ocupacional com
altíssima precisão, incomparavelmente melhor de qualquer medidor de nível de ruído e dependendo da
sofisticação do aparelho os resultados são apresentados em formas de gráficos, médias ponderadas,
projeções no tempo.
Além de todas as características já vistas anteriormente devem ser observadas as
seguintes peculiaridades, que nos melhores modelos são selecionadas pelo usuário, de acordo com o
critério de avaliação escolhido (NR-15, Anexo 1; ACGIH;OSHA,FUNDACENTRO).

Criterion Level ou Nível Base do Critério - Refere-se ao nível de ruído que associado a
uma exposição de oito horas corresponde a uma dose de 100%.. A ANSI sugere as seguintes opções:
90, 85, 84, 80;

Threshold Level ou Limiar Mínimo de Leitura - É o menor da tabela de tolerância para


exposição ao ruído. Valores inferiores ao threshold level não são considerados nos cálculos de doses.
Alguns dosímetros podem operar com dois limiares mínimos de leituras, em razão de uma resolução da
OSHA, de 8/3/83, que definiu o programa de conservação auditiva, baseando em um “nível de ação” de
50% da dose máxima, considerando-se níveis a partir de 80 dB(A), porém mantendo-se o Permissible
Noise Exposure (exposição permitida ao ruído) de 90 dB(A) a 8 horas - 100%;

Exchange Rate ou Fator Duplicativo de Dose - Trata-se do coeficiente de evolução da dose de


ruído, em função do tempo de exposição. Tomando-se por alguns exemplos da NR-15, Anexo 1, sabe-se
que :

nível tempo de dose tempo de dose tempo de dose


85 dB (A) ------------------- ------------------ 8 horas 100%
90 dB (A) ------------------- 4 horas 100% 8 horas 200%
95 dB (A) 2 horas 100% 4 horas 200% 8 horas 400%

Observa-se que mantido o tempo de exposição de 8 horas, a dose dobra a cada


acréscimo de 5 dB (A) no nível de ruído. A tendência dos critérios modernos aponta para o Fator
Duplicativo de Dose de 3 dB, como quer a ACGIH, além da ISSO, comunidade européias, entre outros,
buscando-se a coerência com o princípio da igualdade de energia acústica.

Upper Limit ou Nível Teto - Entende-se como valor teto da tabela de limites de
tolerância, acima do qual se configuraria o risco grave e iminente de surdez ocupacional. Normalmente se
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adota 115 dB (A). Embora a palavra dose não seja mencionada da NR-15, Anexo 1, toda a sua
conceituação está claramente demonstrada através dos seguintes parâmetros :

Parâmetros de Dosimetria da NR-15, Anexo 1

nível base do limiar mínimo de fator duplicativo de nível teto


critério leitura dose
85 dB (A) 85 dB (A) 5 dB 115 dB (A)

AS NORMAS BRASILEIRAS

São desconhecidas normas brasileiras de especificações de medidores de níveis de ruído, em razão de


serem raros os fabricantes nacionais de equipamentos eletroacústicos. Mesmo os critérios de avaliação
não definem com clareza o tipo de equipamento a ser usado, como ocorre com a Portaria 3214, NR-15,
Anexos 1 e 2. Infelizmente, isso significa que as medições podem ser feitas com qualquer tipo de
aparelho.

As normas técnicas da FUNDACENTRO, tanto a NHT 6 R/E/85 como a RHT 9 R/E, estabelecem como
especificações mínimas as do tipo 2, dos padrões ANSI/IEC.

NHT 6 R/E/85 - Norma de Higiene do Trabalho para Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído.

RHT 9 R/E - É a Norma de Higiene do Trabalho para Avaliação da Exposição Ocupacional ao


Ruído, através de dosímetros.

SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Objetivos

Todos concordam que os medidores de ruído se destinam a programas de conservação


da audição, porém isso não basta para escolher o modelo mais indicado às necessidades do usuário. É
necessário definir os objetivos específicos de utilização.

Exatidão e Precisão

Dependem do grau de exatidão exigido no trabalho de avaliação dos níveis de ruído. Se


os resultados pretendidos serão das pessoas, aquisição de materiais e equipamentos de custo elevado,
penalidades, indenizações, os instrumentos usados deverão ser de primeiríssima linha.

Foram vistas anteriormente as tolerâncias admissíveis para cada padrão de instrumento,


o que ressalta a importância de se ter o melhor equipamento, principalmente, em questões polêmicas de
perícias, cujo paradigma é a frieza dos números de lei. É justo condenar uma ou outra parte do processo
judicial, quando a diferença entre os valores obtidos nas medições em relação aos limites de tolerância é
menor do que o próprio erro do medidor ?

Ignorar as tolerâncias normalizadas dos instrumentos leva a erros conceituais, como do


tipo: considerar uma exposição a 84,54 dB (A) segura e uma outra a 85,5 dB (A) insalubre. As
conseqüências de tais conclusões podem ser irreparáveis.

Há no mercado muitos instrumentos que não seguem qualquer norma, e, portanto, seus
erros de leitura são desconhecidos. Alguns chegam a confundir o usuário com expressões do tipo
“Designed against IEC” ou “Designed t intend the IEC”, que levam o profissional desavisado a acreditar
que o medidor segue algum padrão. Pura balela ! Quando o produto é bom, o fabricante, divulga
claramente no manual e no material de publicidade o número, item e subitem da norma seguida,
28

afirmando “attends”ou “meets ANSI S1.4 type 1, IEC”. Aparelhos que não atendem normas técnicas são
BRINQUEDOS.

Modernidade e Intercambialidade

Diariamente se observa o avanço de eletrônica e novos modelos de equipamentos


eletroacústicos são lançados. Porém é necessário prudência para evitar aquisição de instrumento tipo
ilha, isolados tecnologicamente, de fornecedores que não tem tradição ou compromisso de manter a linha
de produção ou de desenvolvimento de acessórios intercambiáveis com a unidade de interesse.

De outra parte há também a própria atualização dos critérios de avaliação que exigirão
equipamentos versáteis ou adaptáveis às novas solicitações. Um exemplo disso é a tendência
internacional de fazer dosímetria com Fator Duplicativo de Dose de 3 dB, que exigirá alterações nos
dosímetros futuramente.

Manutenção

O custo de um instrumento não pode ser calculado somente pelo valor de compra, mas
incluindo as despesas de conservação, desde a calibração-aferição periódica em laboratórios
credenciados, peças de reposição, principalmente, microfones e baterias.

Instrumentos frágeis, que não suportam ambientes de trabalho agressivos, ou mesmo


que exijam constantes trocas de baterias, tornam-se altamente dispendiosos.

Fonte : Revista Proteção-Instrumentação número 26, JAN/94, Marcos Domingos (Consultor de Higiene
Ocupacional e Higienista, membro da ACGIH e Gerente da DOULOS - Ensino e Consultoria/Assessoria
Técnica.

CONSEQUÊNCIAS DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO

A conseqüência de uma exposição inadequada a médio prazo é a perda auditiva.


A perda auditiva é muito lenta e irreparável.
Por ser uma perda lenta é imperceptível, principalmente, porque o ouvido começa a
perder sensibilidade a freqüências muito altas, da ordem de 4000 Hz, e isto não se percebe em termos de
fala, conversação, visto que a voz humana está no intervalo espectral de 300 a 2000 Hz. Para se
diagnosticar corretamente alguma perda auditiva, faz-se exame audiométrico.

MEDIDAS DE CONTROLE

O controle de ruído pode ser alcançado de três maneiras distintas, quais sejam :

controle na fonte;
controle na trajetória;
controle no pessoal ou receptor.

Qualquer plano de implantação de medidas de controle deve ser elaborado no sentido de


buscar, prioritariamente, o controle na FONTE, em seguida o controle na TRAJETÓRIA e, somente em
último caso, o controle no PESSOAL ou RECEPTOR. Todavia, as medidas de controle no PESSOAL
podem ser adotadas provisoriamente, até a implantação de medidas coletivas.

Controle na Fonte
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Controlar o ruído na fonte, significa alterar ou eliminar a mesma. Esta medida de controle
é uma atividade técnica complexa, portanto, qualquer tentativa de redução do nível de ruído gerado por
máquinas e equipamentos requer estudos detalhados e específicos dos seus funcionamentos, além do
envolvimento no processo produtivo.

2. Controle na Trajetória

Não sendo possível o controle do ruído na fonte, como segundo passo deve-se estudar a
viabilidade de controlá-lo no meio que o conduz. Desta forma, o controle de ruído na trajetória pode ser
realizado segundo dois princípios básicos : evitar a propagação através de isolamento; conseguindo um
máximo de perdas energéticas por absorção.
Portanto, o controle na trajetória consiste, fundamentalmente, no uso de
barreiras/confinamentos que impeçam que parte da energia sonora, gerada na fonte, atinja o receptor. A
eficiência da atenuação oferecida por uma barreira ou confinamento acústico depende da adequada
combinação de materiais isolantes e absorventes.
Uma regra básica a ser considerada na concepção de um confinamento/barreira é a
colocação de material absorvente na face que está voltada para a fonte e material isolante na outra face.

3. Controle no Pessoal ou Receptor

Quando tecnicamente não é possível controlar o ruído na fonte ou na trajetória, ou


enquanto as medidas de controle não são implantadas, é recomendável utilizar-se de meios de controle
administrativos ou equipamentos de proteção individual.

Os meios administrativos que podem ser utilizados para reduzir a dose diária de
exposição podem ser :

alteração de rotinas, com redução do tempo de permanência nas áreas ruidosas;


rodízio de pessoal nas operações mais ruidosas;
alteração de horários de execução de tarefas específicas que produzem alto nível de ruído e grande
número de expostos (segregação do tempo).

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Os protetores auriculares são essencialmente de dois tipos :

protetores de inserção,
protetores circum-auriculares.

Protetores de Inserção

São protetores que devem ser colocados no interior do canal auditivo, constituindo uma
barreira acústica entre o ouvido e o ambiente.
Atualmente existe uma grande variedade de marcas e modelos de protetores de
inserção, podendo apresentar durabilidade variável. Há protetores feitos de fibras minerais, embaladas
em membranas, que são utilizados uma só vez. Os protetores de inserção que possuem maior vida útil
são aqueles constituídos de silicone ou outros polímeros, porém suas dimensões são fixas e
padronizadas (peq., méd., grande), sendo necessário, para cada usuário, o conhecimento das dimensões
do conduto auditivo, a fim de se utilizar o protetor que ofereça maior isolamento e conforto.
30

O material deve ser tal que permita esterilização sempre que necessária. Devem ser
acondicionados em caixas protetoras, para que possam ser carregados no traje de trabalho. O conjunto
(caixa/tampões) deve ser esterilizado uma vez por semana. Isto é feito colocando-se os tampões e a
caixa num recipiente com água fervendo por, pelo menos, 15 minutos.
Os protetores pré moldados, perdem suas propriedades elásticas com o tempo, e por
isso devem ser substituídos periodicamente.
Um outro modelo mais recente de protetor de inserção é constituído de espuma acústica
de expansão lenta que não necessita de adequação ao conduto auditivo (tamanho único). Este modelo
oferece, em geral, os melhores resultados em termos de ajustes, conforto e aceitação.

Protetores Circum-Auriculares

Os protetores circum-auriculares ou do tipo concha ou abafadores, são constituídos por


duas carcaças côncavas justapostas, revestidas com materiais absorventes, cobrindo completamente o
ouvido externo.
A fim de se obter máxima eficiência do protetor, é indispensável que o mesmo se ajuste
perfeitamente à cabeça do indivíduo, cobrindo completamente o ouvido externo.
Suas bordas são acolchoadas, o que permite uma boa adaptação ao osso temporal. As
conchas são presas por uma haste regulável (arco tensor).
Os protetores circum-auriculares não requerem os cuidados especiais de higiene
descritos para o tipo anterior; no entanto, quando usados em ambientes quentes, podem provocar
irritação na pela ao redor do pavilhão auricular.

Considerações sobre a utilização dos protetores

É importante mencionar que os dois aspectos mais importantes relacionados com


proteção auricular são a qualidade de um protetor auricular em termos de atenuação (eficiência) e se o
mesmo é efetiva e corretamente utilizado.
Quanto a efetiva utilização por parte dos funcionários, cabe a cada Empresa o
treinamento, conscientização e acompanhamento do uso de protetores junto aos funcionários, tendo em
vista o uso voluntário e constante da proteção auricular.
Quanto a eficiência da atenuação, existe uma metodologia da NIOSH, chamada “Índice
de Redução Acústica - Rc” que é um critério prático e rigorosamente técnico, que permite conhecer, junto
a cada fonte de ruído de interesse, qual o nível de ruído que atinge o ouvido protegido com determinado
modelo de EPI.

Redução Acústica de Protetores Auriculares - Rc


método NIOSH n° 2

O uso de protetores auriculares como medida de proteção na exposição ao ruído


industrial é ação que requer certos cuidados e pode envolver uma série de aspectos limitantes.
É necessário que se tenha com clareza “quanta” proteção se está oferecendo e quais as
formas de garanti-la no uso cotidiano dos protetores.
É natural que um equipamento projetado para o controle de um risco seja capaz de fazê-
lo eficientemente, pois, caso contrário sua existência não teria sentido. O que se deseja de um protetor
auricular é que atenue o ruído ambiental a valores os mais baixos possíveis, ou no pior caso, aos valores
máximos permissíveis, compatíveis com a exposição em questão.
Falando-se de maneira geral, um protetor deveria ser capaz de atenuar o ruído ambiental
a valores inferiores a 85 dB (A) para jornada de trabalho de 8 horas diárias, entendendo-se este valor
como o máximo nível de pressão sonora que atingiria o sistema auditivo da pessoa atingida.
Cálculo da Proteção

Como é possível acharmos a atenuação oferecida por um protetor auricular ?


A atenuação oferecida “em decibéis” por um determinado protetor auricular não é um
valor fixo. De maneira simples, pode-se dizer que, para um mesmo ruído, protetores diferentes
oferecerão diferentes valores de atenuação.
A atenuação oferecida por um protetor auricular depende do particular ruído que se está
atenuando. Ele poderá atenuar diferentemente um ruído de uma serra circular em relação ao de um
compressor, mesmo que ambos possuam o mesmo valor em dB (A).
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Assim sendo, a proteção oferecida deve ser calculada em cada caso.

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